segunda-feira, 17 de julho de 2006

ISSO INTERESSA A QUEM?



Graham Greenne não tinha uma ideia muito simpática dos seres humanos. Dizia que a natureza humana não é negra e branca, é negra e cinzenta.
Talvez tenha um dia visto um quadro de Caravaggio, na sua indescritível selvajaria, em que a morte de uma pessoa era contemplada com um sorriso cínico por alguém com um ar angelical.
Os séculos passaram mas nada mudou.
No Líbano, país que escolheu como símbolo a madeira indestrutível do cedro, combate-se, numa espiral de retaliações que já deixou de ter lógica.
A morte tornou-se uma banalidade.
Mas, mais do que a guerra entre Israel, o Hezbollah e o Hamas, a «guerra contra o terror» ou as dúvidas sobre a Síria e o Irão, há algo que importa esclarecer.
O Líbano, depois de ter sido um paraíso no Médio-Oriente, tornou-se um território de ninguém, dividido entre interesses israelitas e sírios.


Há um ano houve eleições e a saída dos militares sírios.
Os EUA e mesmo a UE olharam para o Líbano como um modelo que poderia ser aplicado à zona. É certo que o Governo era fraco e que não conseguia travar movimentos como o Hezbollah. Mas, nos últimos tempos, tinha feito reformas económicas e tinha dotado o país de infra-estruturas que até tinham tentado o turismo. Os EUA e a UE aplaudiram.
Agora a aviação israelita destruiu tudo isso.
Há, nisto, algo nebuloso.
Sem a Síria, o pernicioso Hezbollah tem pouca força.
Com o Líbano no caos há espaço para um novo Iraque. E isso interessa a quem?


Fernando Sobral

1 Comments:

At 17 de julho de 2006 às 23:23, Anonymous Anónimo said...

das coisas me mais me custam é ver os G-randes 8 do nosso mundo (incluindo o nosso tão ilustríssimo durão barroso) proferirem discursos que acompanham os media numa mensagem em que o pobre Israel toma o papel do agredido..Embora de elevada complexidade, a confusão toda na faixa de gaza, agrupada agora com toda esta barbaridade apenas demonstra um excesso de costas quentes por parte do "povo escolhido"...

 

Enviar um comentário

<< Home