E A TERRA TREMEU
"Santana Lopes entrou determinado no Palácio de Belém, formalizou junto do Presidente da República o pedido de demissão e a terra tremeu. Não é a primeira vez. Não é a primeira vez que um primeiro-ministro se demite. Não é a primeira vez que o Presidente aceita. E não é a primeira vez que o país fica aos solavancos".
Quando o sismo está emplena actividade, não é a primeira vez que, em busca do epicentro, lá se encontram empresários, gestores e banqueiros.
Os interesses...
Foi isso que o doutor Portas veio agora denunciar: o poder económico ajudou a derrubar o poder político. Sim sim, o Portas da direita, não o irmão que luta por uma revolução mais suave, nas fileiras bloquistas do doutor Louçã.
A História deste país está repleta de situações em que o poder económico conspira e o poder político cai. Este Governo já andava há muito a queixar-se, nas entrelinhas, de supostas manobras de bastidores. O ministro das Finanças. O próprio primeiro-ministro.
Mas ninguém atacou a promiscuidade entre os mundos dos negócios e da política como o ministro de Estado da Defesa decidiu agora fazer. Assim, de uma forma tão frontal, tão sem «papas na língua», só Marcelo Rebelo de Sousa, no famoso Congresso de Tavira, de Abril de 1998.
Era Portas seu parceiro numa nova AD, só que na oposição. Agora Portas é ministro e não insinua. Sabe do que fala, portanto, quando afirma que este Governo estava a tratar da delinquência fiscal como nenhum outro e a banca não deixou.
Por muito menos, Ricardo Salgado revelou-se então «chocado» com o professor Marcelo e considerou as suas declarações «absolutamente infames». Belmiro de Azevedo foi à RTP dizer que o então líder do PSD deveria ser «erradicado da política nacional».
Desta vez, ou muito nos enganamos, todos vão protestar com o livro de cheques. Porque os «interesses» de quem o doutor Portas agora se queixa são os mesmo que, na última campanha eleitoral, ajudaram o seu partido a pagar as contas.
Acontece que, em desespero, Paulo Portas decidiu recorrer ao populismo mais deplorável que a direita portuguesa até hoje usou. Ele, mais às descaradas que o seu parceiro de coligação, estão dispostos a tudo. Incluindo trocar amigos por votos.
Causando um enorme prejuízo ao país. Porque se não há transparência nos bastidores da política, têm de levar as suas palavras às últimas consequências e dizer, ipsis verbis, que interesses e com que interesses andaram a lidar.
Ele, mais do que Santana. Porque, se os «interesses» se irritaram só nos últimos quatromeses, é o doutor Portas que tem de responder à pergunta óbvia: o que terá acontecido nos dois anos anteriores, de que forma o seu Governo pagou o sossego dos «interesses»?
O guterrismo, o mesmo poder que segundo Marcelo andava com os grupos económicos ao colo, morreu aos pés da elite financeira e empresarial. Destes movimentos, de conspirações e quedas, ainda vamos tendo registos. Dos movimentos contrários, das cumplicidades e ascensões, os historiadores não obtêm registos.
Foi isso que o doutor Portas veio agora denunciar: o poder económico ajudou a derrubar o poder político. Sim sim, o Portas da direita, não o irmão que luta por uma revolução mais suave, nas fileiras bloquistas do doutor Louçã.
A História deste país está repleta de situações em que o poder económico conspira e o poder político cai. Este Governo já andava há muito a queixar-se, nas entrelinhas, de supostas manobras de bastidores. O ministro das Finanças. O próprio primeiro-ministro.
Mas ninguém atacou a promiscuidade entre os mundos dos negócios e da política como o ministro de Estado da Defesa decidiu agora fazer. Assim, de uma forma tão frontal, tão sem «papas na língua», só Marcelo Rebelo de Sousa, no famoso Congresso de Tavira, de Abril de 1998.
Era Portas seu parceiro numa nova AD, só que na oposição. Agora Portas é ministro e não insinua. Sabe do que fala, portanto, quando afirma que este Governo estava a tratar da delinquência fiscal como nenhum outro e a banca não deixou.
Por muito menos, Ricardo Salgado revelou-se então «chocado» com o professor Marcelo e considerou as suas declarações «absolutamente infames». Belmiro de Azevedo foi à RTP dizer que o então líder do PSD deveria ser «erradicado da política nacional».
Desta vez, ou muito nos enganamos, todos vão protestar com o livro de cheques. Porque os «interesses» de quem o doutor Portas agora se queixa são os mesmo que, na última campanha eleitoral, ajudaram o seu partido a pagar as contas.
Acontece que, em desespero, Paulo Portas decidiu recorrer ao populismo mais deplorável que a direita portuguesa até hoje usou. Ele, mais às descaradas que o seu parceiro de coligação, estão dispostos a tudo. Incluindo trocar amigos por votos.
Causando um enorme prejuízo ao país. Porque se não há transparência nos bastidores da política, têm de levar as suas palavras às últimas consequências e dizer, ipsis verbis, que interesses e com que interesses andaram a lidar.
Ele, mais do que Santana. Porque, se os «interesses» se irritaram só nos últimos quatromeses, é o doutor Portas que tem de responder à pergunta óbvia: o que terá acontecido nos dois anos anteriores, de que forma o seu Governo pagou o sossego dos «interesses»?
O guterrismo, o mesmo poder que segundo Marcelo andava com os grupos económicos ao colo, morreu aos pés da elite financeira e empresarial. Destes movimentos, de conspirações e quedas, ainda vamos tendo registos. Dos movimentos contrários, das cumplicidades e ascensões, os historiadores não obtêm registos.
Sérgio Figueiredo in Jornal de Negócios
Etiquetas: Jorge Sampaio, PPD/PSD, Santana Lopes
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