(YO)...PONTE DE SOR NÃO SABE NADAR..(YO)...
Bastaram umas chuvadas e algum vento para que as situações de desespero ocorressem um pouco por todo o país. Habitações inundadas, restaurantes destruídos, vias públicas bloqueadas, pequenos negócios destruídos, são o resultado de umas chuvadas, nada que se tenha assemelhado a um verdadeiro temporal e muito aquém daquilo que poderia dar lugar a cheias.
É um sinal claro de que as entidades públicas e, em particular, as autarquias apostam mais nas inaugurações do que na manutenção do que existe.
A inaugurações de novos equipamentos oferece maiores benefícios eleitorais do que a manutenção dos existentes, os próprios cidadãos estão mais disponíveis para bloquear uma estrada para que não se acabe com uma Scut do que para melhorar as escolas ou outras infra-estruturas públicas.
Desta vez não houve razão para grandes mobilizações da comunicação social, não ocorreu a queda de nenhuma ponte nem de nenhum ministro, apenas morreu uma idosa afogada na sua própria casa, em Pombal, aliás, quase todos os dias morrem portugueses devido a deficiências de infra-estruturas públicas sem que issa pareça ser motivo de grandes preocupações.
PS: Jorge Coelho disse no programa Quadratura do Círculo que no caso da queda da ponte de Entre-os Rios a culpa morreu solteira.
Porque motivo se demitiu deixando Guterres entregue aos apupos, em vez de permanecer no ministério para identificar as causas do desastre?
Ou achará que as insuficiências do funcionamento dos serviços da Administração Pública e a falta de recursos financeiros se resolve no banco dos réus?
JER
2 Comments:
A má quantidade das águas conduz sempre a excessos.
É como os defeitos, pode-se morrer no deserto por falta de água, e com excesso dela também podemos morrer afogados levando com um fogão dum vizinho na tola - que entretanto venha na correnteza. A Natureza tem destas prepotências sem regulação humana à vista. Foi o que sucedeu a metade do país esta madrugada: ruas, avenidas, farmácias, restaurantes, casas de passe, desconhecemos se a secretaria de Estado das Finanças também submergiu..., mas há quem diga que está para breve!
Talvez depois do OGE/07.
Muita casa séria submergiu.
Isto leva-me a outra vivência, talvez a 19…, em que um bando de miúdos encheram-se de felicidade por gozarem antecipadamente as suas férias do Natal.
Nesse "santo" ano houve cheias no Tejo, e a rapaziada deixou de ter aulas devido às inundações da Escola Preparatória de Alvega, no concelho de Abrantes.
Um edifício com três andares, creio, tinha então visitas de barco.
Em frente, uma gasolineira, tinha ficado completamente submersa. As pequenas de casas negócio (oficinas, comércio de electrodomésticos e pequeno retalho em geral) foi penalizada, muita gente humilde foi prejudicada na sua actividade económica.
Mas, lá está, os putos, alheios a isso tudo, tiveram momentos de felicidade extrema: entrar pela janela dum 3º andar de barco era obra; sair também.
Foi uma felicidade náutica apreciável.
Muita dessa gente - hoje na casa dos 40 anos, nunca tinha visto tanta água e encontrou logo ali motivo para dizer que a praia veio ao campo, já que o campo nunca ia à praia.
Não se transitava senão de barco.
Os postes dos telefones, com aqueles velhinhos que albergavam ninhos de cegonha (ainda no tempo em que estas transportavam bebés importados de França) também deixavam de funcionar, de modo que as comunicações interrompidas deixavam nas pessoas um sentimento de maior fragilidade e insegurança, o que levava a uma maior união na desgraça.
Mas os putos lá estavam, brincando, navegando, passando o ano administrativamente por causa das cheias.
Muita gente "burra" passou nesse ano.
Safei-me a matemática, que ainda hoje nada me diz.
Muita gente se tornou marinheiro pela bela experiência que tiveram com as cheias, e pelo gosto que lhes ficou em navegar num aquário gigante em que se transformara a escola Preparatória de Alvega, aliás, a Vila inteira, o concelho, o Distrito, creio que boa parte de Portugal.
A desgraça duns representou a felicidade de outros.
Isto levanta um problema económico, ou até de segurança.
Já que o problema duns representa a vantagem de outros.
Sempre foi assim, sempre assim será.
O problema é quando estamos todos a submergir mesmo quando não há cheias...
Já para não falar nos incêndios de Verão que não dão gozo a ninguém, nem aos coelhos que não conseguem fugir, do cansaço e do suor.. E por vezes morrem que nem tordos, como os bombeiros.
Nem as cegonhas, que já pouco existem, se safam...
Os "bebés por elas trazidas" também não abundam, como sabemos, e isso não se deve às cheias, mas a algo que talvez a meretriz da micro e macro-economia expliquem.
Confesso que já tenho saudades dumas boas cheias.
Até porque já não ando de barco há uns tempos, e não me importaria nada de voltar a (re)entrar pelas janelas do 3º andar do edificío onde estudei há quase 30 anos e onde as actividades nauticas, ao que me lembro, foram muito apreciadas.
Só não praticámos foi ski...
Não havia gasolina, lá está...
Mesmo sem motor...
Tudo a remo, creio que já na altura tínhamos preocupações ambientais.
Ou era isso, ou não havia dinheiro para a gasolina, além da gasolineira estar completamente submersa...
A mãe-Natureza é mesmo um torpor, uma face de janus (de fogo e água) que por vezes desrespeita tudo e todos sem perguntar às pessoas se querem assim tanta água, ou sequer se sabem nadar (yo)...
Infelizmente, o passado já não regressa.
Mas admito que fazer ski num sítio onde há 30 anos fazíamos remo seria um remake da história imperdível...
O problema é que muita gente desaprovaria este remake... E já se está mesmo a ver porquê!?
Por causa dessa meretriz que anda aí e que responde pelo de globalização... A "culpada" de tudo.
Diz o roto ao nú...
«Jorge Coelho lamenta que a culpa vá "morrer solteira" no caso da queda da ponte. O antigo ministro das Obras Públicas Jorge Coelho lamentou ontem à noite que a culpa tenha "morrido solteira" no caso da queda da ponte de Entre-os-Rios, depois de o tribunal ter ilibado os únicos arguidos.»
(in: Público)
... porque não te vestes tu...
As estações de tv deveriam ter mais cuidado nos convivas que escolhem para povoar o espaço público e enchê-lo (de banalidades).
Jorge Coelho colonizou esse espaço quando esteve no governo de Guterres, agora fá-lo nas suas emergências na tv de balsanamão ante um confrangedor Carlos Andrade que nunca soube o que era "moderar", amanhã sê-lo-á num comício qualquer para arregimentar mais uma palmaria...
É uma poluição visual e sonora constante.
Aliás, o sr. Coelho oculta mais do que destapa, já é uma metáfora da própria poluição (senão mesmo da existência) e uma antítese da ideia de que a Política deveria ser uma ideia e uma praxis nobre. Coelho virou um absurdo num país que também não é diferente, só por isso é que o tolera.
Felizmente que ainda pessoas lúcidas...
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