sexta-feira, 21 de janeiro de 2005

A POLÍTICA: A GRANDE PORCA

RAFAEL BORDALO PINHEIRO
Desenhador, ceramista: 1846 - 1905

POIS BONS-DIAS MEUS SENHORES...

Ainda não se deram bem conta da minha existência. E sou personagem importante, o meu nome é Zé Povinho.
Lá mais para o fim do século hei-de ser bem representado mas quem me vai dar vida ainda não nasceu.
O país anda às voltas. Parece que não se entendem. Isto do Rei ter fugido para o Brasil veio trazer grandes complicações. Ora uns, ora outros, todos querem o poder.
Como se não bastasse a política, juntou-se-lhe uma guerra de irmãos - D. Pedro (o Liberal) , D. Miguel (o Absolutista). E o poder vai saltando de mãos durante algum tempo até que as coisas se estabilizem.
No meio cá ando eu. Lá vou observando o que se passa. Não sou político, mas vou tirando as minhas conclusões. Não é que elas valham muito agora, mas há-de chegar um dia que todos encherão a boca com o meu nome. Aguento como posso, e quando as coisas me irritam, encho-me de força. Arreda que vai tudo em frente. Não acreditam?
Pois bem, eu vos conto.
Lá por volta de 1842, estava tudo mais sereno quando um camponês, vindo da Beira, faz um golpe de direita que o leva ao poder. Não, não é o tal, este chama-se Costa Cabral e é formado em Direito e o outro será em Finanças.
Só que às vezes, com homens da mesma laia, a história repete-se...
A ditadura não é do meu agrado.
Em 1846 vem a proibição de enterrar os mortos nas igrejas.
Mais me faz desconfiar a história dos registos de propriedades.
Só me faltava agora virem mandar nas nossas terras, e ao que consta querem vendê-las aos estrangeiros.
Eu rebento.
Pego nas forquilhas, nas enxadas, e vou em frente.
Não é o governo que se vem meter agora nos meus assuntos.
A revolta é geral.
Depressa se espalha pelo país.
Começo lá no Norte e vou descendo por aí abaixo.
Chamam-lhe Maria da Fonte.
Mas eu acho que sou apenas eu - o povo.
Repito: o meu nome é Zé Povinho, pois então!
Tudo se complica, depressa a revolta se transforma em guerra civil - é a Patuleia.


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3 Comments:

At 21 de janeiro de 2005 às 11:08, Anonymous Anónimo said...

GRANDE ZÉ POVINHO:
Passado tantos anos ainda és o representante do Pobre Povo Português.
Hoje como ontem a porca está cada vez mais gorda e não é da ração (é sim da "guita") que a classe política que governa a Câmara Municipal de Ponte de Sor, recebe ou tenta receber por baixo da mesa.

José Rafael

 
At 21 de janeiro de 2005 às 13:28, Anonymous Anónimo said...

Todos rebentamos.
Pegamos nas forquilhas, nas enxadas, e vamos em frente.
Não é a Câmara do Taveira Pinto que se vem meter agora nos nossos assuntos.
A revolta é geral.
Depressa se espalha pelo concelho.
Começo lá nos Foros do Arrão,pela Farinha Branca, passa por Montargil, por Foros do Mocho,pelo Vale de Vilão, pela Escusa e Tom, pelo Longomel, pelas Barreiras,pela Água de Todo o Ano,pela Tramaga, pelo Domingão, pelo Pinhal do Domingão, pela Bica, pelos Foros do Domingão, pelo Arneiro, pela Barroqueira, pela Fazenda, pelo Vale de Bispo Fundeiro, pela Torre das Vargens pelo Vale de Açor,pela Ervideira, pelo Ribeiro da Vinhas e por Galveias e vamos descendo por aí abaixo até Ponte de Sor, à Câmara Municipal e correr com eles do poder.

O Zé Povinho do Concelho de Ponte de Sor
21 de Janeiro de 2005

 
At 21 de janeiro de 2005 às 14:48, Anonymous Anónimo said...

Com forquilhas não com um martelo compressor e pelo c... acima.

João Bento Almeida

 

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