IT'S MACAU STUPID!!!
A Teoria do Homem-cato
Os políticos, por regra, deveriam ser as pessoas melhor preparadas em todos os domínios, deviam concentrar em si a sabedoria, a razão, a inteligência, enfim, deveriam ser pessoas especiais cheias de metais dentro de si, que o povo reconhecesse imediatamente como tendo aqueles características e qualidades excepcionais e que mais ninguém tem dentre eles na colectividade.
Ora quando vejo o Sr. Dr. Alberto Costa, e já não é de agora mas de sempre - actual ministro da Justiça do governo socialista de J. Pinto de Sousa Sócrates, e daqui não decorre a escandaleira que cometeu ao nomear uma pessoa amiga e/ou familiar para ganhar 600 cts mensais para lhe alterar os conteúdos do site da Justiça que não temos, - nunca lhe reconheci nenhuma daquelas qualidades. Isto não é nenhuma antipatia pessoal para com o senhor, que deve ser um "torrãozinho" de pessoa, porventura duma gentileza excessiva que até aborrece qualquer espírito esclarecido. Mas enfim, quiseram as circunstâncias, as amizades e tudo o mais que ele fosse o eleito para a Justiça. A vida tem destas coisas, e a vida política gera e reproduz estas aberrações que não passam de absurdos. E como todos os absurdos, são inexplicáveis..
Seria suposto, mormente na área da Justiça, que os ministros fossem homens altamente preparados, também filósofos para equacionar todas as questões da governação transversalmente, e sai-nos o Sr. Dr. Costa. Ora isto não pode ser. Isto, porque há uma sensação generalizada que os melhores não estão no Poder, gera uma tremenda convicção de injustiça. Precisamente, porque as qualidades que acima enunciámos para os políticos não são, na realidade, aquelas que verdadeiramente ostentam.
Hoje, o poder espelha não uma auréola de saber, talento e razão - mas situações de mero oportunismo e de taticismos gerados pelos interstícios dos sistemas político-partidários, os verdadeiros cancros deste sistema de reprodução de pessoal político. Que produz deputados, ministros e o mais que ajudam a ganhar eleições no momento certo, no lugar certo e com as pessoas certas...
Quando, a título de exemplo, se olha para toda a actuação pensada, falada e agida do Sr. Ministro A. Costa - que bem poderia ser "Ministro dos conteúdos" da SIC - dada a crise em que esta estação se encontra, não conseguimos vislumbrar que aquelas qualidades se lhe apliquem.
E isto, repito, nada tem contra a pessoa em causa, mas sim contra toda a sua performance política, ou seja, dos actos públicos cometidos à sombra dessa função e estatuto. Mas vejamos a coisa sem ser pela lente daquela ignominiosa nomeação que é, em si, verdadeiramente escandalosa, e que deveria ser imediatamente corrigida, sob pena do ministro justificar no Parlamento que as valências técnicas da licenciada nomeada substanciam, técnica e operacionalmente, aquela decisão de despacho que só custa 600 cts ao erário público mensalmente.
Mas vejamos as coisas pelas verdadeiras características que a Política deveria ter através dos seus titulares. Muita gente vai para a Política, e depois de lá estar conclui que não tem a mínima condição pessoal, psicológica ou outra para lá estar. Muitos brilhantes cientistas e historiadores só aguentaram ser deputados por meses. Depois renunciaram. Lembro-me de conhecido articulista Vasco Pulido Valente.
Ora daqui decorre uma lei que deveria ser mais observada em Portugal, em nome da qualidade das nossas elites políticas - que manifestamente não temos. E as universidades também não as geram porque estão - também elas - impregnadas de gente cunhada e admitida para a carreira académica sem revelar qualidades científicas para o efeito. Logo, há todo um sistema de reprodução de elites que está podre, e, assim, vai apodrecendo o País à velocidade que rola a bola da globalização competitiva neste burgo cada vez mais repleto de pessoas infelizes e frustradas.
Mas o caso do perfil psico-político do chamado Ministro dos "conteúdos" - revela bem o marasmo em que a condição política e de ser político em Portugal - caíu. Ou seja, em Política os moderados gostam de viver tranquilamente, são demasiado pacíficos na sua casa e querem sê-lo também na esfera pública. A regra é, como denota o titular da Justiça, não abrir conflitos nem rupturas, e passam a vida a debitar "falinhas mansas" a fim de se aguentarem nos cargos. Para servir a causa pública? Certamente, que Não!!! Fazem-no para continuar a usufruir das condições e dos status que a condição política lhes confere. A eles, a seus familiares que nomeiam a torto e a direito e a muitos amigos distantes ou próximos. Sempre foi assim, mas deveria limitar-se estas práticas de puro nepotismo e de corrupção das almas que graçam escandalosamente em Portugal. E aquele despacho, até prova em contrário, é um exemplo negativo de tal prática.
E por serem moderados de mais, pacíficos em demasia, são incapazes de combater os interesses corporativos com que se deparam, ou seja, ficam à mercê de quem os atacar. Senão mesmo, por feitio e têmpera, da sua própria personalidade atávica.
Por outro lado, os políticos também não podem ser violentos, ié, não podem cair no pólo oposto. Porque assim não servem os superiores interesses da Nação, especialmente na área da Justiça - transversal por natureza, confinante com todos os sectores dinâmicos da sociedade e da economia, daí a sua relevância.
Sendo moderados em demasia, e pouco ou nada agerridos, encontramos o perfil dos políticos portugueses. Quer dizer, sendo moderados ficam prisioneiros dos interesses corporativos que os passam a dominar; sendo violentos suscitam inimigos, geram quadros de múltipla conflitualidade social e arruinam o clima de paz e de concórdia sociais que arrastam o País para a ruína.
Em suma: quando vejo o Sr. Dr. Costa, ministro da Justiça - ou dos "conteúdos" - lembro-me da Teoria do Homem-cato que aqui inventámos há já algum tempo. São homens que não se podem aproximar de nada nem de ninguém, senão estragam tudo. Quer por defeito (moderação), quer por excesso (violência).
O Dr. Costa é, apenas, um reflexo mui tímido dos demais políticos nacionais. Resulta de um espirro da nação que tem sido insistentemente incapaz de gerar elites políticas de qualidade. Preparadas técnica, cultural e políticamente para os desafios que a conjuntura exigente de globalização competitiva exige.
O homem-cato tem de viver isolado. Se fôr para a política estraga tudo. Faz como Dr. Costa. Não tem perfil, vocação nem têmpera para lá estar. E, contudo, pode ser um "torrãozinho" de pessoa, mas fora da esfera pública que mexe com o dinheiro e as opções políticas de todos nós.
O política ideal, como diria Platão, é, como sabemos, o Rei-Filósofo. Firme mas não moderado; firme mas não violento. Buscamos esse homem na Política portuguesa. Nós procuramo-lo - sim - mas só encontramos homens-cato...
Parece que em Bruxelas alguns blogs aqui postados já fazem algum sucesso. É que os tugas já começam por lá a ser conhecidos pelos homens-cato... E nós, por cá, ainda não nos conseguimos ver livres de tais picos...
Ora quando vejo o Sr. Dr. Alberto Costa, e já não é de agora mas de sempre - actual ministro da Justiça do governo socialista de J. Pinto de Sousa Sócrates, e daqui não decorre a escandaleira que cometeu ao nomear uma pessoa amiga e/ou familiar para ganhar 600 cts mensais para lhe alterar os conteúdos do site da Justiça que não temos, - nunca lhe reconheci nenhuma daquelas qualidades. Isto não é nenhuma antipatia pessoal para com o senhor, que deve ser um "torrãozinho" de pessoa, porventura duma gentileza excessiva que até aborrece qualquer espírito esclarecido. Mas enfim, quiseram as circunstâncias, as amizades e tudo o mais que ele fosse o eleito para a Justiça. A vida tem destas coisas, e a vida política gera e reproduz estas aberrações que não passam de absurdos. E como todos os absurdos, são inexplicáveis..
Seria suposto, mormente na área da Justiça, que os ministros fossem homens altamente preparados, também filósofos para equacionar todas as questões da governação transversalmente, e sai-nos o Sr. Dr. Costa. Ora isto não pode ser. Isto, porque há uma sensação generalizada que os melhores não estão no Poder, gera uma tremenda convicção de injustiça. Precisamente, porque as qualidades que acima enunciámos para os políticos não são, na realidade, aquelas que verdadeiramente ostentam.
Hoje, o poder espelha não uma auréola de saber, talento e razão - mas situações de mero oportunismo e de taticismos gerados pelos interstícios dos sistemas político-partidários, os verdadeiros cancros deste sistema de reprodução de pessoal político. Que produz deputados, ministros e o mais que ajudam a ganhar eleições no momento certo, no lugar certo e com as pessoas certas...
Quando, a título de exemplo, se olha para toda a actuação pensada, falada e agida do Sr. Ministro A. Costa - que bem poderia ser "Ministro dos conteúdos" da SIC - dada a crise em que esta estação se encontra, não conseguimos vislumbrar que aquelas qualidades se lhe apliquem.
E isto, repito, nada tem contra a pessoa em causa, mas sim contra toda a sua performance política, ou seja, dos actos públicos cometidos à sombra dessa função e estatuto. Mas vejamos a coisa sem ser pela lente daquela ignominiosa nomeação que é, em si, verdadeiramente escandalosa, e que deveria ser imediatamente corrigida, sob pena do ministro justificar no Parlamento que as valências técnicas da licenciada nomeada substanciam, técnica e operacionalmente, aquela decisão de despacho que só custa 600 cts ao erário público mensalmente.
Mas vejamos as coisas pelas verdadeiras características que a Política deveria ter através dos seus titulares. Muita gente vai para a Política, e depois de lá estar conclui que não tem a mínima condição pessoal, psicológica ou outra para lá estar. Muitos brilhantes cientistas e historiadores só aguentaram ser deputados por meses. Depois renunciaram. Lembro-me de conhecido articulista Vasco Pulido Valente.
Ora daqui decorre uma lei que deveria ser mais observada em Portugal, em nome da qualidade das nossas elites políticas - que manifestamente não temos. E as universidades também não as geram porque estão - também elas - impregnadas de gente cunhada e admitida para a carreira académica sem revelar qualidades científicas para o efeito. Logo, há todo um sistema de reprodução de elites que está podre, e, assim, vai apodrecendo o País à velocidade que rola a bola da globalização competitiva neste burgo cada vez mais repleto de pessoas infelizes e frustradas.
Mas o caso do perfil psico-político do chamado Ministro dos "conteúdos" - revela bem o marasmo em que a condição política e de ser político em Portugal - caíu. Ou seja, em Política os moderados gostam de viver tranquilamente, são demasiado pacíficos na sua casa e querem sê-lo também na esfera pública. A regra é, como denota o titular da Justiça, não abrir conflitos nem rupturas, e passam a vida a debitar "falinhas mansas" a fim de se aguentarem nos cargos. Para servir a causa pública? Certamente, que Não!!! Fazem-no para continuar a usufruir das condições e dos status que a condição política lhes confere. A eles, a seus familiares que nomeiam a torto e a direito e a muitos amigos distantes ou próximos. Sempre foi assim, mas deveria limitar-se estas práticas de puro nepotismo e de corrupção das almas que graçam escandalosamente em Portugal. E aquele despacho, até prova em contrário, é um exemplo negativo de tal prática.
E por serem moderados de mais, pacíficos em demasia, são incapazes de combater os interesses corporativos com que se deparam, ou seja, ficam à mercê de quem os atacar. Senão mesmo, por feitio e têmpera, da sua própria personalidade atávica.
Por outro lado, os políticos também não podem ser violentos, ié, não podem cair no pólo oposto. Porque assim não servem os superiores interesses da Nação, especialmente na área da Justiça - transversal por natureza, confinante com todos os sectores dinâmicos da sociedade e da economia, daí a sua relevância.
Sendo moderados em demasia, e pouco ou nada agerridos, encontramos o perfil dos políticos portugueses. Quer dizer, sendo moderados ficam prisioneiros dos interesses corporativos que os passam a dominar; sendo violentos suscitam inimigos, geram quadros de múltipla conflitualidade social e arruinam o clima de paz e de concórdia sociais que arrastam o País para a ruína.
Em suma: quando vejo o Sr. Dr. Costa, ministro da Justiça - ou dos "conteúdos" - lembro-me da Teoria do Homem-cato que aqui inventámos há já algum tempo. São homens que não se podem aproximar de nada nem de ninguém, senão estragam tudo. Quer por defeito (moderação), quer por excesso (violência).
O Dr. Costa é, apenas, um reflexo mui tímido dos demais políticos nacionais. Resulta de um espirro da nação que tem sido insistentemente incapaz de gerar elites políticas de qualidade. Preparadas técnica, cultural e políticamente para os desafios que a conjuntura exigente de globalização competitiva exige.
O homem-cato tem de viver isolado. Se fôr para a política estraga tudo. Faz como Dr. Costa. Não tem perfil, vocação nem têmpera para lá estar. E, contudo, pode ser um "torrãozinho" de pessoa, mas fora da esfera pública que mexe com o dinheiro e as opções políticas de todos nós.
O política ideal, como diria Platão, é, como sabemos, o Rei-Filósofo. Firme mas não moderado; firme mas não violento. Buscamos esse homem na Política portuguesa. Nós procuramo-lo - sim - mas só encontramos homens-cato...
Parece que em Bruxelas alguns blogs aqui postados já fazem algum sucesso. É que os tugas já começam por lá a ser conhecidos pelos homens-cato... E nós, por cá, ainda não nos conseguimos ver livres de tais picos...
Pedro Manuel
7 Comments:
Podemos cansar; não podemos desanimar.
Joaquim
O amor incondicional é incompatível com a inteligência e a justiça, por ser igual a frouxidão, e, a ineficiência.
Aprecio a definição de Platão de político ideal: "rei-filósofo - firme mas não moderado, firme mas não violento", que talvez se interprete assim: firme, e não frouxo; firme e não violento.
(Des)conhecido
Há por aí muita alminha que angélica e convenientemente não percebe o interesse prático, que podem ter, no tempo presente, eventos passados nos anos 80 em Macau.
Julgam até, comoventemente, que tudo não passa de uma cabala para fazer chincalha política com o Dr.Mário Soares, ou com um outro desgraçado, conjunturalmente ministro da justiça.
Acontece que se Mário Soares, nisto, é hoje uma nota de rodapé, sem interferência real no 'terreno', o mesmo não se pode dizer dos 'herdeiros' da 'operação'.
Saber do que se passou em Macau, antes, durante e após o caso emaudio/fax/melancia é fundamental para perceber fenómenos tão diversos como o da generosa indemnização à Eurominas, as constantes piruetas do Dr.António Vitorino, até os ruidosos silêncios e omissões do Prof. Marcelo, para não falar do Dr. Coelho ou da vitalícia permanência de Cândida Almeida no DCIAP...
Até o extraordinário à vontade com que um tal Almeida Lopes, juiz do STA, ajudou, impunemente, Fátima Felgueiras pode ser atribuído ao efeito Macau, pasme-se...
"IT'S MACAU STUPID!!!"
No Expresso de sábado passado, discretamente, fica-se a saber que Cândida Almeida, Rodrigues Maximiano e António Cluny, apresentados como Procuradores Gerais Adjuntos, estão entre os 700 integrantes da Comissão de Honra de Apoio à candidatura Presidencial do Dr. Soares. Cândida Almeida é a responsável pelo DCIAP, que combate candidamente a alta criminalidade, além de, mais recentemente, ser a madrinha de baptismo da já tristemente célebre operação 'furacão'.
Cluny, além de representante sindical dos magistrados do MP, tarefa que partilha com a de confidente de Cunha Rodrigues ainda é relações públicas de Alberto Costa, Ministro da Justiça, que incessantemente tenta sistematicamente credibilizar, tal é a forma como defende os 'direitos' dos seus.
Já Rodrigues Maximiano, um caso à parte, esteve em Macau onde foi 'abonador' de Alberto Costa, é marido da primeira, foi 'arquivador' do caso do Fax/Macau/Melancia, já cá, e responsável mais tarde da IGAI (onde fez um bom trabalh0, note-se), já não 'é' tecnicamente do MP, está 'apenas', como eleito pelo PS, no... Conselho Superior do Ministério Público, falando-se recorrentemente no seu nome como putativo PGR caso Souto Moura tropece antes de Sampaio apagar a luz.
Na curta 'breve' do Expresso está explicada muita da história recente portuguesa.
O resto à conversa.
É espantosa a forma como são tratadas na comunicação social as notícias sobre certos acontecimentos.
A forma como se elegem uns casos e se faz por ignorar outros ...
A diferença de critérios é abissal e não pode ser inocente.
Vejamos alguns casos recentes.
Segundo foi relatado pelo jornal Público, na edição desta segunda feira, 31 de Outubro, um alto quadro do Ministério Público, que foi secretário de Estado da Justiça num governo de Guterres, é suspeito de ter dado uma preciosa ajuda a Fátima Felgueiras.
Os factos foram denunciados a Souto Moura, mas parece que não tiveram qualquer consequência. E ainda houve umas pressões sobre testemunhas, etc e tal.
Pois bem, a TSF agarrou este caso com unhas e dentes e durante todo o dia não se calou com o assunto. Em todas as aberturas de noticiário, a cada meia hora, lá vinham as pressões e as denúncias no caso Felgueiras.
Nos telejornais, evidentemente, o assunto não podia passar em claro. O país todo ficou preso (se é que ficou) com mais umas tranquibérnias no caso de Fátima Felgueiras.
Como se, para nós, tais factos constituissem uma grande surpresa. Já todo o país percebeu que a Dona Fátima só está em liberdade porque beneficiou e continua a beneficiar de grossas cumplicidades na máquina judicial e no próprio Governo socialista.
Em contrapartida, o mesmo jornal Público, há cerca de um mês, no dia 23 de Setembro, fez a denúncia de um caso escabroso, ao qual já os blogues, se referiram e que envolveu seis "notáveis" socialistas (José Lamego, António Vitorino, Alberto Costa, Vitalino Canas, Narciso Miranda, José Junqueiro e Luis Patrão) um caso que ficou conhecido (porventura, pouco ...) por Dossier Eurominas, em que o Estado Português foi prejudicado em 12 milhões de Euros, mas que não teve qualquer reflexo na comunicação social. Alguns comentadores fizeram-lhe referência, mas tudo acabou rapidamente, sem grandes perturbações.
E na passada sexta feira, o semanário "O Independente" publicou uma entrevista com o advogado José António Barreiros, em que este fala de um caso, tanto ou mais escabroso que o do Dossier Eurominas, passado em Macau, há cerca de 17 anos, com o actual ministro da Justiça, Alberto Costa, que revela o baixo carácter deste cavalheiro e a sua evidente cumplicidade com a empresa Emaudio, uma criação do clã soarista.
Ao tempo, a Emaudio estava empenhadíssima em "sacar" a televisão de Macau ao património do território, mediante uns truques baixos que o entrevistado não revelou, mas que um dia destes posso aqui contar com mais pormenor.
Desta denúncia, nem uma palavra ecoou na rádio.
A TSF não lhe pegou.
A Antena 1 também não.
Não passou nas televisões.
Logo, não existe.
É assim que se controla a opinião pública.
Conforme se compreende, o que verdadeiramente conta é o eco que uma determinada notícia encontra na rádio, sobretudo nas rádios de noticiários frequentes, que de meia em meia hora voltam à carga com os assuntos.
Quais são essas rádios? Principalmente a TSF e a Antena 1. Quem controla essas rádios? Pessoas ligadas ao Partido Socialista !
Ora, se atentarmos bem nestes três exemplos, não custa perceber que o caso de Fátima Felgueiras, não obstante toda a máquina tenebrosa que está por detrás, tem como figura central uma pilha-galinhas de âmbito regional, que mais tarde ou mais cedo desaparecerá de cena. Os outros dois casos fiam mais fino.
Envolvem altas figuras do Partido Socialista, alguns deles membros do Governo ou deputados da Assembleia da República.
O caso de Alberto Costa, actual ministro da Justiça (imagine-se em quem mãos se encontra a Justiça portuguesa!) é mais revelador e comprometedor.
Naquela aventura da televisão de Macau é o próprio Mário Soares que está envolvido. É ele o principal responsável pela golpada que a Emaudio estava a preparar-se para fazer em Macau.
O governador, Carlos Melancia, foi colocado por Soares em Macau.
Era conivente com o esquema, assim, como todos os outros elementos, membros do PS, envolvidos na operação.
Esta golpada, por sinal falhou, mas outras tiveram melhor desfecho para eles.
A jóia da coroa foi a Fundação Oriente.
Não surpreende, por isso, que a TSF e a Antena 1 tenham ignorado os dois casos que comprometem altas figuras socialistas. Sobretudo no caso da Emaudio e da aventura de Macau, nem o mais leve suspiro.
Está em causa o grande patriarca Mário Soares, ainda por cima um dos actuais candidatos à presidência da República.
Quanto ao caso de Felgueiras, embora envolva umas quantas cumplicidades socialistas, a figura central é a mediática Fátima, que consegue atrair mais atenções do que os cúmplices dos bastidores.
Os danos são mais fáceis de controlar.
Algumas cabeças rolarão, mas de personagens menores.
Falar do caso de Macau é que nem pensar.
O grande peixe que poderia vir à rede seria o próprio Mário Soares.
É por estas razões que a máquina socialista tem de ser erradicada dos meios de comunicação social. Mário Soares, durante o seu consulado na presidência, deixou, na generalidade da comunicação social, ligações fortíssimas que ainda hoje subsistem e que se empenham em ocultar todos os factos que possam beliscar o grande patriarca.
A agitação em torno do caso de Felgueiras e de outros que hão-de aparecer, não é inocente.
Eles têm necessidade de inundar o circuito noticioso com questões menores, mais popularuchas, que permitam desviar as atenções dos casos que podem beliscar a imagem dos socialistas no governo e, principalmente, a imagem do grande timoneiro, agora em campanha eleitoral.
Por isso, já aqui escrevi várias vezes e não me cansarei de repetir :
O Partido Socialista é uma organização sectária, cujo único propósito é a ocupação da máquina do Estado, por forma a pôr em prática vários esquemas de saque dos bens públicos.
É necessário assimilar esta ideia. Por isso, é um imperativo de decência impedir que este partido tome conta da governação do país.
Pessoas com as características que estes senhores têm revelado deviam ser proibidas de ocupar qualquer cargo público.
Vê-los à frente da governação do país é de arrepiar os cabelos.
Infelizmente, estão lá agora e em força.
No Governo e na Assembleia.
O controlo da sua actuação só pode vir de um outro órgão de poder :
A Presidência da República. Votemos em conformidade.
Qual é o facto relatado pelo Público e que no dia 1 encheu a primeira página?
O título diz tudo...
Souto Moura recebeu denúncias sobre pressões no MP no caso de Felgueiras.
Novidade maior!
Ribombem os sinos!
Acordem os mortos, no dia deles! Como é sabido, de todos, em mais nenhum caso mediático, o MP sofreu pressões senão neste particular do saco azul de Felgueiras…
Mas a notícia tem outro relevo e outro contorno, este sim, mais substancial e sumarento...
Houve um “alto quadro” (como se o MP fosse um organismo de quadros) do MP (e de quem não se dá o nome mas que se indica praticamente tudo o que o identifica, numa manobra subtil de alto jornalismo) que bufou a uma pessoa amiga e que na altura nem sequer era suspeita, o teor de uma denúncia anónima recebida na PGR, antes de a denunciada ter começado a ser investigada.
Este facto é grave?
Parece.
Mas esta gravidade não é assim tão grande como a que vem a seguir na notícia: por causa desta bufadela e doutras pressões, passados três anos, houve uma queixa de um advogado à PGR e a que Souto Moura, segundo a notícia, não deu seguimento. Esta notícia é que é o prato forte! É este o efeito que se pretende e subrepticiamente se enrola no texto.
Souto Moura abafador-mor!
O cúmulo para quem tem uma imagem precisamente ao contrário e ao contrário de quem o precedeu!
Uma autêntica vingança de chinês... macaense quiçá.
Vejamos então...
Quando é que teriam ocorrido os factos?
Diz-se que foi em 21 de Janeiro de 2000, numa altura em que a arguida de quem se fala nem sequer ainda tinha sido constituída arguida, pois… a PJ de Braga ainda nem tinha iniciado as investigações.
O outro facto, ocorreu em início de 2003, na altura em que o advogado Garcia Pereira pediu a intervenção da PGR para o caso concreto, devido às tais pressões fortíssimas.
Destas pressões e desta não interferência directa da PGR no caso, não vou glosar muito mais por aqui, por desconhecer o que se passou. Segundo o Correio da Manhã, de hoje, "Souto Moura investiga procurador”! Pois que investigue!
O comunicado da PGR diz que a PGR não teve conhecimento do facto mencionado pelo Público, ou seja de que havia magistrados do MP pressionados, em benefício da então suspeita.
O comunicado da PGR, nesta parte, esvazia totalmente a notícia mais bombástica do Público.
Mas sobra o mais interessante... Ao lado da notícia do Público, José Manuel Fernandes, director do jornal, escreve um editorial a pôr abertamente em causa a credibilidade do Partido Socialista e de vários intervenientes no processo.
Aliás, confirma que houve contactos de membros do secretariado do PS com Fátima Felgueiras a propósito da sua vinda para o país, depois da (alegada…) fuga para o Brasil! Esta afirmação, só por si, tem maior valor do que toda a notícia sobre o “alto quadro” do MP! E porquê?
Pela simples razão que é dada pelo próprio José Manuel Fernandes - houve conhecimento prévio do que se passava em Felgueiras porque cópias da denúncia inicial, foram remetidas para...
...a Comissão Nacional do PS; a Comissão Permanente e a Comissão Política Nacional.
E ainda foram remetidas a essas entidades cópias da carta que foram remetidas à própria Fátima Felgueiras e ao líder distrital do Porto, Narciso Miranda e ainda a Jorge Coelho (parece que até existe um fax comprovativo, segundo José Manuel Fernandes). Ora bem - onde reside então a novidade da notícia do Público ao envolver o “alto quadro” do MP numa manobra de aviso antecipado a quem vai ser investigado?
A questão pode revelar uma subtil manipulação da opinião pública? E se efectivamente, o tal "alto quadro" tiver entregue à suspeita cópia da denúncia que a própria já conhecia por outras vias, como o director do Público deixa implícito?
Enfim, mesmo assim, pode dizer-se que a actuação do alto quadro é grave e merece inquérito. Pelos vistos vai ser feito.
Mas então, veja-se qual o crime em causa em que incorreu o tal “alto quadro”.
Parece-me que poderá ser o do famigerado artigo 371 do C.P. P.. Sim, a violação do segredo de justiça, aqui na sua forma mais própria e que tem a ver com a a perturbação da investigação. Coisas que o director do Público está farto de ver fazer no jornal que dirige, sem que tal o perturbe minimamente, pois está no exercídio do “dever de informar”!
Qual a pena para este crime?
No máximo, 2 anos de prisão. Quando prescreve o procedimento criminal? Segundo o artº 118 nº1 al. c) do C. Penal… em cinco anos!
De quando são os factos?
21 de Janeiro de 2000?
Pois então, é fazer as contas, como dizia o outro que também deve saber disto… e que está calado na num lugar de relevo.
Além disto, o que resta parece muito pouco para uma notícia do Público que obviamente pretende encalacrar um “alto quadro” do MP por um facto que medidas todas as perspectivas tem uma gravidade relativa.
Então o que faz mexer o Público?! Ora, aí não restam dúvidas de espécie alguma: encalacrar a sério, outra vez, o PGR Souto Moura!
Porquê?
Ora, desta vez, porque não deu andamento às graves denúncias de Garcia Pereira…
Parece que já vi este filme várias vezes e reprises só mesmo quanto a filmes de qualidade. Por exemplo, o Regresso ao Futuro, de Zemeckis. Arre, Público!
"IT'S MACAU STUPID!!!"
Reviver o passado em Macau
A entrevista de José António Barreiros publicada no último “O Independente” e os comentários que se lhe seguiram, em que se falou de Macau, televisão, Emaudio, etc., fizeram-me procurar um exemplar do livro de Rui Mateus, esquecido desde 1996 numa estante e que só agora vim a ler.
O livro contém estórias muito interessantes, escritas por um protagonista de muitos acontecimentos ainda hoje mal explicados.
É uma leitura interessante, principalmente neste período pre-eleitoral.
Sobre o nascimento da Emaudio, transcrevo alguns excertos que me parecem elucidativos.
(...) No dia 17 de Fevereiro encontrar-me-ia, como combinado, em casa de Mário Soares onde Ivanka Corti era convidada para o almoço. Ali, embora ainda sob a emoção da vitória, Soares explicaria que tinha ideia de aproveitar os recursos de algumas fundações partidárias que lhe eram afectas, para participar na tão falada privatização dos meios de comunicação social e abertura da TV ao sector privado. Queria primeiro melhor estudar o assunto, mas desde logo pediria à convidada italiana que transmitisse um convite seu a Silvio Berlusconni para vir a Portugal. Este não perderia tempo e chegaria pouco tempo depois a Lisboa, no seu avião pessoal acompanhado de Ivana Corti. Estava disposto a associar-se ao grupo do Presidente Mário soares se isso, estou convencido, lhe pudesse trazer mais benefícios que investimentos. Antes do jantar, no Palácio de Belém, os seus técnicos seriam autorizados a montar ali uma espécie de mini-estúdio de TV com equipamento, para a altura ultra-sofisticado, que trouxera consigo no avião. Depois da refeição demonstraria até altas horas o seu “produto” ao Presidente da República e aos seus convidados portugueses, os quais viriam a constituir o grupo Emaudio.
Na reunião que teria lugar na sua casa de campo em Nafarros, Soares reuniria os elementos escolhidos para formar o grupo, a quem explicaria os objectivos. O seu filho, que até então vivera numa relativa obscuridade política (...). Almeida Santos, a quem competiria a orientação jurídica do projecto, era desde há muito o braço direito de Soares. Bernardino Gomes, que anos antes tinha definido as “regras” para a viabilidade das empresas ligadas ao PS. Carlos Melancia, homem da sua máxima confiança e reconhecido pela sua competência técnica (...). Raúl Junqueiro, muito ligado a Melancia (...). Menano do Amaral (...). João Tito de Morais (...). Eu seria o oitavo elemento escolhido em virtude de deter a presidência da FRI, que assumira por sugestão de Mário Soares após a sua eleição.
(...) Entretanto Em Lisboa, no dia 18 de março de 1987, tinha sido constituida na avenida Antónuiio Augusto de Aguiar, na sede da Fundação de Realações Internacionais, a Emaudio, S.A., Sociedade de Empreendimentos Audio Visuais para ir ao encontro dos acordos que estávamos em vias de concretizar coma News International de Rupert Murdoch.
(...) Cada um de nós teria direito a receber graciosamente cinco por cento do capital do que a empresa viesse a ser, como remuneração pela nossa contribuição pessoal para o projecto. Cinco por cento do que viesse a ser o valor da empresa e não 5% de cinco mil contos. Os restantes 60% ficariam em meu nome, enquanto presidente da FRI e na qualidade de fiel depositário dos interesses do projecto político de Mário Soares, a ser desenvolvido por intermédio daquela fundação e que tinha dois grandes vectores: reconquistar o PS para a área “soarista” e ser reeleito Presidente da República em 1991. Ou vice-versa. Não sei bem !
Rui Mateus – Publicações Dom Quixote – pág. 289/296
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