quinta-feira, 25 de maio de 2006

EIS O TRIUNFO DO BUROCRATA ALBERTO...


Alberto Martins foi um dos líderes da contestação estudantil ao anterior regime.
Foi ministro em democracia e é líder parlamentar da maioria.
O percurso faz sentido.
Coube-lhe, no fim-de-semana, comentar as propostas do líder da oposição.
Soou a chapa cinco: são bem-vindas desde que se enquadrem no programa «sufragado» pelos eleitores.
Eis o triunfo do burocrata que não tem opinião para além daquela que o cargo lhe permite.
Poderíamos perguntar a Alberto Martins se ele próprio sufragou o aumento de impostos que o Governo decretou após ter ganho as eleições.
O líder parlamentar da maioria diria que as circunstâncias foram mais fortes que as promessas feitas para vencer as eleições.
É um clássico.
Mas espera-se mais de quem pensa pela sua cabeça – e Alberto Martins tem cabeça capaz de produzir pensamento próprio.
Não tenhamos ilusões: o que acontece com o ex-jovem contestatário não representa um comportamento atípico.
Por vezes, o poder exerce o seu lado perverso – cala a inteligência para alimentar a mediocridade. E transforma em burocratas os mais inconformados.
Como é o caso de Alberto

Raúl Vaz

2 Comments:

At 27 de maio de 2006 às 22:55, Anonymous Anónimo said...

Sócrates tem a melhor estratégia de comunicação, não comunica quase nada, faz uma gestão do silêncio, interrompido aqui e acolá com uma cerimónia criteriosamente organizada e precedida de um embargo de informação que não permita reflexões. Para um político de quem se dizia que tinha sido inventado pela TV não deixa de ser uma surpresa.

A estratégia é inteligente, bem mais eficaz do que o folclore santanista. Sócrates decide o que podemos saber e o que e quando e durante quanto tempo discutimos o que ele acha que devemos discutir, mas não discutimos com ele, discutimos entre nós ou, o que é mais provável, deixa-nos a falar sozinhos.

Nem os seus deputados sabem o que vão discutir, como sucedeu com o debate mensal na AR em que Sócrates apresentou um pacote de medidas para a Segurança Social, deixando os seus deputados a fazer figuras de corpo presente. O mesmo sucedia com Salazar, e quando alguns ministros queriam saber algo lá iam ter com a governanta Maria que intercedia a preceito junto do "Botas". Ditadura, democracia: outros tempos, os mesmos tiques.

Cerimónias, assinaturas de protocolos, debates mensais na AR e aparições fugazes são os momentos escolhidos por Sócrates para quebrar o silêncio do dia a dia, e quando Sócrates fala só os mais íntimos sabem o que vai dizer. E além dele poucos mais membros do governo estão autorizados a abrir a boca, por que o silêncio é de ouro. Aliás, Sócrates já percebeu (graças a intervenções como a do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais logo no dia da posse ou, mais recentemente, a do secretário de Estado da Administração Interna ou a ideia peregrina do secretário de Estado do Orçamento de levar uma ala de funcionários à meia maratona de Lisboa) que, quando muitos dos seus homens falam "ou entra mosca ou sai asneira". Talvez por isso uma boa parte deste governo parece estar emparedado no Arco do Triunfo, são autênticos soldados desconhecidos, e se não estão mortos o facto é que não estão autorizados a dar sinal de vida.

A estratégia é eficaz e tem uma longa tradição em Portugal, na nossa história mais recente Sócrates é o terceiro líder do governo a apostar na imagem do homem austero tão querida ao ruralismo nacional, todos eles eram homens enigmáticos, autoritários e pouco dados à fala. Em função do regime e da ideologia cada um tinha a sua máxima, um achava que a política era para os políticos, o outro pedia para que o deixassem trabalhar e Sócrates ainda foi mais longe, não diz nada.

Quando menos se pensa ou se discute menos vulneráveis ficam as decisões do governo e menos espaço fica para a oposição, aliás, a oposição tem feito o que Sócrates não quer ver os seus governantes fazer, Marques Mendes e Ribeiro e Castro cada vez que abriram a boca, ou nelas entrou mosca, ou saiu asneira, como sucedeu com a proposta do líder do PSD de financiar rescisões com o Estado com recurso a fundos comunitários.

Não se discute a existência de corrupção em Portugal, logo, o país não tem esse problema. Reduz-se ao mínimo a informação sobe criminalidade e o país passa a sentir mais segurança. Só se discute o que é inevitável discutir, mas quem o quiser fazer tem que arranjar parceiro para o debate, como se fosse fazer uma partida de dominó, porque o governo serve para governar e não para discutir. Deve ter copiado o método de trabalho da CNN - que quando não faz a cobertura de um determinado facto é porque o facto não existiu.

Esta gestão da política tendo por base uma agenda do silêncio é inteligente e eficaz, mas também é perigosa, não só não resolve os problemas como pressupõe que os portugueses nada têm que ver com os seus próprios problemas, e estes são tão grandes que dificilmente serão superáveis sem um grande empenho colectivo pelo qual Sócrates dá mostras de ter um grande desprezo.

Afinal, Sócrates consegue ser um político à séria: é um homem que convence os ricos que os protege dos pobres e convence os pobres que os protege dos ricos. Até ao momento isto tem funcionado, a bem da defesa do suposto Estado Social. Até quando

 
At 25 de maio de 2008 às 15:49, Anonymous Anónimo said...

Permitam-me que lhes sugira post O REGENTE DA BANDA in http://porquemedizem.blogspot.com/

Tive que entrar como anónimo pois não o conseguia fazer de outra forma

 

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