Há quem queira subverter a memória e o significado do 25 de Abril, que foi uma revolução original e pioneira, um caso único na História, de que todos nós devemos ter orgulho, pois mostrou que era possível passar de uma ditadura para a democracia sem cair numa nova ditadura.
Preservar o 25 de Abril é fazer, sem complexos, a pedagogia dos seus valores: a liberdade, a tolerância, o desenvolvimento e a paz.
Realizar a justiça social, consolidar o espírito de serviço público, reforçar os direitos sociais continua a ser um imperativo de Abril, neste tempo em que critérios economicistas se sobrepõem à dimensão humanista da nossa vida colectiva.
Comemorar Abril hoje é também combater o racismo, a xenofobia e o fechamento da nossa sociedade aos que nos procuram para aqui trabalhar e viver.
Celebrar Abril é não deixar que se apague a memória da resistência ao fascismo e da luta pela liberdade, mas também da genuína alegria e da mobilização popular que a queda da ditadura fez brotar em Portugal, há 33 anos.
Glosando Zeca Afonso, o que faz falta é somar e multiplicar a energia social dos movimento cívicos que são a base da democracia participativa. Festejar Abril é partilhar com todos a nossa vontade de nunca desistir de fazer de Portugal um país “mais livre, mais justo e mais fraterno”.
«Não me resigno nem me conformo na batalha pela qualidade da democracia portuguesa», afirmou Cavaco Silva na sessão solene do 25 de Abril, no Parlamento, em que defendeu a necessidade de uma «classe política qualificada» e «critérios de rigor ético, exigência e competência». Lisboa, 25 Abr (Lusa) - O primeiro-ministro, José Sócrates, elogiou hoje o discurso do Presidente da República, considerando "muito apropriado" o apelo aos políticos para que "unam esforços" a favor da "qualidade da democracia".
Estes indivíduos, eleitos para representar o povo português, notoriamente não têm qualquer emenda. Evidentemente, julgam-se acima dos critérios éticos que apresentam aos outros como modelo e perante as evidências gerais de incongruência e contradição, apresentam as superiores razões de Estado como critério supletivo e justificam a inconsistência, com os interesses do povo que eles mesmos interpretam, obliterando os princípios que proclamam e sufocando a obrigação de lealdade à Constituição que juraram cumprir. A lógico e coerência deste tipo de discursos, perante aquilo a que vamos assistindo e que comentadores insuspeitos como Santana Castilho, no Público de ontem, Marcelo Rebelo de Sousa na RTP e hoje Rui Ramos, no mesmo Público, entre muitos outros, já disseram, vale um zero à esquerda, porque é daí que o desvalor aparece. Na segunda-feira, no programa Prós & Contras, na RTP1, a propósito das intervenções da entidade de inspecção económica nos restaurantes, mercados e feiras, falou-se em contrafacção de merdadorias. Um vendedor ambulante, cigano, desanimado pela intervenção da fiscalização que lhe apreendeu a mercadoria contrafeita, desabafou para a câmara: “se isto que me levaram é contrafação, então o diploma do primeiro ministro também não é contrafacção?”
Hoje, em Portugal e numa sintonia inédita em mais de 30 anos de democracia, entre intelectuais e povo em geral, a questão das habilitações do primeiro ministro de Portugal aparece pacífica: a honorabilidade política do primeiro ministro é insustentável e inseparável da questão de carácter. O presidente da Republica, enquanto cidadão que vive em família normal, uma vida normal de português médio, sabe muitíssimo bem que assim é. Então, porque não é? Porque não lhe convém? Porque não convém a quem o apoiou? Quem o apoiou foi o povo em geral. E mais ninguém. Então porque é que não ouve o povo? Ouça os filhos, ao menos...
O discurso hoje, na A.R. pelo primeiro de todos os portugueses, representou apenas os portugueses sentados à sua frente. A maioria deles. E mais ninguém
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Há quem queira subverter a memória e o significado do 25 de Abril, que foi uma revolução original e pioneira, um caso único na História, de que todos nós devemos ter orgulho, pois mostrou que era possível passar de uma ditadura para a democracia sem cair numa nova ditadura.
Preservar o 25 de Abril é fazer, sem complexos, a pedagogia dos seus valores: a liberdade, a tolerância, o desenvolvimento e a paz.
Realizar a justiça social, consolidar o espírito de serviço público, reforçar os direitos sociais continua a ser um imperativo de Abril, neste tempo em que critérios economicistas se sobrepõem à dimensão humanista da nossa vida colectiva.
Comemorar Abril hoje é também combater o racismo, a xenofobia e o fechamento da nossa sociedade aos que nos procuram para aqui trabalhar e viver.
Celebrar Abril é não deixar que se apague a memória da resistência ao fascismo e da luta pela liberdade, mas também da genuína alegria e da mobilização popular que a queda da ditadura fez brotar em Portugal, há 33 anos.
Glosando Zeca Afonso, o que faz falta é somar e multiplicar a energia social dos movimento cívicos que são a base da democracia participativa.
Festejar Abril é partilhar com todos a nossa vontade de nunca desistir de fazer de Portugal um país “mais livre, mais justo e mais fraterno”.
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
Sophia de Mello Breyner Andresen
«Não me resigno nem me conformo na batalha pela qualidade da democracia portuguesa», afirmou Cavaco Silva na sessão solene do 25 de Abril, no Parlamento, em que defendeu a necessidade de uma «classe política qualificada» e «critérios de rigor ético, exigência e competência».
Lisboa, 25 Abr (Lusa) - O primeiro-ministro, José Sócrates, elogiou hoje o discurso do Presidente da República, considerando "muito apropriado" o apelo aos políticos para que "unam esforços" a favor da "qualidade da democracia".
Estes indivíduos, eleitos para representar o povo português, notoriamente não têm qualquer emenda. Evidentemente, julgam-se acima dos critérios éticos que apresentam aos outros como modelo e perante as evidências gerais de incongruência e contradição, apresentam as superiores razões de Estado como critério supletivo e justificam a inconsistência, com os interesses do povo que eles mesmos interpretam, obliterando os princípios que proclamam e sufocando a obrigação de lealdade à Constituição que juraram cumprir.
A lógico e coerência deste tipo de discursos, perante aquilo a que vamos assistindo e que comentadores insuspeitos como Santana Castilho, no Público de ontem, Marcelo Rebelo de Sousa na RTP e hoje Rui Ramos, no mesmo Público, entre muitos outros, já disseram, vale um zero à esquerda, porque é daí que o desvalor aparece.
Na segunda-feira, no programa Prós & Contras, na RTP1, a propósito das intervenções da entidade de inspecção económica nos restaurantes, mercados e feiras, falou-se em contrafacção de merdadorias. Um vendedor ambulante, cigano, desanimado pela intervenção da fiscalização que lhe apreendeu a mercadoria contrafeita, desabafou para a câmara: “se isto que me levaram é contrafação, então o diploma do primeiro ministro também não é contrafacção?”
Hoje, em Portugal e numa sintonia inédita em mais de 30 anos de democracia, entre intelectuais e povo em geral, a questão das habilitações do primeiro ministro de Portugal aparece pacífica: a honorabilidade política do primeiro ministro é insustentável e inseparável da questão de carácter.
O presidente da Republica, enquanto cidadão que vive em família normal, uma vida normal de português médio, sabe muitíssimo bem que assim é. Então, porque não é? Porque não lhe convém? Porque não convém a quem o apoiou? Quem o apoiou foi o povo em geral. E mais ninguém. Então porque é que não ouve o povo? Ouça os filhos, ao menos...
O discurso hoje, na A.R. pelo primeiro de todos os portugueses, representou apenas os portugueses sentados à sua frente. A maioria deles. E mais ninguém
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