sexta-feira, 7 de outubro de 2005

OS FANTASMAS E OS DINOSSAURIOS DAS AUTARQUIAS

Nesta onda eleitoral, o chamado politiquês que inauditamente José Pacheco Pereira nos explicou, trespassa-nos o lar e perfura-nos a nossa própria ideologia política e social.
As eleições são todas muito importantes.
São elas que legitimam o rumo a tomar para "saciar" as necessidades, as vontades, as inspirações e as ambições que uma sociedade exige a si própria.
Estas eleições estão a exercer uma atracção particular devido a um determinado fenómeno que se faz sentir.
O fenómeno trespassa cada recanto geográfico deste rectângulo esquisito a que chamamos Portugal.
Da pacificidade das Berlengas à mediática vila de Barrancos, a descrença política é mais que notória.
Determinados políticos no nosso país crêem que essa legitimidade que emana dos resultados eleitorais, pode ser arma de arremesso contra algo supremo como a sentença da Justiça.
O exercício do poder é outorgado directamente pelo povo (elemento soberano da nação, expresso em votos), mas isso nunca poderá aligeirar ou alterar qualquer acórdão de uma institução social, também ela soberana, como os tribunais.
Trata-se de uma afronta ao Estado de Direito.
Contudo, esses políticos por lá continuam com a ideia de que eles é que sabem, é que fazem rotundas, e centros comerciais, e isto e aquilo. A onda de contestação navegou pelo Atlântico, e o mensalão torna contornos lusitanos na demagogia falaciosa da Evita Felgueiras.

E assim se perfila Portugal.
Entre a nostalgia do sentido democrático do já velhinho 25 de Abril, que as eleições presidenciais emanam, até à conjectura económica que o nosso Estado Social atravessa.
Neste emaranhado estado de sítio caótico, as autárquicas ganham relevo predominante nos cronistas da ordem.
Primeiro porque os cidadãos desconhecem muito de toda essa orgânica fiscal do poder local, desses negócios imobiliários que, no fim de contas, são fantasmas. Outros, sacos azuis. Das empresas publicas e das instituições que, por imperativos de financiamento, se deixam à mercê das ordens directas ou das influencias do chefe. E assim o fantasma se desenvolve. E cresce. E imunda um país. Ao menos, (como diz o bom Português), não somos os únicos. Pois é. E assim deambula o português, pobrezinho…
Sempre na sombra dos fantasmas das autarquias.

No nosso caso concreto, caros pontessorenses, é interessante a leitura do programa eleitoral da candidatura do PSD à Câmara Municipal da Ponte de Sor, o qual se propõe a criar uma auditoria independente para supervisionar as contas orçamentais da autarquia.
Parece inadmissívil que as coisas neste país estejam a funcionar assim.
Mas só por esta promessa eleitoral, a turma do Joaquim Lizardo merece a confiança. Perante a conjuntura económico-social com que nos deparamos é o mínimo que, num Estado de Direito, poderemos exigir aos políticos em troca do nosso voto. E é uma exigência legítima.

Contudo, isto não quer dizer que eu aponte qualquer acto displicente ao nosso actual presidente da Câmara, pois não conheço prontamente a realidade com que lida, nem tenho quaisquer provas contra ele.
Verdade nua e crua seja dita, sem provas judicialmente condenáveis, a presunção da inocência é lícita.
Parece-me que o problema do nosso caro presidente é outro.
Ao fim de 12 anos pode, de facto, ter feito um trabalho aceitável.
Mas torna-se incomodativo que alguém exija a nós, cidadãos, que nos deixemos à mercê da sua visão e das suas escolhas durante tanto tempo.
Independentemente da bandeira partidária, qualquer dinossauro político, ao fim de tantos anos, torna-se incomodativo para o debate sério, coerente e cívico, de ideias e de medidas a tomar numa gestão autárquica.
Esta ausência de debate, faz com que estes dinossauros, ao fim de tanto tempo, inculquem as suas próprias regras de conduta no seio da administração autárquica, em completo desleixo por quem nas as aceita.
A regra de conduta é dizer: Yes man. E A democracia não é isto.


RC
(um socialista)

6 Comments:

At 7 de outubro de 2005 às 11:40, Anonymous Anónimo said...

Realmente, o Dr. Taveira Pinto já vai cansando e eu começo a fartar-me dele e das suas ideias...

... mas a alternativa é o CDS, por duas razões:
1 - porque o rapaz do CDS é jovem e está mais capaz de ser diferente

2 - porque ele foi quem fez o melhor diagnóstico do meu sentimento em relação à política e ao Taveira Pinto.

3 - porque ele é a maior antítese do Taveira Pinto: apresentou-se como era, mostrando as suas ideias, ouvindo-nos...



Por isso é que, em vez de votar PS, vou votar CDS.

 
At 7 de outubro de 2005 às 11:59, Anonymous Anónimo said...

A maioria dos socialistas começam a largar da mão ao Taveira Pinto!

Será este RC é o Ricardo Cardoso? O miudo tem jeito pa isto...

 
At 7 de outubro de 2005 às 13:14, Anonymous Anónimo said...

Bom post,parabéns.
Digam lá quem foram os meninos que deram a maioria ao Pinto á 4 anos? Foram as gentes da Ponte de Sor cidade, desde os do PS até ao PSD, todos caíram na mão do ditador. Agora as coisas, estão-se a inverter. OS do PSD desta vez têm boa candidatura e todos os seus simpatizantes vão votar no Lizardo.
Quanto aos do PS estão a mudar de rumo, estão descrentes do chefe! Parece-me que as 3 forças deste partido vão ter resultados muito próximos. E o CDS vai começar a espreitar...

 
At 7 de outubro de 2005 às 14:00, Anonymous Anónimo said...

CHEGA DE FANTASMAS E DE DINAUSSAUROS!!!

NO PAÍS E NA PONTE DE SOR!

FORA COM ESSE DITADOR!

 
At 7 de outubro de 2005 às 15:58, Anonymous Anónimo said...

A politica em Portugal duma maneira geral caiu em decadencia, candidatos com processos em tribunal, candidatos investigados, atropelos a justiça, campanhas injuriosas, enfim um pouco de tudo.
Portugal esta a tornar-se um pais terceiro mundistas e cabe aos portugueses fazer algo, por isso no dia 9 votem, mas votem com consciencia limpa, votem nas pessoas e não nos partidos, votem na justiça, imparcialidade, na veracidade.

 
At 8 de outubro de 2005 às 03:41, Anonymous Anónimo said...

A análise do conceito "dinossauro político" que o RC nos apresentou encaixam perfeitamente em qualquer pessoa cuja influencia é incomesurável dentro da autarquia.

O Pinto pode nunca ter roubado nada, não duvido disso, mas ele está com demasiados poderes na camara municipal.

"Pode ter feito um trabalho aceitável", mas a democracia e a liberdade acima de tudo.

E se o "politiques trespassa-nos o lar e confunde-nos a nossa ideologia politica e social", o Pinto é de facto esse politiques e esse dinossauro.

O post convenceu-me. Socialista, não voltarei a votar Pinto. (poderei fotar PS, mas na Câmara não.)

 

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