quarta-feira, 19 de julho de 2006

DEPOIS DE MUITAS PREVISÕES...



Vamos acreditar que é a sério.
Agora, depois de muitos boletins e correspondentes previsões.
Acreditemos que o governador do banco central acabará por acertar.
E que seja por defeito e precaução – porque gato escaldado da água fria tem medo.
Vamos acreditar que a previsão em alta do crescimento do PIB em 2006 (de 0,8 para 1,2%) tem fundamento, sobretudo porque assenta num aumento das exportações.
O que, sabendo a pouco – continuamos a divergir da Europa –, alimenta a possibilidade de a próxima previsão de Constâncio confirmar uma melhoria do sentimento económico.
Vamos acreditar e saborear a notícia.
Mas não como o chefe do Governo
.
Sócrates aproveitou para rever em alta a sua habitual arrogância, disparando uma tirada vulgar: É uma derrota do pessimismo.
Não é, senhor primeiro-ministro.
Se se confirmar, será uma vitória de todos os portugueses, particularmente daqueles a quem são exigidos maiores sacrifícios
.
Mas para Sócrates alguém tem sempre de perder.
É assim: há quem não saiba tirar o melhor de si sem inventar adversários.
Para, num continuado espírito de revanche, saborear o facto de ter derrotado alguém.
Afinal, foi ele quem se definiu como um animal feroz.


Raúl Vaz

7 Comments:

At 19 de julho de 2006 às 14:45, Anonymous Anónimo said...

Agora que o Alberto anda para aí a mandar bananas para o ar porque deixou de ter o poder da chantagem na AR, uma das maiores vantagens da maioria absoluta de Sócrates, talvez seja a ocasião para que se façam algumas contas que ainda não foram feitas.
Receio que ao longo de anos e graças a uma classe política que não dorme a pensar em votos e em poder se tenham criado distorções na distribuição dos investimentos do Estado, dando lugar a muitas injustiças que vão muito para além das habitualmente referidas, a insularidade dos Açores e do território libertado pelo Alberto e a dicotomia entre o litoral e o interior.

Gostaria, por exemplo, de comparar os investimentos públicos realizados na Madeira e os feitos em Trás-os-Montes, o Algarve ou o Alto Alentejo. E mesmo nessas regiões gostaria de comparar o que se investe nas cidades e o que se investe longe das capitais de distrito.

Seria interessante compararmos os rendimentos de uma exploração do Minho com as dos agricultores que se têm vindo a manifestar em Lisboa, e qual a parte desses rendimentos que correspondem a subsídios estatais.

Saber quem, de uma forma directa ou indirecta, mais beneficia das scuts, para aferir se o pagamento destas auto-estradas beneficia todas as populações do interior ou apenas os mais privilegiados das regiões que beneficiam desse regime.
Também faria sentido avaliar o impacto económico do investimento que se faz em scuts para o comparar com o que resultaria de outras soluções que visem o desenvolvimento das regiões.

Seria útil para a compreensão do nosso sistema político conhecer a geografia política dos investimentos públicos, para percebermos se existem regiões abandonadas pelo Estado só porque não estão representadas nos aparelhos dos partidos no poder.

Poderei estar muito enganado, mas se um dia se fizerem estas e outras contas vamos perceber melhor porque razão este país não passa da cepa torta

 
At 19 de julho de 2006 às 14:51, Anonymous Anónimo said...

As previsões do Banco de Portugal são simpáticas mas devem ser lidas com cautela (não sei se Vítor Constâncio foi suficientemente assertivo sobre isso):
– PIB – cresce mais que o previsto, ajudado pelas exportações. Mas atenção: o banco lembra que a subida das vendas em alguns sectores (bens energéticos e intermédios) está influenciada pelo forte crescimento dos preços nos mercados internacionais.

– Balança corrente – o défice, elevado (9,3% em 2006 e 8,8% em 2007), evidencia a não recuperação de quotas de mercado.

– Défice orçamental – Constâncio e Teixeira dos Santos acreditam em 4,6% para 2006. Mas conseguirá o ministro segurar a despesa corrente? Espera-se que a receita extra (PIB cresce mais) não traga menos rigor à despesa. Até porque, em 2008 e 2009 (ai as eleições...), como diz Constâncio, «o efeito restritivo da política económica será menor».

– Investimento – negativo. Confirma que é a procura (interna e externa), e não a propaganda, que leva as empresas a investir.

– Desemprego – sobe. Enquanto o PIB não crescer a 2-2,5% não há ilusões.

– Quotas de mercado – sobem 1% em 2006 mas estagnam em 2007. Em 2005 as perdas foram de 5% e em 2004 de 2%. São os estragos da concorrência: Leste, China e Índia. Há ainda muito a fazer na competitividade

 
At 19 de julho de 2006 às 14:53, Anonymous Anónimo said...

Nada de verdadeiramente entusiasmante foi registado no boletim de verão ontem apresentado por Vitor Constâncio. Conversa de editorialista? Não.

Segundo se percebe pelos cálculos da equipa do Banco de Portugal, as velhas fragilidades do país agarraram-se como lapas à economia. O endividamento das famílias, somado à necessidade de financiar o sistema com dinheiro vindo de fora, colocam Portugal nas mãos da conjuntura internacional. É por isso, portanto, que o dinheiro de bolso vai diminuir no próximo ano (inflação a subir de 2,1 para 2,6%), o preço da habitação vai cair (desvalorizando as hipotecas), o desemprego de longa duração crescer e o investimento total na economia (a Formação Bruta de Capital Fixo, ou a soma de investimento público, empresarial e em habitação) baixar.

Podiam agora procurar-se os culpados ou, pelo contrário, alinhar uma mão cheia de ideias como forma de sair da crise. Podia, mesmo, sublinhar-se o esforço deste Governo, explicando que está a inverter correctamente esta tendência de crise – apostando nas reformas estruturais e não em dinheiro público para tapar os problemas. Podia, mas vale mais pensar porque razão nada disto resulta.

Uma razão é dura de roer: Portugal já não é um desses países pobres em que as velhas teorias do polaco Rosenstein-Rodan se apliquem. Ele dizia que um “big push” (investimentos simultâneos em infra-estruturas) trazia crescimento económico imediato. Não traz: uma nova fábrica já representa pouco em Portugal.

A outra é inesperada: as famílias portuguesas não estão assustadas. E discursos negativos, neste momento, podem funcionar como a parábola dos cintos de segurança: forçar a sua utilização incentiva a descontracção na estrada – pela ilusão da segurança – e os acidentes aumentam. Sublinhar os males da economia, da mesma forma, explora os sentimentos fatalistas – pela ausência de solução – e os gastos das famílias repetem-se.

Dito de outra forma, não se pode fiar que as políticas públicas resolvam o problema nem se pode supor que as famílias alteram o seu comportamento.

O que permite uma conclusão difícil de engolir: quanto pior for a conjuntura externa, melhor será para a economia portuguesa. Só ela obrigará o Governo a procurar caminhos alternativos para crescer (enquanto poupa, emagrecendo a máquina) e só ela forçará as famílias a gastarem menos (porque o dinheiro lhes foge da carteira). Até que a solução surja, como por milagre.

 
At 19 de julho de 2006 às 15:17, Anonymous Anónimo said...

Continuamso na mesma
Os mesmos inbecis a mandar estatisticas e estudos nao credivesi,pq comoburros que sao. calro se fossem ineeligentes estavam no esrrangeiro, como nao os querem la andam aqui a debitar asneiras e a desgovernar isto
por favor ou estejam calados ou vaso-se embora
nao nos zxateiem mais

 
At 19 de julho de 2006 às 15:50, Anonymous Anónimo said...

Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição. Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom senso, e a moralidade, nestes dois factos que constituem o movimento político das nações.
A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse.
A política é uma arma, em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias; ali dominam as más paixões; ali luta-se pela avidez do ganho ou pelo gozo da vaidade; ali há a postergação dos princípios e o desprezo dos sentimentos; ali há a abdicação de tudo o que o homem tem na alma de nobre, de generoso, de grande, de racional e de justo; em volta daquela arena enxameiam os aventureiros inteligentes, os grandes vaidosos, os especuladores ásperos; há a tristeza e a miséria; dentro há a corrupção, o patrono, o privilégio. A refrega é dura; combate-se, atraiçoa-se, brada-se, foge-se, destrói-se, corrompe-se. Todos os desperdícios, todas as violências, todas as indignidades se entrechocam ali com dor e com raiva.
À escalada sobem todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos (...) todos querem penetrar na arena, ambiciosos dos espectáculos cortesãos, ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis dos gozos da vaidade.

 
At 19 de julho de 2006 às 17:40, Anonymous Anónimo said...

IMPOSTO MUNICIPAL SOBRE V...
Tudo temos de pagar, e além de o ter, ainda tenho de esperar.
Em fila, não gosto nada deste termo, prefiro o outro, mas como esse tem conotação amaricada, então ficamos por este, fila, e ao sol, durante horas.
Se o Estado é o maior devedor de todos os portugueses, então, quando temos um imposto por pagar, porque vamos a correr para uma fila, entregar o nosso rico dinheiro, a esse grande gatuno. Quando alguém faz um trabalho para o nosso Governo,Câmaras, fica montes de tempo à espera do pagamento, e para receber ainda tem de ir aos ministérios e às Câmaras pedinchar o que é seu.
O devedor, Estado neste caso, nunca vem a nossa casa entregar o dinheiro.
Então porque somos sempre humilhados quando temos de pagar, IRS, IRC, MIA, IVA e o raio que o parta?

 
At 20 de julho de 2006 às 11:53, Anonymous Anónimo said...

Há pessoas no mundo da política que me lembram alguns animais que ficam inquietos em vésperas de uma catástrofe natural, é o que sucede com Nogueira Leite que tem estes momentos de nervosismo, sempre que os ventos da política mudam, quando percebeu que o governo de Guterres não tinha futuro foi o primeiro a abandonar o navio e foi para os Corredores da Universidade Nova queixar-se que o "padrinho" nem lhe tinha mandado um bilhetinho, agora que o regresso do PSD é cada vez mais longínquo quase aposto que se vai revelar um admirador incondicional e desde a primeira hora de José Sócrates:

«O Banco de Portugal veio esta semana apresentar as suas projecções para o final de ano das principais variáveis económicas. Mereceu particular destaque a perspectiva de um crescimento do PIB de 1,2 por cento para o corrente ano, 0,4 pontos percentuais acima das projecções de Inverno. Em condições normais, ou seja, há cinco, há dez ou há 15 anos, uma revisão desta magnitude teria mantido os agentes económicos na mais completa indiferença, quer pela magnitude dos números avançados, quer pelo cuidado que o Banco de Portugal teve em evidenciar clara e explicitamente os factores de incerteza que lhe estão associados. De tudo isto, duas conclusões emergem: os portugueses estão sedentos de boas notícias e o banco central voltou ao registo de seriedade e rigor habituais, demonstrando que o episódio dos 6,83 por cento foi apenas uma história mal contada.»

Pergunte-se a Nogueira Leite em que cargo está a pensar.

 

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