terça-feira, 13 de junho de 2006

É ESTE O PAÍS E AS PESSOAS QUE TEMOS

Você Sabe Com Quem Está a Falar?

Porque Aqui, Quem Manda, Sou Eu!


Estas coisas de dar bons exemplos e modelos de comportamento ao povo, quadros de referência para os de baixo seguirem, pode ser uma tarefa muito árdua. Isso da coerência não é assim dado de um pé prá mão.

Ontem foi inaugurado o Centro Cultural de Redondo.
Lá estavam os notáveis e os outros.
Os primeiros nas filas dianteiras do Auditório, os segundos, distribuídos pelos lugares que restavam.
O espectáculo era um clássico, para eruditos, diz-se. E talvez fosse, caso alguns dos lugares das primeiras filas não tivessem sido preenchidos.
Dois, em particular, alinhados lado a lado na primeira fila.
A fila VIP.

Porque enquanto os bailarinos do Ballet Nacional da Moldávia evoluíam no palco ao som de Pyotr Tchaikovsky interpretando O Lago dos Cisnes» as duas criaturas estabeleceram uma relação obsessiva e alienada com os respectivos telemóveis. Talvez fosse a novidade inerente aos avanços tecnológicos em matéria de captação de imagem, não obstante o inevitável aviso da Organização, alertando para a não utilização de telemóveis e proibindo expressamente a recolha de imagens. Dois actos e meio, entretidos a fazer fotos das coxas das bailarinas e, quem sabe, do baixo-ventre dos portentosos bailarinos…

Para além da desconsideração pelos alertas da Organização, denota-se uma falta de respeito pelos artistas, pelos restantes espectadores e acima de tudo, a sobranceira irresponsabilidade, característica desta classe de gente.

As duas criaturas, eram nada mais e nada menos do que a Dona Fernanda RamosGovernadora Civil do Distrito de Évora – e o Licenciado José NascimentoDelegado Regional de Cultura. Portanto, personalidades com responsabilidades específicas na imagem do Governo e na dignificação da cultura.
Ora, quando criaturas deste estatuto não demonstram uma conduta que se coadune com o mesmo, qual a legitimidade para exigir do povinho seja o que seja?
Qual a legitimidade para exigir comportamentos minimamente civilizados, qual a legitimidade para exigir que, por exemplo, se declarem todas as receitas em sede de IRS e IRC?
Qual a legitimidade para exigir que os portugueses apertem os respectivos cintos quando aquele restrito circulo de amigos que deambula pelos conselhos de administração de empresas públicas e direcções de institutos públicos, esbanja recursos tresloucadamente?
A começar pelos seus próprios vencimentos.
Os exemplos são intermináveis.

É este o país e as pessoas que temos.
São estes alguns dos nossos «líderes», cujas lacunas são disfarçadas com discursos frugais, inócuos e desconexos.
Pessoas que se fazem confundir com as instituições a que presidem ou dirigem, assentando algumas das suas decisões nas suas próprias preferências e gostos individuais, sem amplitude estratégica.
Sem respeito pelas especificidades e sensibilidades locais.
Mas esse registo já não nos é estranho há muito, muito tempo...


In:IN TENUI LABOR.

2 Comments:

At 14 de junho de 2006 às 14:37, Anonymous Anónimo said...

A minha grande gargalhada, seguida de imediato de apreensão acerca do relato "Você Sabe Quem Eu Sou?".
Temos a "Primeira Fila" cheia de "exemplares" desta estirpe...
Incompetentes ou ineficazes no desempenho e... arrogantes e foleiros quanto baste!

Socorro-me de Eça de Queiroz, 1867 in "O Distrito de Évora":

"Ordinariamente todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o ESTADISTA.
É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expedientes. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?"

Os visados, cujo coeficiente de inteligência desconheço, não primam pela boa escrita digna de registo público, não revelam pelos vistos cortesia nos seus actos e... não sendo ainda ministros (que Deus nos valha...), ocupam as primeiras filas em faustosas manifestações...

Não os poderiam "esconder" na última fila?

 
At 13 de julho de 2006 às 23:04, Anonymous Anónimo said...

A culpa não é deles é do povo que vota neles ! O trabalho deles é esse ,defendem-no com unhas e dentes ,não votem neles e serão mais felizes,há tanta gente nova e competente ,porque é que votam sempre nos mesmos??

 

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