quarta-feira, 4 de abril de 2007

O CERCO A JOSÉ SÓCRATES

Até agora Sócrates foi um brilhante aplicador das regras de Sun Tzu para vencer a guerra pelo poder: mobilidade, versatilidade e escolhas estratégicas certeiras.
Neste momento deixou-se cegar.

O caso da Universidade Independente está a torná-lo refém de uma cólera precipitada.
Não a controla. E, pior, está a ficar com dúvidas sobre a sua própria identidade.

O pior que pode acontecer a um líder político é olhar para um espelho e duvidar de si próprio. E é isso que está a acontecer a Sócrates.

Já não acredita no que vê no espelho.
O problema do primeiro-ministro não é ser engenheiro ou deixar de o ser. Essa foi sempre uma questão que poderia ficar perdida na neblina da Ota.
As dúvidas passam e os políticos ficam.
Guterres ficou.
Durão também.

Até Santana Lopes está prestes a bater à porta para voltar a entrar.

Os portugueses são como o fado: choram o passado, mas esquecem-no e perdoam-no.
Só há algo que são incapazes de perdoar: os que lhe exigem a luta contra o facilitismo e, depois, facilitam a sua própria vida.
Sócrates sente essa picada da aranha, o veneno a penetrar-lhe nas veias e a paralisá-lo.
O primeiro-ministro tem medo de deixar de conseguir exercer o poder.
É a mesma coisa que ter sede e tirarem-lhe a água.
A Sócrates está a acontecer o pior que pode suceder a um líder político: duvidar de si próprio.
Nesse dia deixa de poder comandar os que o cercam.

Porque já não comanda os seus receios.
Não é, deixou de ser.

F.S.

Etiquetas: