sexta-feira, 11 de fevereiro de 2005

JOGO SUJO [ parte II ]

As notícias levadas à capa do Independente, desde há uns anos para cá, dariam matéria bem suculenta para quem quisesse apreciar os nacos de prosa intencional de um jornalismo "engagé", não se sabe bem em quê.
Hoje, a notícia é sobre ...Sócrates!
A gente que lê percebe imediatamente o interesse jornalístico: eleições à porta; Sócrates apontado primeiro-ministro "with a bullet", oposição em pantanas e tachos a arder em lume brando ou já arrumados nas prateleiras do fundo.
Assim, a "bomba" é...o financiamento partidário da campanha eleitoral do PS!
Nem mais.
A notícia começa assim:
"A Polícia Judiciária (PJ) tem "fortes indícios" de que a alteração da Zona de Protecção do Estuário do Tejo por José Sócrates terá tido como contrapartida o financiamento de campanhas eleitorais do PS" .
Zás!
Deve ser a primeira vez que alguém escreve, com tanta desenvoltura esclarecida, que há "fortes indícios" de que determinado negócio público-privado, colheu dividendos para sacos azuis partidários.
Nem em Felgueiras; nem na Guarda; nem em Oeiras ou em Cascais tal aconteceu.
Suspeitas poderia haver; investigações idem; agora, "indícios fortes" de angariação de moedas e notas para pagamentos de companhas, isso é que é novidade do Independente! E logo agora...
Pois bem:
Como chegou tal novidade ao jornal dirigido pela intrépida Inês, no artigo assinado por Francisco Teixeira?
Ele o diz: através de um Inquérito Policial! Primeiro erro: não há Inquéritos policiais!
O Inquérito que pode existir é apenas o previsto na lei de processo penal- artº 241 e seguintes e artº 262 e seguintes do Código de Processo Penal.
Logo, o processo que existe não é policial, mas do Ministério Público.
Estará na PJ para investigação porque esta entidade é a competente para tal, nestes casos- artº 4º al. s) da Lei 21/2000 de 10 de Agosto.
Diz-se também na notícia que " A PJ requereu já ao Ministério Público diversas diligências". Outra asneira, esta mais relativa : a PJ não requere nada a quem dirige o Inquérito( artº 263º nº 1 do CPP) ! Quando muito sugere, num espírito de colaboração, já que lhe compete assistir o MP e segundo o nº 2 do artº 263, a PJ "actua sob a directa orientação do MP ".
É assim que deve ser e se assim não foi, há um carro à frente dos bois, notoriamente.Seja como for, há matéria para o jornalista indagar, antes de publicar.
Finalmente , o mais grave.
Escreve-se na notícia que "De acordo com um mandado de busca e apreensão a que o Independente teve acesso, os investigadores têm autorização judicial para passar a pente fino o Freeport.
Na quarta-feira de Cinzas, a PJ fez uma busca na Câmara de Alcochete".
Isto, já não é simplesmente fruto de um erro ou de uma ignorância.
Isto é uma violação flagrante do segredo de justiça, contada quase em directo. Ou então, um grande embuste.
Um logro que deve ser colocado como hipótese bem plausível, perante o bem visível rigor demonstrado na notícia.
O acesso que o jornal teve ao tal eventual "mandado de busca" associado ao facto de se escrever que o jornalista teve acesso a " um documento da PJ ", faz pensar em quê, no que se refere a essa violação flagrante do segredo de justiça ?!
Obviamente que alguém da PJ, ou pelo menos alguém directamente ligado ao processo, o forneceu! E se isso for verdade, e o facto relatado corresponder à realidade, é objectivamente grave.
Mas pode não ser!
Não seria a primeira vez que num jornal se escreve algo...inventado!
Veja-se a título de exemplo o que se passou no Público ainda nesta semana.E por isso nessa dúvida fico. Ou seja, a notícia do Independente não me merece crédito, pelas asneiras que invoca; pela intenção turva que imprime e pela incerteza das fontes.
Em resumo: mau jornalismo!
Enfim... valerá tudo, na luta política? E o jornalismo deve servir para essa luta política directa e sem pejo?

José

4 Comments:

At 11 de fevereiro de 2005 às 14:54, Anonymous Anónimo said...

Isto está tudo muito correcto e até se compreende seja verdade ou não . Só tenho pena que essa vontade de desmontar as mentiras josnalisticas só apareça hoje e no caso "Sócrates". É pena porque isso demonstra parcialidade tal como a parcialidade que acusa existir nos jornais (nestes que refere). É isto que tem acontecido diariamente de há 5 meses a esta parte. Só por acaso tem sido sempre contra o PSD e em particular contra Santana Lopes. Não o vi (caro José) escrever aqui ou ali a desmentir as fontes ou as noticias que davam Cavaco Silva a apoiar o PS ou uma maioria PS. Não o vi a tentar descobrir quem tería lançado o boato sobre a possível homosexualidade de Sócrates...será que ao acusar o Jornal O Público não se está a ver ao espelho? Sejamos mais imparciais mas para todos os lados e não vamos usar os blog's dos outros pra fazer campanha. Crie um blog seu para o fazer e certamente que terá audiência e eu lá estarei tambem para o bem e para o mal.

 
At 11 de fevereiro de 2005 às 15:18, Anonymous Anónimo said...

José Sócrates diz que a notícia divulgada pelo jornal «O Independente» não passa de uma calunia. O jornal, recorde-se, diz que o líder do PS é um dos suspeitos da Polícia Judiciária na investigação que está a conduzir ao licenciamento da construção do espaço comercial Freeport.

Ouvido esta sexta-feira pelos jornalistas, o secretário-geral do PS diz que a notícia «não passa de um insulto feito em plena campanha eleitoral», esclarecendo que o PS «não se deixa intimidar» com o que apelidou de «campanhas negras» e «guerras sujas».

«O partido socialista vai continuar a conduzir a sua campanha eleitoral com superioridade e com serenidade», avançou.

Sócrates aproveitou o momento para garantir que, enquanto ministro do Ambiente, nada teve a ver com o licenciamento do Freeport de Alcochete.

O «processo de avaliação de impacto ambiental, como todos os outros, foi conduzido no âmbito da Secretaria de Estado que para isso tinha as competências legais. E tudo foi feito na observância de todos os requisitos e todas as normas, já que essa viabilização foi feita com base nos pareceres técnicos dos serviços», explicou Sócrates.

O secretário-geral do PS negou ainda a informação do jornal em como a alteração aos limites da zona de protecção ao estuário do Tejo foi aprovada pelo Governo socialista no mesmo dia em que a obra foi aprovada.

Segundo José Sócrates, os dois processos são distintos, frisando que «a alteração dos limites da zona de protecção do estuário do Tejo foi feito depois da viabilização do empreendimento».

O líder do PS adianta que todo o processo do outlet foi legal e, a provar isso mesmo, está o facto de Durão Barroso ter dado luz verde ás alterações dos limites da zona de protecção do estuário do Tejo.

 
At 11 de fevereiro de 2005 às 16:15, Anonymous Anónimo said...

Sócrates não é suspeito

Procuradoria-Geral da República esclarece caso Freeport




A Procuradoria-Geral da República garante que, até ao momento, não existe nenhuma suspeita sobre o líder do PS, José Sócrates, em relação ao caso Freeport. A PJ está a investigar o processo de licenciamento do complexo em Alcochete.






Um comunicado do gabinete de imprensa da Procuradoria salienta que "tanto quanto os elementos indiciários reunidos até ao momento permitem avaliar, não existe nenhuma suspeita de cometimento por parte do engenheiro José Sócrates de qualquer ilícito criminal com o aludido processo de licenciamento" da obra do Freeport.

A nota refere que está pendente "há uma semana nos serviços do Ministério Público do Tribunal da Comarca do Montijo um inquérito crime relativo a tal licenciamento, procedendo neste momento a Polícia Judiciária de Setúbal às pertinentes investigações".

 
At 11 de fevereiro de 2005 às 23:51, Anonymous Anónimo said...

Tenho reparado que a maior parte dos posts aqui publicados são copiados de outros blogues. Alguns dos quais nem chegam a estar assinados. O que é um claro plágio. Por isso talvez fosse conveniente colocar as fontes de onde tira os posts, e já agora com o link devido. É assim que a blogosfera funcina, meus caros. Tenham vergonha.

 

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