sexta-feira, 26 de outubro de 2012

ATÉ QUANDO?

Entende-se que, ante a baralhada da vida política e económica, António José Seguro não esteja muito interessado em assumir o poder. "Serei primeiro-ministro quando os portugueses quiserem", diz. 
Uma maneira extremamente habilidosa de salvar as aparências e de garantir uma espécie de resguardo da sua pessoa. 
Mas será António José Seguro o homem indicado para o momento certo? 
A verdade é que, com este sistema de "alternância" entre PS e PSD, não há volta a dar.  
Deixar Pedro Passos Coelho crestar em lume brando é uma estratégia que está a resultar. 
Entretanto, somos nós que pagamos, dolorosamente, a experiência ideológica de um grupo de políticos muito mal preparado, e de obstinação cega. 
O Orçamento do Estado, lido nos itens que se nos oferecem, é um documento pavoroso.

Neste ínterim, o dr. Cavaco demonstra, claramente, a dubiedade do seu carácter e as indecisões criminosas do seu espírito. 
Não há que contar com ele para uma alteração substancial das coisas. 
Os apelos feitos para que intervenha caem em cesto roto. 
Não é, somente, a sua alarmante falta de coragem moral, é a verificação de que está de acordo com as políticas ultraliberais desta claque. 
Nada de novo na frente ocidental.

Nada parece demover a classe dominante. 
A pobreza do povo português atinge as zonas da miséria. 
As instituições de apoio social, como a Caritas e outras ligadas ou não à Igreja, estão num sufoco. 
Aumentam os pedidos e escasseiam os géneros. 
A solidariedade nacional é posta à prova como nunca o foi. 
Famílias sem apoio do Estado, que se divorciou dos seus deveres fundamentais, aumentam dramaticamente todos os dias. 
Figuras de proa do Portugal contemporâneo, erguem as suas vozes protestando contra as decisões governamentais que empurram as populações para o abismo. 


Pior que tudo, são as centenas de milhares de jovens que abandonam o País, incentivados pelas afirmações fatais dos dirigentes, e pela inexistência da mais ténue réstia de esperança.

...

A estratégia do medo está instalada na nossa sociedade. E o abafo sob o qual vivemos nota-se todos os dias, nos mais escassos pormenores, na menor das nossas atitudes. 
No tempo do fascismo animava-nos a ideia de que outro tempo surgiria. 
Por isso, e para isso, os melhores de nós se bateram, foram presos, mortos e exilados. 
Que nos resta? 
Tentam dobrar-nos o carácter, enquanto amolecem o nosso querer.

Passos Coelho vai crestando, em lume brando, devido à falta de coragem daqueles que dirigem o País, e a crispação agrava-se, larvar e endémica como uma praga. As indicações que nos chegam são de molde a inquietar-nos. 
É curto o espaço entre a resignação e a indignação, dizia, há dias, o general Ramalho Eanes, com a sabedoria que se lhe reconhece. 
Torna-se claro que ninguém pode viver neste clima sem alma e sem perspectivas. 
Não é só a fome que nos assalta: é a sensação de que nos manietaram, de que nos desprezam e de que não nos ouvem.

Até quando podemos suportar este fardo, que pesa e nos esmaga? 
Até quando?

B.B. 

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13 Comments:

At 26 de outubro de 2012 às 17:34, Anonymous Anónimo said...

Como é que podem defender que os pobres e os miseráveis paguem uma crise que não criaram enquanto não têm uma palavra que seja para os verdadeiros culpados?
Como é que podem defender, sabendo que vamos a caminho dos 3 milhões de pobres e que as desigualdades entre ricos e pobres não param de aumentar, que os pobres e miseráveis devem ser ainda mais espezinhados?
Como é que podem defender que a solução para a crise é juntar fome à fome e miséria à miséria?
Como é que podem acordar de manhã e olhar os seus filhos nos olhos?
Que nunca passem fome, eles e os seus.
Mesmo sabendo que não são homens, são monstros.

 
At 26 de outubro de 2012 às 18:43, Anonymous Antonio Marques said...

A ultima frase do texto anterior ,é lapidar, e extremamente conciso, destes comentadores é que nós precisamos.

 
At 26 de outubro de 2012 às 18:45, Anonymous Anónimo said...

as pessoas já pensaram que têm de trabalhar muito mais e os patrões gerir muito melhor para se conseguir criar riqueza para todos, pois só assim conseguimos sair deste buraco?

As pessoas querem o quê? Que o estado continue a dar de comer a vadios e preguiçosos que nunca tarbalharam à custa do sufoco com impostos para quem trabalha e produz?

Enquanto o estado servir para engodar vadios com recurso a dinheiro de empréstimos como pode o país evoluir, criar, riqueza e trabalho e assim poder baixar a carga fiscal para quem trabalha?

Acham o quê, que estas medidas de redução das pensões é para chatear a malta, ou porque o estado não tem dinheiro para continuar a pagar estes valores?

E os funcionários públicos que durante anos mamaram bons ordenados, pagos ao dia certo, qualquer dia não há dinheiro para continuar a pagar esses ordenados.

A justiça social não pode continuar a ser meia dúzia a trabalhar que o estado aniquila com impostos para depois ir dar aos vadios, ciganos e outros malandros que nunca trabalharam e ainda andar a dar subsídios de desemprego durante três anos.

Trabalhem mais e produzam e depois podem então reclamar, agora, calem-se e tenham vergonha porque a maior parte desta gente que anda em manifestações e afins nunca trabalhou, nem quer.

 
At 26 de outubro de 2012 às 22:44, Anonymous Lopes da Costa said...

Será?

 
At 27 de outubro de 2012 às 19:18, Anonymous Anónimo said...

Este comentário está fora do seu contexto, porque já não encontro a página que falava do Diretor da EB2,3, Prof. Augusto Cândido Silvino Gomes.
Queria apenas deixar aqui referido que, em nome de quem ele afligiu com as suas prepotências, o referido professor FOI CONDENADO PELO TRIBUNAL ADMINISTRATIVO, por ação movida por mim, então docente naquela escola, por me ter inexplicavelmente enviado para Junta Médica, E PAGOU AS CUSTAS JUDICIAIS, OS HONORÁRIOS DO ADVOGADO E A MULTA. Em nome de quem "foi perseguido", como se lia aqui neste blogue.

 
At 28 de outubro de 2012 às 06:46, Anonymous Anónimo said...

ouvi dizer que a Isabel dos Santos ja controla o Hotel de Montargil e que o CS fugiu para o Brasil

 
At 28 de outubro de 2012 às 07:23, Anonymous Anónimo said...

O anónimo de Sexta-feira, Outubro 26, 2012 6:45:00 p.m., realmente nunca deve ter ido a uma manifestação. É que se tivesse ido, tinha percebido que a maioria das pessoas que está presente em manifestações são pessoas que trabalham mas que infelizmente vivem na mesma com muitas dificuldades, nomeadamente devido aos salários indignos que são pagos por patrões (e até mesmo pelo estado). Estão presentes também nestas manifestações pessoas que querem trabalhar mas que, infelizmente, não têm nem conseguem emprego, ou então estão em situação precária a falsos recibos verdes, prática muito apreciada por patrões sem escrúpulos e até pelo próprio estado. Experimente a ir um dia! Pode ser que consiga lá encontrar gente que não quer trabalhar e depois venha-nos então contar!

 
At 28 de outubro de 2012 às 19:52, Anonymous Antonio Marques said...

O opinador, do dia 26 de Outubro, ás 06:43, não deve ganhar o ordenado mínimo português, e ser confrontado, com a exigência do patronato, de produzir muito.Vá exigir muita produção a quem ganhar muito mais que os 485:00 euros mensais que representam o ordenado mínimo nacional.
Trabalhar muito mais, è preciso, ganhar um pouco mais , já assim não´
e, tenham juízo e um pouco de vergonha .

 
At 1 de novembro de 2012 às 16:23, Anonymous Anónimo said...

Graças ao Ganda Nóia podemos ir tranquilos tratar dos mortos porque já cá estão técnicos da Troika para tratar dos vivos.
Como Portugal está em termos de desenvolvimento social e científico algures entre o Borundi e as tribos esquecidas da Nova Guiné para ajudar os indígenas a refundir o Estado, algo como baralhar e dar de novo.
O pessoal da troika juntou a gaiatagem que andou a contratar nas consultoras e mandou-os para os gabinetes dizer aos palermas cá do sítio o que se deve fazer das instituições do Estado Português. Compreende-se, isto é um país de Miguel Relvas, gente que conseguiu títulos académicos graças a estágios em ranchos folclóricos, somos um povo de atrasados mentais a quem o Ganda Nóia tranquiliza com esclarecimentos que o Passos Coelho lhe mandou fazer.
O problema é que os rapazolas da Troika podem ter mesmo razões suficientes para nos considerarem atrasados mentais, temos que ver que eles não convivem com o povo comum, atura a mais fina intelectualidade lusa, gente com mentes brilhantes como o Passos Coelho, o Miguel Relvas, o Miguel Macedo ou o Aguiar-Branco. Convenhamos que depois de convivermos com uma besta quadradas que se referem ao seu povo como piegas ou cigarras não se fica com grande opinião sobre a capacidade mental de um país, antes pelo contrários, fica-se a recear que Portugal é um imenso pátio de uma CERCI e que a ajuda financeira em vez de ter sido dada em euros devia ter sido antes convertida em pirilampos mágicos.
Aliás, não se compreende porque razão o Passos Coelho tardou um ano e meio a pedir ajuda à troika, quando era líder do PSD e defendia que a crise financeira se resolvia eliminando as gorduras do Estado criou um site para que a miudagem da jota os ajudasse a encontrar formas de cortar despesas.
Em dois anos Passos Coelho cresceu um pouco, deixou de pedir ajuda à gaiatagem da JSD e percebeu que era melhor contar com a gaiatagem da troika.
Talvez agora o Vítor Gaspar, esse delegado de turma da CERCI em que se transformou o governo possa cumprir o seu próprio programa pois, tanto quanto se sabe, da reestruturação do Estado de que estava incumbido apenas conseguiu fundir o fisco (eu não diria fundir), fusão de que não resultou qualquer poupança e que paralisou a máquina fiscal, incentivando e facilitando a evasão fiscal, para além de produzir um novo estatuto do Banco de Portugal, protegendo a zona de conforto do ministro e do próprio secretário de Estado já que blidou o banco a quaisquer medidas de austeridade que afectem o rendimento dos funcionários públicos.
Talvez a gaiatagem da Troika explique ao Relvas quais as autarquias que se esqueceu de extinguir.
Agora é que vamos ficar mesmo modernos, o gaiato da Finlândia vai sugerir um fisco igual ao finlandês, teremos uma saúde igual à holandesa, uma polícia como a francesa e por aí adiante.
Cada gaiato pergunta à sua consultora como se faz no seu país, pede que lhe mandem a respectiva lei orgânica e Portugal vai parecer uma feira organizacional das Nações, isto porque temos um governo de imbecis que nada é capaz de fazer.
Tão imbecis que o seu porta-voz é o Ganda Nóia!
Isto só visto, contado ninguém acredita.

 
At 1 de novembro de 2012 às 19:50, Anonymous Filipe said...

Depois do aumento brutal de impostos para cumprir a meta orçamental de um défice de 4,5% do PIB em 2013, largamente excedidos todos os limites do suportável em matéria fiscal, em 2014, com um objectivo orçamental de 2,5% do PIB como tecto para o défice, a somar à reedição do assalto fiscal de 2013 teremos também cortes brutais na despesa, 4 mil milhões, conforme sugerido pelo próprio Governo.
Segundo Marques Mendes, que revelou que o FMI já está em Portugal a trabalhar nessa reforma, serão 500 milhões na defesa, justiça e segurança e 3 mil e 500 milhões na segurança social, saúde e educação.
O ex-presidente do PSD disse ainda que a reforma vai passar por várias concessões a privados, dando como exemplos as florestas, centros de saúde e os transportes públicos, pela mobilidade especial da função pública e pelo aumento de taxas moderadoras na saúde e de propinas na educação.
Depois, para os que sobrevivam, entrará em cena o tecto para o défice de 0,5% do PIB da chamada "regra de ouro" do tratado orçamental europeu, assinado a 2 de Março último pelos representantes de 25 dos 27 países membros da UE e que PSD, CDS e a maioria dos deputados do PS se apressaram a aprovar logo a seguir e sem referendo, a 13 de Abril, concedendo a Portugal e aos portugueses a honra suprema de termos sido o primeiro país a ratificá-lo.
Tudo isto para constatar que, ao contrário do que foi regra até aqui, más notícias servidas em pequenas parcelas de futuro de absorção mais suave e fácil, pela primeira vez, temos diante dos olhos um horizonte temporal suficientemente largo para compreendermos o que nos espera se nada fizermos para evitá-lo. É a hora do tudo ou nada.
Um dia de greve não chegará, terão que ser uma, duas, as semanas que forem necessárias para fazer cair este Governo assassino e depois elegermos representantes dignos do futuro que queremos.
Algo teremos que perder, vai ser duro, há que assumi-lo.
Mas é o que nos resta.
Não podemos dar-nos ao luxo de fazer como o burro daquela fábula cujo dono lhe foi sucessivamente reduzindo a dose de ração até que, um dia, inesperadamente, no preciso momento em que o dono já o tinha desabituado de comer, puf, irreversível fatalidade, o burro morreu.
Continuaremos a vestir a pele desse burro se nos limitarmos a esperar que o tempo passe.
Está na hora de agir.
Como homens e como mulheres.
Como gente.
Como povo dono do seu próprio destino.

 
At 2 de novembro de 2012 às 23:45, Anonymous Anónimo said...

Não entendi o comentário que fala do director da escola . Quem pagou a quem, o professor ou o director? Quem moveu o processo a quem? Há que esclarecer. É importante saber quem realmente está à frente da escola dos nossos filhos.

 
At 8 de novembro de 2012 às 10:54, Anonymous Anónimo said...

Vivó o Benfica, carago.e viva Cabo Verde.

 
At 8 de novembro de 2012 às 10:57, Anonymous Anónimo said...

Tenham cuidado não se constipem que os medicamentos estão esgotados!

Benfas Kid

 

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