quinta-feira, 7 de abril de 2005

CARTA DE UM HOMEM SÓ (parte II)



Carta de um Homem Só (parte II)

carta publicada na edição nº. 1282 do Jornal Ecos do Sor
n.r.:o itálico é nosso

Tentei, durante estes anos, acudir aos que mais sofrem e menos têm, daí a entrega de materiais de construção sem qualquer tipo de critério, sem o estigma doutrinário que a política incute, quantas vezes de forma bizarra e de que sou em parte responsável. Nunca desfraldei qualquer bandeira dum partido político, enquanto Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Sor. Eu nunca! Mas mandei destruir propaganda do PCP e do sindicato dos trabalhadores da administração local. A vida vai e volta no rio incessante dos dias. Constroi-se de sonhos, cresce nas dificuldades, molda-se com as estações e orienta-se de acordo com regras aprendidas de sempre. O somatório das experiências feitas, das aprendizagens tidas, das discussões observadas, permite a construção duma consciência cívica que transportamos todos os dias e leva-nos a defender a verticalidade nos procedimentos com um bom murro na mesa gritando em alto tom: quem não está comigo, está contra mim, a respeitabilidade pelas instituições mesmo que por vezes seja provocador e gozão, a honorabilidade da palavra dada, do dito pelo não dito.
Mais importante que os bens materiais, o somatório da riqueza obtida até deu para comprar um Audi com o dinheiro de todos os munícipes, a contabilidade financeira conseguida que dá para as viagenzitas com os meus amigos do peito, é a satisfação por termos contribuídos de modus próprio e de acordo com as nossas capacidades para o bem-estar comum. E que outra obrigação não tem um presidente de câmara?!
Tudo o que foi conseguido deveu-se ao empenho de um conjunto de pessoas, todas elas com um contributo decisivo.
Sem os funcionários da autarquia, na sua grande maioria, pessoas extremamente competentes, nada teria acontecido. Desde o Funcionário X, desterrado na estação do Laranjal, até ao Funcionário Y, emprateleirado no arquivo da câmara. Mas esses são comunistas... não contam!
Sem a colaboração inexcedível do amigo Carita
membro da RTL, do amigo Jerónimo, projectos, construções & empreitadas s.a. , do amigo Nuno Jorge que foi quem segurou nisto logo no princípio, já que a gente não percebia nada de autarquias (e ainda temos dificuldade em perceber...), do amigo João Espadinha que me acompanharam nos tempos mais difíceis, todo o empenho e esforço teria sido inglório.
Pela compreensão crítica tenho que agradecer à senhora Isabel Taveira Pinto e aos nossos filhos João André e Francisco José, que muito me orgulham, pelo sentido ético com que constróem as suas vidas, pelo sentimento solidário que possuem, pela vontade indomável em conseguirem vencer.
Um abraço ao meu irmão, nas horas más sempre solidário com o irmão. Ao senhor Joaquim Taveira Pinto, meu pai, e à senhora Olinda Maria de Carvalho, minha mãe, pelo que passaram, por tudo aquilo que abdicaram, pelas privações que aceitaram ter para que eu pudesse ter um curso superior. O carinho com que a mãe Olinda se levantava às 6h00 todos os dias e a brandura com que me acordava para às 7h30 apanhar o comboio para Abrantes.
Os seis pães que me punha no saco para o almoço e, no regresso a casa, ao fim do dia, lá estava de braços abertos na ombreira da porta. Depois, porque assim era a regra, chegava o pai Joaquim com a preocupação diária se tudo tinha corrido bem - nunca serei, a eles, capaz de agradecer nem pagar o que de enorme por mim sempre fizeram - a educação que me souberam transmitir, o cuidado em me ensinar que mais importante que tudo é a honra e que devemos ter sempre vergonha naquilo que fazemos.
Aos munícipes quero agradecer todos os ensinamentos que me souberam transmitir, as críticas construtivas que me fizeram, as sugestões que me souberam dar.
Outros teriam feito melhor.
Tenho a certeza disso... Tentei sempre fazer o melhor dentro das capacidades que me foram dadas, sou esperto, pedante e vivaço, dos ensinamentos colhidos nas sessões de sueca, das experiências tidas.
Tem sido enorme a honra emprestada pelos munícipes. Bem hajam por tal.
A vida é feita de tudo isto mas é também aquilo que nós quisermos que seja. São vocês todos, todos os dias na constância dos tempos, na inconstância da natureza e também dos sonhos todos que vamos tendo
.

João José de Carvalho Taveira Pinto

Depois disto, o nosso personagem aperta o nó da corda que tinha no pescoço e dá uma sapatada na cadeira onde estava, em pé. Ouvimos ainda gritar, já pendurado e a oscilar sob a torre norte do estádio: adeus mundo cruel!


Fim

1 Comments:

At 7 de abril de 2005 às 17:21, Anonymous Anónimo said...

Este Taveira Pinto, sempre foi um MENTIROSO:
Quem não o conheceu como estudante em Abrantes é que acredita nas mentiras que ele escreve neste texto.
Pinto não sejas tão parvo e não queiras fazer dos outros parvos.

Um colega do liceu nacional de Abrantes.
Residente na cidade de Abrantes.

 

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