quinta-feira, 16 de dezembro de 2004

ISTO VAI LINDO, VAI... [parte II]


Bombeiros:
Secretário Estado fala de gravações "clandestinas", rádio desmente


O secretário de Estado Paulo Pereira Coelho vai recorrer aos tribunais contra a difusão, hoje, de declarações suas que afirma terem sido "gravadas clandestinamente" durante uma reunião de trabalho, mas a rádio que as divulgou desmente as acusações.
Em causa estão declarações, gravadas segunda-feira, mas difundidas hoje pela Rádio Portalegre, em que o secretário de Estado adjunto do ministro da Administração Interna se afirma "envergonhado" com o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, cujo ex-presidente se demitira alegando falta de confiança no governante.Em declarações à agência Lusa, fonte do gabinete de Paulo Pereira Coelho afirmou, entretanto, que as palavras hoje divulgadas são "excertos retirados do contexto" e foram "recolhidas numa reunião de trabalho ao arrepio da vontade do secretário de Estado"."Declarações destas, não autorizadas, não poderiam ter sido recolhidas e muito menos divulgadas", disse a mesma fonte, defendendo que, proferidas num contexto de trabalho, as declarações de Paulo Pereira Coelho tinham "um valor e uma importância completamente diferente".O secretário de Estado tem a "intenção de accionar os meios legais à disposição para reagir" àquilo que considera uma "recolha clandestina de declarações que foram depois divulgadas fora de contexto.Contactado pela Agência Lusa, o director de informação da Rádio Portalegre, Gabriel Nunes, garante que o secretário de Estado "sabia perfeitamente que estava a ser gravado"."Não houve gravações clandestinas nenhumas", assegurou.Segundo o jornalista, as afirmações do governante foram proferidas durante um "almoço com bombeiros e outras personalidades" em Ponte de Sôr."Quando o secretário de Estado se preparava para fazer o seu discurso, o repórter colocou-se ao lado de Paulo Pereira Coelho, com o microfone na mão, devidamente identificado com o cubo da Rádio Portalegre", afirmou o director de informação.
O secretário de Estado Paulo Pereira Coelho, que esteve na origem da demissão do presidente do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, afirmou-se "envergonhado" com este organismo, acusando-o de desconhecer os riscos existentes em Portugal e a forma de os combater."O SNBPC não tinha e não tem nenhum estudo criterioso para saber que dispositivo, que ameaças, que riscos existem em Portugal e com que meios os pode combater", disse Paulo Pereira Coelho, nas declarações difundidas hoje pela Rádio Portalegre."Que não haja nenhum equívoco sobre isto, são verdades nuas e cruas, mas, com o devido respeito por todos os que andam aqui há muito anos e que sabem muito mais do que eu sobre isto tudo, sinceramente vos digo como cidadão e como português, envergonho-me do sistema que temos", acrescentou.O presidente do SNBPC, major-general Paiva Monteiro, demitiu-se sexta-feira, alegando quebra de confiança em Paulo Pereira Coelho, a quem acusou de "cozinhar" a lei orgânica da instituição sem a ouvir.Juntamente com Paiva Monteiro, o ex-vice-presidente do SNBPC António Antunes apresentou também a demissão do cargo, alegando solidariedade com o presidente.

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