IGREJA ESPANHOLA DEFENDE O USO DO PRESERVATIVO PARA TRAVAR A SIDA

A Conferência Episcopal espanhola, órgão máximo da Igreja Católica em Espanha, defendeu ontem o uso de preservativos, afirmando que estes "têm o seu contexto numa prevenção integral e global da sida".

Segundo o porta-voz e secretário-geral da Conferência Episcopal, Juan António Martinez Camino, as posições da Igreja sobre o HIV/sida estão avalizadas por propostas científicas publicadas pela prestigiada revista The Lancet, nas quais se defende uma estratégia que combina abstinência sexual, fidelidade e uso de preservativos.

Esta estratégia, publicada pela Lancet, na edição do passado mês de Novembro, tenta encontrar "uma base comum" para a prevenção da transmissão sexual do HIV/sida e é apoiada por mais de 130 peritos de 36 países.O porta-voz dos bispos espanhóis fez estas afirmações no final de um encontro com a ministra da Saúde, Elena Salgado, para falar sobre a doença, numa iniciativa da própria Conferência Episcopal.

Martinez Camino explicou que o diálogo foi "muito simpático e informal" e serviu para comprovar como determinados preconceitos que existem a respeito da posição da Igreja em questões como a prevenção do HIV/sida correspondem a ideias preconcebidas.

A Igreja está "muito interessada e muito preocupada com este grave problema", sublinhou o porta-voz dos prelados espanhóis. O responsável acrescentou que agora o importante é "colaborar para tratar de solucionar um problema tão grave como este em Espanha e em todo o mundo".

A reunião com a ministra da Saúde, explicou, serviu também para acertar estratégias. "Compreender bem as posições em questão, para nos podermos entender e para podermos colaborar. Este é o nosso desejo e espero que no futuro se possa avançar por este caminho", explicou.

"Chegou o momento (...) de um trabalho conjunto na prevenção de uma ipedemia tão triste como a da sida", concluiu o porta- -voz da Conferência Episcopal.

Recorde-se que a posição do Vaticano em matéria de prevenção da doença tem excluído, de forma clara, o uso de protecção nas relações sexuais, a única forma até agora existente para evitar o contágio.