sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

ESTÁ TUDO NAS NOSSAS MÃOS















Chegamos a esta data com o desespero de quem não vê melhoras na situação. 
O ano foi terrível, não só pela imposição de uma ideologia que contradiz os princípios do humano, como pelo rol de mentiras, dissimulações, aldrabices que parece ter-se tornado em trivialidade. 
Aguentamos viver neste embuste? 
Aguentam, aguentam!, exclamou, grave e impositivo, o garboso banqueiro Ulrich, conferindo à extraordinária afirmação o cunho de um carácter e a marca de uma certeza em que só ele quer acreditar.
 
Entretanto, os ministros andam de um lado para o outro, sorrateiros e amedrontados, rodeados de guarda-costas, incapazes de olhar de frente quem os interpela. 
Há qualquer coisa de sórdido nesta situação, que parece prolongar-se até à náusea. 
As ondas de indignação e de protesto que varrem, transversalmente, o País não comovem o Governo. 
Os dias rolam sobre os dias e os meses varam os meses, sendo que, a toda a hora, algo acontece que nos humilha, entristece e desatina, como povo e como nação.

Um garotelho, pertencente a uma coisa que dá pelo nome de Juventude Social-Democrata, quis ter graça e invectivou Mário Soares, servindo-se, inapropriadamente, da frase chula que Juan Carlos de Espanha apostrofou Hugo Chavez. .
Não é mau que os mais novos sejam novos e irrespeitosos; o pior é quando o não são e assumem os ditos dos mais velhos. 
Soares tem os defeitos que se lhe conhecem, mas é notável que alguém com quase noventa anos se indigne, proteste e vitupere, com o vigor de quem se não resigna.

O panorama, neste fim de ano, é a moldura de uma queda abismal e trágica. 
Tivemos o azar de colocar em Belém um indivíduo inculto, possidónio, que só age para um lado e, mesmo assim, canhestramente. 
O dr. Cavaco é o almirante Américo Thomaz ressurrecto. E só não dá vontade de rir porque o seu comportamento é trágico: arrasta consigo, com as suas dubiedades e indefinições, um país inteiro.
 
Os milhões de portugueses que protestam, nas ruas de todo o país, encontram, na surdez indiferente do poder, um desprezo que se não coaduna com a própria natureza de quem deveria ter princípios democráticos. Mas o Governo anda de bandeira republicana na lapela do casaco, numa manifestação desarvorada de grotesco, e possui, da República (cujo feriado aboliu), um conceito de eguariço.

Uma pessoa de bem nada de bom ou de bem pode dizer deste Governo. 
É pena. 
Porque é outro, mais outro, a depredar os nossos sonhos e esperanças. 
O pior é que, quem vier, e quando vier, não saberá como sair da embrulhada. 
A Esquerda é o que é; e o PS tem um secretário-geral sem brio, sem grandeza e sem energia. 
E está rodeado de gente que o não aprecia, que o bajula porque ele é o que é: a evolução na continuidade.
 
Creio que o facto mais relevante ocorrido este ano foi a manifestação "inorgânica" de Setembro. 
Mas também creio que esse protesto imponente e impressionante não passou de isso mesmo: imponente, impressionante e sem continuidade ou de continuidade intermitente. 
Estamos a ser roubados em nome da legalidade do voto, e ainda não conseguimos alterar a natureza da situação. Circulam abaixo-assinados, como no antigamente da história, e, lendo-os, verifico que os nomes são os mesmos de há cinquenta anos. 
Velhos combatentes que se não resignam; porém, velhos. 
É bonito e exaltante; porém, velhos.
  
Passos Coelho e os seus estão a vender o País a retalho. 
As privatizações levantam sérias apreensões a muita gente; e a pressa com que elas estão a realizar-se acentuam as suspeitas da existência de negócios pouco claros. 
Aliás, tudo o que este Governo faz, diz ou pratica levanta logo um muro de desconfianças. 
A própria manutenção de Miguel Relvas como ministro faz parte do cardápio de preocupações generalizadas.

Não vejo como poder dizer algumas frases de contentamento, numa situação degradada moralmente e desesperada socialmente, como a nossa. 
Olhem: leiam livros, leiam os nossos grandes clássicos; frequentem a Bíblia, fonte de ensinamentos e de resistência; descubram a obra poética de Ruy Belo, que faria oitenta anos em Fevereiro; e tenham vergonha por aqueles que a não têm.
Bom Natal! 
Está tudo nas nossas mãos. 
Bom ano, se caso o acaso o permitir!

B.B.

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3 Comments:

At 21 de dezembro de 2012 às 19:12, Anonymous Anónimo said...

Há um ano, Passos Coelho admitia que 2012 seria difícil mas jurava que o ano de 2013 seria o ano do regresso ao crescimento. Passado um ano, como o novo ano está mesmo aí à porta e de crescimento nem o mais remoto sinal, as dificuldades transitaram de 2012 para 2013 e a retoma foi oficialmente adiada de 2013 para 2014. E, tal como há um ano, há dois, há três, há cinco, há sete, estamos mesmo quase, quase, quase a conseguir. E daqui a um ano, com mais desemprego, com uma dívida maior, com um PIB ainda mais reduzido, com ainda mais vidas e empresas destruídas, com mais fome e mais miséria, com mais impostos e mais reduções de salários e direitos, talvez já com os serviços públicos em mãos privadas e com despedimentos na Administração pública, cá estaremos para assistir novamente a mais discursos que oficializam a transição dos sacrifícios para o ano imediatamente a seguir e adiam o crescimento para o ano a seguir ao seguinte. A morte lenta em final de ano fala sempre assim.

 
At 22 de dezembro de 2012 às 17:51, Anonymous Anónimo said...

O Gaspar enganou-se outra vez.
De acordo com os dados publicados esta sexta-feira pela Direcção-Geral do Orçamento, a receita fiscal registou durante os primeiros 11 meses deste ano uma variação homóloga negativa de 5,2%.
Este resultado é pior do que o verificado até Outubro.
Segundo a DGO, a deterioração do ritmo de cobrança fiscal em Novembro deveu-se sobretudo ao facto de não terem sido pagos os subsídios de Natal a parte dos funcionários públicos e pensionistas, afectando o nível de retenções na fonte efectuados. Além disso, em comparação com o ano anterior, não se aplicou agora uma sobretaxa extraordinária de IRS.
Para compensar a quebra de receita fiscal originada pelos cortes salariais na Administração Pública, o Governo prepara mais cortes salariais na Administração Pública, despedimentos na Administração Pública e aumento do horário semanal de trabalho na Administração Pública.
A Constituição e a democracia estão suspensas até nova ordem.

 
At 26 de dezembro de 2012 às 17:55, Anonymous Anónimo said...

Só mesmo os "laranjinhas" e já não são todos, é que defendem este governo. Cada dia que passa estamos pior. O ministro Gaspar tem-se enganado praticamente em todas as previsões de receitas. Não acerta uma. E continuam com a burrice e a estupidez de aumentar os impostos. Está mais que provado, que cada vez que há aumentos de IVAS e afins, as receitas têm uma quebra brutal. Vejam o caso da restauração e bebidas, mas apesar do tal provébio "só os burros é que não mudam", estes "inteligentes" continuam a querer ser mais burros que os próprios burros! Boas Festas!

 

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