quarta-feira, 4 de abril de 2007

O MI(NI)STÉRIO DAS ORELHAS DE BURRO (I)


Uma política educativa assente em teorias pedagógicas mal testadas e decorrentes de uma crença totalmente infundada no mito do «bom selvagem» de Rousseau permitiu que a escola fosse tomada de assalto por bandos de rufias que, por ausência de autoridade, acabaram por tomar o poder de facto, na medida em que são os únicos que podem usar a força para impor as suas leis.



Com efeito, só eles têm autoridade para bater, esmurrar, esfaquear ou pontapear quem quer que seja: professor, funcionário ou aluno. E se algum aluno, na sua ingenuidade, tentar encontrar protecção num professor ou num funcionário rapidamente aprende quão frágil e ilusório é o poder destes.



A maioria dos pais hodiernos pertence a uma geração fruto de uma época (anos 60-70) em que se idolatrava o aluno insolente, baldas e marginal e se desprezava o aluno aplicado, trabalhador, cumpridor e educado.



Não é, por isso, de estranhar que a participação dos pais nas nossas escolas tenha dado um contributo decisivo não só para o decréscimo da qualidade do ensino como também para o aumento da indisciplina e da violência nas nossas escolas. A maioria dos pais, sejamos honestos, só vai à escola por duas razões: ou para pressionar os professores a dar notas mais altas ao seu filho ou para pedir satisfações ao professor ou funcionário que ousou levantar a voz contra o seu filhinho.



Mas há uma coisa que as pessoas têm de perceber: a escola não pode ser nem uma casa de correcção, nem uma prisão. E para se pertencer à comunidade escolar (ou a qualquer outra), uma pessoa tem de aceitar e de se sujeitar às regras de funcionamento da própria comunidade, sob pena desta se desmembrar.



Os alunos normais (entendendo, obviamente, por normal comportamentos próprios da irreverência da idade) não podem ser vítimas nem os ratinhos da Índia de experiências pedagógicas de resultado duvidoso ou de programas de ressocialização de delinquentes. Acresce que é fundamental que a escola proteja os alunos que aceitam as regras da comunidade, porque só assim eles aprenderão a confiar nas instituições.



Quanto aos restantes, os pais que os aturem ou o Estado que arranje escolas especiais para os domar.



A não ser que queiramos educar os nossos alunos para uma vida numa sociedade dominada e controlada por traficantes de droga, máfias e “gangs”. Se assim for, o modelo defendido por Albino Almeida e que, infelizmente, já está implantado em muitas das nossas escolas é o ideal, na medida em que reproduz com fidelidade esse modelo de sociedade.


REXISTIR

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