sábado, 5 de novembro de 2011

E ASSIM VAI A DITOSA PÁTRIA...

As manifestações desdenhosas dos nossos governantes por nós chegam a atingir as margens do insulto. O aperto que sentimos, as ameaças à nossa decência e, até à nossa integridade moral são afrontosas.
O assim chamado equilíbrio das contas públicas leva esta estranha gente a ultrapassar os limites da probidade.
Parece que quase nada faz travar os senhores qu
e governam o País.
A redução dramática do nosso nível de vida, já de si muito circunscrito; o desemprego que aumenta sem freio; o ataque às pensões e às subvenções; o desprezo pelos velhos – o rol de iniquidades que este Governo indexa, todos os dias, com novas parcelas de agressividade é de molde a termos de responder.
A legalidade indiscutível das eleições não justifica, em democracia, a legitimidade de todos os actos. E os actos deste Governo suscitam as maiores apreensões.
A Igreja, pela voz dos seus mais qualificados prelados, tem vindo a dizer que esta situação de iniquidades não pode continuar impunemente.
O mal-estar é geral na sociedade portuguesa.
O Exército protesta, os bombeiros insurgem-se, os professores indignam-se. Nada parece demover ou comover o Executivo, que afina por um só som.

Agora, no Brasil, um tal Alexandre Mestre, que me dizem ser secretário de Estado da Juventude, lançou uma bojarda daqueles que merecem uma punição exemplar.


Disse o tal Mestre aos jovens desempregados que saiam da sua zona de conforto e tentem uma vida melhor no estrangeiro.
O senhorito entende que estar desempregado em Portugal constitui uma zona de conforto, admitindo, implicitamente, que os jovens sem emprego não fazem cá falta nenhuma.
O disparate e a tolice à solta podem, acaso, ser improfícuos quando não tomados a sério, e ditos por um beócio.
Dar-se-á a circunstância de o secretário de Estado se fixar nesta categoria?
A verdade é que, no Brasil, proferiu a enormidade sem que, até agora, nada lhe acontecesse de previsível, como, por exemplo, ir de escantilhão para a tal zona de conforto.
Que noções de política de juventude possui este senhorito?
Quem o descobriu para um cargo da natureza que preenche?
Que lê?
Para além do pensamento expresso naquela afirmação, que outras ideias tem ele da vida, dos jovens desesperados que procuram, infrutiferamente, emprego e futuro?
Do que é um país, uma pátria, um povo?
Sabe-se, pelo que a Imprensa ainda vai dizendo, que estes senhores têm sempre o futuro assegurado.
Depois de passarem pelos Governos, vão direitinhos para a privada, com chorudos vencimentos, mordomias variadas e sinecuras diversas.


O TENAZ SACRIFÍCIO DO SR. ENGENHEIRO


Nem mais a propósito, eis um extracto do editorial da revista Nova Gente, n.º 1833, que leva o título: Mira Amaral – Sacrifícios e Carro Novo.
Aqui está o excerto: Talvez por ser licenciado em Engenharia, Mira Amaral não prescinde dos dispendiosos carros produzidos pela indústria alemã que, muito provavelmente, aprecia pelo desempenho na estrada.
Do mesmo modo, e por incongruente que possa parecer, como mestre em Economia, o sr. engenheiro está de acordo com os cortes do Orçamento de Estado para 2012.
Teria sido esta dualidade do actual presidente do banco BIC tema de discussão com um amigo, durante um almoço num restaurante de um hotel luxuoso em Lisboa?
É que Mira Amaral discorda de Cavaco Silva quando este afirma ‘que há limites para os sacrifícios’, tendo explicado, a semana passada (à margem do 4.º Congresso Nacional dos Economistas), que ‘não tínhamos outra alternativa’ e que ‘todos os órgãos de soberania têm de remar no mesmo sentido.’ E acrescentou: A situação é perfeitamente dramática, já perdemos a soberania económica mas não o suficiente para ter comprado carro novo, um de alta cilindrada de marca alemã, em Julho deste ano, possante e por certo muito confortável.
O texto é ilustrado com quatro fotografias do visado, três das quais em que se prepara para conduzir um possante e por certo muito confortável BMW.

E assim vai a ditosa pátria.

B.B.

Etiquetas:

9 Comments:

At 5 de novembro de 2011 às 16:40, Anonymous Anónimo said...

Estamos entregues a grandes filhos da ...
Enquanto o povo não pegar em armas esta merda não se resolve.

 
At 5 de novembro de 2011 às 19:01, Anonymous Anónimo said...

Com uma classe política cheia de burros, incompetentes, trafulhas e ladrões foi nisto que a pátria de Luiz Vaz se transformou.

 
At 6 de novembro de 2011 às 11:33, Anonymous Anónimo said...

São estes trafulhas que diariamente mascaram de sacrifícios, o saque que estão a perpetrar

 
At 7 de novembro de 2011 às 13:18, Anonymous Anónimo said...

Se cá tivessemos outro Presidente da Câmara, isto estava mesmo bonito, estava!

 
At 7 de novembro de 2011 às 17:03, Anonymous Anónimo said...

Dêem lá um bmw ao esquerdalho ressabiado do baptista bastos para ver se ele se cala.

 
At 7 de novembro de 2011 às 17:47, Anonymous Anónimo said...

Grande ...!
Tomara tu chegares-lhe aos calcanhares, meu grande ...

 
At 8 de novembro de 2011 às 19:56, Anonymous Anónimo said...

o BB grande? só se for grande merda.

 
At 8 de novembro de 2011 às 23:29, Anonymous Anónimo said...

Estás a ver-te ao espelho?

 
At 9 de novembro de 2011 às 16:19, Anonymous J.U.M. said...

Quando tanto se fala da competitividade da nossa economia vale a pena recordar que o capitalismo português nunca viveu da competitividade da economia portuguesa, nunca cresceu em função do mercado, nunca gerou empresas competitivas. O capitalismo português sempre sobreviveu à custa de expedientes, de recursos alheios ou, quando entrou em crise, explorando ao limite os trabalhadores.

A crise poderá ter sido gerada pelos mais diversos factores consoante a preferência de cada um, mas a verdade é que com o fim dos subsídios europeus a crise do capitalismo luso era inevitável, como é inevitável a solução que está a ser encontrada pela direita, salvar as suas empresas e interesses económicos á custa dos trabalhadores.

É estranho que num país onde tanto se discute a competitividade na hora das soluções apenas se encontre uma, reduzir os rendimentos dos trabalhadores. Isto significa que o pensamento dos nossos economistas, empresários e políticos ainda é o mesmo do dos donos das minas de carvão inglesas do tempo da revolução industrial. Ou talvez pior pois esses ainda modernizaram as minas com a introdução da máquina a vapor e daí resultaram melhorias significativas para os mineiros.

Numa economia que desde a entrada na CEE foi alimentada por subsídios e onde a concorrência e o mercado foram substituídos pela corrupção esta crise era inevitável a partir do momento em que não houvesse mais para roubar. Nos últimos trinta anos os empresários de sucesso não foram os que melhor geriram as suas empresas, mais apostaram na competência ou os que mais inovaram, os empresários melhor sucedidos foram aqueles a que alguém na madeira designou por vendedores de sifões de retrete.

Não foram os mercados que escolheram as empresas mais competitivas, foram os jogos de bastidores nos ministérios, os financiamentos ilegais dos partidos, a corrupção generalizada na sociedade portuguesa, uma corrupção que vai para além do conceito estrito do código penal. Não admira que assalariados de políticos que enriqueceram rapidamente cheguem a primeiro-ministro ou que a moda seja os ministros transitarem para as administrações das grandes empresas. Até os candidatos a presidente já não dispensam que grandes grupos económicos lhes emprestem gestores para lhes dirigirem as campanhas.

A actual crise do capitalismo português é mais profunda do que se diz e é a crise de um modelo de capitalismo onde o mercado foi substituído pela corrupção. Não admira que viciados no dinheiro fácil tenham encontrado nos vencimentos e subsídios dos funcionários públicos o pote para se poderem continuar a lambuzar. Ainda nem sequer o OE está aprovado e já são emitidos despachos manhosos permitindo aos mais ricos que fujam aos impostos.

 

Enviar um comentário

<< Home