sexta-feira, 31 de dezembro de 2004

FRACASSO E REVEILLON



A família andava mal de finanças.
Acabou-se a desleixo.
O Senhor João José dizia aos filhos e sobrinhos.
Cara de enterro.
Estou falido. Arruinado.
Não me querem presidente. Eu que fui bom.
A família acostumada ao luxo. Dinheiro. Desperdício.
Festas. Champanhe. Uísque importado.
Acabou. Este reveillon não há festa.
A mulher não estava preparada para este golpe.
O que disseste João José? Nem o Bacalhau no ano novo?
Não. Ruína. Falência. Pescada e é se querem.
E as minhas amigas o que vão dizer?

O que quiserem. Acabou. Foi bom enquanto durou.
A mulher explodiu.
Incompetente. Fracassado. Um merdas.
João José escondeu o rosto. Chorou. A mulher cuspiu na sua cabeça.
Chegou o réveillon. Ambiente pesado.Calado.
E amanhã ? Para o almoço ? Vamos passar fome João José? A mulher trocista.
João José calado. Sacou o revólver 38.
Matou a mulher. Certeiro. Na testa. Dois tiros.
Olhou para a mulher. Caída de perna aberta.
Aqui está. Um belo bacalhau de fim de ano.

O bacalhau não é tudo na vida.

Mas é muito importante na vida de um casal.

Rui Gordo

Etiquetas: