AS SURPRESAS DA HISTÓRIA
Os Governos portugueses, nos próximos anos, não irão governar coisíssima nenhuma.
Limitar-se-ão a seguir, entre baias económicas, aquilo que a troika determinou.
Os senhores da troika pouco ou nada sabem de nós, das nossas idiossincrasias, das características da nossa cultura, da História que nos criou e moldou.
São técnicos de cifras e de cifrões.
Não quero dizer com isto que os senhores da troika sejam gente desalmada. Apenas lembro que são burocratas, lidos em breviários e catálogos mais economicistas do que económicos.
É uma esquadria imponderada, aplicável sem modulações nem generosidade.
Também lembro que a Europa é, hoje, comandada pela direita e pela extrema-direita, através da sua internacional com sede em Bruxelas, o Partido Popular Europeu. E que a tendência é para que essa ideologia se mantenha e se desenvolva.
Não adianta protestar.
Mas não podemos, nem devemos, deixar se protestar.
Não podemos pender os braços com indiferença e inércia.
As batalhas da humanidade estão repletas de recuos, de derrotas de aparentes esmagamentos. As forças de que dispomos, apesar de tudo, fazem mover as imobilidades.
Tudo está em aberto, apesar de, na hora actual, tudo parecer estar perdido.
Chegámos a esta situação e a culpa é de quem?
A pergunta, por insistente, tornou-se ritual.
É bom e natural que assim seja. Nos grandes conflitos, nas enormes crises, nada é unilateral.
Como nos divórcios não há um só culpado.
Daí que o veemente apelo do dr. Eduardo Catroga, a uma plateia de jovens, para que estes levem Sócrates a tribunal, não é só absurda como tola.
Não temos políticos à altura dos acontecimentos que nos afligem.
As soluções que têm sido aplicadas aos nossos problemas possuem um carácter imediato: são remendos mal cerzidos.
Acresce a semelhança ideológica entre o PS e o PSD, e o amorfismo de uma Imprensa acrítica, que fez desaparecer uma das grandes tradições do jornalismo português: a das causas sociais, a dos combates políticos cruciais e resolutivos, como os que emergem a cada momento do nosso viver.
Os portugueses já perceberam que os dirigentes do "arco do poder" não possuem nem a estirpe do político nem a formação do estadista.
Por isso mesmo, não podemos prolongar, indefinidamente, esta situação absurda e catastrófica.
Sócrates tem um conflito com a verdade que se tornou fastidioso sem deixar de ser inquietante.
Passos Coelho, com quem simpatizo pessoalmente, tem falta de rodagem. Anda há muitos anos "na política", mas expõe, amiúde, uma ingenuidade que chega a ser comovente.
Tal como o outro, diz uma coisa para a desdizer; avança com projectos (como aquele de mudar a Constituição) e logo apaga a intenção com uma borracha cambada.
O português vive nesta confusão.
Cada um dos chefes do PSD e do PS forja identidades que se não compadecem com a realidade, nem nada têm a ver com a formatura do nosso carácter e a dimensão das nossas exigências históricas.
Por exemplo: até agora, nem o PSD nem o PS exemplificaram o que tentam fazer ante o projecto da troika: aceitar todos os pontos ou proceder a maleabilizações?
As agressões verbais fazem prever o que será a campanha eleitoral.
Não reprovo nem condeno um certo registo belicoso, como é próprio da natureza destes acontecimentos, desde que não se chegue ao nível do insulto e comporte uma certa pedagogia.
Parece-me, no entanto, que as coisas não vão ocorrer assim.
Está muita coisa em jogo.
O confronto entre Sócrates e Passos não é, somente, uma questão de estilo, embora o estilo seja, nesta pugnas político-eleitoriais, extremamente importante.
No bojo das intenções de um e de outro, algo se aproxima e algo se distancia. A questão do poder é por demais complexa, até porque envolve negócios, interesses privados, omissões, mentiras e perplexidades.
Não o deveria ser.
Mas é.
A esquerda não tem conseguido reagir, eficazmente, aos avanços da direita, que se apossou do discurso social, tradicionalmente pertença da primeira, e, através de uma retórica, apoiada pela comunicação social, e por "formadores de opinião" reaccionários ou estipendiados, tem demarcado muito bem a sua posição.
No caso português, repare-se na eficiência e na espantosa habilidade política de Paulo Portas.
Este, treinado no jornalismo e em leituras acentuadas de grandes autores, sobressai dos seus pares de ideologia a uma distância considerável.
Nesta altura, aproveitando-se das debilidades de Passos Coelho e do desdém que aumenta em torno de Sócrates, Paulo Portas já não quer ser o "apêndice" do PSD, mas, antes, almeja disputar a primazia da direita e apresentar-se como possível candidato a primeiro-ministro.
A esquerda prepara-se para cumprir uma longa caminhada.
Porém, a História, por ser uma deusa cega, ajeita muitas estradas.
As próximas eleições podem proporcionar muitas surpresas.
B.B.
Limitar-se-ão a seguir, entre baias económicas, aquilo que a troika determinou.
Os senhores da troika pouco ou nada sabem de nós, das nossas idiossincrasias, das características da nossa cultura, da História que nos criou e moldou.
São técnicos de cifras e de cifrões.
Não quero dizer com isto que os senhores da troika sejam gente desalmada. Apenas lembro que são burocratas, lidos em breviários e catálogos mais economicistas do que económicos.
É uma esquadria imponderada, aplicável sem modulações nem generosidade.
Também lembro que a Europa é, hoje, comandada pela direita e pela extrema-direita, através da sua internacional com sede em Bruxelas, o Partido Popular Europeu. E que a tendência é para que essa ideologia se mantenha e se desenvolva.
Não adianta protestar.
Mas não podemos, nem devemos, deixar se protestar.
Não podemos pender os braços com indiferença e inércia.
As batalhas da humanidade estão repletas de recuos, de derrotas de aparentes esmagamentos. As forças de que dispomos, apesar de tudo, fazem mover as imobilidades.
Tudo está em aberto, apesar de, na hora actual, tudo parecer estar perdido.
Chegámos a esta situação e a culpa é de quem?
A pergunta, por insistente, tornou-se ritual.
É bom e natural que assim seja. Nos grandes conflitos, nas enormes crises, nada é unilateral.
Como nos divórcios não há um só culpado.
Daí que o veemente apelo do dr. Eduardo Catroga, a uma plateia de jovens, para que estes levem Sócrates a tribunal, não é só absurda como tola.
Não temos políticos à altura dos acontecimentos que nos afligem.
As soluções que têm sido aplicadas aos nossos problemas possuem um carácter imediato: são remendos mal cerzidos.
Acresce a semelhança ideológica entre o PS e o PSD, e o amorfismo de uma Imprensa acrítica, que fez desaparecer uma das grandes tradições do jornalismo português: a das causas sociais, a dos combates políticos cruciais e resolutivos, como os que emergem a cada momento do nosso viver.
Os portugueses já perceberam que os dirigentes do "arco do poder" não possuem nem a estirpe do político nem a formação do estadista.
Por isso mesmo, não podemos prolongar, indefinidamente, esta situação absurda e catastrófica.
Sócrates tem um conflito com a verdade que se tornou fastidioso sem deixar de ser inquietante.
Passos Coelho, com quem simpatizo pessoalmente, tem falta de rodagem. Anda há muitos anos "na política", mas expõe, amiúde, uma ingenuidade que chega a ser comovente.
Tal como o outro, diz uma coisa para a desdizer; avança com projectos (como aquele de mudar a Constituição) e logo apaga a intenção com uma borracha cambada.
O português vive nesta confusão.
Cada um dos chefes do PSD e do PS forja identidades que se não compadecem com a realidade, nem nada têm a ver com a formatura do nosso carácter e a dimensão das nossas exigências históricas.
Por exemplo: até agora, nem o PSD nem o PS exemplificaram o que tentam fazer ante o projecto da troika: aceitar todos os pontos ou proceder a maleabilizações?
As agressões verbais fazem prever o que será a campanha eleitoral.
Não reprovo nem condeno um certo registo belicoso, como é próprio da natureza destes acontecimentos, desde que não se chegue ao nível do insulto e comporte uma certa pedagogia.
Parece-me, no entanto, que as coisas não vão ocorrer assim.
Está muita coisa em jogo.
O confronto entre Sócrates e Passos não é, somente, uma questão de estilo, embora o estilo seja, nesta pugnas político-eleitoriais, extremamente importante.
No bojo das intenções de um e de outro, algo se aproxima e algo se distancia. A questão do poder é por demais complexa, até porque envolve negócios, interesses privados, omissões, mentiras e perplexidades.
Não o deveria ser.
Mas é.
A esquerda não tem conseguido reagir, eficazmente, aos avanços da direita, que se apossou do discurso social, tradicionalmente pertença da primeira, e, através de uma retórica, apoiada pela comunicação social, e por "formadores de opinião" reaccionários ou estipendiados, tem demarcado muito bem a sua posição.
No caso português, repare-se na eficiência e na espantosa habilidade política de Paulo Portas.
Este, treinado no jornalismo e em leituras acentuadas de grandes autores, sobressai dos seus pares de ideologia a uma distância considerável.
Nesta altura, aproveitando-se das debilidades de Passos Coelho e do desdém que aumenta em torno de Sócrates, Paulo Portas já não quer ser o "apêndice" do PSD, mas, antes, almeja disputar a primazia da direita e apresentar-se como possível candidato a primeiro-ministro.
A esquerda prepara-se para cumprir uma longa caminhada.
Porém, a História, por ser uma deusa cega, ajeita muitas estradas.
As próximas eleições podem proporcionar muitas surpresas.
B.B.
Etiquetas: Portugal 2011
11 Comments:
Cai a mentira, ganha Portugal.
Os verdadeiros socialistas deviam ponderar bem o seu voto nas próximas eleições e aproveitarem para mandarem o pacóvio para a terra assinar projectos de barracas.
Uma certeza podem ter, acabaram-se os tachos porque já acabou o caroço, gastaram-no até aos próximos 40 anos.
Este Primeiro-Ministro não tem competência, não tem carácter, não tem palavra.
É um falso engenheiro pacóvio mentiroso compulsivo Só tem temperamento di capo.
Desgovernou com mentiras sucessivas, a cavalo da propaganda paga com o nosso dinheiro bem com a Imprensa paga que tanto o apoia, como um produto obsoleto do séc. XX.
Atacou, um a um, todos os pilares do Estado de Direito: a independência dos tribunais, a liberdade de imprensa, a separação de poderes, o respeito institucional. Instalou-se no poder espalhando o seu séquito de Varas, Penedos e Ruis Pedros Soares, dos Silvas (Santos e Pereira).
Afundou 40 anos do nosso futuro em parcerias público-privadas com consórcios e empresas onde pululam milhares de amigos e ex-ministros socialistas com vencimentos obscenos.
Passou o mandato de buraco em buraco, sempre a tentar tapar e sempre a tentar esconder, sem estratégia de crescimento ou projecto de país. E deixou-nos na banca rota oculta. Oculta, sim. Porque tudo no país está mais oculto e opaco, porque os números do Governo já não são fiáveis como vai acontecer com a revisão do défice de 2010.
Como se está a descobrir, no que é só o princípio de um buraco que, se descoberto, será maior, e que o Presidente e os partidos pretendem ocultar para evitar males maiores.
Esse altíssimo preço da perda global de credibilidade e soberania - é o que já estamos a pagar e vamos pagar mais ainda. E sai, falso ofendido, com um discurso de vitimização, a acusar os outros da crise que ele próprio criou, urdiu e que nos levou à bancarrota.
Votem à esquerda ou à direita, mas nunca em Sócrates. É demasiado mau, sai demasiado caro. Para nós e para os nossos filhos!
Comentário ao comentário anterior.
O amigo regressou a Portugal, depois de uma longa ausência. Onde estava o amigo quando cavaco silva foi primeiro ministro ?, onde estava o amigo quando a manuela leite foi ministra das finanças ?, onde andava o amigo quando o oliveira costa era ministro das finanças ?, onde andava o amigo quando o paulo panel... era ministro da defesa e comprou os submarinso que faziam falta na barragem do alqueva ?, onde andava o amigo, quando os amigos do paulo panel.... eram governo e colocaram o pais na miséria, com os contratos para os amigos ?,onde andava o amigo quando o a cambada do PSD (des)governou este país, em conjunto com a "chulagem" do CDS/PP ?. O meu amigo certamente estava no estrangeiro a gozar o bem bom, e por esse facto não acompanhou o retrocesso de Portugal nos últimos vinte anos. Porque razão não ficou por lá para não vir para aqui dizer bacoradas ?.
Pontessorenses é com grande emoção que venho homenagear um grande Homem em tamanho e alma, o nosso conterrâne,o Manuel Luís Crujeira que nos acabou de deixar.
O Manuel Luís foi um homem bom, um homem de bem.
Este homem que nos fazia o pão todos os dias partiu, mas partiu com o dever cumprido como homem, como amigo e como soldado da paz a quem tanto deu.
Manel, foste sempre um farol para todos, um farol que guiou e orientou sempre no bom caminho.
Descansa em paz e aguarda por nós um dia.
Mestre lopes
As sarnas de barões todos inchados
Eleitos pela plebe lusitana
Que agora se encontram instalados
Fazendo aquilo que lhes dá na gana
Nos seus poleiros bem engalanados,
Mais do que permite a decência humana,
Olvidam-se de quanto proclamaram
Em campanhas com que nos enganaram!
II
E também as jogadas habilidosas
Daqueles tais que foram dilatando
Contas bancárias ignominiosas,
Do Minho ao Algarve tudo devastando,
Guardam para si as coisas valiosas.
Desprezam quem de fome vai chorando!
Gritando levarei, se tiver arte,
Esta falta de vergonha a toda a parte!
III
Falem da crise grega todo o ano!
E das aflições que à Europa deram;
Calem-se aqueles que por engano.
Votaram no refugo que elegeram!
Que a mim mete-me nojo o peito ufano
De crápulas que só enriqueceram
Com a prática de trafulhice tanta
Que andarem à solta só me espanta.
IV
E vós, ninfas do Coura onde eu nado
Por quem sempre senti carinho ardente
Não me deixeis agora abandonado
E concedei engenho à minha mente,
De modo a que possa, convosco ao lado,
Desmascarar de forma eloquente
Aqueles que já têm no seu gene
A besta horrível do poder perene
«Um contrato com muitas letras pequenas».
Não concordo com o autor no pressuposto da inevitabilidade do recurso ao FMI, mas, agora que ele aí está, não embarquemos no suspiro de alívio que ontem varreu o país, como se a árvore das patacas estivesse bem carregada e, agora no nosso quintal, exigisse apenas que a reguemos com algum cuidado para que tudo corra bem. Não vai correr bem, pelo menos para a maioria de nós – e Manuel Carvalho aponta muitas razões –, e resta mesmo saber se as patacas cairão. Ou seja, se o programa de governo, gizado pelos técnicos burocratas da troika, será executado, ou se é sequer exequível , tendo em conta os políticos que o terão em cima das secretárias depois da noite de 5 de Junho. O futuro não é cor-de-rosa, mesmo que o seja nas bandeiras - ou mais alaranjado, com ou sem tons de azul e amarelo pelo meio…
«Custa a entender o ar displicente com que alguns líderes políticos comentaram o acordo entre a troika e o Governo. Um bom acordo, disse José Sócrates, melhor que o PEC IV, acrescentou Passos Coelho, duro mas não trágico, pontuou Teixeira dos Santos. No actual estado de cansaço, de desânimo e de desespero qualquer plano seria bem-vindo, desde que o Estado e o país se salvassem da bancarrota. Mas depois do alívio inicial, vale a pena parar um pouco para constatar que, se não vem aí o fim do mundo, o acordo tem muitas letras pequenas, com as quais prova estar muito longe de ser um remédio sem efeitos secundários.
O plano que se cumprirá até 2013 é hipócrita. Não apresenta nenhuma medida bombástica capaz de arrebatar críticas generalizadas, mas impõe uma série de acções discretas que, em conjunto, talvez sejam piores do que os cenários criados nas últimas semanas pela ansiedade, o mau jornalismo e a propaganda. Globalmente, é mais severo do que tudo o que já foi apresentado. Agora, não é apenas a carga fiscal a ser agravada: todo o Estado social que José Sócrates promete proteger sofre um abalo sísmico, a classe média vai ser cercada por novas despesas e mais impostos, o mundo do trabalho será mais instável, inseguro e potencialmente violento, a recessão vai forçar 120 ou 130 mil portugueses a cair no desemprego. Uma a uma, estas acções não intimidam os mais crentes, mas após uma conta de somar conclui-se que o resultado final é bem mais penoso do que o PS, PSD e PP querem fazer crer.
Bem sabemos que não há alternativa realista a este brutal aperto, nem forma de contestar a imposição externa das bases de um programa de governo ao arrepio da democracia – aliás, além de Paulo Portas, este velho país estropiado pela amargura e o fracasso nem fôlego tem para se preocupar com a soberania. Perante tudo isto, só faltava que os cidadãos começassem a acreditar de que a coisa não é assim tão feia. É feia sim, embora tenha uma máscara. Não haverá cortes de salários, mas acabaram as devoluções do IRS que faziam parte importante do planeamento financeiro das famílias; não há suspensão do 13.º mês, mas quem teve a má ideia de comprar casa vai deixar de poder de deduzir encargos no IRS, vai pagar mais IMI e, como se o acordo não bastasse, vai pagar mais juros. As pessoas pagarão também mais nos transportes, na luz, nos hospitais e quem tiver uma reforma confortável terá de fazer contas. A crise será paga com juros agravados, mas em suaves prestações distintas.
...
...
Ao menos fazem-se as reformas que anos a fio de negligência e de cobardia adiaram ou impediram, dirão alguns. É verdade. E muitas dessas mudanças tornarão o país melhor e os portugueses mais conscientes de que não há almoços grátis, nem crédito ilimitado para a vida. Outras, porém, alimentarão o desemprego, deixarão centenas de milhares de pessoas expostas a uma realidade na qual tinham deixado de acreditar e, com as reformas que se anunciam para as autarquias, colocarão 75 por cento do território nacional, onde o poder local é a principal fonte de emprego e de protecção social, bem mais perto da desertificação física e humana.
Serão estes custos inevitáveis? Talvez. Mas encaremo-los na sua crua realidade, sem lirismo nem propaganda. O acordo com a troika vale pela soma do que dizem as letras pequenas do contrato, não pelas medidas que dão bons títulos aos jornais. O resgate financeiro vai ter impactes terríveis e vai exigir mudanças a frio, com o seu inevitável coro de frustração e mal-estar. Podia ser pior, podia ser como na Grécia, sem dúvida. Mas o que a troika nos deixa após estas semanas é uma batalha dura e longa. Não temos alternativa aos seus impactes e podemos aceitar que há que sofrer agora para rir no futuro. Mas temos de acreditar também que, após 15 anos de torpor e de irresponsabilidade política, muitos mais portugueses deixarão de ter um lugar digno no país a que têm direito.»
Manuel Carvalho
No:Público 7/5/2011
O Sócrates conduziu Portugal à bancarrota.
A divida de Portugal nos seis anos de Sócrates é a mesma que Portugal acumulou nos trinta e um anos anteriores.
Pelo que à semelhança da Islândia deveria ser julgado judicialmente.
Opinião
Pedro Ivo Carvalho
José Sócrates num país que é só imaginário
2011-05-06
Concordemos ou não com a ligeireza ética dos métodos aplicados por José Sócrates, há um traço da sua personalidade que nos deve tocar: a capacidade de o homem se reiventar no discurso, de ficar sempre bem na televisão, mesmo quando, no espaço de poucos dias, proclama uma coisa e o seu inverso, como atesta a versão negra do FMI antes de ser conhecido o programa de austeridade e a versão cor-de-rosa do plano depois de o chefe do Governo ter alcançado um "bom acordo".
O primeiro-ministro de Portugal padece de uma "maleita" que poucos médicos acharão curável: chama-se, em linguagem corrente, singular perspectiva da realidade. E essa patologia tem-no alcandorado ao triunfo, tem feito dele um resistente, um caso de estudo.
José Sócrates só tem lucrado por viver, em grande medida, num país imaginário que não se chama Portugal. Atravessa, altivo, as tempestades, dono da razão. O FMI vergasta a classe média com mais impostos, mas ele, socorrendo-se da tal singular perspectiva da realidade, antecipa-se à chuva torrencial, interrompe um Barcelona-Real-Madrid e anuncia ao povo aquilo que o povo quer ouvir. E o povo que gostou do que ouviu foi muito povo. Provavelmente, terá ganho as eleições de 5 de Junho com tamanho golpe de asa. Porque o impacto da mensagem foi superior aos efeitos que o plano que verdadeiramente nos vai doer terá tido entre os eleitores.
Para aqueles que duvidavam da ferocidade do animal político (como ele próprio se intitulou), basta ler as páginas 6 e 7 desta edição: o primeiro-ministro demissionário, arrastado para o fundo por uma crise sem precedentes, já está à frente das intenções de voto, ultrapassando em dois pontos percentuais um Pedro Passos Coelho que, também ele, arrisca transformar-se, mas pela negativa, num caso de estudo internacional. Como é que um primeiro-ministro com uma imagem tão desgastada consegue continuar a cavalgar desta forma em direcção ao pôr-do-sol é, sem dúvida alguma, um mistério.
A campanha, por isso, promete: com um plano de contenção sufragado por PS e PSD, a discussão centrar-se-á em torno de quem gosta e fez mais por Portugal. Pelo país que existe e por aquele que Sócrates continuará a projectar no seu admirável mundo de ilusionismo.
Resposta do Amigo que regressou agora a Portugal, para o Amigo que sempre aqui viveu.
Os números do desastre socialista
1. O PS governou o país 14 anos nos últimos 16 anos. E deixou o país assim:
2. 24% dos jovens dos 20 aos 30 anos no desemprego.
3. 70 mil licenciados sem emprego.
4. 300 mil a receberem RSI (rendimento social inserção); muitos há mais de dez anos.
5. Justiça parada, lenta e partidarizada. Veja-se o caso do juíz Rui Teixeira.
6. Imprensa controlada e domesticada com saneamentos de jornalistas incómodos. Veja-se os casos da TVI e do Público com o primeiro-ministro a fazer sucessivos ataques públicos aos jornalistas Manuela Moura Guedes e José Manuel Fernandes (casos completamente abafados mas não esquecidos).
7. Um primeiro-ministro que acumula suspeitas atrás de suspeitas e casos no mínimo estranhos (caso freeport, apartamento onde Socrates vive comprado a um preço 60% inferior ao do mercado, licenciatura tirada a um Domingo, caso da cova da beira, compra de Figo ilicitamente, negociatas por baixo da mesa com a PT, etc, etc).
8. O PIB a cair mais de 2% em média desde 2005. A economia do país estagnada nos últimos dez anos. Portugal a divergir da média da UE estando entre os últimos cinco lugares.
9. O endividamento recorde das famílias e empresas.
10. Défice público a ultrapassar os 9% (!!!!!!!). Há economistas que dizem que já vai nos 10%.
11. Taxa de desemprego oficial de 11%. Na realidade, são mais de 600 mil desempregados.
12. Leis penais que impedem os juízes de prender os criminosos. As penas mais leves da União Europeia para homicídios.
13. Uma carga fiscal desadequada que está a empobrecer a classe média.
14. Uma escola pública obrigada a fabricar sucesso educativo estatístico sem preocupação pela qualidade das aprendizagens.
15 Humilhação e ataques continuados ao maior grupo profissional do país, os professores, obrigando-os a passar o tempo mergulhados em papéis.
FORA COM ESTE GOVERNO PS, FORA COM SOCRATES PARA SEMPRE.
Uma das mensagens que Sócrates e todo o governo têm procurado fazer passar, é que o País estava a recuperar, mas que a crise financeira internacional, de que ele não tem culpa, veio estragar tudo. Isso não é verdade pois o agravamento da situação é também anterior à crise.
No período de 2005-2008 com Sócrates, o crescimento económico em Portugal foi, em média, igual a menos de metade da média da União Europeia, pois em quatro anos Portugal cresceu apenas 4,8% enquanto a UE27 aumentou 9,8%. Como consequência o PIB por habitante SPA, ou seja, anulado da diferença de preços, cresceu em Portugal apenas 2.500 euros, enquanto subiu em média na UE27 mais de 3.300 euros. Portugal durante este período afastou-se em todos os anos, em termos económicos, ainda mais da União Europeia.
Mas mesmo crescendo pouco, uma parcela cada vez maior da riqueza criada foi transferida para o estrangeiro, ficando no País para investimento e para melhorar as condições de vida dos portugueses cada vez menos. Em 2004, foram transferidos para o estrangeiro, sob a forma fundamentalmente de juros e de dividendos, 25.943 milhões de euros, ou seja, 18% da riqueza criada nesse ano em Portugal (PIB). Depois de três anos de governo de Sócrates, ou seja, em 2007, e antes da crise se declarar com força, foram já transferidos 33.398 milhões de euros, isto é, 20,5% do PIB. Dividindo este último valor pela população empregada nesse ano obtém-se 6.460 euros por empregado, o que representa mais 27,5% do que em 2004.
Entre 2005 e 2008, o saldo negativo da Balança Corrente, ou seja, das nossas contas com o exterior, aumentou 33%. No conjunto dos quatro anos, o saldo negativo acumulado atingiu 64.081 milhões de euros. Em 2008, ele corresponderá a 11% do PIB, quando em 2005 era 9,5% do PIB. Esta variação negativa do saldo da Balança Corrente é também um indicador importante da crescente falta de competitividade da economia portuguesa. E apesar do défice das contas externas do País ser superior em cerca de 5 vezes ao défice orçamental, este governo apenas se preocupa e fala do défice orçamental ignorando o défice das contas externas do País cujas consequências no desenvolvimento futuro do País serão certamente muito graves.
Em 2005 a divida líquida do País ao estrangeiro atingia 93.510 milhões de euros e, em 2007, já era de 146.592 milhões de euros, ou seja, mais 56,8%. No mesmo período, o PIB cresceu apenas 12,9%. Como consequência a divida externa aumentou, entre 2004 e 2007, de 64,8% do PIB para 90% do PIB. Em todos os anos de governo de Sócrates a divida externa cresceu de uma forma rápida, e não apenas depois de se ter declarado a crise financeira internacional.
Entre 2004 e 2007, a divida das famílias aumentou 30,5%, pois passou de 112.198 milhões de euros para 146.393 milhões de euros, enquanto as remunerações dos trabalhadores, sem incluir contribuições para a Segurança Social, subiram apenas 10,9%, ou seja, praticamente um terço da subida verificada no endividamento das famílias. Em 2007, a divida média por família era já de 40.665 euros quando em 2004 era de 31.100 euros por família.
Em relação às empresas o endividamento foi também rápido e crescente nos anos de governo de Sócrates. Entre 2004 e 2007, passou de 139.804 milhões de euros para 185.728 milhões de euros, ou seja, aumentou 32,8%, com o consequente disparar dos encargos financeiros.
Porque não voto em ti, José
por AntónioDeJosé
Tu podes dizer que te perseguiram, que te fizeram a cama, que te
tramaram, que as tuas intenções eram as melhores e que querias evitar
a todo o custo a ajuda externa. Tudo isso até pode ser verdade, mas
olha que me fazes lembrar o Vale e Azevedo.
Tens de me explicar como conseguiste tornar o PS no "teu partido".
Assim é que é: 93% de apoio! Tu és o líder, tu és o chefe, tu és o
comandante, tu és o pai, o filho, o espírito santo. O partido és tu e
é teu. Houve uns gajos no século XX assim como tu, que também o
partido era eles e era deles, e a coisa correu muito mal para a
humanidade. Lá por teres como amigos o Kadafi e o Gonzalez, não
queiras tornar-te num "III Reich", num "Duce", num "Estaline", ou até
num "Salazar"!
Zé, assim não vamos lá. Que consigas enganar os "crentes" é uma coisa,
agora querer enganar outra vez a gente, é outra.
Oh Zé. Tu lixaste a gente, deixaste-nos na merda, pá. Vai pró caraças,
mas estás a querer fazer-nos de estúpidos.
Será que não tens vergonha, será que não tens um pingo de humildade
para que caias em ti e reconheças os teus pecados e os teus erros?
Repara só:
- 600 000 desempregados;
- Bancarrota;
- Facturas elevadíssimas a vencer nos próximos anos;
- Uma imagem péssima do país no estrangeiro:
- Caloteiros, calaceiros, vigaristas, trapaceiros, corruptos,
mentirosos, malandros, estúpidos, teimosos, etc.
- As reformas todas por fazer, as nossas empresas, bancos e
empresários mal vistos e mal cotados.
- Uma divida pública astronómica;
- A nossa indústria desamparada;
e etc, etc....
Tu que tiveste uma maioria, que tiveste as condições que poucos
tiveram, lembra-te que quando te elegemos, em 2005, nós estávamos
fartos de Durões, Santanas, de sermos desgovernados e tu, sim TU,
puseste-nos na miséria pá.
Oh Zé, deixa-me que te explique isto a ver se entra na tua cabeça.
TU JÁ NÃO SERVES PARA REPRESENTAR OS NOSSOS INTERESSES.
A tua teimosia, a tua soberba demonstrou um gajo que não sabe
negociar, que não sabe gerir, que não sabe o que é um país, que não
sabe o que é ser-se íntegro e o que é servir.
O que tu tens é um grande PATUÁ. Só que não chegou para os mercados.
O que pensariam de nós se voltasses a ser parte do problema, tu que
FOSTE, E ÉS O PROBLEMA?
Uma coisa te garanto:
EM TI NÃO VOTO !
Este é um dos Desígnio Nacional: pôr-te na prateleira, na galeria dos
notáveis que nos enganaram. E nenhum nos enganou tanto como tu.
Olha Zé, não estou nada porreiro, pá.
E quero que vás PRÓ BORDALO.
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