segunda-feira, 14 de março de 2005

QUE IDEIA !!!



- Então quem és tu?- perguntou
- Eu sou a Ideia. – respondeu.
Era uma cidade pequena, que lhe custou a encontrar, tinha uma planície serena, quer dizer foi onde conseguiu aterrar...
- Será que aqui vai ser algum dia um Aeródromo! – pensou.
- Que cidade é esta? Perguntou ele logo que a escadinha baixou sobre o local escolhido.
- Qual cidade, qual Quê!!– disse um guardador de ovelhas (pastor) que por ali andava e continuou: - a cidade é lá mais “adienti, aqui é só pastos seco e covas …
O desconhecido sorriu e tomou nota desta nova descoberta. Durante algum tempo o desconhecido que era muito paciente permaneceu. Visitou as suas ruas, as suas rotundas com os seus respectivos repuxos, os seus jardins floridos, a sua fonte que tinha vestígios de ter sido uma bela fonte, o rio e a sua ponte… A ponte, o ponto mais AHHH da sua descoberta e como as obras estavam paradas subiu e sentou-se. Sentadinho mesmo no meio da ponte, foi ali que ele deu aquela palmadinha que a gente costuma dar mesmo no alto da testa quando entende de repente o que se quer entender….
“ Ocorreu-me hoje, doutor, que devia montar-se lojas de vender palavras e citações. Melhor ainda, mercearias de palavras - locais onde se pudesse ir de saco na mão, tactear e escolher: arranje-me um quilo de palavras, por favor.
A importância das palavras está no recorte dos silêncios: são as omissões que expressam ideias, até mesmo sentimentos.
Devia mesmo criar-se um Departamento para a Sistemática e a Taxonomia da Palavra.
Ah!!! Assim, até tornar visível a vulnerabilidade do não dito e inaudível a tolice do dizível.
E depois, doutor, que me viesse o silêncio. O silêncio que se mora e invade e habita, que come a fome do silêncio…”

Se ainda existisse o jornalista que relatava os acontecimentos teria terminado a descrição” e esta, heim!

Galateia de Pompeia

1 Comments:

At 14 de março de 2005 às 16:25, Anonymous Anónimo said...

Que ideia esta...
O velho campo da aviação há muito que não existe...dizem os antigos que o último aeroplano aterrou lá ainda antes da segunda grande guerra.
As ruas da cidade, onde há muito os habitantes se sentavam à soleira da porta para uns dedos de conversa e os putos jogavam às voltas a portugal, com ciclistas de caricas de pirolitos do Sr. Paulo, hoje permanecem vazias... sinais dos tempos ou um meio de economizar palavras em tempo de "vacas magras"...
As rotundas essa modernice de "autarcas broncos", que nunca foram necessárias, nascem como os fungos.
No jardim havia um repuxo e patos no lago.
Os dois operários encarregues do jardim faziam maravilhas nos canteiros.
A Fonte da Vila, com as suas duas bicas matava a sede a todos, o João Calado, homem que era um arquivo vivo da vila, há muito que lhe dedicara um poema sem economizar palavras.
Passados muitos anos, um grupo de Pontessorenses, dedicou um dia de trabalho a devolver o antigo brilho à velha fonte...
Como ela ficou linda, com a sua árvore centenária a dar-lhe sombra, na qual muitos de nós à sucapa namoriscavamos as moças, enquanto a bilha se enchia de água, quantas palavras foram ditas à sombra desta árvore, no muro da fonte...

A ponte fica para mais tarde...

(continua...)

 

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