quarta-feira, 2 de fevereiro de 2005

E ASSIM VAI A PÁTRIA...


Não, não bastava que o Dr. Lopes fosse objectiva e inapelavelmente mau, não bastava que os portugueses, 73%, considerem que o seu curto consulado foi mau ou muito mau, agora com a estratégia tropical de campanha mais imbecil d etodos os tempos só comparável na ignomínia à soez campanha que foi movida nos idos de 80 contra Sá Carneiro, o Dr. Lopes praticamente entregou a maioria absoluta ao Partido Socialista do Eng. Sócrates.
Ao optar-se, assumidamente, por uma campanha rancorosa e negativa perdeu-se, ao menos, uma oportunidade única de falar claro e debater os verdaeiros problemas do País.
Nem sequer é eleitoralismo, é pura estupidez, já que a esmagadora maioria dos portugueses suportou e compreendia os sacríficios exigidos pela Dr. Ferreira Leite e tem perfeita noção que não nadamos num mar de rosas já que uma boa parte nem sequer acredita que seja possivel evitar um novo aumento de impostos.
Sejamos francos, para quem não é militante cada dia que passa há cada vez menos razões para votar neste PSD, por muitas razões.
Um grupo parlamentar com meia dúzia de deputados chega perfeitamente para se fazer uma oposição sóbria e eficaz, por outro lado, e em termos eleitorais, quanto pior for o resultado nas legislativas maiores são as possibilidades de nas autárquicas o PSD se manter como Partido mais votado, e há sempre o Prof. Cavaco e as presidenciais.
Em suma a sobrevivência do PSD não está em questão.
Depois, convém recordar que o actual sistema político não é unipessoal ou uninominal.
Vota-se no Dr. Lopes para primeiro-ministro e, na sua entourage.
É impossível votar no PSD sem votar no Dr. Lopes como é impossível apoiar um cabeça de lista sem votar nos restantes elementos que o acompanham.
A política, como a vida, é feita de escolhas.
Quem, ainda há poucos meses, aclamava o Dr. Lopes em Congresso, em Braga, não pode ter pretensões de branquear o (seu) passado imputando responsabilidades excluisivas ao Dr. Lopes.
É que o problema não é o Dr. Lopes ser como é, problema dele, o problema é, em nome do pragmatismo, do cinismo, de uma alegado realismo, tantos, e alguns que já foram tão bons, terem desistido, contemporizado e se resignado.
Regressando ao Eng. Sócrates, vi-o à pouco na televisão, certinho, com a lição bem estudada. Esforçado, falha ao não dizer o essencial - que o que aí vem não será fácil e que sacríficios são inevitáveis. E os sacríficios exigem firmeza e autoridade, algo que Sócrates ainda não provou ter, num partido que ainda não esqueceu as free rides dos tempos idos de Guterres.
É um fraco.
E no entanto não há de facto alternativas.
Dramático.
Manuel