quarta-feira, 24 de maio de 2006

POBRE PÁTRIA A NOSSA... ENTREGUE A TAL GENTE...

O gabinete do primeiro-ministro e o próprio secretário de Estado do Orçamento já desmentiram que aquele membro do Governo tenha sugerido, sexta-feira passada em Coimbra, que no futuro venha a ser retirado aos pensionistas o 14º mês, como meio necessário para equilibrar o Orçamento de Estado e “aguentar o sistema” da Segurança Social.

E nem seria de esperar outra coisa partindo-se do princípio que os governantes são pessoas de bem, sensíveis aos dramas da população mais carenciada, solidários com os mais pobres e desamparados dos cidadãos.

É que, antes de chegar a tais extremos, que atingiriam o sector mais vulnerável da população, essas pessoas de bem teriam muito por onde cortar: nos salários e benesses dos gestores públicos, nas regalias que persistem entre a classe política, nas pensões milionárias de vastos sectores do Estado.
Tal como teriam que rever toda a política de isenções, reduções e estímulos fiscais.
Porque cortar, fosse o que fosse, em reformas miseráveis significaria condenar os visados à miséria extrema. E os governantes, como pessoas de bem, só admitiriam tal excesso passando por cima do cadáver dos seus próprios privilégios e das sinecuras dos seus pares. Ou alguma pessoa de bem admitiria cortar um mês de pensão aos reformados e, simultaneamente, manter políticos no activo auferindo duas e três reformas e chorudos subsídios de reintegração na sociedade civil?

No entanto, o jornalista da Lusa que redigiu a notícia sobre a “sugestão” do secretário de Estado mantém tudo o que escreveu, apesar dos desmentidos.
O que poderia sugerir que o governante não teria anunciado qualquer medida ou intenção futura mas apenas lançado o barro à parede a ver como é que a sugestão seria recebida.
Foi mal recebida.
Tão mal que até o gabinete do primeiro-ministro se sentiu na necessidade imperiosa de a repudiar.

João P. Guerra

3 Comments:

At 24 de maio de 2006 às 10:59, Anonymous Anónimo said...

Um dos mais injustamente esquecidos jornalistas e escritores do século XIX foi António Teixeira de Vasconcellos. Era conhecido pela sua radical ironia.
Conta-se que, cercado de dificuldades financeiras, foi surpreendido por um credor que lhe bateu à porta de casa.
Onde o descobriu a comer um enorme peru.
O credor disse: «Então V. Exª não me paga e come peru»?
Ao que Vasconcellos terá respondido: «Oh homem, que quer!
O peru morreu de fome».
Portugal é um verdadeiro peru: morre de falta de comida enquanto alguns tornam o seu estômago numa bóia.
Este é um país onde faltam recursos mas onde muitos continuam a esbanjar o que sonegam sem reparar no facto.
Não é uma questão puramente financeira.
Quando Souto Moura diz, ao fim de uns meses, que no caso do «envelope 9», os culpados são os «outros», quanto tempo e dinheiro se gastou nesta desculpa típica da sopa dos pobres?
Quando dois anos de investigação do «Apito Dourado» são demolidos por um parecer, quanto é que isso custou ao país?
Quanto a isso os partidos fazem de míopes.
O Congresso do PSD foi uma espécie de Festival da Eurovisão: não serviu para nada.
As medidas do Governo parecem os Globos de Ouro: servem para a auto-promoção.
O peru já pereceu de fome. E ninguém o avisou.

 
At 24 de maio de 2006 às 11:51, Anonymous Anónimo said...

Pendurem um pano preto na sua janela em sinal de luto pela morte da dignidade dos políticos.

Devemos ter vergonha de assistir a bandalheira de boca fechada e mãos atadas como um povo ignorante que não sabe como protestar!

Envie este texto ao maior número de pessoas. Veja, analise e proteste !

Mais um roubo aos portugueses! Leiam até ao fim e divulguem. Isto não pode continuar!!!

Serão os políticos os únicos [...] ??? 9 em cada 10 aposentados com mais de 5.000 euros mensais foram juízes!!!! Lista de Aposentados no ano de 2005 (Janeiro a Novembro) com pensões de luxo: verhttp://www.cga.pt/publicacoes.asp?O=3

Janeiro
Ministério da Justiça
5380.20 Juiz Desembargador Conselho Superior Magistratura

Março
Ministério da Justiça
7148.12 Procurador-Geral Adjunto Procuradoria-Geral República
5380.20 Juiz Desembargador Conselho Superior Magistratura
5484.41 Juiz Desembargador Conselho Superior Magistratura
5498.55 Juiz Desembargador Conselho Superior Magistratura
Empresas Públicas e Sociedades Anónimas
6082.48 Jurista 5 CTT Correios Portugal SA

Abril
Ministério da Justiça
5498.55 Juiz Desembargador Conselho Superior Magistratura
5498.55 Juiz Desembargador Conselho Superior Magistratura
5338.40 Procuradora-Geral Adjunta Procuradoria-Geral República
Antigos Subscritores
6193.34 Professor Auxiliar Convidado

Maio
Ministério da Justiça
5663.51 Juiz Conselheiro Conselho Superior Magistratura
5498.55 Procurador-Geral Adjunto Procuradoria-Geral República
5460.37 Juiz Desembargador Conselho Superior Magistratura
5663.51 Juiz Conselheiro Conselho Superior Magistratura
5338.40 Procuradora-Geral Adjunta Procuradoria-Geral República
5663.51 Juiz Conselheiro Conselho Superior Magistratura

Junho
Ministério da Justiça
5663.51 Juiz Conselheiro Supremo Tribunal Administrativo
5498.55 Juiz Desembargador Conselho Superior Magistratura
5498.55 Juiz Desembargador Conselho Superior Magistratura
5663.51 Juiz Conselheiro Conselho Superior Magistratura

Julho
Ministério da Justiça
5182.91 Juiz Direito Conselho Superior Magistratura
5182.91 Procurador República Procuradoria-Geral República
5307.63 Juiz Desembargador Conselho Superior Magistratura
5498.55 Procurador-Geral Adjunto Procuradoria-Geral República

Agosto
Ministério da Justiça
5173.46 Conservador Direcção Geral Registos Notariado
5173.46 Conservadora Direcção Geral Registos Notariado
5173.46 Conservador Direcção Geral Registos Notariado
5173.46 Notário Direcção Geral Registos Notariado
5173.46 Conservador Direcção Geral Registos Notariado
5663.51 Juiz Conselheiro Conselho Superior Magistratura
5663.51 Juiz Conselheiro Conselho Superior Magistratura
5498.55 Juiz Desembargador Conselho Superior Magistratura
5043.12 Notária Direcção Geral Registos Notariado
5173.46 Conservador 1ª Classe Direcção Geral Registos Notariado
5498.55 Juiz Desembargador Conselho Superior Magistratura
5498.55 Juiz Desembargador Conselho Superior Magistratura
5027.65 Conservador Direcção Geral Registos Notariado
5663.51 Juiz Conselheiro Conselho Superior Magistratura
5498.55 Juiz Desembargador Conselho Superior Magistratura
5173.46 Conservador Direcção Geral Registos Notariado
5498.55 Juiz Desembargador Conselho Superior Magistratura
5173.46 Notário Direcção Geral Registos Notariado
5498.55 Juiz Desembargador Conselho Superior Magistratura
5498.55 Juiz Desembargador Conselho Superior Magistratura
5159.57 Conservador Direcção Geral Registos Notariado
5173.46 Notária Direcção Geral Registos Notariado
5173.46 Ajudante Principal Direcção Geral Registos Notariado
5498.55 Juiz Desembargador Conselho Superior Magistratura
5173.46 Notário 1ª Classe Direcção Geral Registos Notariado
5173.46 Notária Direcção Geral Registos Notariado

Setembro
Ministério dos Negócios Estrangeiros
7284.78 Vice-Cônsul Principal Secretaria-Geral (Quadro Externo)
6758.68 Vice-Cônsul ; Secretaria-Geral (Quadro Externo)
Ministério da Justiça
5663.51 Juiz Conselheiro ; Conselho Superior Magistratura
5498.55 Juiz Desembargador ; Conselho Superior Magistratura
5498.55 Juiz Desembargador ; Conselho Superior Magistratura
Ministério da Educação
5103.95 Presidente Conselho Nacional Educação

Outubro
Ministério da Justiça
5498.55 Procurador-Geral Adjunto Procuradoria-Geral República

Novembro
Ministério dos Negócios Estrangeiros
7327.27 Técnica Especialista Secretaria-Geral (Quadro Externo)
Tribunal de Contas
5663.51 Presidente
Ministério da Justiça
5498.55 Juiz Desembargador Conselho Superior Magistratura
5663.51 Juiz Conselheiro Conselho Superior Magistratura
5498.55 Juiz Desembargador Conselho Superior Magistratura
5498.55 Juiz Desembargador Conselho Superior Magistratura
5498.55 Juiz Desembargador Conselho Superior Magistratura
Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
5015.16 Professor Coordenador Instituto Superior de Engenharia de Lisboa

Boas Vidas!!!
Nem tudo vai mal nesta nossa República (pelo menos para alguns)
Com as eleições legislativas de 20/Fevereiro, metade dos 230 deputados não foram eleitos. Os que saíram regressaram às suas anteriores actividades . Sem, contudo saírem tristes ou cabisbaixos. Quando terminam as funções, os deputados e governantes têm o direito, por Lei (deles) a um subsídio que dizem de reintegração :
- um mês de salário (3.449 euros) por cada seis meses de Assembleia ou governo.
Desta maneira um deputado que o tenha sido durante um ano recebe dois salários
(6.898 euros). Se o tiver sido durante 10 anos, recebe vinte salários ( 68.980 euros).
Feitas as contas e os deputados que saíram, o Erário Público desembolsou mais de
2.500.000 euros.
No entanto, há ainda aqueles que têm direito a subvenções vitalícias ou pensões de
reforma ( mesmo que não tenham 60 anos ). Estas são atribuídas aos titulares de cargos políticos com mais de 12 anos.
Entre os ilustres reformados do Parlamento encontramos figuras como:
Almeida Santos......................... 4.400, euros;
Medeiros Ferreira....................... 2.800, euros;
Manuela Aguiar......................... 2.800, euros;
Pedro Roseta............................ 2.800, euros;
Helena Roseta........................... 2.800, euros;
Narana Coissoró ....................... 2.800, euros;
Álvaro Barreto........................... 3.500, euros;
Vieira de Castro........................ 2.800, euros;
Leonor Beleza . .........................2.200, euros;
Isabel Castro............................. 2.200, euros;
José Leitão................................ 2.400, euros;
Artur Penedos............................ 1.800, euros;
Bagão Félix............................... 1.800, euros.
Quanto aos ilustres reintegrados , encontramos os seguintes:
Luís Filipe Pereira .....................26.890, euros / 9 anos de serviço;
Sónia Fortuzinhos .................... 62.000, euros / 9 anos e meio de serviço
Maria Santos . ..........................62.000, euros /9 anos de Serviço ;
Paulo Pedroso ......................... 48.000, euros / 7 anos e meio de serviço
David Justino .......................... 38.000, euros / 5 anos e meio de serviço;
Ana Benavente . ......................62.000 , euros / 9 anos de serviço;
Mª Carmo Romão ................... 62.000, euros / 9 anos de serviço;
Luís Nobre Guedes ................. 62.000, euros / 9 anos e meio de serviço.
A maioria dos outros deputados que não regressaram estiveram lá somente
na última legislatura, isto é, 3 anos, o suficiente para terem recebido cerca
de 20.000, euros cada.

É ESTA A CLASSE POLÍTICA QUE TEM A LATA DE PEDIR SACRIFÍCIOS
AOS PORTUGUESES PARA DEBELAR A CRISE..

MAS... HÁ MAIS !!!
APESAR de ter apenas 50 anos de idade e de gozar de plena saúde, o socialista Vasco Franco, número dois do PS na Câmara de Lisboa durante as presidências de Jorge Sampaio e de João Soares, está já reformado. A pensão mensal que lhe foi atribuída ascende a 3.035 euros (608 contos), um valor bastante acima do seu vencimento como vereador. A generosidade estatal decorre da categoria com que foi aposentado - técnico superior de 1ª classe, segundo o «Diário da República» - apesar de as suas habilitações literárias se ficarem pelo antigo Curso Geral do Comércio, equivalente ao actual 9º ano de escolaridade. A contagem do tempo de serviço de Vasco Franco é outro privilégio raro, num país que pondera elevar a idade de reforma para os 68 anos, para evitar a ruptura da Segurança Social. O dirigente socialista entrou para os quadros do Ministério da Administração Interna em 1972, e dos 30 anos passados só ali cumpriu sete de dedicação exclusiva; três foram para o serviço militar e os restantes 20 na vereação da Câmara de Lisboa, doze dos quais a tempo inteiro. Vasco Franco diz que é tudo legal e que a lei o autoriza a contar a dobrar 10 dos 12 anos como vereador a tempo inteiro. Triplicar o salário. Já depois de ter entregue o pedido de reforma, Vasco Franco foi convidado para administrador da Sanest, com um ordenado líquido de 4000 euros mensais (800 contos). Trata-se de uma sociedade de capitais públicos, comparticipada pelas Câmaras da Amadora, Cascais, Oeiras e Sintra e pela empresa Águas de Portugal, que gere o sistema de saneamento da Costa do Estoril. O convite partiu do reeleito presidente da Câmara da Amadora, Joaquim Raposo, cuja mulher é secretária de Vasco Franco na Câmara de Lisboa. O contrato, iniciado em Abril, vigora por um período de 18 meses. A acumulação de vencimentos foi autorizada pelo Governo mas, nos termos do acordo, o salário de administrador é reduzido em 50% - para 2000 euros - a partir de Julho, mês em que se inicia a reforma, disse ao EXPRESSO Vasco Franco. Não se ficam, no entanto, por aqui os contributos da fazenda pública para o bolo salarial do dirigente socialista reformado. A somar aos mais de 5000 euros da reforma e do lugar de administrador, Vasco Franco recebe ainda mais 900 euros de outra reforma, por ter sido ferido em combate (!?) em Moçambique já depois do 25 de Abril (????????), e cerca de 250 euros em senhas de presença pela actuação como vereador sem pelouro. Contas feitas, o novo reformado triplicou o salário que auferia no activo, ganhando agora mais de 1200 contos limpos. Além de carro, motorista, secretária, assessores e telemóvel.

É BOM QUE TODOS SAIBAM COMO SE GOVERNA QUEM NOS GOVERNA. MAS HÁ MUITO MAIS...

Este é um dos caminhos possíveis para mudar o país.

Vamos dar um "basta!" e reagir como gente grande dizendo um grande

NÃO!"

 
At 24 de maio de 2006 às 17:21, Anonymous Anónimo said...

Os pobres do meu bairro não são os que vivem nos muitos prédios de realojamento e que vivem do rendimento mínimo, os pobres do meu bairro é gente que toda a vida trabalhou, que cumpriram com todas as suas obrigações, que descontaram para a segurança social e pagaram os seus impostos, e que hoje esperam ansiosamente o dia do mês em que recebem uma pensão miserável e vivem em casas degradadas onde pagam rendas.

Os pobres do meu bairro são os que se levantam cedo para ir trabalhar, levam os filhos à escola a tempo de entrarem nas aulas, que vão ao mercado em busca de produtos mais em conta. Os pobres do meu bairro não são os realojados que bebem minis e whisky durante uma tarde toda, que não se preocupam se os seus filhos têm 10 anos e ainda anda no primeiro ano de escolaridade, que mesmo quando trabalham o fazem à margem da lei e não pagam qualquer imposto ou contribuição para a Segurança Social.

Sou defensor do rendimento mínimo ou como lhe quiserem chamar, mas seria cego se não percebesse as injustiças que gera e a sua ineficácia se a medida se limitar a mandar um envelope com dinheiro.

Em Portugal há muitos pobres que se esforça por superar a sua pobreza, que trabalham pagando todos os seus impostos, que alugam ou tentam comprar uma casa, que tentam educar os seus filhos de forma a superar o círculo vicioso da pobreza. A estes o Estado português nunca deu nada e se fizermos bem as contas ganham menos do que os pobres que o Estado está a institucionalizar, ganham muito menos que o somatório do custa da habitação oferecida pelo Estado, dos subsídios e dos custos resultantes da burocracia exigida pela sua institucionalização.

O rendimento mínimo poderia ser uma excelente medida para combater a pobreza se os políticos percebessem que pobreza não é apenas falta de dinheiro, em muitos caso também é não querer deixar de ser pobre, a pobreza também é cultural, é não ter ambições, é não valorizar a formação, é não ter conceitos de cidadania, é não fazer nada para deixar de se ser pobre. E se o rendimento mínimo for concedido sem exigir nada da parte de quem o recebe, não é outra coisa senão uma forma muito cara e injusta de eternizar a pobreza.

 

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