A ENTREVISTA DE ONTEM
Primeiro caso ( Ricardo Costa dixit): o do Estatuto dos Açores. Para o Primeiro-Ministro, não significa qualquer problema no relacionamento institucional inter-órgãos de soberania. Foram só dois artigos. As pessoas devem habituar-se a conviver com divergências, diz o PM.
Uma pergunta sobre a crise, com retoma do discurso do PR. Uma crise destas nunca vem em boa altura. Mas nós estamos bem preparados para a enfrentar, diz o PM.
Gomes Ferreira, aponta-lhe grandes investimentos já previstos e o investimento directo estrangeiro caiu. O PM, aponta uma série de empresas estrangeiras, com investimentos directos em Portugal, com destaque para a...IKEA.
O PM realça o facto de ter posto as contas públicas em ordem" e é por isso que tudo vai bem, por mérito deste Governo. Este é o momento para agir e para ajudar as famílias e as empresas.
Ricardo Costa aponta-lhe o fenómeno do gigantesco endividamento externo. OPM diz-lhe que uma grande parte dessa dívida diz respeito à energia. E logo, aponta que a política mais eficiente nesse campo, foi a das energias renováveis. Foge à questão? Não, enguia a resposta. Fala no hídrico e no vento. É assim que se responde ao problema do endividamento , diz o PM.
E nenhum lhe aponta o desvio da direcção do vento. Gomes Ferreira ainda balbucia uma pergunta que é sempre interrompida pelo panegírico das maravilhas políticas energéticas e já vai nas exportações. E Gomes Ferreira faz a pergunta: o sr em Maio anunciou medidas. Depois já anunciou outras medidas para ajudar a banca. E refere que nós estamos a aumentar a dívida pública e a deitar dinheiro em cima dos problemas. A pergunta nem chega a ser feita porque o PM retoma logo o discurso da crise global, de coisa medonha que nunca aconteceu e patati patata.
Gomes Ferreira retoma o fio, mas não chega ao fim, porque o PM pede logo licença para responder à pergunta que nem foi feita: a Rússia, a Alemanha e outros em recessão. Ricardo Costa anuncia a recessão para amanhã em números do INE. E o PM aceita a recessão estatística anunciada. E não responde à questão anterior.
As decisões do Conselho de Ministros para enfrentar a recessão, foram logo tomadas: banda larga, protecção de emprego, através de redução de descontos para a Segurança Social; aumento dos estágios remunerados para jovens e fazer com que 30 mil desempregados sejam empregados pela Segurança Social. São estas as medidas para o desemprego.
Ricardo Costa pergunta-lhe se foi demasiado optimista demasiado tempo. O PM nega tal. Gomes Ferreira aponta-lhe factos ocorridos há meses e o PM não reconhece tal euforia de optimismo e defende-se com a imprevisibilidade da economia. E realça a ocorrência de situação absolutamente extraordinária, apontando o novo pacote do governo para combate à crise.
Admite baixar os impostos?, pergunta directamente Ricardo Costa. O PM, diz o que fizeram: as contas públicas foram feitas e o PM diz que já baixou os impostos para as empresas, no IRC. Nas previsões do governo esta é a receita adequada.
Ricardo Costa aponta as obras públicas e fala na bomba-relógio nas obras públicas, por lançar um cheque pesadíssimo, nas gerações futuras. O PM nega tal efeito. A nossa economia, diz, precisa de relançamento, com o esforço do Estado, nestas alturas de crise. Estamos a investir na recuperação do parque escolar, na rene energética e nas infra-estruturas rodoviárias.
Gomes Ferreira, aponta uma projecção do que vai ser pago às concessões rodoviárias, nas parcerias, e que chegaria aos 1400 milhões anuais, tendo havido renegociação, no sentido de a partir de 2013, as responsabilidades passarem para 2000 milhões de euros anuais. O PM não aceita os números e entra a discutir a rede de auto-estradas. Fala em concessões, em auto-estradas, portagens. Gomes Ferreira insiste no aumento tremendo do esforço do Estado nesse sector, mas o PM parece não entender o raciocínio. E justifica com a racionalidade de suavização do esforço financeiro. E reafirma o objectivo de que o Estado deve fazer investimentos.
Ricardo Costa, fala em obras públicas que são duvidosas, como o aeroporto, o TGV e a travessia do Tejo, e o PM nega esse carácter duvidoso e aponta que o reflexo vai sentir-se no futuro e não em 2009. E refere a existência de estudos de custo-benefício que apontam, naturalmente benefícios, Ricardo Costa diz que são estudos altamente optimistas que afinal são resolvidos depois com revisões de custos, para cima.
Faz sentido durante a crise, manter o mesmo padrão de comportamento? pergunta Ricardo Costa e a resposta é lapidar: se antes fazia sentido, agora ainda mais faz. Está explicado o entendimento do PM sobre isto e o modo de resolver a crise.
Foi ou não um erro político dizer que em 2009 os portugueses vão viver melhor? pergunta Gomes Ferreira, apontando os factos referidos pelo PM, em tom optimista há umas semanas. O PM nega, e refere que o que disse foi que a prioridade tinha de ser o emprego. E entra nos números dos...empréstimos da banca. O que eu quis dizer, foi isso. E até se atreve a dizer que o Gomes Ferreira ouviu o discurso todo e não disse nada disso. Pelos vistos, ninguém percebeu o que o PM disse e só ele entende o que disse.
Ricardo Costa: como é que pretende que as pessoas entendam nesta crise, que o governo salve um banco como o BPP e a CGD já gastou mil milhões. Isto é um absurdo, diz Ricardo Costa.
O PM tartamudeia a resposta, pedindo para responder e justifica logo a intervenção: não foi para defender nenhum banqueiro nem nenhum accionista de banco. Foi para defender os portugueses. E cita o Lehman Bros, início da crise.
Nenhum deles lhe lembra o ministro das Finanças. Nenhum lhe fala em Balsemão. Nenhum lhe refere que os portugueses pouco ou nada têm a ver com o BPP. Afinal um deles lá lhe fala no tal risco sistémico nulo e o PM foge do assunto como o diabo da cruz e entra logo pela crise mundial e o problema num banco português.
Ricardo Costa, refere que o PM vai ter necessidade de salvar qualquer banco, depois disso. Não, responde o PM e até refere que vai para aí uma grande demagogia porque o Estado não está a injectar dinheiro nos bancos. E ao apontarem-lhe que se as coisas correrem mal, vai dar ao mesmo, admite então as situações de falência e nem repara na contradição.
E o assunto BPP já está para trás. Ufa! E o Balsemão, nem sequer é citado, senhores entrevistadores?!
Vem a Qimonda. Ajudamos a Qimonda porque é o principal exportador português e é lá que se vão fazer células foto-voltaicas. É assim que se lidera., Nao é estando do lado de fora, diz o PM, ufano.
E aponta quatro factores de intervenção do Estado:
Estabilizar o sistema financeiro. Apoiar as empresas, no crédito. Reforçar o investimento público (devemos fazer o maior investimento público que pudermos). E retoma a matéria dos estudos ( deve ser por causa dos valores do Orçamento para estudos).
Ricardo Costa, refere o dinheiro no ministério da Agricultura, retido no governo, mais de 800 milhões de euros. O PM refere que em Janeiro vai aprovar mil milhões de euros, alavancados, para esses investimentos e até está a trabalhar com o ministro nesse sentido.
Viram a página. Educação. Avaliação dos professores. Ricardo Costa, refere uma mudança desde o início. O PM discorda. A avaliação é boa e tem a ver com a assiduidade, o modelo é bom e reconhece três problemas que foram identificados: excesso de trabalho, de burocracia e perfil do avaliador ( este tem de ser da mesma área do avaliado). E mudaram isso. E agora está bem, para o PM. E tem a distinta lata de referir que este sistema modifica algo em trinta anos! Porque para o PM, este modelo é para seguir porque os professores devem ser avaliados. E isto vai continuar em benefício do sistema educativo, realça o PM.
O governo fez tudo bem, neste processo?, pergunta Ricardo Costa. O governo fez bem em não desistir deste processo, diz o PM. Durante trinta anos isto foi ignorado, diz o PM. E refere o ensino profissional no nosso país, com 90 mil alunos. E isso para o PM é um motivo de orgulho. E até refere que Em Portugal se recuperou, pela primeira vez, o ensino profissional. Será que este PM sabe o que era o ensino técnico-profissional antes de 1974? Terá a mínima noção disso, para falar assim?
Gomes Ferreira, introduz o tema Manuel Alegre. Tem receio que faça um partido político? O PM diz que tem respeito por Manuel Alegre, pelo que ele representa no PS e pelo papel intelectual do mesmo.
E como se adivinha que o resto não interessa, fico por aqui.
Esta entrevista foi fraca, não foi ao fundo das questões, passa pela rama das discussões políticas tipo blogue de grande superfície, de jornal de regime.
O PM, sai desta entrevista melhor do que costuma sair da AR quando lá vai de quinze enm quinze dias. É pena. Se de Ricardo Costa um jornalista-cretino não esperava grande coisa, já de Gomes Ferreira esperava mais.
Não vale a pena esperar nada.
José
Uma pergunta sobre a crise, com retoma do discurso do PR. Uma crise destas nunca vem em boa altura. Mas nós estamos bem preparados para a enfrentar, diz o PM.
Gomes Ferreira, aponta-lhe grandes investimentos já previstos e o investimento directo estrangeiro caiu. O PM, aponta uma série de empresas estrangeiras, com investimentos directos em Portugal, com destaque para a...IKEA.
O PM realça o facto de ter posto as contas públicas em ordem" e é por isso que tudo vai bem, por mérito deste Governo. Este é o momento para agir e para ajudar as famílias e as empresas.
Ricardo Costa aponta-lhe o fenómeno do gigantesco endividamento externo. OPM diz-lhe que uma grande parte dessa dívida diz respeito à energia. E logo, aponta que a política mais eficiente nesse campo, foi a das energias renováveis. Foge à questão? Não, enguia a resposta. Fala no hídrico e no vento. É assim que se responde ao problema do endividamento , diz o PM.
E nenhum lhe aponta o desvio da direcção do vento. Gomes Ferreira ainda balbucia uma pergunta que é sempre interrompida pelo panegírico das maravilhas políticas energéticas e já vai nas exportações. E Gomes Ferreira faz a pergunta: o sr em Maio anunciou medidas. Depois já anunciou outras medidas para ajudar a banca. E refere que nós estamos a aumentar a dívida pública e a deitar dinheiro em cima dos problemas. A pergunta nem chega a ser feita porque o PM retoma logo o discurso da crise global, de coisa medonha que nunca aconteceu e patati patata.
Gomes Ferreira retoma o fio, mas não chega ao fim, porque o PM pede logo licença para responder à pergunta que nem foi feita: a Rússia, a Alemanha e outros em recessão. Ricardo Costa anuncia a recessão para amanhã em números do INE. E o PM aceita a recessão estatística anunciada. E não responde à questão anterior.
As decisões do Conselho de Ministros para enfrentar a recessão, foram logo tomadas: banda larga, protecção de emprego, através de redução de descontos para a Segurança Social; aumento dos estágios remunerados para jovens e fazer com que 30 mil desempregados sejam empregados pela Segurança Social. São estas as medidas para o desemprego.
Ricardo Costa pergunta-lhe se foi demasiado optimista demasiado tempo. O PM nega tal. Gomes Ferreira aponta-lhe factos ocorridos há meses e o PM não reconhece tal euforia de optimismo e defende-se com a imprevisibilidade da economia. E realça a ocorrência de situação absolutamente extraordinária, apontando o novo pacote do governo para combate à crise.
Admite baixar os impostos?, pergunta directamente Ricardo Costa. O PM, diz o que fizeram: as contas públicas foram feitas e o PM diz que já baixou os impostos para as empresas, no IRC. Nas previsões do governo esta é a receita adequada.
Ricardo Costa aponta as obras públicas e fala na bomba-relógio nas obras públicas, por lançar um cheque pesadíssimo, nas gerações futuras. O PM nega tal efeito. A nossa economia, diz, precisa de relançamento, com o esforço do Estado, nestas alturas de crise. Estamos a investir na recuperação do parque escolar, na rene energética e nas infra-estruturas rodoviárias.
Gomes Ferreira, aponta uma projecção do que vai ser pago às concessões rodoviárias, nas parcerias, e que chegaria aos 1400 milhões anuais, tendo havido renegociação, no sentido de a partir de 2013, as responsabilidades passarem para 2000 milhões de euros anuais. O PM não aceita os números e entra a discutir a rede de auto-estradas. Fala em concessões, em auto-estradas, portagens. Gomes Ferreira insiste no aumento tremendo do esforço do Estado nesse sector, mas o PM parece não entender o raciocínio. E justifica com a racionalidade de suavização do esforço financeiro. E reafirma o objectivo de que o Estado deve fazer investimentos.
Ricardo Costa, fala em obras públicas que são duvidosas, como o aeroporto, o TGV e a travessia do Tejo, e o PM nega esse carácter duvidoso e aponta que o reflexo vai sentir-se no futuro e não em 2009. E refere a existência de estudos de custo-benefício que apontam, naturalmente benefícios, Ricardo Costa diz que são estudos altamente optimistas que afinal são resolvidos depois com revisões de custos, para cima.
Faz sentido durante a crise, manter o mesmo padrão de comportamento? pergunta Ricardo Costa e a resposta é lapidar: se antes fazia sentido, agora ainda mais faz. Está explicado o entendimento do PM sobre isto e o modo de resolver a crise.
Foi ou não um erro político dizer que em 2009 os portugueses vão viver melhor? pergunta Gomes Ferreira, apontando os factos referidos pelo PM, em tom optimista há umas semanas. O PM nega, e refere que o que disse foi que a prioridade tinha de ser o emprego. E entra nos números dos...empréstimos da banca. O que eu quis dizer, foi isso. E até se atreve a dizer que o Gomes Ferreira ouviu o discurso todo e não disse nada disso. Pelos vistos, ninguém percebeu o que o PM disse e só ele entende o que disse.
Ricardo Costa: como é que pretende que as pessoas entendam nesta crise, que o governo salve um banco como o BPP e a CGD já gastou mil milhões. Isto é um absurdo, diz Ricardo Costa.
O PM tartamudeia a resposta, pedindo para responder e justifica logo a intervenção: não foi para defender nenhum banqueiro nem nenhum accionista de banco. Foi para defender os portugueses. E cita o Lehman Bros, início da crise.
Nenhum deles lhe lembra o ministro das Finanças. Nenhum lhe fala em Balsemão. Nenhum lhe refere que os portugueses pouco ou nada têm a ver com o BPP. Afinal um deles lá lhe fala no tal risco sistémico nulo e o PM foge do assunto como o diabo da cruz e entra logo pela crise mundial e o problema num banco português.
Ricardo Costa, refere que o PM vai ter necessidade de salvar qualquer banco, depois disso. Não, responde o PM e até refere que vai para aí uma grande demagogia porque o Estado não está a injectar dinheiro nos bancos. E ao apontarem-lhe que se as coisas correrem mal, vai dar ao mesmo, admite então as situações de falência e nem repara na contradição.
E o assunto BPP já está para trás. Ufa! E o Balsemão, nem sequer é citado, senhores entrevistadores?!
Vem a Qimonda. Ajudamos a Qimonda porque é o principal exportador português e é lá que se vão fazer células foto-voltaicas. É assim que se lidera., Nao é estando do lado de fora, diz o PM, ufano.
E aponta quatro factores de intervenção do Estado:
Estabilizar o sistema financeiro. Apoiar as empresas, no crédito. Reforçar o investimento público (devemos fazer o maior investimento público que pudermos). E retoma a matéria dos estudos ( deve ser por causa dos valores do Orçamento para estudos).
Ricardo Costa, refere o dinheiro no ministério da Agricultura, retido no governo, mais de 800 milhões de euros. O PM refere que em Janeiro vai aprovar mil milhões de euros, alavancados, para esses investimentos e até está a trabalhar com o ministro nesse sentido.
Viram a página. Educação. Avaliação dos professores. Ricardo Costa, refere uma mudança desde o início. O PM discorda. A avaliação é boa e tem a ver com a assiduidade, o modelo é bom e reconhece três problemas que foram identificados: excesso de trabalho, de burocracia e perfil do avaliador ( este tem de ser da mesma área do avaliado). E mudaram isso. E agora está bem, para o PM. E tem a distinta lata de referir que este sistema modifica algo em trinta anos! Porque para o PM, este modelo é para seguir porque os professores devem ser avaliados. E isto vai continuar em benefício do sistema educativo, realça o PM.
O governo fez tudo bem, neste processo?, pergunta Ricardo Costa. O governo fez bem em não desistir deste processo, diz o PM. Durante trinta anos isto foi ignorado, diz o PM. E refere o ensino profissional no nosso país, com 90 mil alunos. E isso para o PM é um motivo de orgulho. E até refere que Em Portugal se recuperou, pela primeira vez, o ensino profissional. Será que este PM sabe o que era o ensino técnico-profissional antes de 1974? Terá a mínima noção disso, para falar assim?
Gomes Ferreira, introduz o tema Manuel Alegre. Tem receio que faça um partido político? O PM diz que tem respeito por Manuel Alegre, pelo que ele representa no PS e pelo papel intelectual do mesmo.
E como se adivinha que o resto não interessa, fico por aqui.
Esta entrevista foi fraca, não foi ao fundo das questões, passa pela rama das discussões políticas tipo blogue de grande superfície, de jornal de regime.
O PM, sai desta entrevista melhor do que costuma sair da AR quando lá vai de quinze enm quinze dias. É pena. Se de Ricardo Costa um jornalista-cretino não esperava grande coisa, já de Gomes Ferreira esperava mais.
Não vale a pena esperar nada.
José
Etiquetas: Jornalismo, José Sócrates, Partido Socialista, SIC
14 Comments:
Ontem, ao ouvir o Sócrates lembrei-me da velha história da cassete do PCP, mas agora em versão CD. Ouvimos aqueles que vão ser os seus novos "êxitos" para 2009 misturados com alguns mais antigos. Com a comunicação social a tocar a sua música repetitivamente e ele em "tournée Eleitoral", não tarda nada para vermos muitos a cantarolá-la um pouco por todo o lado. O profissionalismo do espectáculo e o gosto dos portugueses pela pimbalhada fará o resto.
A sensação que fica da entrevista a José Sócrates é que o seu governo tomou posse em Outubro de 2008 e foi apanhado no meio de uma crise financeira mundial. Até lá, de acordo com um primeiro-ministro demasiado satisfeito consigo próprio, tudo corria bem. O país diverge há oito anos da média europeia e o poder de compra esteve sempre a descer durante o mandato do actual governo, mas o que é isso quando temos as maiores centrais de energias renováveis, a nova rede de fibra óptica e o Magalhães. O primeiro-ministro fala em confiança, mas ela perde-se em escusados truques de linguagem como a do orçamento rectificativo, que só falta saber o dia em que vai ser apresentado, mas a que José Sócrates engenhosamente chama de revisão das previsões que serviram de base para o Orçamento de Estado.
Na entrevista de ontem, 5-1-2008, à SIC, quatro dias depois da mensagem de Ano Novo do Presidente da República, o primeiro-ministro José Sócrates pede a antecipação das eleições legislativas para Junho (quatro meses antes da data prevista). Sócrates teme o efeito dominó do voto de protesto das eleições europeias sobre as eleições legislativas. Por outro lado, de acordo com a prerrogativa do Governo na marcação das eleições autárquicas, afasta a realização simultânea das eleições legislativas e autárquicas, para proteger os autarcas socialistas da contaminação das eleições legislativas...
Isto é, Sócrates não admite que ninguém se intrometa na sua marcação das autárquicas, mas quer intervir na data das legislativas que cabe a Cavaco decidir - o que é meu, é meu, o que é teu, é nosso...
Todavia, não parece crível que Cavaco Silva que, segundo a alínea b do art. 133 da Constituição, detém o poder de marcar as eleições legislativas, prescinda desse poder e se submeta à vontade do Governo para que este iluda o julgamento popular na data predeterminada pela lei ("entre 14 de Setembro e 14 de Outubro do ano correspondente ao termo da legislatura") do efeito acumulado da depressão económica. Muito menos parece que, se Sócrates se demitir entretanto, Cavaco Silva lhe faça a vontade de antecipar as eleições legislativas, em vez de obrigar o Governo à gestão da sua política até à data prevista de Outubro.
A SIC perdeu este ano o Circo Cardinali para a concorrência, e a substituição pelo Circo Chen feita em cima da hora, com aquela rechonchuda em trajes menores a domar o hipopótamo, terá sido dos momentos mais felinianos da televisão; mas ontem a SIC vingou-se: a entrevista com Sócrates deu novo fôlego ao "entreteinerismo" de tal forma que mesmo os Fedorentos não o conseguiram alcançar, nem achincalhando o talento do Mestre Herman José.
Agora que a poeira assentou e a recessão chegou, anunciada hoje pelas trombetas do Vitinho Constâncio, a entrevista de Sócrates vista à distância de umas horas, ganha cada vez mais o estatuto de divertimento. E percebemos o bluff total.
Tudo o que Portugal não precisava neste momento era de um pândego que fizesse do exercício da política uma arte da comunicação em vez da arte da governação. Sócrates gosta de girar à volta de si próprio, dos números soprados pela sua iminência parda, e quando as campainhas tocam ele liga a cassete e dispara:" Mais auto-estradas é sinónimo de mais segurança e menos mortes"- como se os caboucos, o alcatrão e as obras gigantes, fossem uma espécie de serviço de salvação nacional! A lata já chega ao total dislate. Para Sócrates os portugueses podem viver felizes com a crise porque não há inflação, nem prestações a aumentar: é como o trânsito: também não vão haver mais mortes nas estradas pela simples razão que já ninguém vai poder andar de carrinho.
Faz lembrar uma vizinha minha do Bairro de Alvalade, há 40 anos:" Tenho a carta há 10 anos e nunca tive nenhum acidente!
Bem..também nunca guiei!!".
Enquanto Costa quer bicicletas em Lisboa a rondarem os contentores do Tejo, Sócrates quer estradas para aqueles carritos eléctricos fabricados em Leiria, sobre uma plataforma de carros de golfe (os Magalhães dos carros) poderem chegar a Bragança, uma cidade que de tão abandonada pelo Poder central acabou em casa de putas e agora nem isso já dá: as meninas mudaram-se de armas e acessórios para Espanha: é mais barato, limpo e a bófia não chateia, nem por lá existem virgens ressabiadas que não cumprem o caderno de encargos em casa!!!
Medina Carreira pode ser um exagerado mas as suas palavras são de um rigor à prova de bala. O que ele diz faz sentido: estamos perante uma fantochada total e a nossa sorte será se a banca não emprestar mesmo o caroço para Sócrates poder fazer de Duarte Pacheco. É que os custos vão ser mesmo pesados para os nossos filhos, netos e bisnetos!
Aquele gráfico mostrado pelo José Gomes Ferreira (grande abraço para ti e parabéns pelo teu desempenho!) foi mortal.
Claro que Sócrates assobiou para o lado.
PS:
Seguindo as opções de Sócrates resolvi como administrador do meu condomínio mandar fazer obras.
Com esta iniciativa estou a dar emprego a três russos operários e a um empresário russo.
A obra alguém há-de pagar.
Ou eu com o que amealhei, ou os meus filhos pagando um empréstimo que não parará de subir nos próximos 30 anos.
O que acham que eu faça?
Chamo o Mário Lino, vou ao BES ou aconselho-me com um daqueles assessores de S. Bento?
Todos percebemos isto na entrevista de Sócrates ontem à SIC: ontem apertávamos o cinto para termos dois e tal de deficit, o Estado carregava nos impostos, nas taxas, nos truques, nas multas, era o delírio da máquina turbo fiscal.
Para quê ?
Para nada.
Para o Estado engordar, ganhar peso, como quem diz: mais Poder.
Hoje: como não sabemos para onde o barco vai tombar, pegamos nas poupanças e desatamos a alcatroar o país com mais 600 quilómetros de auto-estradas, mais 600 quilómetros de estradas, mais alcatrão para os aviões, mais TGV, mais uma conta que vai originar um deficit monstruoso.
Vamos investir para os imigrantes terem trabalho, porque a nossa escassa e curta mão de obra qualificada poderá emigrar para a Índia ou porventura para a Faixa de Gaza.
Desta entrevista bastante inquieta, crispada, quer pelo lado dos entrevistadores, quer pelo lado do interrogado, faltaram listas de perguntas.
A Justiça ficou de fora, a segurança,o Magalhães, a cultura, os grandes desígnios(!), ficámos com a ideia de que o país é governado ao sabor dos dias, com uma capacidade rara de esperteza e improviso, cara a José Sócrates, um verdadeiro relações públicas. Aquela máquina!!!
Imbatível no estilo, na pose e no faz-de-conta, Sócrates está mais apurado e já se atreve em expressões, olhares e tons de voz mais trabalhados, e não nos parece sinceramente que esta nova "souplesse" seja mãozinha de uma Glória de Matos (a encenadora de Cavaco) ou sequer da nova direcção do Teatro Nacional.
Sócrates é genuíno e tem uma boa escola de televisão, não nos esqueçamos que ele é uma invenção de Emídio Rangel, o que só abona a seu favor: competência na acção.
Agora...quanto ao país real esqueçam!
Estamos fritos e lançados ao alcatrão.
Uma das soluções será mesmo Sócrates acabar por cilindrar o país todo a alcatrão deixando no miolo os portugueses que são um fardo ao desenvolvimento da Pátria.
Se Cavaco há uns anos dizia que a solução para a Função pública só seria encontrada à medida que os manga de alpaca fossem batendo a bota, para Sócrates é simplex: alcatroamos a maralha e deixamos um país limpo e lindo, arrumado, visto do alto do Google Earth!!!..
Um silêncio sepulcral.
Ontem, pela primeira vez, vi um José Sócrates atrapalhado numa entrevista de televisão. Tremeu perante o fracasso da política económica do seu Governo, não conseguiu convencer com as justificações que deu das ajudas dadas à banca e nacionalização do BPN, estrebuchou diante da situação insustentável criada no sector da Educação e até roçou o ridículo quando confrontado com as opções de investimento que hipotecam o futuro do país a partir do final da próxima legislatura, negando o que o gráfico que passava em fundo tornava evidente. Notou-se o seu embaraço quando, a custo, admitiu que a recessão afinal vai mesmo atingir a economia portuguesa e que o OE 2009 é um documento irrealista. Ele, que deveria ter sido o primeiro a notá-lo e acautelar as suas consequências, foi o último a admitir que afinal o rei vai mesmo nu. Tal como foi notória a repetição de um discurso previamente estudado, que matraqueava para ganhar tempo, sempre que lhe era colocada uma pergunta à qual não sabia responder, assim como o foi a constante resposta a questões com novas questões que devolvia aos jornalistas que o entrevistavam e a quem não hesitava em interromper. Muitas vezes são os entrevistadores que não deixam os entrevistados expor meia ideia. Na entrevista de ontem, foi o entrevistado que não deixou os entrevistadores terminarem meia pergunta.
Na entrevista de ontem perceberam-se várias coisas. Ficou claro que o seu Governo fez – e continua a fazer – uma leitura leviana sobre a gravidade da actual crise. Percebeu-se que, apesar da crise, o Governo continua a eleger o objectivo orçamental como principal: José Sócrates disse claramente que o Governo fará o “possível” para ajudar a economia, sendo que esse “possível” são 0,8% do PIB. E, finalmente, tornou-se evidente que o Governo não tem qualquer estratégia de combate à crise: Sócrates disse que as soluções dentro do tal “possível” irão surgindo à medida que surjam os problemas. A isto não pode dar-se outro nome que navegar à vista.
Termino com as duas lições sobre ser alternativa de poder que Sócrates deu à oposição. A primeira foi o repto que lançou a todos os partidos que o criticam para que apresentem soluções de governação. Concordemos, nenhum partido se afirmará como alternativa de poder sem trabalhar este aspecto. O próprio Governo, mesmo sem apresentar soluções, transmite a ideia, facilmente desmontável, de que as tem. A segunda foi o pedido expresso de maioria absoluta. Nenhuma força política alguma vez conseguirá ser poder sem um apelo expresso ao voto capaz de lhe conferir uma dinâmica de vitória e um estatuto de projecto ganhador. Ainda não vi isto na alternativa que cresce à esquerda do PS. E, à medida que o tempo passa, cada vez se lhe sente mais a falta.
E de quem é a culpa?
A economia portuguesa deverá cair este ano 0,8 por cento, devido à contracção das exportações (-3,6%) e do investimento privado (-1,7%), anunciou o Banco de Portugal no Boletim de Inverno divulgado hoje.
O Governo aponta a crise internacional como a única responsável pela crise que viveremos em 2009 e que, graças ao “equilíbrio orçamental” e ás reformas por si introduzidas, Portugal está melhor preparado para enfrentar os tempos difíceis que se avizinham. Será assim?
A resposta tem pelo menos dois aspectos que devem ser focados. Em primeiro lugar, há muito que o “sucesso” no objectivo défice é questionado e há quem o aponte como mera cosmética contabilística. Em segundo lugar, e dado que a crise que actualmente varre o mundo se deve, em grande medida, a uma insuficiência da procura relativamente à oferta, convirá recordar que a aposta do Governo foi estimular as exportações embaratecendo o factor trabalho, retirando direitos e regalias sociais e promovendo a precariedade das relações laborais. No momento actual, em que o mercado externo se fecha, resta às empresas portuguesas um mercado interno enfraquecido e depauperado por reformas tomadas “porque o país não podia ficar parado”: o desmantelamento das carreiras da função pública, os congelamentos salariais, a substituição de funcionários públicos por serviços externalizados concedidos a empresas cuja rentabilidade reside nos baixos salários e na precariedade dos seus “colaboradores”, o novo código do trabalho, etc. A responsabilidade de todas estas políticas inteligentíssimas é integralmente do tal Governo que nos preparou para enfrentar ventos e tempestades. Haverá agora que somar as suas consequências aos efeitos da crise internacional. Vai doer.
Kim-Il-José Sócrates
Um feliz interlúdio musical e uma avisada companhia impediram-me de assistir ao cantar das "janeiras" ao primeiro-ministro. Todavia, o plasma do restaurante onde almoçava repetia, na SIC-Notícias, o exercício. Se eu não visse, não acreditava. O poema do "menino guerreiro" de 2005 - que tão justas indignações provocou - ao pé dos versos cantados pelas "meninas de Odivelas" e pelos alunos do Colégio Militar, é praticamente Augusto Gil. Nem a pior "Mocidade Portuguesa" seria capaz de tamanho servilismo e de tão enorme abjecção intelectual. Se eu fosse socialista - felizmente, e de acordo com o cânone, sou quase "fascista" - tinha vergonha de ver o secretário-geral do meu partido (e chefe de um governo supostamente democrático) ser incensado como um vulgar ditador norte-coreano com termos como "fulgente" e "iluminado", duas características, aliás, que "colam" perfeitamente ao homem a quem os seus ministros ofereceram quinhentos contos para se vestir na "Fashion Clinic". Que nojo
qUE PERGINTAS E RESPOSTAS TAO BEM ESTUDADAS,
PQ SERA QUE O 1º NAO QUER SER ENTREVISTADO PELA MOURA GUEDES???
CLARO ESTA NAO PRECISA D EMPREGO PARA O MARIDO COMO ALGUNS NA SIC
O Costa da TV é irmão do Costa da Câmara de Lisboa... Coincidência?!
As perguntas estavam correctas, só que por estranho que possa parecer, dois jornaistas deixam que o PM fuja às respostas e repita a cassete já gasta. O Costa punha as mãozinhas em sinal de oração e tocava no Ferreira para que este mudasse o tema. São os lobbies que governam e os lobbies também que constroem a imagem dos "parolíticos" e o povinho estúpido, aplaude.
Incompetência ou mentira: você decide
Se ninguém podia previr esta crise, como afirmou Sócrates na entrevista à SIC, mas se estamos em recessão técnica desde a segunda metade de 2008, temos que concluir que o governo não sabe a quantas andamos. Ou então que sabe mas mente.
Goste-se ou não de José Sócrates - eu não gosto nada - há que reconhecer-lhe exímias capacidades enquanto vendedor de banha da cobra, o que complementa com uma máquina de propaganda muito bem oleada. Há 3 dias assistimos à ”ante-estreia” de um espectáculo que estará em cena até Outubro, com a entrevista de Sócrates à SIC em que anunciou oficialmente a recessão, logo seguido de um oportuno “Prós & Prós” destinado a dissecá-la. Objectivo de toda esta encenação: atenuar o impacto das previsões do BP divulgadas no dia seguinte, anunciar um orçamento rectificativo disfarçado pomposamente de “Plano de Estabilidade e Crescimento” e alertar, com o alarmismo sempre caro aos demagogos, para a imprescindibilidade de nova maioria absoluta do PS para sair da recessão.
A entrevista à SIC foi um chorrilho de lugares comuns, mesclada de algumas aldrabices e truques de ilusionismo que jornalistas da situação traduziram logo a seguir como sendo dotes de grande comunicador, por vezes fugindo-lhes involuntariamente a boca para a verdade. No “Prós & Prós” que “coincidentemente” se lhe seguiu no canal público, o ministro SS da Propaganda repisou o mesmo argumentário, sem réplica devida por parte dos opositores presentes, porque integrados todos no paradigma estatista.
Estamos portanto em recessão, coisa que não sabíamos (!!!…), mas não nos preocupemos que o governo velará por nós. A partir da próxima semana, com a apresentação do PEC, será pomposamente anunciada a “geração” de muitos mais milhões para serem atirados aos problemas, integrados em novos “projectos estratégicos” que os portugueses “precisam e merecem”.
As crises têm a grande virtude de porem a nu ineficiências que estavam escondidas. Os políticos têm o grave defeito de as pretenderem manter ad-eternum, consolidando assim o seu poder via subsídio-dependência. A presente crise, tem ainda a desvantagem de branquear a compra de votos mais cara a que iremos assistir. Porque Sócrates pensa exclusivamente no mercado dos votos, senhores!
Resta-me a ténue esperança que, até Outubro, o eleitor deixe de ser basbaque e conclua que tem sido o eterno e compulsivo financiador de políticas ruinosas. Nos tempos presentes, conduzidas por um personagem com uma têmpera autoritária que não se via desde Salazar.
O Primeiro Ministro veio à SIC e debitou mais um episódio de entretenimento para quem o quis escutar. E não é que teve um elevado auditório!
Eu, para me entreter já tenho o ZÉ CARLOS. E para descomprimir da pressão do trabalho semanal, não preciso de mais nenhum “entertainer”.
Basta-me o quarteto talentosamente orquestrado pelo Ricardo Araújo Pereira.
Aliás, mal ouvi o P.M., com aqueles tiques de auto-convencimento-inconsciente , dizer que se recandidatava a mais um mandato, saltei do sofá e fui respirar fundo para o frio nocturno da varanda.
Este P.M. enganou - me uma vez. Basta!
Que engane agora quem quiser ser enganado.
A liberdade também permite que nos deixemos ludibriar mais que uma vez.
Até masoquistas os portugueses podem ser.
Mas eu não sou masoquista.
Muito menos sou sádico como alguns políticos da nossa praça revelam ser.
O P.M., em três anos de governo oportunista, conseguiu “sacar” ( passe o plebeísmo), a mim e a muitos outros, mais de 200 euros por mês.
Por isso não o quero de volta!
O P. M., em três anos de governo sem rumo, não melhorou em nada o sistema se saúde , nem a justiça do meu país.
Por isso não o quero de volta!
O P. M., em três anos de governo cego e teimoso, levou as escolas, os alunos , os professores e a educação do meu país ao pior dos descalabros. A um autêntico beco sem saída. À mais absurda desmotivação profissional alguma vez vista.
Por isso não o quero de volta!
Mas o pior de tudo, não foi o que o P.M. fez mal, na Saúde, na Justiça e na Educação.
O pior de tudo não foi, por conseguinte, o que Ele fez ou tentou fazer.
O pior de tudo foi o que o P.M. não fez.
E o Senhor P. M., que nos obrigou a afivelar o cinto quase até “ao osso”, o que fez pelo equilíbrio social em Portugal?
Nada!
O que fez para reduzir o fosso entre ricos e pobres?
Nada!
O que fez para diminuir o compadrio a corrupção?
Nada!
O que fez para moralizar o exercício da política?
Também nada!
Por tudo isto não quero este Primeiro Ministro de volta!
Prefiro outro qualquer.
Pior do que este Primeiro Ministro é impossível!
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