segunda-feira, 5 de junho de 2006

DIA DO...


Enquanto os portugueses olham para as cartas que lhes dizem que por cada 100 mil euros de empréstimo para aquisição de habitação vão ter de pagar mais 63 euros, o PSD, acertadamente, propõe o Dia Nacional do cão.
Os cães, como se sabe, num mundo de betão, deixaram de ter local em que possam comer a sua sopa dos pobres, são escorraçados como mendigos e têm de se refugiar em ruas pouco frequentadas, frias e escuras.
São párias da sociedade.
Os portugueses que, a partir de agora, vão ter de cortar no seu almoço de dois croquetes para um podem, no entanto, sentir-se felizes.
Os cães, pelo andar da carroça, qualquer dia só terão direito a meio osso por refeição.
Os portugueses podem ficar endividados até ao limite, mas têm habitação.
Os bichos simpáticos que vagueiam pelas ruas, não têm uma casota.
Tudo isto pode parecer irónico e abusivo.
Mas tudo isto é Portugal.
Este é o país em que o futebol é a fast food de cada português.
Por isso, pelo menos neste mês de Junho, mesmo que subam as taxas de juro e aumentem as prestações da casa, ninguém vai sentir-se diminuído. Ou preocupado.
O país vai desfraldar bandeiras, vai consumir futebol como tremoços e vai agitar-se ao som de um samba emprestado.
Em Julho vai de férias.
Em Agosto também.
Lá para Setembro o PSD vai finalmente conseguir agendar a sua proposta.
Para espanto dos portugueses.


Fernando Sobral

5 Comments:

At 5 de junho de 2006 às 15:31, Anonymous Anónimo said...

Se o leitor é funcionário público, faça o possível por ir parar ao grupo dos supranumerários. Veja bem: ao fim de 10 anos, o pior que lhe pode acontecer é ficar a ganhar 50% do seu ordenado... para o resto da vida (mesmo que esteja a trabalhar para o sector privado).
Até aí, terá continuado a receber, nos primeiros 5 anos 70% do ordenado. Entre os 5 e os 10 anos, esse valor terá baixado um pouco. Mas que diabo, sempre levará para casa 60% do ordenado.

Se você, caro funcionário público, não aceitar este desafio, desculpe a franqueza... mas é parvo. É que aqueles valores se manterão, seja qual for o ordenado que esteja a ganhar no privado. Não acredita? Palavra de ministro das Finanças «O trabalhador público não tem de prestar contas à AP sobre o que está a ganhar ou não».

P.S. Bettencourt Picanço, sindicalista e senhor de muita inteligência, disse que o novo regime é pior do que o Estado mandar alguém para casa com indemnização. Não sei do que o ministro das Finanças está à espera para trocar um regime pelo outro. Se é Picanço que o diz...

 
At 5 de junho de 2006 às 15:32, Anonymous Anónimo said...

Os funcionários que compraram 12 aviões F-16 a mais estarão neste caso? Ou são dos que já estão, por natureza, de tacho extraordinário?

 
At 5 de junho de 2006 às 15:34, Anonymous Anónimo said...

QUEREM MELHORAR A SITUAÇÃO FINANCEIRA DO OE?REDUZAM PARA METADE, OS DEPUTADOS;REDUZAM AS VIATURAS DE TOPO DE GAMA, QUE VAGUEIAM TODO O DIA POR CONTA DO GOVERNO; REDUZAM AS VIAGANS EM CARRAVANA; REDUZAM OS BOYS QUE GERMINAM POR TODO O LADO,NO PAÍS E LÁ FORA;REDUZAM O NUMERO DE POLÍTICOS A VIVER DA MESA COMUM DOS IMPOSTOS, E CUJA PRODUÇÃO É O AUMENTO DE CORRUPÇÃO.REDUZAM AS REFORMAS DOS GAN- DES COMILÕES QUE DÃO MILHARES DE EUROS POR MÊS. ENFIM, REDUZAM A MARALHA OPOR- TUNISTA QUE SINGROU APÓS O 25 DE ABRIL. POR EXEMPLO OS GRANDES SUBSÍDIOS AOS CLONES DE LAVRADORES.PAGUEM-ME E EU EQUILIBRO AS FINANÇAS, SÓ CORTANDO NO DESPERDÍCIO.E AUMENTO AS REFORMAS ATÉ 2000 EUROS, INCLUSIVE PARA BAIXO.

 
At 5 de junho de 2006 às 15:37, Anonymous Anónimo said...

Os gatos não se conformam com esta proposta que consideram injusta, depois de séculos a comer ratos para poupar o país à peste, consideram mesmo que é uma vergonha que o bicho que mais adorna os passeios do país tenha tal distinção.

A proposta revelou-se inoportuna e até Scolari se queixa de falta de concentração dos seus jogadores, e os sindicatos da Função pública estão equacionando hipótese de aproveitar o dia da greve contra a mobilidade, para realizar plenários em todos o país, para discuti qual o dia mais adequado para ser o Da nacional do Cão.

Até em Olivença, Olivenza segundo a toponímia castelhana, os cidadãos estão a reunir-se para discutir se o Dia Nacional do Cão deverá ser ou não celebrado naquele enclave, há mesmo quem pense já no Dia Ibérico do Cão, ainda que tal possa ser prejudicial à imagem do famoso porco ibérico, que por cá se designa porco preto.

Marques Mendes desconfia que a proposta de Guedes foi um golpe baixo santanista, para desviar a atenção dos cidadãos, agora que ele se preparava para governar o país a partir da cadeira da bancada do PSD.

Cavaco Silva ainda não se pronunciou, mas sabemos que os seus assessores estão estudando qual o melhor local a incluir no roteiro, para que o presidente dê um sinal de solidariedade com os felinos discriminados. Todavia, a divulgação da alteração do roteiro para incluir um momento de solidariedade com os gatos está a preocupar a equipa do presidente, pois pode melindrar o PSD.

 
At 6 de junho de 2006 às 17:02, Anonymous Anónimo said...

Depois de todo o apoio, o que se exige à selecção não é que ganhe a taça e nos faça felizes. É que saiba representar Portugal e nos faça respeitados.

Uma bola na bandeira. Não poderia ser uma bocadinho menos óbvio o espírito comercial que está por detrás do espírito nacional apresentado por muitas das grandes empresas nacionais?

Ele são anúncios, cantigas, bandeiras, cachecóis, brindes, ofertas, concursos, cartazes, prémios, cores e ilusões, tudo sob o signo da bandeira nacional. Talvez um pouco mais de parcimónia...

Ele é Portugal elevado à condição de objecto comercial por nexo de causalidade com o Luís Figo o Cristiano Ronaldo e outros mais.

Não haverá outros motivos, outros dias do ano, a justificar tanto Portugal?

Não será o País, por si só, causa valente?

Cumpram o dever. Depois do apoio recebido em Évora. Depois dos mimos e dos tratos de estrelas. Depois de recepções e declarações. Depois de encontros com o Presidente da República e com o primeiro-ministro. Depois de honrarias prestadas e histerias colectivas. Depois de milhares no Luxemburgo. Depois de mais milhares no aeroporto de Muster, já na Alemanha. Depois de outros milhares no caminho entre o aeroporto e o hotel. Depois de mais outros milhares nas cercanias do hotel. Depois de novos milhares nos treinos...

Depois de todo este apoio, o que se exige à selecção não é que ganhe a taça e nos faça felizes.

É que saiba representar Portugal e nos faça respeitados.

Um dia para marcar. A propósito de uma iniciativa legislativa do Partido Social Democrata, os diversos grupos parlamentares passaram algum do seu escasso e precioso tempo entretidos numa relevante e esclarecedora troca de ideias.

Para uns, o projecto afigurava-se-lhes “totalmente disparatado porque os dias nacionais são para temas mais humanos, como os pais ou as mães”.

Outros sublinhavam terem pretendido instituir “o princípio da responsabilidade face aos animais, na última revisão constitucional”.

E outros ainda, referem estar interessados em criar medidas que protejam os animais de companhia e de estimação.

Eis, em termos muito sumários, o debate originado pela iniciativa do Partido Social Democrata em apresentar um projecto de resolução que visa instituir o “dia nacional do cão”.

Com data previamente definida: 6 de Junho. Isto porque há que a colocar próximo do Dia Mundial da Criança e assim facilitar a ligação entre as crianças e o seu estimado amiguinho cão.

Acresce que a qualidade dos argumentos apresentados em torno desta iniciativa augura medidas de enorme calibre e impacto na vida dos portugueses: na próxima revisão constitucional vamos assistir à discussão sobre a inclusão ou não do princípio da responsabilidade face aos animais; vêm por aí regras tendentes a proteger os animais de companhia e estimação – sendo o leque assaz alargado e, desde logo, também susceptível de antecipada curiosidade o modo como se definirá o grau e o objecto da protecção.

Tudo isto, para sublinhar o empenho e a dedicação dos deputados à causa animal. O que só lhes fica bem.

E, bem assim, a prioridade que atribuem àquilo que manifestamente não é prioritário. O que só lhes fica mal.

Ponto é que ao quererem proteger o cão, viram-se mordidos por uma iniciativa tão ridícula quanto despropositada.

Sim, porque há que saber medir a oportunidade das coisas. E se os senhores deputados não o sabem fazer, então deveria existir alguém que lhes dissesse esperarem deles os portugueses outros projectos sobre outras matérias que não estas.

O ponto é que se calhar já não esperamos nada.

Por isso, nem nos surpreendemos com iniciativas desta natureza.

E assim se vai fazendo Portugal.

Ir ao ponto. Em vez de os deputados se esfalfarem num afã imaginativo e legislativo para auto-regularem a sua profissão, sempre numa lógica de melhor serem tidos e vistos pela opinião publica, mais eficácia conseguiriam se evitassem dar expressão a iniciativas dificilmente compreendidas pela generalidade dos cidadãos. Se não querem ser lobos...

É certo que a falta de qualidade se acentua e hoje ser deputado está entre o último recurso de uma carreira não conseguida ou o primeiro objectivo de uma vida dedicada ao partido.

Mas também é certo que só se chegou a este ponto porque ora se foi atrás de um populismo oportunista, ora os partidos cristalizaram métodos e critérios de escolha a beneficio único das habituais nomenclaturas.

Donde, em vez de agir sobre o problema, melhor seria que se centrassem atenções no que lhe deu origem

 

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