A INTERNET E O GOVERNO XUXALISTA
José Bandeira/Diário de Notícias
A actuação do Governo tornou-se, nos últimos tempos, uma espécie de transiberiano de iniciativas tecnológicas.
São tantas que dificilmente se percebe quando o comboio chegará ao destino ou em que apeadeiro se encontra.
Tudo agora é feito através da Internet.
As cartas podem chegar-nos através de e-mail, as empresas podem ser constituídas através da Internet, os empregadores e os desempregados podem fazer juras de amor eterno através do espaço virtual.
Tudo agora é feito através da Internet.
As cartas podem chegar-nos através de e-mail, as empresas podem ser constituídas através da Internet, os empregadores e os desempregados podem fazer juras de amor eterno através do espaço virtual.
A Internet é o elixir de Sócrates.
Assim como o futebol é o croquete dos portugueses.
A virtualidade, a ilusão e o sonho servem perfeitamente o desígnio nacional de nunca descermos à terra.
É claro que a rede global não resolve problemas comezinhos como a questão da GM da Azambuja, símbolo de um país que fala do futuro e pensa no passado: ali colocavam-se peças que poderiam ser postas em qualquer lado do mundo e não havia o mínimo vestígio de inovação tecnológica.
Nem ultrapassa problemas como a floresta de diplomas que entravam a actuação em sectores críticos.
Falar do futuro é uma boa forma de nos esquecermos do presente. E é isso que parece existir no discurso circular de Sócrates depois de irmos a uma máquina que transforma uma laranja radiosa em sumo.
A tecnologia não resolve, por si só, o cerne do problema: Portugal não vive na Internet: tenta sobreviver no meio de problemas reais.
A menos que, um dia, o Governo, seja apenas um terminal de computador ligado à rede global.
Sem vida real.
Fernando Sobral
Fernando Sobral
16 Comments:
Estou rendido, Portugal é um dos quatro melhores do mundo, não há relatório da OCDE que nos remeta para o fim da lista, nem um Vítor Constâncio que nos condene a jogar toda uma vida à defesa, nem plano tecnológico que seja necessário para desenhar as parábolas dos remates de Ronaldo ou teoria do caos que justifique as defesas de Ricardo.
A solução é mesmo prolongar estes dias de auto estima e transformar Portugal no Portugolo, se o Portugal de sucesso de Cavaco Silva é a desgraça em que vivemos então prefiro o Portogolo que Scolari no deu.
No Portogolo elogiamos os jogadores que sabem roubar a bola, enquanto no Portugal de sucesso os políticos já roubaram tudo o que tinham a roubar, e agora já só lhes resta roubarem-nos a alma.
De resto, nem a mudança não é muito difícil, temos um primeiro-ministro que é um Fábio Capelo da política, mudou-se das pantalhas para o balneário de São Bento, temos sessões parlamentares que em tudo se assemelham a treinos, um Presidente da República que exerce as funções de presidente do clube ocupando a maior parte do tempo em visitas às "casas do clube", uma oposição que jogo como se tivesse sido despromovida para o regional e um líder que se comporta como um treinador desempregado, cuja única esperança está numa chicotada psicológica decidida pelo presidente.
Da equipa pouco se sabe, só o treinador é que está autorizado a aparecer e mesmo assim só o faz após longos períodos de blackout e quando tem resultados para mostrar, da maior parte dos jogadores nem se conhece o nome e os treinos são sempre à porta fechada.
Da qualidade dos jogadores pouco se sabe, mesmo quando o Freitas saiu ficámos sem saber se tal se deveu a lesão, como constou no comunicado, se por já não aguentar os noventa minutos ou porque estava a criar problemas no balneário.
Neste Portugolo também nãos nos faltam os treinadores que emigraram, e é um dos capítulos em que melhor nos adaptámos à globalização pois conseguimos exportar aqueles que menos qualidades evidenciaram.
Resta-nos ganhar o mundial para que no Portugolo o feriado passe a ser comemorado a 9 de Julho ou, para que o feriado coincida com dia de bola e e poupe na produtividade, no segundo domingo do mês de Julho.
Desta forma acabava-se com a monotonia de um 10 de Junho que é o dia de quase tudo apesar de a maioria dos portugueses desconhecerem o significado.
Em vez da imensa seca que nos é dada em São Bento e a tradicional cerimónia dos ex-combatentes com discurso de um qualquer falangista convertido em banqueiro cristão, passaríamos a ver nesse dia a final da Taça de Portugal, o que traria alguma adrenalina à Nação, em vez de serem os jornalistas a tentarem perceber quantos beliscões vai o presidente dar ao primeiro-ministro estaríamos mais preocupados em saber se a ultima namorada do Pinto da Costa iria aparecer no estádio no meio dos Super Dragões.
No feriado nacional os portugueses equipar-se-iam a rigor, decoravam o carro com o kit “Portugal olé” encomendado pela internet, e iam fazer peladinhas em tudo quanto fosse rectângulo, desde a Praça do Comércio à careca do Alberto João.
É mais fácil sonhar no Portogolo do que viver a realidade do Portugal.
Com base nas últimas reformas impostas pelo ministério da educação às escolas e aos professores, aqui fica uma das muitas cartas que irão ser enviadas aos Conselhos executivos das escolas a efectuar a avaliação por parte dos Encarregados de educação, dos professores deste último. Esta é referente a um Aluno do nono ano.
" Ao concelho executibo da escola
Á dos roubados
2300 -564 Lavoura de cima
Com base nos pedidos da Sra. Minista aqui fica a minha avaliacao dos prufessorês do meu educandu, o Zé Augusto silba, assim são:
Portugues: dois pontos, é aplicada e gosta muito dos poemas mas isso na mata a fome a ninguém, eu cá axo que essa disciplina debe ser acabada, nos sabemos muto bem falr e escreber por isso e perca de tempo.
Ingles: três pontos, axo muto bem esta disciplina, e muito educatiba e o me Zé tame sempe a dizer "fuc IU", o que quer dizer "gosto muto de ti mãe", lindo.
Frances: dois pontos, isto dos aveces já foi tempo, agora o pessoal esta mais virado para a Alemanha lá ganhase muto mais assim aprender esta coisa é dispenssavel, devia acabarse com ela.
Historia: Eu cá quando andaba na escola gostaba muto de istoria, isto e que era cada um contaba uma istoria, ainda me lembro daquela do ti badelhas, quando ele caio com o burrico e lá se foram as nespereas aquilo é que foi rire as gargalhadas, gosto muto quatro pontos.
Geografia: O me Zé gosta muto ele ate sabe onde se faz a coca, e na colômbia, ele bebe muta coca cola, eto lhe sempre a dizer Zé isso fazte Mali mas ele na me oube, quatro pontos.
Matematica: um ponto, esta disciplina devia acabar o me Zé chega sempre a casa com dore de cabeca já na sei que lhe dé pras dores, e muto violenta a disciplina e o sacana do prufessorê até quer que o miudo traga trabalho pra fazer em casa vejam so, como se o cachopo já na tivesse cosas pra fazer.
Ciencias-naturaes: tres pontos, o me Zé ate gosta disto ele aprendeo que os sapos e as rans tamem fazem o amor, foi lindo ele a correre atraz da irmã pra lhe mostare como se faz, bem o me marido foi dar com ele atraz da ovelha Jaquina foi uma sorte, na fosse o raio do gaiato apanhar a tal da siva e era mau.
C. Fisica e quimicas: um ponto, atao na e que o raio do prufessorê me queimou as pestanas do me Zé, o cachopo chegame a casa todo qemadinho das pestanas, Isto e um prigo esta disciplina devia acabare e mai nada.
Ed. Fisica: cinco pontos, axo muto bem fazer o me Zé levantarse da cadera e correre, ate proque Ca em casa ele esta sempre a correre atraz da irmã aquilo e que são os dois marotos sempre na brincadera, outro dia ate ele já estava com as calcas na mão e ela a correre a frente dele mas o sacana consegio memo assim apanhar a mosoila, ele e rápido.
Ed. Tecnologica: quatro pontos, axo muto bem o mosoilo aprendere uma prufissao, sim de eletrisista ele ate tem futuro na cosa, axo muto bem.
Of. Esprecao prastica: um ponto, na axo bem os miudos tarem a trabalhare com prastico aquilo e muto prigoso faz male os oios e a cabeça, deviam acabare com esta disciplina.
Area projeto: um ponto, aqui na nossa cidade na temos áreas pelo que eu Ca Axo que esta disciplina devia acabare.
Est. Acompanhado: cinco pontos, axo muto bem os miúdos estudao melhores acompanhados que sozinhos, muto boa esta disciplina ate deviam dare uma medalha ao prufessorê que os acompanha nos estudos.
Form. Civica: um ponto, atao o me filho na sabe se comportare qé la isso, eu deilhe muta educacao e ele ate sabe que na deve arrotar a frente das outras pessoas, so a traz, orta bem o me filho e muto bem educado.
Tec. Inf. Comunicacao: quatro pontos, isto dos computa dores tem muto que se lhe diga, o mocoilo agarrase aquilo e na vem ai nada, mas eu já sei quase tudo ele esplicoume como se eu fose muto burra, assim axo que isto dos computa dores e muto bom e e um emprego de futuro assim como o eletrisista.
Ao diretor da turma e muto boa pessoa ate lhe dei uma dusia dovos e duas galinhas da minha criacao pra ver se ele na chumbava o me Zé, e ele na chumbou. Mas teve de la ir o me marido com a xaxola e dizerlhe que lhe partia os cornos pra ver se ele na deu logo a positiva ao rapaz, e muto boa pessoa o sr. diretor, quatro pontos.
Bem ajam e pró ano vai ser melhore, com cumprimentos mutos,
Purificacao das anjos."
(via email)
A propósito da paranóia que o nosso Sócrates tem pelas tecnologias internéticas que chega ao ponto de inaugurar um portal dia sim, dia também, recebi isto por mail.
É um pouco de humor negro para nos animar:
Se estás de esperanças mas a maternidade fechou, VAI PARIR PARA A BANDA LARGA!
Se a escola fechou e o teu menino teria de ir estudar para longe, MANDA-O PELA BANDA LARGA!
Despediram-te, não tens trabalho? TRABALHA NA BANDA LARGA!
Em casa chove, o tecto está a cair? COBRE-TE COM A BANDA LARGA!
O dinheiro não chega para comprares comida? COME A BANDA LARGA!
Dói-te o dente, mas o teu centro de saúde não tem odontologista? ARRANCA O DENTE COM A BANDA LARGA!
A reforma é pouca e o dinheiro não chega, PAGA COM A BANDA LARGA!
E por fim, quando estiveres morto, descansa em paz ENVOLTO NA BANDA LARGA!
Sê agradecido, portanto. O teu governo pensa em ti. Faz tudo por ti! ATÉ TE DEU A BANDA LARGA!!
Obg Sao Socrates,
Precisamos de :
educação
saude
bem estar
melhor nivel de vida
de deixar-mos d eser o caixote do lixo da Europa,
de tudo
e vcs daõ-nos Banda Larga
Anossa alma rejubila de contentamento por saber-mos que vcs ilustres e iluminados nos guardam
Clara que em tempos o Expresso (em dezembro do ano passado na Revista) trazia uma entyrevista com um alto dirigente do PS que afirmava que com a finalidade d ese tratar meteu uma cunha em Paris ao 1ªMinistro e la foi , evidentemente que tal governante depois de aprovar as medidas com ke nos tratatm da saude e que para ele nao servem, vai comecar a meter cunhas para toda a gente.
NÃO GOZEM MAIS COM A GENTE, PARA ISSO E MELHOR OS MARRETAS E MAIS BARATOS, DEMITAM-SE E DEIXEM-NOS EM PAZ
E COMO DZEM O PAIS TA MAL NAO UTILIZEM OS FALCON PARA IREM AO MUNDIAL
VAO NA TAP QUE E O KE TODOS FAZEM
As 333 medidas anunciadas pelo Governo para simplificar a administração pública estão bloqueadas na teia burocrática da própria administração pública. Numa frase, a vontade de simplificar a máquina pública emperrou na burocracia. A notícia não espanta.
No início de Janeiro de 2005 o Jornal Diário Económico fazia manchete com um estudo devastador encomendado por Manuela Ferreira Leite à Inspecção Geral de Finanças. Dizia assim: 64% de toda a actividade do Estado consome-se aí, no próprio Estado. Isto é, mais de metade do trabalho da máquina pública serve apenas para alimentar essa máquina central. Esse monstro.
Algum tempo antes, o então Presidente da Associação Portuguesa para o Investimento (API), Miguel Cadilhe, dava nome a este absurdo: custos de contexto. E sublinhava que era por causa desses vários desincentivos que a economia não crescia em Portugal.
Hoje percebe-se que é bem pior. Por causa de toda esta ineficácia pública as reformas de que o país tanto precisa emperram à nascença. No texto publicado na página 10 da edição de hoje, descobrem-se os detalhes da loucura: os ministérios não foram capazes de se coordenar a tempo, e por isso não se entenderam sobre as leis que os deviam simplificar. O que transporta este raciocínio para o essencial: é no peso monstruoso do Estado que está o problema.
Para quem não recorda, a burocracia moderna foi uma criação bem intencionada do alemão Max Webber. Logo na génese, este sociólogo concebeu-a para simplificar procedimentos, justificando assim (e não cito) a sua ideia: deve pagar-se para que os funcionários ajam de forma pré-estabelecida, impedindo assim que as suas emoções interfiram no seu desempenho. O monstro, portanto, foi-se fortalecendo. Ganhou resistência à mudança, e passou a viver em função dos seus próprios vícios. Sem papel, nada avança – lembraram os Gato Fedorento. O Governo, ao que parece, esqueceu este detalhe.
Sócrates é responsável, claro, até porque o Simplex é uma das bandeiras do seu Governo. O problema é que isso de nada serve ao país – o primeiro-ministro está certo na sua intenção mas chocou em algo mais forte do que ele: o Estado.
Os jornalistas comeram esta informação, sem se dar conta do absurdo: Portugal teria dos preços mais baixos de banda larga da Europa. Quem o dizia era o primeiro-ministro. A informação só podia vir da PT. Foi divulgada por Mário Lino, repetida por Sócrates e engolida sem qualquer investigação pela comunicação social. Garantia-se que tínhamos a 5ª ligação mais barata, tendo a Espanha a mais cara. A Forrester Research (Informação via Esquerda.Rádio, na crónica 3bits de conversa), uma empresa de consultadoria independente, confirma que os preços espanhóis são altos. Os terceiros mais altos da Europa. Só ultrapassados pela Noruega e… Portugal. Sendo que Portugal é o único país estudado em que o preço da Banda Larga aumentou 2% entre 2005 e 2006. No resto da Europa baixou 35%. Conclusão: o governo fez publicidade enganosa à PT e os jornais fizeram publicidade enganosa ao governo.
GRANDE SIMPLEX!
O Governo planeou as medidas do Simplex, a maioria das quais ou são medidas da treta ou medidas que constavam dos planos de actividade dos serviços e que o governo abusivamente transformou em iniciativas suas, e agora vem dizer que tem sido um sucesso. Resta agora que o governo faça o mesmo em relação aos planos de actividades das direcções-gerais e nos diga em que medida estão a ser cumpridos
Estou apaixonado pelo primeiro-ministro
por todos os primeiros-ministros
e pelos segundos
e pelos terceiros
estou apaixonado por todos os presidentes de Câmara
e de Junta
por todos os benfeitores de obra feita
por todos os que erguem e mandam erguer
estradas, pontes, casas, estádios, fontanários, salões paroquiais
estou apaixonado por todos aqueles que governam, que executam,
que decidem sem pestanejar
por todos aqueles que dão o cu pela causa pública
que se sacrificam pelo bem comum sem nada pedir em troca.
Quero votar entusiasticamente em todos eles
Afogá-los em votos
Até que se venham
em triunfo
Estou apaixonado pelo primeiro-ministro
quero vê-lo num bacanal
com todos os ministros
e todos os ministérios
a arfar de prazer
a enrabar o défice, o orçamento,
o IVA, a inflação, a recessão
ágil e empreendedor
como um super-homem
Estou apaixonado pelo primeiro-ministro
Quero vê-lo num filme porno.
António Pedro Ribeiro, in Águas Furtadas nº 9
O GRANDE ARTISTA
Quando Luís Campos e Cunha saiu, José Sócrates lançou Mário Soares na corrida presidencial. E a notícia foi o inesperado regresso do velho combatente e não a precoce desistência (por cansaço?!) do ministro das Finanças.
Um dia, quando a verdade vier ao de cima, saber-se-ão as razões da saída de Campos e Cunha. Há que reconhecer: o primeiro-ministro é um verdadeiro artista. Lembram-se do anúncio da pasta medicinal Couto?
Sócrates não precisa de fazer malabarismos para que os portugueses sorriam. Basta-lhe gerir o calendário, que o povo anda distraído. Na véspera de um jogo decisivo, substituiu o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, «um fundador da democracia, um senador, uma referência». Ele, Sócrates, mudou Freitas, a outra carta de credibilidade.
E ninguém deu por nada, com a notícia à boleia do que vende – e o que vende, nesta época, é o chuto na bola.
De facto, há que reconhecer: na política, mister como Scolari só há um, Sócrates e mais nenhum. Até que um dia os portugueses descubram a bola na própria baliza. Já faltou mais. Tempo
é claro.
P.S.: O Governo está satisfeito com o primeiro balanço do Simplex : diz terem sido cumpridas 56 das 81 medidas calendarizadas. Maria Manuel Leitão Marques, responsável pelo projecto, justifica os atrasos por um «excesso de voluntarismo» de serviços envolvidos no processo. Pois é: a verdade é como o azeite?
O MILAGRE DOS PEIXES
No tempo dos Luíses em França, os responsáveis das Finanças eram super-ministros. A sua função era simples: demolir o Estado mas, ao mesmo tempo, limitar os estragos para que o país não ficasse em cacos.
Mais de 200 anos depois a chegada da «terceira via» socialista ao poder abriu a caixa de Pandora de outras questões. Estes políticos nadaram no mar picado da sociologia e beberam a água salgada dos desastres anunciados. Por um lado perceberam que o «welfare state» era uma panela de pressão pronta a explodir. Por outro entenderam que a «exclusão» cavalgava na cada vez menor solidariedade dentro das comunidades, onde emerge um único e tenebroso universo de ligação: os «gangs». As periferias são o ovo da serpente de jovens para quem o emprego é algo impossível e, cada vez mais, indesejável. Há quem diga que estamos a criar uma nova sociedade onde o emprego não é um fim mas sim uma excepção. O «welfare state» deixou de ser a última barricada para as famílias se defenderem do desconhecido. O Governo já não tem armas para auxiliar as famílias a combater neste mundo sem certezas. E Portugal, nesse aspecto, nem conseguiu solidificar princípios que países como a Alemanha ou a Grã-Bretanha olearam. O dilema de homens como Sócrates é aquele que encontramos nas palavras do Padre António Vieira: «Enfim, que havemos de pregar hoje aos peixes? Nunca pior auditório. Ao menos têm os peixes duas boas qualidades de ouvintes: ouvem e não falam». E os homens falam.
Qual é o tamanho deste país?
Não seria pouca coisa se o PNPOT juntamente com o Plano Tecnológico fossem os dois grandes elementos de formatação das políticas públicas estruturais.
Está em discussão pública o PNPOT –Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território.
É o documento em que se definem as grandes linhas de organização do território nacional: configuração do sistema urbano, redes por onde correm as mobilidade, infra-estruturas que dão espessura ao território e o relacionam com o mundo.
Há duas atitudes liminares a partir das quais se pode deduzir a apreciação de um exercício destes. Uma consiste em reiterar a ideia de que a litoralização, as assimetrias e a cultura da desordem prevalecem sempre para lá da letra de um programa voluntarista, o qual, nestas condições, pode ser um mero exercício de “retórica” política. A outra postula que o compromisso político é essencial para a ‘accountability’ das políticas públicas, que estas carecem de visibilizar as suas retóricas (a retórica conta, tal como as instituições e o território…) e que é possível intervir intelectual e politicamente sobre o modo como nos organizamos.
O PNPOT, olha o “país por dentro” -aquilo que o forma, o transforma e lhe dá dinamismos ou inércias.
É uma visão constitucional sobre o que nos estrutura e projecta.
Isto corresponde a começar o planeamento por onde ele deve começar.
Num país de planeamento pletórico, onde numerosos instrumentos se sobrepõem, contradizem e ignoram reciprocamente, não é despiciendo dispor de uma matriz do país e de princípios de ordenamento territorial das políticas públicas.
Aliás, vale a pena dizer que não seria pouca coisa se este programa, juntamente com o Plano Tecnológico (opine-se sobre ele como se opinar) fossem os dois grandes elementos de formatação das políticas públicas estruturais, reduzindo o caos, clarificando as opções e evitando que nos esgotemos a discutir sempre novas prioridades, através de siglas que já ninguém retém. A governabilidade seria, então, bem melhor e os cidadãos poderiam pedir contas de forma esclarecida.
Dos múltiplos aspectos em que pode assentar a discussão do PNPOT ouso isolar apenas dois:
o “mapa” com que se representa o país e a opção clara por uma visão urbana do desenvolvimento. O “mapa” é desenhado a partir das estruturas materiais em que o país assenta, isto é, das “localizações” e dos “fluxos” do território. Localizações são os espaços onde se aglomeram e fixam pessoas, equipamentos e competências: os sistemas urbanos territoriais ou, mais prosaicamente, as cidades.
Os fluxos são os grandes eixos de mobilidade, as ligações entre aqueles sistemas e entre o país e o exterior.
A convicção que tenho é que tanto umas como outros desenham o país com um tamanho que não é apenas o da estreiteza com que muitos insistem em vê-lo, pois mesmo algumas das nossas melhores cabeças ignoram o território ou reduzem-no a esquemas apressados e pobres.
No PNPOT, o “mapa” do país é composto pelas áreas metropolitanas de Lisboa (uma região decisiva para o país no seu conjunto, e pela qual passam as grandes opções de desenvolvimento) e do Porto, mas também pelas áreas policentradas de urbanização do Centro litoral (o “polígono” formado por Coimbra, mais Leiria, Aveiro e Viseu) e do Algarve e pelos sistemas urbanos do interior, concebido em complementaridade e cooperação. A opção pelo urbano só pode ser entendida como opção pela qualidade, pela inovação e, dado o “mapa” desenhado, pelo equilíbrio do território, isto é, por uma mobilização ampla e articulada dos nossos melhores recursos (na urbanidade do “interior” ou nos lugares mais cosmopolitas das “metrópoles”).
O PNPOT destina-se a ser aprovado na Assembleia da República. Provavelmente vai sê-lo por unanimidade, com tantas outras leis de bases.
A sua ineficácia pode começar aí. A urgência de um consenso real depende de clarificarmos bem o que vemos nele, em vez de todos lá verem tudo, por mais contraditório que seja.
Eu vejo no PNPOT uma opção pela organização de sistemas urbanos articulados, em vez de dispersão bairrista e municipal, e vejo o compromisso com um país em que todos os recursos de todo o território são mobilizados.
É a partir daqui que tenciono “pedir contas” acerca do modo como se aplicarem, ao longo de uma geração, as políticas públicas de um país em tamanho real...
Na primeira avaliação da execução do SIMPLEX o governo reconhece que um quarto das medidas está atrasado. Se considerarmos que uma boa parte delas são simbólicas, que algumas já estavam a ser desenvolvidas ainda antes de Sócrates imaginar que conseguiria chegar a secretário-geral do PS, e que outras tantas constavam nos planos de actividade dos serviços que Sócrates decidiu converter em programa pós eleitoral, podemos concluir que é muito atraso. Mesmo que sejamos optimistas e sigamos a sugestão de Vital Moreira e consideremos que o governo alcançou três quartos dos seus objectivos não deixa de ser significativo.
E resta saber quais os custos do SIMPLEX pois com recursos escassos a subserviência de muitos dirigentes leva-os a fazerem de tudo para conseguira simpatia do poder, levando-os a desviar recursos para os projectos do SIMPLEX, porque mais importante do que modernizar os serviços é conquistar o coração do primeiro-ministro. Pouco importa a qualidade do que se faz (como sucedeu com a desastrosa cobrança do imposto municipal sobre os veículos), o que interessa é agradar e para isso a solução mais prática é recorrer às consultoras externas e pagar-lhes o trabalho a peso de ouro.
O Estado português é um prédio velho e que solução encontrou Sócrates para o modernizar? Reduzir os residentes com a mobilidades, limpar e pintar a fachada com o SIMPLEX e alterar o interior derrubando umas paredes. E quem lá mora passou a viver com o receio de que lhe caia uma parede ou mesmo o tecto em cima.
Reformar o Estado não é simples e muito menos SIMPLEX.
José Sócrates afirmou, há dias, que Portugal entrou no clube restrito dos países europeus que possuem cobertura de Internet em banda larga, em todo o território. Disse mais, que, em qualquer ponto do país, qualquer cidadão pode aceder à Internet. Não será bem assim.
Por muito que aceitemos como boa a afirmação que, no nosso país, a Internet é como Deus, está em toda a parte, já é mais difícil admitir que ela esteja ao alcance de qualquer português. Isto porque serão ainda muitos os que não têm, nem chegarão a ter, competência para utilizar a ferramenta que faz, de facto, do Mundo uma "aldeia global", de uma forma com que nem McLuhan sonharia.
Contudo, este obstáculo, real, não significa que a política do Governo, nesta área, não seja saudável. É-o seguramente. Não retirará, é certo, muitos dos portugueses mais velhos da faixa dos info-excluídos, mas estará a construir as condições estruturais para a info-inclusão dos mais jovens, no presente e no futuro próximo.
O Plano Tecnológico, que o Executivo entende como "uma agenda de mudança para a sociedade portuguesa", precisava desta cobertura informática para poder avançar. Como dela precisava, por exemplo, o processo de simplificação da Administração Pública, vulgo "Simplex".
A generalização do acesso às tecnologias informáticas permite ao Estado aligeirar ou extinguir serviços, diminuir efectivos, reduzir custos. Mas poupa, também, aos cidadãos muito do tempo perdido em instituições públicas, ou em intermináveis horas passadas em repartições.
Pode dizer-se que tem o senão de tender a desumanizar a relação entre os portugueses e a Administração, porém, evita-lhes, por outro lado, dolorosas experiências de inglório esforço a tentar comunicar com burocratas instalados e indisponíveis. Assim sendo, o balanço tenderá a ser claramente positivo.
Mas há outra coisa... É que a Internet, mais do que uma ferramenta facilitadora do acesso a serviços, públicos ou privados, é uma "fast-lane" para o desenvolvimento da cidadania e da cidadania global. Sou, acerca disto, um optimista confesso.
Entendo que a Internet permite, a cada um de nós, tomar verdadeira consciência do estado do Mundo e do papel que nos cabe enquanto cidadãos, tanto no plano local como no plano global. Mais, que nos fornece os meios para que essa consciência se transforme em agir socialmente orientado, em afirmação de vontade, em participação democrática em novos moldes.
Segundo o Público, ontem à tardinha, na igreja do mosteiro de Santa Cruz, no centro de Coimbra, estava previsto um trabalho singelo, no túmulo do nosso primeiro rei e fundador da nacionalidade, D. Afonso Henriques.
O objectivo declarado do trabalho seria abrir o túmulo e ver se por lá ainda existirão as ossadas reais, vindas da Idade Média e trasladadas já algumas vezes ao longo dos séculos, a fim de as examinar, à luz da paleobiologia e determinar o aspecto físico, real, do nosso mítico primeiro rei, à semelhança do ocorrido com os faraós, por exemplo.
Eugénia Cunha, especialista em Antropologia Biológica e consultora para a Antropologia Forense e Colaboradora do Instituto Nacional de Medicina Legal, * que se interessou pelo assunto, pediu as autorizações necessárias, à diocese de Coimbra e ao IPPAR. Nada opuseram.
O IPPAR, aparentemente, não comunicou ao ministério da Cultura. Resultado: não é hoje que se fará a abertura do túmulo.
Alguém falou em Simplex?!
Parece que falta mais uma medida, a acrescentar às outras 333…e será o modo de tornar mais simples a comunicação entre organismos dos vários ministérios. Por telefone ou telemével, não dá. Através de computador também não. Será então através de papel escrito e processo aberto. Com prazos para cumprir, cotas para abrir e fechar, assinaturas para lavrar e despachos finais exarados no rosto dos ofícios por cima das letras...
Que falta fazes, Afonso!
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