MAIS UMA FLOR...

O Dr. Alberto João Jardim é um forreta. Pelo que nos contou recentemente a revista "Grande Reportagem", ele tem andado a pagar uma miséria de 2000 contos por mês ao semanário "O Diabo", aparentemente só para poder lá publicar uma página com aquelas ideias tão brilhantes de que volta e meia nos oferece preciosos lampejos. Que miséria, 2000 contos por mês!... O jornal deve mesmo estar a precisar de dinheiro, que diabo! O costume até é as coisas funcionarem ao contrário: são os jornais que pagam aos colunistas para eles escreverem, não os colunistas que pagam aos jornais para verem os seus escritos publicados... Mas o dr. Alberto João Jardim é o máximo na originalidade.

E forreta, sim, é o que ele é. Nós que o julgávamos um mãos-largas, tão abundantes são as notícias que nos chegam da Madeira sobre o modo como o seu Governo gasta, perdão, investe. É tudo mentira, é tudo intoxicação da "imprensa do continente". Ele é forreta. Ou, se se preferir, poupadito. Afinal, que é que são 2000 contos por mês para ele se publicitar (perdão: para publicitar a Madeira) num jornal de tão grande circulação, credibilidade e impacto público como é "O Diabo"? Uma ninharia...

Veja-se o caso de George W. Bush, esse sim, um verdadeiro senhor: querendo sensibilizar a opinião pública americana para um certo programa governamental de educação, contratou um colunista muito popular, Armstrong "The Right Side" Williams, pedindo-lhe que dissesse bem do dito programa na sua coluna. E pagou-lhe 240.000 dólares, o que dá qualquer coisa como 50.000 contos. Isso, sim, está bem: compra-se espaço na imprensa, ou compra-se a opinião de quem lá escreve, mas paga-se de jeito, valoriza-se o serviço! Agora dois mil contos por mês é uma forretice...

Parece que também o jornal "O Dia" (esse outro título tão prestigiado da nossa imprensa, todos o conhecem... ) andou a receber, aqui há anos, uns milharzitos do Governo Regional presidido por Alberto João Jardim. Coisa pouca, mais uma vez. De tal maneira que, pelo que soubemos agora, "O Dia" se viu forçado a fechar (sim, sim, ainda existia... ), ele que diariamente nos espantava com a força das suas notícias e a cor das suas reportagens. Graças às vistas curtas do dr. Alberto João Jardim, que, vá-se lá saber porquê, deixou de o distinguir com a sua proverbial generosidade para com a imprensa, lá se calou mais uma voz livre e democrática! Não havia necessidade, afinal o que são uns milharzitos no orçamento de milhões que a Madeira consegue anualmente negociar?

Se a causa é boa, não há que fazer contas! Atente-se no exemplo de George W. Bush, esse grande estadista, em quem Alberto João tem de pôr mais os olhos. Se é para gastar em publicidade ou propaganda, se é para comprar espaço nos jornais, se é para pagar uns serviços jornalísticos ou colunísticos, que seja generoso, que ouse, que pense grande! A Madeira pode não ter o tamanho dos Estados Unidos, mas o fulgor e a visão de um líder não se medem pelos palmos da terra que se governa...

Força, dr. Jardim, que a gente cá está para ir ajudando às despesas!

Joaquim Fidalgo