segunda-feira, 14 de fevereiro de 2005

ERA UMA VEZ UMA CIDADE QUE QUERIA SER TRANSFORMADA....


Era uma vez uma cidade que queria ser transformada....
Queria ser moderna, modernaça como todas as outras !!!
Ó Pra Ela !!!
Dar conforto aos seus habitantes!!
Tornar-se saudável, segura e aprazível.
Como sempre acontece onde vive muita gente, as opiniões dividem-se: uns afirmam que estavam a consegui-lo, outros queixam-se de que cada vez se afastava mais desse objectivo. Logo se levantaram vozes dizendo que o povinho estraga tudo e não tem educação, sem se lembrarem de apontar o dedo a quem autoriza a romaria.
Que cidade!!!!
Se ainda existisse o jornalista que relatava os acontecimentos teria terminado a descrição “ e esta, heim!”
Galateia de Pompeia

13 Comments:

At 14 de fevereiro de 2005 às 15:07, Anonymous Anónimo said...

Burgueses somos nós todos
ou ainda menos.
Burgueses somos nós todos
desde pequenos.

Burgueses somos nós todos
ó literatos.
Burgueses somos nós todos
ratos e gatos.

Burgueses somos nós todos
por nossas mãos.
Burgueses somos nós todos
que horror irmãos.

Burgueses somos nós todos
ou ainda menos.
Burgueses somos nós todos
desde pequenos.»

 
At 14 de fevereiro de 2005 às 15:59, Anonymous Anónimo said...

A CIDADE PARA PLATÃO

O conceito de mímesis que aparece nos Livros III e X da República de Platão, é considerado o conceito central da concepção platônica de poesia e talvez de sua “estética”. Segundo Eric Havelock, o termo mímesis é “a mais instável das palavras do seu vocabulário filosófico”.

No livro III, 393c, Platão nos diz que “os poetas fazem a sua narrativa por meio da imitação” ou mímesis. Faz a distinção, Platão, de uma narração onde não haveria imitação, a narrativa simples; de uma narração, em prosa ou poesia, que seria toda imitação; e outra narrativa constituída por um misto das duas.

Nesse primeiro momento, então, a palavra mímesis é empregada para definir um método de composição, uma classificação de estilos. O termo começa a ficar ambíguo, quando Platão desloca-o para descrever também a atuação por parte de um ator, ou orador.

Num terceiro momento o contexto da discussão desvia-se da questão artística, para o da educação. Mímesis, passa a ser aplicado ao trabalho do aprendiz que imita aquilo que busca aprender e dominar.

O foco está agora na formação dos ‘guardiães’ da cidade ideal e o treinamento adequado para transformá-los em homens com uma conduta moral ilibada. É necessário para isto, discernir os gêneros inadequados de mímesis.

Na cidade ideal, seria então admitida a imitação sem mistura do homem de bem; aquela que possa servir como modelo de comportamento e conduta.

No final de 393d, podemos perceber no texto o caminho que será desenvolvido no livro X; pois se no livro III, nem toda poesia mimética será banida, no livro X diz exatamente o contrário: a “poesia na medida em que é mimética” deverá ser banida da cidade ideal.

Conforme Havelock, da forma como se desenrola a discussão no Livro X, evidencia-se que a mímesis deve ser considerada como equivalente a toda a poesia. Além disso, Platão a utiliza em relação ao envolvimento do público na representação, manifestando assim sua preocupação com o domínio público da poesia e com o relacionamento entre poeta e ouvinte.

A poesia é então definida como se encontrando a três graus afastada do verdadeiro ser, da forma ou idéia. Ou seja, há a idéia da coisa (sua forma primordial), a coisa em particular e a sua representação artística.

A noção de mímesis, no Livro X, adquire um sentido mais técnico, definindo a condição e o valor da poesia em relação a episteme e a verdade. Esta definição indica que o discurso poético seria um tipo de ilusionismo. E isto se aplicaria ao conteúdo de todo o discurso poetizado.

A verdade nesse tipo de discurso seria expressa de maneira condicional, em oposição às certezas da episteme, derivada do mundo das Formas.

A mímesis como imitação daquilo que já é imitação, aumentaria ainda mais a distância do supra-sensível ao sensível. A mímesis, se aproxima então da doxa (como fica claro no diálogo Sofista de Platão), e tende, como a opinião, ao não-ser.

A mímesis, me parece, tem uma característica muito parecida com a do Sofista. Quando pensamos que a agarramos ela escorrega por entre os dedos. Havelock chama atenção ao seu caráter “protéico”, em outras palavras, o mesmo caráter polimorfo do Sofista de cem cabeças.

Se os paradoxos não se resolvem, pelo menos emanam um fascínio e fecundidade que nos impulsionam de volta a leitura e releituras do texto de Platão.

Bibliografia

PLATÃO. A República. Tradução de Maria Helena da R. Pereira.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1987.

 
At 14 de fevereiro de 2005 às 18:47, Anonymous Anónimo said...

Os grandes de espírito que ficarão inscritos do tempo para a eternidade construíram ao longo da sua vida uma visão do mundo, com pilares e cúpulas de sabedoria, de arte temperada pela cultura vivenciada ou interiorizada, pela amizade, a procura de paz, de luz, de serenidade, no meio de todos os desastres da vida.
Há quem procure dar e quem dê vida à estátua que fabrica, como o escultor Pigmalião que - no mito clássico e ovidiano, narrado por Orfeu (Ovídio, Metamorfoses, X) - procurou que Vénus animasse a sua estátua. Segundo o mito de Pigmalião, o que pode transformar tudo é o amor e não a arte.Falta quem compreenda que a estátua mais funda é a estátua interior que cada um vai construindo.O pensamento e a vida do Homem moderno e contemporâneo, tanto têm preocupado os que procuram a dimensão mais funda - a do espírito - do Homem, na sua travessia do corpo, do tempo...São cada vez mais raros os que procuram a beleza temperada pela lucidez, os desafios, a consciência dos limites, a fibra da vida. E a vida é cada vez mais forte e frágil quando nos apercebemos da sua efemeridade, da sua impotência perante as catástrofes que em segundos podem destruí-la.

Galateia (nome dado á cidade por Pafo)

Galateia de Pompeia

 
At 14 de fevereiro de 2005 às 19:55, Anonymous Anónimo said...

Opsssssssssss
As minhas minhas desculpas mas onde se lê "Calateia"no post deve ler-se Galateia. Só agora reparei....

Galateia de Pompeia

 
At 15 de fevereiro de 2005 às 13:20, Anonymous Anónimo said...

Aos que virão depois de nós

I

Eu vivo em tempos sombrios.
Uma linguagem sem malícia é sinal de estupidez,
uma testa sem rugas é sinal de indiferença.
Aquele que ainda ri é porque ainda não recebeu a terrível notícia.

Que tempos são esses, quando
falar sobre flores é quase um crime.
Pois significa silenciar sobre tanta injustiça?
Aquele que cruza tranqüilamente a rua
já está então inacessível aos amigos
que se encontram necessitados?
É verdade: eu ainda ganho o bastante para viver.
Mas acreditem: é por acaso. Nado do que eu faço
Dá-me o direito de comer quando eu tenho fome.
Por acaso estou sendo poupado.
(Se a minha sorte me deixa estou perdido!)

Dizem-me: come e bebe! Fica feliz por teres o que tens!
Mas como é que posso comer e beber,
se a comida que eu como, eu tiro de quem tem fome?
se o copo de água que eu bebo, faz falta a quem tem sede?

Mas apesar disso, eu continuo comendo e bebendo.
Eu queria ser um sábio.
Nos livros antigos está escrito o que é a sabedoria:
Manter-se afastado dos problemas do mundo
e sem medo passar o tempo que se tem para viver na terra;

Seguir seu caminho sem violência,
pagar o mal com o bem,
não satisfazer os desejos, mas esquecê-los.
Sabedoria é isso!
Mas eu não consigo agir assim.
É verdade, eu vivo em tempos sombrios!

II

Eu vim para a cidade no tempo da desordem,
quando a fome reinava.
Eu vim para o convívio dos homens no tempo da revolta
e me revoltei ao lado deles.
Assim se passou o tempo
que me foi dado viver sobre a terra.
Eu comi o meu pão no meio das batalhas,
deitei-me entre os assassinos para dormir,
Fiz amor sem muita atenção
e não tive paciência com a natureza.
Assim se passou o tempo
que me foi dado viver sobre a terra.

III

Vocês, que vão emergir das ondas
em que nós perecemos,
pensem,
quando falarem das nossas fraquezas,
nos tempos sombrios
de que vocês tiveram a sorte de escapar.
Nós existíamos através da luta de classes,
mudando mais seguidamente de países que de sapatos,
desesperados!
quando só havia injustiça e não havia revolta.

Nós sabemos:
o ódio contra a baixeza
também endurece os rostos!
A cólera contra a injustiça
faz a voz ficar rouca!
Infelizmente, nós,
que queríamos preparar o caminho para a amizade,
não pudemos ser, nós mesmos, bons amigos.
Mas vocês, quando chegar o tempo
em que o homem seja amigo do homem,
pensem em nós
com um pouco de compreensão.

Bertolt Brecht

 
At 15 de fevereiro de 2005 às 13:40, Anonymous Anónimo said...

Nós sabemos:
o ódio contra a baixeza
também endurece os rostos!
A cólera contra a injustiça
faz a voz ficar rouca!
Infelizmente, nós,
que queríamos preparar o caminho para a amizade,
não pudemos ser, nós mesmos, bons amigos.
Mas vocês, quando chegar o tempo
em que o homem seja amigo do homem,
pensem em nós
com um pouco de compreensão.


Aquui não há ódio... Há é descontentamento da parte do povo. Porque vocês quando cá estiveram a governar o concelho e não foi pouco tempo, foi só para engordarem a vossas contas bancárias. Cairam aqui sabe-se lá de onde? E hoje é vê-los bem orientados, com os filhos bem formados, e com grandes bombas topo de gama: mercedes, cherokees, jeeps volkwagens, é tudo à grande Comunistas Fascistas Oportunistas, é o que vocês são. Da foto em causa vejo o Cine-Teatro ao fundo que só não foi comprado por nenhum de vós porque não houve tempo, ou então vendido como venderam a esplanada do cinema que era nossa dos pontessorenses, ou como os terrenos à volta do cemitério que são todos vossos.
Força Dr. Taveira Pinto, faça da Ponte de Sor uma grande cidade, porque o povo amigo está consigo.
Viva Ponte de Sor.

JA Dias

 
At 15 de fevereiro de 2005 às 22:07, Anonymous Anónimo said...

Aos que comprendem

"(...)o sentido ultimo da arte, da filosofia da ciência, da psicanálise e de toda a cultura:ajudar a transformar os "pensamentos impensados " dos outros e de nós próprios, contribuir para que nos outros, e em nós, nasça uma vez, e outra, e outra ainda, o desejo de "criar o mundo", e a capacidade para reconstrirmos, vez após vez, a ilusão de o termos conseguido.(...)Creio que toda a filosofia de Heidegger é uma tentativa de esclarecer "a questão do sentido do ser ", a que ele dedica, explicitamente, a sua primeira obra importante, O Ser e o Tempo. No final da sua obra,Heidegger sugere, de vários modos, que o sentido do ser se esconde na palavra, que é na Poesia que o ser se revela, que é Ela que o "guarda": "a palavra é a casa do ser"(...) "
João Sousa Monteiro

Galateia de Pompeia

 
At 16 de fevereiro de 2005 às 14:04, Anonymous Anónimo said...

Dói não dói...
Sayonara Camaradas!
O Povo Unidos jámais será vencido...(bis)

JA Dias

 
At 16 de fevereiro de 2005 às 14:05, Anonymous Anónimo said...

O Povo Unido jámais será vencido. (bis)

 
At 16 de fevereiro de 2005 às 15:37, Anonymous Anónimo said...

JA Dias
VAI CHATEAR OS TEUS DONOS...

 
At 16 de fevereiro de 2005 às 15:48, Anonymous Anónimo said...

Em Ponte de Sor, sempre houve umas "bestas de uns lacaios", que falam de tudo, mas não sabem bem o que se passa, falam porque alguem disse.
Quando se lhe pede que provem o que afirmam aí é o pior.
Ontem aqui, foi feito um desafio, parece que não foi aceite, em vez disso continuam a querer ofender, não sei bem quem?
Mas talvez seja um defeito meu.
Este blog tem denunciado factos concretos, por isso eles se sentem muito.
Ainda nos falta saber:
QUAL O VALOR DAS CHAMADAS ERÓTICAS FEITAS NOS TELEFONES DA CÂMARA?

 
At 16 de fevereiro de 2005 às 22:31, Anonymous Anónimo said...

" O homem que fala está para lá das palavras,perto do objecto;
o poeta está para aquém.
Para o primeiro, são serviçais;
para o segundo, permanecem no estado selvagem.
Para aquele, são convenções úteis,
utensílios que se gastam pouco a pouco
e que se deitam fora quando já não servem;
para o segundo, são coisas naturais
que crescem naturalmente,
como a erva e as árvores."
Jean Paul Sartre,"O que é a Literatura?"in Situações II 1968,p.62

Galateia de Pompeia

 
At 17 de fevereiro de 2005 às 20:13, Anonymous Anónimo said...

A interrupção da linguística, em fins do sec. XIX, levou a um novo”questionar” da linguagem poética.
Os filósofos e os gramáticos, desde Aristóteles, interrogaram a língua da poesia a partir do seu ponto de vista. É em grande parte a esta língua que a antiga retórica consagra as suas análises e taxionomias, particularmente à retórica das figuras.
É importante sublinhar que desde há muito, bem antes da “revolução linguística”, os poetas, os críticos e os gramáticos se interrogam sobre a natureza fonética dos textos poéticos e os seus significados. Na origem desta reflexão, encontramos um antiquíssimo debate exposto por Platão no diálogo Crátilo. A questão colocada neste diálogo é a de saber se os nomes representam efectivamente as coisas ou se limitam a ser convenções “arbitrárias”ou “não motivadas”. É um debate que dividirá os filósofos ao longo da história.
Na realidade, os poeticistas contribuíram grandemente para fazer com que a poesia fosse levada a sério, inclusive pelos pedagogos. Porém, não deixa de ser significativo constatar que são os filósofos que permitem, da forma mais pertinente justificar a poesia.
Então vamos aqui dar a palavra a dois filósofos: a Heidegger tão contestado actualmente pelo seu passado politico e Jean- Paul Sartre, rapidamente rejeitado para o purgatório, muito pouco poeta na sua escrita, notável critico de Baudelaine e de Mallarmé e um dos mais pertinentes analistas da especificidade da poesia no campo da literatura. Estes dois pensadores dizem que a poesia é muito mais que uma forma ornamental do discurso: é uma maneira de ser.
Para se compreender o interesse de uma reflexão filosófica sobre a poesia creio que interessa meditar nesta reflexão de Hegel sobre a poesia, presente na sua obra Estética: “ a poesia, cria com toda a liberdade para explicitar de uma forma tão perfeita quanto possível o conceito das coisas e para realizar um acordo entre as existências externas e a sua essência íntima “. Para o filosofo de Fenomenologia do Espírito, a poesia estabeleceria a impossível dialéctica entre o interior e o exterior, entre a existência e a essência.
“ O poeta estimula o aparecimento do irreal e do sonho perante a realidade ruidosa e palpável que pensamos ser o nosso mundo. E, contudo, o que é real é, pelo contrário, o que o poeta afirma e o que assume ser. “ Heidegger
Esta “progressão” em direcção ao real através do imaginário e do “sonho “ é, sem dúvida, a atitude pedagógica mais contestada por um sistema educativo estritamente cartesiano, que nem sempre compreendeu que, mesmo as ciências modernas mais de ponta, a inquietação é constantemente fomentada por utopias e hipóteses problemáticas, como a epistemologia Bachelard tão bem demonstrou.
Galateia de Pompeia

 

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