HÁ VIDA DEPOIS DE 20 DE FEVEREIRO (1) : A HONRA PERDIDA DO PSD
Depois de 20 de Fevereiro o único património do PSD, para além da sua história, programa, tradições e militantes, será o facto de ser nítido para os portugueses que muitos evitaram, e alguns denunciaram, qualquer compromisso com as reiteradas incompetências, prepotências, confusões, culto de personalidade, que acabaram por culminar na primeira campanha negativa de um grande partido nacional com pretensões governativas. São conhecidas algumas dessas vozes com relevo no PSD, mas muitas vozes anónimas de militantes de base partilham desse sentimento.
Uma coisa é o PSD, outra esta experiência desastrosa que de social-democrática não tem nada. Tem passado despercebido que Santana Lopes violou a letra e o espírito do programa do PSD, em dois aspectos fundamentais: o culto de personalidade pessoal quase obsessivo (os hinos e os filmes da campanha nada tem a ver com a mensagem social-democrática porque desprovidos de significado num projecto colectivo) e na actual campanha negativa que ultrapassa a natural crítica política a uma governação, para atingir pessoalmente políticos do PS (o que viola o carácter personalista do programa, e a sua afirmação do valor meta-político da dignidade humana).
Foram os militantes que se indignaram, que mantiveram a honra quase perdida de um grande partido português, mostrando que uma coisa é o partido a que pertencem e ajudaram a fazer, outra o curso infeliz da direcção Santana Lopes. É verdade que a sua voz parecia perdida no unanimismo do Congresso, e é verdade que por muitas razões, boas e más, muitos outros consentiram e apoiaram. Mas mesmo esses já começaram a compreender que houve um erro e um erro grave e que o partido se afastou do património político de Sá Carneiro. É verdade que o partido está doente e lhe faltou a força para perceber que Portugal está primeiro e não a manutenção desesperada de meia dúzia de lugares de deputados e de secretários de estado para os dirigentes regionais e nacionais. Depois de 20 de Fevereiro, pouco nos sobrará e haverá quem tente levar o partido a uma divisão que foi sempre desejada por alguns, como o PP.
A ruptura na opinião pública entre o partido, ou pelo menos, parte do partido, e o seu actual Presidente, é a escassa riqueza que vai sobrar depois de 20 de Fevereiro: os portugueses distinguem entre o PSD e Santana Lopes. O PSD pode por isso levantar-se de novo.
José Pacheco Pereira
(Continua)
Uma coisa é o PSD, outra esta experiência desastrosa que de social-democrática não tem nada. Tem passado despercebido que Santana Lopes violou a letra e o espírito do programa do PSD, em dois aspectos fundamentais: o culto de personalidade pessoal quase obsessivo (os hinos e os filmes da campanha nada tem a ver com a mensagem social-democrática porque desprovidos de significado num projecto colectivo) e na actual campanha negativa que ultrapassa a natural crítica política a uma governação, para atingir pessoalmente políticos do PS (o que viola o carácter personalista do programa, e a sua afirmação do valor meta-político da dignidade humana).
Foram os militantes que se indignaram, que mantiveram a honra quase perdida de um grande partido português, mostrando que uma coisa é o partido a que pertencem e ajudaram a fazer, outra o curso infeliz da direcção Santana Lopes. É verdade que a sua voz parecia perdida no unanimismo do Congresso, e é verdade que por muitas razões, boas e más, muitos outros consentiram e apoiaram. Mas mesmo esses já começaram a compreender que houve um erro e um erro grave e que o partido se afastou do património político de Sá Carneiro. É verdade que o partido está doente e lhe faltou a força para perceber que Portugal está primeiro e não a manutenção desesperada de meia dúzia de lugares de deputados e de secretários de estado para os dirigentes regionais e nacionais. Depois de 20 de Fevereiro, pouco nos sobrará e haverá quem tente levar o partido a uma divisão que foi sempre desejada por alguns, como o PP.
A ruptura na opinião pública entre o partido, ou pelo menos, parte do partido, e o seu actual Presidente, é a escassa riqueza que vai sobrar depois de 20 de Fevereiro: os portugueses distinguem entre o PSD e Santana Lopes. O PSD pode por isso levantar-se de novo.
José Pacheco Pereira
(Continua)
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