terça-feira, 17 de abril de 2007

... OPORTUNIDADES, NOVAS?

O sucesso é a licenciatura dos tempos modernos. Seja na política, nas empresas, na moda ou no jornalismo. O sucesso é a revolução tecnológica que este Governo quer promover. Pelo menos a acreditar numa campanha designada Novas Oportunidades que promete, através de uma qualquer alquimia, transformar quem não tem se tornou um vencedor, num candidato a campeão.

Novas Oportunidades
, como conceito, é uma vergonha.
Vende a ideia de que as pessoas que passam a ferro, os caixas de lojas ou os executantes de milhares de tarefas indispensáveis à sociedade, são Zés Ninguém.
Cria a noção que se todos aderirem às Novas Oportunidades, o sucesso chegará por e-mail.
Alguém, claro, terá de fornecer esses trabalhos aparentemente inúteis neste novo conceito.
Mas, a acreditar na lógica do Governo, para isso estão cá os brasileiros, os angolanos, os ucranianos e os que não têm direito às oportunidades.
Para Sócrates quem não é célebre não interessa e quem não é reconhecido não tem identidade.
Esta campanha do Governo não vende ilusões: trafica desejos. E está a alimentar ainda mais um conceito cruel que se desenvolveu na sociedade portuguesa: conhecem-te, existes.

Novas Oportunidades é a cara do Partido Socialista terceira via de Sócrates.
O sucesso está acima de todos os valores. E deve achincalhar o trabalho útil, mas invisível.

Novas Oportunidades
é, simplesmente, um filme de terror governamental.
Com sabor a caramelo
.

F.S.

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6 Comments:

At 18 de abril de 2007 às 00:29, Anonymous Anónimo said...

É preciso ter paciência

Ainda só vi de relance um dos spots televisivos da campanha "novas oportunidades" apesar de ter ouvido por aí umas críticas, certamente de especialistas em marketing. Mas não esperava ver o ex-candidato presidencial aproveitar-se desta campanha para dar sinal de vida e ainda nos termos em que falou:

«Apresentar um conjunto de figuras conhecidas no papel de perdedores porque não acabaram os estudos é um insulto a todos aqueles que, pelas mais diversas razões, não possuem outras habilitações que não sejam a sua competência e o seu desempenho profissional»

Este é um bom exemplo do populismo fácil de Manuel Alegre para quem uma campanha em que se propõe aos cidadãos que voltem à escola deveria passar pelo elogio de não ter estudos. O problema de Manuel Alegre é que com muito menos trabalho ganha muitos mais que esses portugueses que apenas possuem como habilitações as suas competência. Há outros que muito mais habilitações e menos competência têm melhor sorte na vida

 
At 18 de abril de 2007 às 12:16, Anonymous Anónimo said...

Manuel Alegre acusa campanha Novas Oportunidades de denegrir profissões


"Apresentar um conjunto de figuras conhecidas no papel de perdedores porque
não acabaram os estudos é um insulto", critica o deputado socialista

O socialista Manuel Alegre considera que a campanha do programa Novas Oportunidades é insultuosa para os trabalhadores com poucas habilitações literárias. A campanha apresenta quatro figuras conhecidas - o treinador Carlos Queiroz, a estilista Maria Gambina, a jornalista Judite de Sousa e o músico Pedro Abrunhosa - a desempenhar outras profissões menos qualificadas, se não tivessem estudado. "Carlos" faz limpezas e corta a relva num estádio de futebol, "Maria" é empregada numa lavandaria, "Judite" trabalha numa papelaria e "Pedro" é arrumador de uma sala de espectáculos.
"Apresentar um conjunto de figuras conhecidas no papel de perdedores porque não acabaram os estudos é um insulto a todos aqueles que, pelas mais diversas razões, não possuem outras habilitações que não sejam a sua competência e o seu desempenho profissional", escreveu Manuel Alegre no site do Movimento de Intervenção e Cidadania, a que preside.
O ex-candidato à Presidência da República elogia o programa Novas Oportunidades, lembrando que Portugal "continua a ter índices de insucesso e abandono escolar muito elevados", mas questiona a estratégia de comunicação adoptada. "Uma coisa é defender uma segunda oportunidade em educação, outra é denegrir profissões apresentadas nesta campanha como desqualificantes. É uma questão de dignidade", lê-se no texto divulgado ontem.
Na campanha televisiva, sob o slogan Aprender compensa, os protagonistas mostram-se conformados com o trabalho que têm, mas dizem sonhar com outras profissões. "O pior é quando me ponho a pensar onde podia ter chegado se ao menos tivesse estudado", diz Carlos Queiroz na figura de cortador de relva num dos spots da campanha, encomendada pelos ministérios do Trabalho e da Segurança Social e da Educação.
Manuel Alegre conclui: "Trinta e três anos depois do 25 de Abril, o culto do sucesso pelo sucesso não pode levar ao insulto a todos aqueles que realizam com brio e dedicação o seu trabalho, seja qual for a profissão que exerçam."
À voz de Manuel Alegre somam-se outras críticas ao tom da campanha. Só na imprensa de ontem era possível encontrar diferentes textos de opinião nesse sentido nas páginas do PÚBLICO e do Jornal de Negócios.
Agência não comenta
Contactado pelo PÚBLICO, o assessor de imprensa do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, José Pedro Pinto, referiu que "quer na primeira fase da campanha quer na segunda [a actual] pretendeu-se valorizar profissões e profissionais".
O ministério, adiantou, tem "uma preocupação que é o abandono escolar e um objectivo é permitir que os jovens que por algum motivo abandonaram precocemente a escola tenham uma nova oportunidade". O mesmo responsável lembrou que a primeira fase da campanha não foi contestada. Estes anúncios mostravam pessoas anónimas com as profissões de mecânico, secretária e empregado de café, sob o lema Agora a minha experiência conta. Em relação ao conteúdo da actual campanha visada pelas críticas, José Pedro Pinto escusou-se a fazer comentários.
O PÚBLICO contactou a Euro RSCG, a agência de publicidade responsável pela campanha, mas foi alegado que para falar era necessário autorização do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social enquanto cliente, o que não veio a acontecer ontem.
O programa Novas Oportunidades pretende qualificar um milhão de portugueses até 2010 através do sistema de reconhecimento, validação e certificação de competências e dos cursos de educação e formação de adultos.

Judite de Sousa, jornalista da RTP e uma das figuras escolhidas para a campanha do programa Novas Oportunidades, pediu autorização à Comissão da Carteira Profissional de Jornalista (CCPJ) para participar no spot, o que foi aceite. Alegou que se trata de uma campanha institucional (e não publicitária), pela qual não seria remunerada. Pedro Mourão, o juiz que preside à CCPJ, considerou que não havia qualquer incompatibilidade entre a função de jornalista e uma campanha de interesse público. À luz do Estatuto dos Jornalistas, só são incompatíveis com a função de jornalista as campanhas promocionais e publicitárias remuneradas.

Sofia Rodrigues
In: PÚBLICO

 
At 18 de abril de 2007 às 14:21, Anonymous Anónimo said...

Sabem o que seria de Judite de Sousa, Maria Gambina, Carlos Queirós e Pedro Abrunhosa se não tivessem concluído os seus estudos? Ninguém sabe.
Mas o marketing pretende saber: Judite estaria numa papelaria, Maria numa engomadeira, Carlos a cortar relva e Pedro a indicar lugares numa sala de espectáculos.

Ou seja: estas ilustres personagens não teriam passado da cepa torta se não tivessem queimado as pestanas para chegarem ao fim da linha.
É verdade: o programa do Governo denominado Novas Oportunidades é uma boa ideia com um péssimo fim.

Boa ideia por chamar as pessoas ao conhecimento que, independentemente dos objectivos, é sempre gratificante; má ideia por apelar a um sentimento básico, a procura do sucesso.
A ideia, aliás, não é nova: quantos de nós não nos lembramos do desassossego da família portuguesa para que os seus filhos fossem alguém, de preferência o melhor, isto é, (era?) doutores.
É verdade que estudavam aqueles que podiam e agora estudam aqueles que querem – não é bem assim, mas é essa a diferença que o Governo pretende valorizar.
Faz bem.
Só que se esquece,propositadamente, o outro lado da coisa, os milhares de desempregados com conhecimentos para ocuparem milhares de empregos que não existem ou estão preenchidos por gente menos qualificada.

A (des)propósito: o que seria de José Sócrates se não tivesse concluído os seus estudos?
Ninguém sabe.
Mas, ao contrário do que pretende o marketing, é muito provável que fosse o que é.
Pois é.

 
At 19 de abril de 2007 às 12:12, Anonymous Anónimo said...

Nas traseiras do quiosque de jornais da Rua Alexandre Herculano, em Lisboa, um cartaz das Novas Oportunidades exibe uma Judite de Sousa de ar triste e cara amarelada, atrás de uma banca a vender de jornais. É a Judite de Sousa que não estudou, não foi jornalista e por isso o mais que consegue é vender jornais atrás de uma banca. Coitada. Exactamente o que faz a senhora que ali trabalha.
Compreende-se as boas intenções da campanha das Novas Oportunidades, e de quem participou, mas o desprezo com que se tratam os que não têm sucesso nem são famosos é ofensivo. O País assim dividido entre os literatos de sucesso e a escória que não aprendeu suficientemente a ler é, alem de falso, imoral. E se pensarmos que muitos dos “colegas de curso” de Judite de Sousa acabam, mais tarde ou mais cedo, a vender jornais ou atrás de outro balcão qualquer, tudo isto ainda parece pior. Pior do que o falhanço profissional, que pode ser honroso e glorioso, é este falhanço de valores.

 
At 19 de abril de 2007 às 14:49, Anonymous Anónimo said...

Parece que a próxima cara da campanha "Novas Oportunidades" deverá ser o intratável 50 cent, mais de acordo com uma mensagem (e com o exemplo...) de sucesso a qualquer preço. Conta-se que o mesmo 50 cent já estará a preparar um novo rap inspirado na luta pelos melhores lugares "à mesa" do Estado, cujo refrão será "pepper in the ass of others is refreshing".

 
At 22 de setembro de 2007 às 00:00, Anonymous Anónimo said...

Alunos que tiveram milhares de oportunidades na escola O QUE FIZERAM? bateram em professores, aprenderam a fumar, vender droga, fizeram com que os que queriam aprender desistissem, fizeram tudo menos estudar! Os jovens pós 25 Abril tiveram todos muitas oportunidades, nao as quiseram aproveitar! Agora esses mesmos jovens que bateram em professores, vendiam droga, tiram o 9 º ano em meia duzia de dias! muitos concorrem para a GNR e tal e nao tem minimos de cultura e valores de cidadania... este é um PAIS PODRE!!!!não se premeia o mérito!! se soubesse andava me a drogar a vida toda e batia em alguns professores que nao valiam nada porque me queriam ensinar e hoje ia buscar o meu 12º, fui inocente, sei.

 

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