ESTA HISTÓRIA NÃO ACABA ASSIM
Os erros de Pedro Passos Coelho estão listados.
É dele e só
dele a responsabilidade da crise política que desaba.
É dele e só dele o romper
abrupto da estabilidade social que acumulava quinze meses de austeridade
tolerada. Passos Coelho errou em tudo.
No que decidiu, no que comunicou, no que
não fez, até na atitude desleal demonstrada na sua última oportunidade.
Na
entrevista à RTP, os portugueses quiseram ouvi-lo – foi das entrevistas com
mais audiência dos últimos anos.
Mas o primeiro-ministro voltou a exibir
insensibilidade e incoerência, ao culpar os portugueses pela recessão, tinham
consumido menos do que era esperado.
Como escreveu Manuel Esteves, somos
agora acusados de viver abaixo das nossas possibilidades.
Como sintetizou
Teresa de Sousa, Passos disse que, afinal, o Governo cumpriu, os portugueses
não.
As manifestações de Sábado foram muito mais do que
numerosas.
A tensão e raiva que lá se sentia fizeram das manifestações do 12 de
Março (há um ano e meio) uma caminhada pela paz e amor.
Nestas, pedia-se
justiça, demissões, convulsões.
Cada pessoa a quem se perguntava "por que
razão está aqui?" respondia com o seu próprio drama.
Muitas de lágrimas
dos olhos.
E agora?
"E agora?" é uma das perguntas que os cépticos das
manifestações, e alguns amnésicos sobre o que é a sociedade, costumam perguntar
no fim.
Como se uma manifestação tivesse apenas dois propósitos: enrolar as
bandeiras ou usá-las para partir montras.
Errado.
Os manifestantes é que
perguntam, exigem, "e agora?". É Passos Coelho quem tem agora de
responder.
O Governo responde com ameaça de cisão. Paulo Portas
respondeu com cinismo a Passos Coelho, dando sequência ao processo de
autodestruição da coligação. O pior cenário que temos pela frente é o de
eleições, mas deixar apodrecer um Governo de traidores é como usar uma máscara
de farinha ao vento.
É altura de Cavaco Silva intervir. E resolver.
Passos Coelho já perdeu esta luta porque já perdeu todas.
A
própria "chamada" de Cavaco Silva a Vítor Gaspar ao Conselho de
Estado, tornada pública, é um atestado de menoridade e um insulto ao
primeiro-ministro.
Cavaco chamou "quem sabe" e quem sabe é Gaspar.
É
esta a mensagem.
Da manifestação de 15 de Setembro à apresentação da proposta
do Orçamento do Estado decorrerá precisamente um mês.
Já não é possível
reconstituir o que havia colando os cacos, mas é preciso reerguer algo.
O
aumento da taxa social única para os trabalhadores tem de cair.
Até porque,
como disse ontem Maria João Rodrigues, há alternativas.
Mesmo sendo
alternativas de austeridade.
Este é o principal dano provocado pelo Governo: ter
destruído a disponibilidade para a dor que existia, porque vigorava o
sentimento de que este era um caminho duro mas de injustiça justamente
distribuída. Esse selo foi quebrado, irremediavelmente.
Como perguntou José
Gomes Ferreira, como vão ser agora aceites as próximas medidas de austeridade,
que obviamente surgirão daqui até 15 de Outubro?
Porque disso não nos livramos.
Depois das medidas extraordinárias deste ano (que incluem a concessão da ANA, em
vez de privatização), há um ror de austeridade para 2013 que não poderemos
evitar.
Os cortes na Função Pública e nos pensionistas, os impostos para
trabalhadores.
Na delirante mensagem que deixou vai para dez dias no
Facebook, o amigo, cidadão e pai Pedro escreveu uma frase certa:
"Esta
história não acaba assim".
Pois não.
Acabará de outra maneira.
Acaba mal
para Passos Coelho.
Mas não pode acabar mal para o País.
Pedro Santos Guerreiro
Etiquetas: Portugal Setembro de 2012
6 Comments:
A culpa da crise que se vive, é de todos nós, na medida em que contribuímos para a existência destes pseudo-políticos que nada mais têm feito do que roubar sem dó nem piedade. Estava na cara que este jotinha ia tratar de entalar o povo para poder pagar a factura aos barões de direita que o colocaram no poder. Se algum dia os políticos forem responsabilizados criminalmente pelos actos que comentem enquanto gestores do dinheiro dos nossos impostos, a situação talvez mude....se a justiça for igual para todos obviamente, o que não acontece hoje.
O povo de Lisboa tem grandes tradições de luta. Eles que se ponham a pau.
e as jogadas dos bancos nos aumentos de capital... vende-se umas ações mas passado algum tempo o próprio banco compromete-se a ficar com eles ganhando(na maioria) ou perdendo, ficando com essas ações em seu poder. se formos ver bem o mesmo fica com dinheiro ilusório que não existe... e ainda por cima depois recebem apoio do dinheiro do FMI... são estes que roubam descaradamente pagando ao seu executivo balurdios e cartões dourados ... quer dizer que foram estes senhores com o apoio do governo que desgovernaram por completo a vida social com base em venda de "sonhos" que alguns acabam por cair na lábia dos mesmos. A BANCA NO SEU MELHOR! e tambem em Ponte de Sor é assim, o municipio tem de ter a seu lado instituições financeiras e que o que "dão" terá de ter retorno no futuro e com lucro... mas quem o paga somos nós com a água a aumentar com o IMI a aumentar...!!! BOLAs
Isto só está bom para quem vive de subsídios do estado e da agricultura! E há muitos por cá.
Enquanto continuar a ver ricos a receber subsidios do governo, nao acredito que as coisas mudem. E olhem que ha bastantes cá no burgo!
Existe a cada dia que passa um maior distanciamento entre os partidos políticos e o país real. A coligação comete erros frequentes que preocupam os portugueses.
As "virgens" ofendidas do Partido Socialista deixaram o país na pré-bancarrota. É preciso ter lata, é preciso ter descaramento, hoje falam como "virgens puras", como se nunca tivesses governado este país.
O Carlos Zorro (criança enjeitada) zurra todos os dias. Tem dó mete a viola no saco e regressa à tua terra.
Metade dos deputados teem outra atividade muito bem remunerada, sem esquecer a vergonha das reformas que alcançam com poucos anos de trabalho.
O país está farto desta corja de calaceiros.
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