segunda-feira, 10 de janeiro de 2005

ENGRAÇADINHOS SEM GRAÇA



Ontem, pela primeira vez, ouvi uma anedota sobre a tragédia no sudeste asiático. O humor é, por definição, uma subversão da normalidade e, quando observado por esse prisma, sempre me pareceu um fenómeno interessante. No entanto, fazer humor e contar piadas sobre aquilo que aconteceu e que ainda está a acontecer a milhões de pessoas nos países afectados por esta catástrofe parece-me desumano. É o luxo daqueles que imaginam que o seu pequeno mundo nunca será destruído. É a ignorância daqueles que nunca perderam ninguém, que acreditam que nunca irão perder ninguém e que vêem o mundo como uma brincadeirinha, um jogo de playstation, uma elaboração teórica que nunca os afectará. É a total falta de empatia em relação ao sofrimento dos outros – uma das principais marcas psicológicas dos psicopatas.Aos poucos, tornámo-nos num país de engraçadinhos. Em tudo se promove a gracinha. Ter graça, aos poucos, tornou-se mais relevante do que ter razão. Como chegámos a isto? Mais cedo ou mais tarde, tornar-se-á claro que o máximo que os engraçadinhos poderão alcançar será serem engraçadinhos. Quando se tornarem um pouco mais adultos e a vida lhes mostrar o quanto é triste perseguir um objectivo tão vazio, chegará a hora de lamentar o tempo perdido. Para o bem dos próprios e para o bem de todos, espero que não seja demasiado tarde.Isto foi o que disse à pessoa que me contou uma anedota sobre a tragédia no sudeste asiático.
José Luís Peixoto

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2 Comments:

At 10 de janeiro de 2005 às 11:29, Anonymous Anónimo said...

Até hoje nunca me meti na política activa.
Pela primeira vez vou apoiar este jovem escritor na sua campanha.
Faço-o pela mudança de mentalidades e de objectivos, pois não me revejo em nenhuma das outras forças políticas.
Vou apoiar o Bloco de Esquerda e este jovem na sua campanha.
Conta com o meu apoio.
Força Zé Luís.

Maria José

 
At 10 de janeiro de 2005 às 15:07, Anonymous Anónimo said...

Vamos dar a volta a isto.
Vou votar no B.E.
Maria Clara

 

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