quarta-feira, 21 de março de 2007

UM DIA TERIA DE SER...

Um dia teria de ser. Paulo Portas despojado aos olhos de quem quer ver. Do que ele é capaz quando o outro não verga. Mais uma vez montou o cenário e produziu um guião. Como em outras ocasiões – agora para a sua ressurreição.

Ele era o único português determinado a combater o outro português determinado; ele expelia quem dirigira o partido que lhe serviu durante dois anos para um confortável recuo; ele queria federar o centro-direita a partir de um modelo político que anunciava diferente, com novas ideias e muito futuro. Portas é assim: constrói uma ideia para acomodar o capricho. Que depressa se revela na excitação do poder. Desta vez correu-lhe mal. Por uma simples razão: o que o país viu em Óbidos não estava no guião. Pelo contrário: Portas construiu a consagração sem, por um segundo, pensar em quem já tinha apagado da história. Erro de cálculo. E os portugueses viram o conserto do respeitinho transfigurado numa peixeirada de beco. E por saber que Maria José Nogueira Pinto tem razão – "a direita olha para estes comportamentos com horror" – Portas acabou por vestir a pele de cordeiro e pedir desculpas.

O mal estava feito. Quer isto dizer que Ribeiro e Castro não cometeu erros? Claro que cometeu,
a começar pela ideia peregrina de comandar o partido desde Bruxelas. Quer isto dizer que Portas não tem qualidades? Claro que tem, algumas acima da mediania. Mas a questão é outra: alguém no seu perfeito juízo entrega a governação a um grupo de "cães de fila" – na desassombrada apreciação de Nogueira Pinto? Obviamente ninguém. É dramático para alguém como Paulo Portas. Que hoje ao espelho vê o que o país vê: um grupo de cães de fila.

R.V.

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