segunda-feira, 17 de setembro de 2012

ESTA HISTÓRIA NÃO ACABA ASSIM





Os erros de Pedro Passos Coelho estão listados. 
É dele e só dele a responsabilidade da crise política que desaba. 
É dele e só dele o romper abrupto da estabilidade social que acumulava quinze meses de austeridade tolerada. Passos Coelho errou em tudo. 
No que decidiu, no que comunicou, no que não fez, até na atitude desleal demonstrada na sua última oportunidade. 
Na entrevista à RTP, os portugueses quiseram ouvi-lo – foi das entrevistas com mais audiência dos últimos anos. 
Mas o primeiro-ministro voltou a exibir insensibilidade e incoerência, ao culpar os portugueses pela recessão, tinham consumido menos do que era esperado. 
Como escreveu Manuel Esteves, somos agora acusados de viver abaixo das nossas possibilidades. 
Como sintetizou Teresa de Sousa, Passos disse que, afinal, o Governo cumpriu, os portugueses não.
As manifestações de Sábado foram muito mais do que numerosas. 
A tensão e raiva que lá se sentia fizeram das manifestações do 12 de Março (há um ano e meio) uma caminhada pela paz e amor. 
Nestas, pedia-se justiça, demissões, convulsões. 
Cada pessoa a quem se perguntava "por que razão está aqui?" respondia com o seu próprio drama. 
Muitas de lágrimas dos olhos. 
E agora?
"E agora?" é uma das perguntas que os cépticos das manifestações, e alguns amnésicos sobre o que é a sociedade, costumam perguntar no fim. 
Como se uma manifestação tivesse apenas dois propósitos: enrolar as bandeiras ou usá-las para partir montras. 
Errado. 
Os manifestantes é que perguntam, exigem, "e agora?". É Passos Coelho quem tem agora de responder.
O Governo responde com ameaça de cisão. Paulo Portas respondeu com cinismo a Passos Coelho, dando sequência ao processo de autodestruição da coligação. O pior cenário que temos pela frente é o de eleições, mas deixar apodrecer um Governo de traidores é como usar uma máscara de farinha ao vento. 
É altura de Cavaco Silva intervir. E resolver.
Passos Coelho já perdeu esta luta porque já perdeu todas. 
A própria "chamada" de Cavaco Silva a Vítor Gaspar ao Conselho de Estado, tornada pública, é um atestado de menoridade e um insulto ao primeiro-ministro.
Cavaco chamou "quem sabe" e quem sabe é Gaspar. 
É esta a mensagem.
Da manifestação de 15 de Setembro à apresentação da proposta do Orçamento do Estado decorrerá precisamente um mês. 
Já não é possível reconstituir o que havia colando os cacos, mas é preciso reerguer algo. 
O aumento da taxa social única para os trabalhadores tem de cair. 
Até porque, como disse ontem Maria João Rodrigues, há alternativas. 
Mesmo sendo alternativas de austeridade.
Este é o principal dano provocado pelo Governo: ter destruído a disponibilidade para a dor que existia, porque vigorava o sentimento de que este era um caminho duro mas de injustiça justamente distribuída. Esse selo foi quebrado, irremediavelmente. 
Como perguntou José Gomes Ferreira, como vão ser agora aceites as próximas medidas de austeridade, que obviamente surgirão daqui até 15 de Outubro? 
Porque disso não nos livramos. 
Depois das medidas extraordinárias deste ano (que incluem a concessão da ANA, em vez de privatização), há um ror de austeridade para 2013 que não poderemos evitar. 
Os cortes na Função Pública e nos pensionistas, os impostos para trabalhadores.
Na delirante mensagem que deixou vai para dez dias no Facebook, o amigo, cidadão e pai Pedro escreveu uma frase certa: 
"Esta história não acaba assim". 
Pois não. 
Acabará de outra maneira. 
Acaba mal para Passos Coelho. 
Mas não pode acabar mal para o País.

Pedro Santos Guerreiro

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6 Comments:

At 17 de setembro de 2012 às 18:50, Anonymous Anónimo said...

A culpa da crise que se vive, é de todos nós, na medida em que contribuímos para a existência destes pseudo-políticos que nada mais têm feito do que roubar sem dó nem piedade. Estava na cara que este jotinha ia tratar de entalar o povo para poder pagar a factura aos barões de direita que o colocaram no poder. Se algum dia os políticos forem responsabilizados criminalmente pelos actos que comentem enquanto gestores do dinheiro dos nossos impostos, a situação talvez mude....se a justiça for igual para todos obviamente, o que não acontece hoje.

 
At 18 de setembro de 2012 às 03:22, Anonymous Anónimo said...

O povo de Lisboa tem grandes tradições de luta. Eles que se ponham a pau.

 
At 18 de setembro de 2012 às 22:11, Anonymous Anónimo said...

e as jogadas dos bancos nos aumentos de capital... vende-se umas ações mas passado algum tempo o próprio banco compromete-se a ficar com eles ganhando(na maioria) ou perdendo, ficando com essas ações em seu poder. se formos ver bem o mesmo fica com dinheiro ilusório que não existe... e ainda por cima depois recebem apoio do dinheiro do FMI... são estes que roubam descaradamente pagando ao seu executivo balurdios e cartões dourados ... quer dizer que foram estes senhores com o apoio do governo que desgovernaram por completo a vida social com base em venda de "sonhos" que alguns acabam por cair na lábia dos mesmos. A BANCA NO SEU MELHOR! e tambem em Ponte de Sor é assim, o municipio tem de ter a seu lado instituições financeiras e que o que "dão" terá de ter retorno no futuro e com lucro... mas quem o paga somos nós com a água a aumentar com o IMI a aumentar...!!! BOLAs

 
At 19 de setembro de 2012 às 10:57, Anonymous Anónimo said...

Isto só está bom para quem vive de subsídios do estado e da agricultura! E há muitos por cá.

 
At 19 de setembro de 2012 às 18:05, Anonymous Anónimo said...

Enquanto continuar a ver ricos a receber subsidios do governo, nao acredito que as coisas mudem. E olhem que ha bastantes cá no burgo!

 
At 20 de setembro de 2012 às 15:52, Anonymous Anónimo said...

Existe a cada dia que passa um maior distanciamento entre os partidos políticos e o país real. A coligação comete erros frequentes que preocupam os portugueses.
As "virgens" ofendidas do Partido Socialista deixaram o país na pré-bancarrota. É preciso ter lata, é preciso ter descaramento, hoje falam como "virgens puras", como se nunca tivesses governado este país.
O Carlos Zorro (criança enjeitada) zurra todos os dias. Tem dó mete a viola no saco e regressa à tua terra.
Metade dos deputados teem outra atividade muito bem remunerada, sem esquecer a vergonha das reformas que alcançam com poucos anos de trabalho.
O país está farto desta corja de calaceiros.

 

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