terça-feira, 6 de novembro de 2007

JOSÉ LUÍS PEIXOTO EDITADO NO MERCADO ANGLO-SAXÓNICO

O escritor português José Luís Peixoto estreou-se ontem no mercado anglo-saxónico, um dos maiores mercados literários mundiais,com a tradução em inglês do romance Nenhum olhar, editado pela editora britânica Bloomsbury.

José Luís Peixoto chamou pela primeira vez a atenção da editora britânica Liz Calder durante a leitura de um excerto do livro no Brasil, no festival literário do Parati, evento que a co-fundadora da Bloomsbury patrocina e ajudou a fundar.


Fiquei muito impressionada, recorda Liz Calder, em declarações à agência Lusa, salientando a escrita bonita e a personalidade interessante do autor nascido em Galveias, que conheceu entretanto.



Embora fale um pouco português, que aprendeu enquanto viveu no Brasil, a ex-modelo e jornalista confessa não conseguir ler um romance inteiro na língua de Camões e pediu a dois leitores de confiança que o fizessem.

Ficaram muito entusiasmados, revela, confirmando a sua opinião de José Luís Peixoto como um escritor muito jovem e talentoso, com um grande futuro.

Um dos mais interessantes que li nos últimos tempos, garante, elegendo a qualidade da prosa e a atmosfera do romance, a forma como [José Luís Peixoto] evoca a paisagem e os personagens como argumentos para interessarem os leitores ingleses.

Considerada uma das principais editoras europeias, e uma das maiores no Reino Unido, a Bloomsbury tem no seu catálogo muitos escritores famosos, como Nadine Gordimer ou a autora da saga Harry Potter, JK Rowling.

Além de Nenhum olhar, que sai no Reino Unido com o título Blank Gaze numa tradução de Richard Zenith, a Bloomsbury comprou ainda os direitos de publicação de Uma casa na escuridão, mas cujo lançamento não está ainda agendado.

Os direitos de publicação da Bloomsbury incluem todos os países de língua inglesa, incluindo a Austrália e o Canadá, com excepção dos Estados Unidos, onde terá uma edição própria.

Neste país, Nenhum Olhar tem lançamento anunciado pela editora Nan A. Talese/Doubleday, uma subsidiária da Random House, para dentro de nove meses, em Agosto de 2008, com o título previsto The Implacable Order of Things.

Embora admita que o enorme mercado anglo-saxónico no qual José Luís Peixoto agora penetra é difícil e que os autores menos conhecidos podem perder-se, Liz Calder espera que o autor português consiga destacar-se.

Algum há-de sobressair e espero que seja ele, desejou.

José Luís Peixoto deverá deslocar-se ao Reino Unido a 29 de Novembro e 01 de Dezembro para promover o lançamento do livro.

Nascido em 1974 em Galveias, José Luís Peixoto estreou-se na escrita com uma ficção, Morreste-me, em 2000, depois de ter vencido o Prémio Jovens Criadores para a área de literatura em 1997, 1998 e 2000.

O romance de estreia, Nenhum Olhar, de 2001, foi distinguido com o prémio Literário José Saramago e está traduzido em francês, neerlandês, finlandês, italiano, castelhano, checo, croata, turco, búlgaro, bielorusso, húngaro e no Brasil.

Os direitos de edição deste romance estão também vendidos para o Japão e Estados Unidos.

Da sua bibliografia fazem ainda parte mais dois romances, Uma casa na Escuridão, de 2002, e Cemitério de Pianos, de 2006, e uma colectânea de contos, Antídoto, de 2003, que acompanha um trabalho discográfico homónimo da banda Moonspell.

Em 2001, José Luís Peixoto estreou-se na poesia com A Criança em Ruínas, seguindo-se, um ano depois, A Casa, a Escuridão, tendo também escrito textos para teatro.

O mais recente trabalho, Cal, que inclui três poemas, 17 contos e uma peça de teatro, À Manhã, é lançado em Portugal a 14 de Novembro sob a chancela da Bertrand.

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