segunda-feira, 3 de julho de 2006

A SAÍDA DE FREITAS DO AMARAL...

Freitas tem um problema de saúde?
Tem.
Isso impedia-o de continuar no Governo?
Não.
O problema é que o PS profundo, laico e socialista até ao tutano, olhava-o como um corpo estranho.



Acresce que Freitas foi acumulando gafes, confirmando o que dele dissera Marcelo, quando foi para o MNE: teria dificuldades em adaptar-se a funções governativas.

Essa falta de «touch» sentir-se-ia meses depois, quando se quis impor como candidato presidencial do PS (a sua entrevista ao DN levou gente de peso a pressionar Sócrates para o afastar) e quando teve de agarrar o dossier das expulsões de emigrantes do Canadá.

Manda a verdade que se diga que, nos últimos tempos, parecia ter acertado o passo.
Mas como poderia Sócrates manter um homem que a Imprensa antecipava remodelável?
Ainda para mais com a presidência da União Europeia à porta...

Como cidadão, gostava que Freitas, uma figura a quem a Democracia muito deve, tivesse saído de forma diferente (nem a acção dos spin doctors do MNE o ajudou...). Mas a História é o que é: a forma como se aliou à Esquerda traçou-lhe um Destino, ao qual dificilmente conseguiria fugir
.

C. L.

6 Comments:

At 3 de julho de 2006 às 16:52, Anonymous Anónimo said...

Exmº. Senhor

Primeiro-Ministro

Eng. José Sócrates



Informação confidencial:

Conforme sugestão feita por V. Ex.ª na reunião do passado dia __/__/200_ venho apresentar o meu pedido de demissão, comprometendo-me a manter reservas sobre as razões, confirmando junto da comunicação social os argumentos que considerar mais adequados na presente conjuntura política.

Informação que será divulgada junto da comunicação social:

Oficialmente a minha demissão deverá ser divulgada com o seguinte fundamento:

(colocar uma cruz no quadrado pretendido)

 Um problema na vértebra C_
 outros problemas de saúde: ___________________ (sugestão)
 Problemas familiares
 Outros problemas: ______________________

Assinatura:

Aproveito a oportunidade para lhe agradecer a oportunidade de ter trabalhado com V. Ex.ª.

Um seu admirador,
O ministro



__________________________________

Lisboa, em ___ de ___________ de 200_ (deixar a data em branco)

______________________________________________
Área reservada ao primeiro-ministo:

Considere-se que a carta foi assinada em __/__/200_

As competências do ministério deverão:

 Transitar para o António Costa
 Manter-se no ministério devendo nomear-se novo ministro

Elabore-se comunicado oficial informando que a demissão se deveu a problemas pessoais e indicando o seguinte motivo:

­­­­­­­­­­­­­­­­­________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________

Procure-se as seguintes ocupações futuras para o demitido:

 Pareceres para o ministério _____________________
 Pareceres para a empresa pública _____________________
 Um cargo de administração na ______________________
 Outras compensações: _______________________________
 Nenhuma recompensa

O Primeiro-ministro

_________________________

São Bento, em __/__/2006

___________________________________________________________
Notas:
1. Por respeito ao Plano tecnológico a carta deverá ser enviada por mail.
2. O ministro deve manter o sorriso habitual, a não ser que o motivo invocado seja um problema de saúde, caso em que deverão ser feito uns esgares compatíveis com a enfermidade escolhida.

 
At 3 de julho de 2006 às 17:19, Anonymous Anónimo said...

Atendência de Sócrates para o virtual, para adocicar e manipular a realidade está-lhe na massa do sangue, vem-lhe do tempo em que foi ministro do ambiente de Guterres (e responsável pelos POLIS de datas marcadas e muitos relógios parados).

O anúncio da demissão de Freitas do Amaral é, assim, o último e mais recente exemplo desta obsessão mediática.
Como bem se sabe uma operação à coluna é uma decisão que normalmente não se toma de um dia para o outro, é uma decisão sobre a qual é sempre possível coordenar datas.
Por isso mesmo, ninguém acredita que Sócrates não tenha mexido os cordelinhos para acertar o calendário da demissão pelo calendário do futebol.

Mas uma coisa é o momento cirúrgico escolhido para anunciar a saída, outra bem diferente é conseguir convencer-nos que esta demissão não estava há muito na calha, com ou sem lesão na coluna, com ou sem cirurgias.
As posições assumidas por Amaral em alguns aspectos da política externa incomodaram Sócrates e os sectores mais direitistas do seu Governo, para além de terem provocado um terramoto político no conjunto da direita partidária que nunca lhe perdoara as críticas à invasão do Iraque.

Sabe-se que Sócrates não permite que alguém, nem sequer que um dos seus ministros, tenha a veleidade de discordar das suas opções ou se arrogue o direito de emitir juízos públicos sem "autorização".
É por isso difícil acreditar que tenha gostado que "um dos seus", de forma tão simples de entender por quem não sabe "politiquês", se tenha referido às tentativas australianas de condicionar a política em Timor (e assim poder "cheirar melhor" os seus poços de petróleo); ou que tenha dito que o chamado Tratado Constitucional para a Europa estava juridicamente morto; ou que tenha defendido a necessidade de criar um diálogo paritário entre culturas e tradições.

Por tudo isto é que esta demissão estava há muito anunciada, faltando apenas encontrar o pretexto e definir a data para a sua concretização.
Superadas estas questões - que permitiriam esconder as razões da demissão -, a encenação mediática insistiu na tecla da continuidade política, de que aliás ninguém duvidaria.
No entanto, para que não se voltem a correr riscos em matérias tão sensíveis, a figura escolhida deverá corresponder a um cenário politicamente mais correcto, onde não há lugar para quem faz ondas e se exige um total alinhamento com as teorias euro atlânticas empenhadas em construir uma visão do direito internacional deturpada e parcial.

 
At 4 de julho de 2006 às 00:51, Anonymous Anónimo said...

Porqque nao foi dito a verdade?
O sr Embaixador Americano exigiu a demissao d efreitas e o Socrates como bom empregado obedeceu.
Se ja nao governam porque nao s evao embora? Sera porque os americnos nao deixam?

Tenham verge naoe nganem mais o povo portugues

 
At 4 de julho de 2006 às 15:59, Anonymous Anónimo said...

Maquiavel tinha razão: um político nunca pode fazer uma aliança com alguém mais forte do que ele próprio. Foi por isso que, durante tanto tempo, foi possível que Sócrates e Freitas do Amaral sobrevivessem ao sol e à chuva debaixo do mesmo chapéu.
Terem tropeçado os dois à porta de São Bento foi um acaso que agradou a ambos. Sócrates, depois dos disparates de Santana, recebeu o Governo nos braços. Freitas sonhou, por momentos, que com o fôlego socialista, ainda poderia chegar ao paraíso: a Belém. O líder socialista, claramente, nunca dormiu nessa almofada. Freitas foi, para Sócrates, uma flor na lapela. Até que começou a falar como se lhe tivesse dado corda a mais. Freitas, mais tarde ou mais cedo, haveria de ficar afónico. E Sócrates, desgostoso, poderia tirar a flor da lapela e colocar lá um emblema em que confie. Freitas, à solta, era um perigo para um Governo como o que existe em Portugal. Onde o princípio é todos os ministros funcionarem como um coro que só tem um maestro. Freitas desafinava. E, de vez em quando, era a terrível Castafiore do Governo. Os americanos colocavam algodão nos ouvidos cada vez que ele falava. Alguns europeus faziam o mesmo. Os australianos gostariam que ele fosse para uma plataforma petrolífera. As dores nas costas de Freitas foram uma aspirina para Sócrates e para o seu «núcleo duro». O líder do Governo pode voltar a dormir descansado. E voltar a ler o livro de Maquiavel. Para não ter dúvidas.

 
At 4 de julho de 2006 às 16:03, Anonymous Anónimo said...

Exerceu-o em linha com as posições que vinha subscrevendo antes de José Sócrates lhe ter entregue a pasta. Escudado no seu “centrismo”, Freitas do Amaral foi derivando para posições cada vez mais próximas da esquerda, argumentando que não foi ele quem mudou, mas todo o sistema político que se deslocou para a direita.

Em alguns pontos, esta análise é correcta. Mas não foi todo o sistema político que mudou. O PSD mantém-se há décadas no mesmo ponto do espectro político, o centro-direita, tal como o CDS-PP ocupa o espaço mais à direita que reservou desde a sua criação. Cada um destes partidos defende ocasionalmente posições que permitem situá-los em locais do espectro que não corresponderiam exactamente ao lugar que reclamam, mas na maior parte dos casos por motivos de puro oportunismo. Mais à esquerda, o Partido Comunista e o “Bloco” também cristalizaram, tanto no espaço como no tempo. O Partido Socialista foi o único partido que verdadeiramente mudou, para posições mais liberais em relação ao mercado, e mais realistas em relação às políticas sociais. No fundo, apesar de algumas ‘nuances’, o Partido Socialista de José Sócrates deixou de se distinguir do PSD em termos doutrinais e ideológicos.

Freitas do Amaral apenas surpreendeu em duas ocasiões: à chegada e à partida. À chegada, desde logo por ter aceite o cargo depois de, como ele próprio relembrou este fim de semana, já ter feito tudo aquilo a que um político poderia ambicionar. À partida, não tanto por se ter ido embora – os sinais eram demasiado evidentes de que era um ministro a prazo – mas pela forma calculista como partiu, 24 horas antes de um jogo de futebol que se sabia iria fazer a queda de um ministro de Estado parecer um assunto de somenos importância. Surpreendeu ainda pela “graçola”, com tão pouco de gosto como de sentido de Estado, de se deixar fotografar em frente à televisão – pelo jornal que o assassinou politicamente – no momento em que o seu assessor de imprensa lia o comunicado em que anunciava a sua decisão de abandonar o cargo.

O ‘timing’ da demissão compreende-se por motivos de solidariedade institucional. A encenação para a fotografia, foi simplesmente desnecessária.

 
At 13 de julho de 2006 às 22:42, Anonymous Anónimo said...

Saiu do governo vá prá pró raio que o parta ,só é pena não ir para o desemprego como nós ,vai sim receber do bom e do melhor! como é hábito!

 

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