SE A MODA PEGA... [parte III]
Enquanto o Ministério da Educação continua a achar que na DREN
não se passou nada de anormal e inusitado, já, no blog onde escreve o companheiro da Ministra da Educação, Pedro Adão e Silva, um ferrista que se a si próprio se vê como uma das mentes brilhantes que ululará no PS pós-Socrático, resolveu imitar Goebels, na tentativa de contextualizar, e relativizar, o caso.
Começando pelo fim, numa prosa intitulada 'Morder o Isco', Pedro Adão e Silva 'reduz' a questão
a uma alegada armadilha, uma 'esparrela fácil' (sic) na qual a Torquemada de saias, directora regional, da DREN terá caído, por 'excesso de zelo e falta de inteligência' (sic). Para Adão e Silva o que tivemos na DREN foi mais uma cabala - a directora-regional terá sido 'provocada, provavelmente a sua liderança afrontada de modo sistemático'. Depois, "a história do Professor destacado na DREN que foi suspenso e recambiado para a escola de origem (onde, parece, não estava há dezanove anos – o que não deixa de servir para nos questionarmos sobre o fenómeno dos professores destacados para os serviços centrais e regionais do Ministério da Educação) tem todo o ar de estar mal contada. Basta saber que muitas das direcções regionais dos Ministérios são lugares de poder partidário por excelência, para perceber que o que esta história esconde é provavelmente uma luta entre novos e velhos poderes nos serviços. A este propósito, não é nada irrelevante que o professor em causa tenha sido até há pouco deputado pelo PSD" (sic).
Ora, nestes nacos de proza está todo um programa, todo um retrato daquilo que vai quer na cabecinha de Pedro Adão e Silva, quer na de uma boa parte do 'povo de esquerda' que nos pastoreia.
É que há de facto, e por estes dias, uma diferença de fundo, estrutural, entre a 'esquerda'/PS e a 'direita'/PSD em Portugal, uma diferença que vai muito para além de questões ideológicas. É que se no PSD há tentativas periódicas de 'mexicanização' do poder, mas onde ecumenicamente acaba por haver lugar para todos, de todas a cores, e mais alguns, já no PS o que há, nos últimos anos, e na pior tradição jacobina da Esquerda, é uma tentação 'afonso costista', de fatwas eugénicas e sistemáticas, contra, não só quem não é do PS, mas sobretudo contra quem não pensa da mesma forma que o (chefe do) PS. ("Quem não é do PS, leva!")
Tivesse Pedro Adão e Silva um módico de princípios, um módico de honestidade intelectual, não padecesse também Pedro Adão e Silva do mesmíssimo 'excesso de zelo e falta de inteligência' (sic) de que acusou a responsável da DREN de padecer e a conclusão que teria imperiosamente de tirar era uma e só uma - o professor da DREN não foi acusado por rigorosamente nenhuma das razões que Adão e Silva aventou, foi acusado por ter proferido um comentário sobre a licenciatura faxeada de Sócrates. São estes os factos, inilúdiveis, confirmados aliás pela tal Torquemada de saias, a qual, abone-se, não se escuda em quaisquer eufemismo ou subterrefúgio. Tudo o resto é assessório e só serve para esconder o essencial - um cidadão português foi perseguido por puro delito... de opinião.
Pedro Adão e Silva bem pode dizer que é de 'esquerda', não pode é dizer é que é, ou que sabe o que é, um democrata! Soubesse-o, e certamente saberia que, numa democracia, em qualquer democracia, mesmo de 'esquerda', somos, temos que ser, iguais, perante a Lei, perante a sociedade, perante o Estado, quer sejamos, ou tenhamos sido, deputados do partido A, B, ou C. Soubesse-o e não faria a figura pindérica que fez.
Em bom rigor, nada distingue Pedro Adão e Silva, o silencioso Ministério da Educação, a mole de dirigentes e deputados do PS que apareceram a contextualizar a questão e a falar no 'respeitinho' devido ao 'Grande Engenheiro' (faxeado), a própria Margarida Moreira - a Torquemada de saias da DREN, de alguém que há cerca de dois milénios 'conquistou', na horizontal e na vertical, o seu 'lugar' na história - Fulvia Flacca Bambula - uma 'senhora', e 'política', romana cujo maior feito, foi o de mandar cortar a língua a Cícero, depois deste assassinado, para depois a retalhar, à língua, com ganchos dourados do cabelo.
Manuel
não se passou nada de anormal e inusitado, já, no blog onde escreve o companheiro da Ministra da Educação, Pedro Adão e Silva, um ferrista que se a si próprio se vê como uma das mentes brilhantes que ululará no PS pós-Socrático, resolveu imitar Goebels, na tentativa de contextualizar, e relativizar, o caso.
Começando pelo fim, numa prosa intitulada 'Morder o Isco', Pedro Adão e Silva 'reduz' a questão
a uma alegada armadilha, uma 'esparrela fácil' (sic) na qual a Torquemada de saias, directora regional, da DREN terá caído, por 'excesso de zelo e falta de inteligência' (sic). Para Adão e Silva o que tivemos na DREN foi mais uma cabala - a directora-regional terá sido 'provocada, provavelmente a sua liderança afrontada de modo sistemático'. Depois, "a história do Professor destacado na DREN que foi suspenso e recambiado para a escola de origem (onde, parece, não estava há dezanove anos – o que não deixa de servir para nos questionarmos sobre o fenómeno dos professores destacados para os serviços centrais e regionais do Ministério da Educação) tem todo o ar de estar mal contada. Basta saber que muitas das direcções regionais dos Ministérios são lugares de poder partidário por excelência, para perceber que o que esta história esconde é provavelmente uma luta entre novos e velhos poderes nos serviços. A este propósito, não é nada irrelevante que o professor em causa tenha sido até há pouco deputado pelo PSD" (sic).
Ora, nestes nacos de proza está todo um programa, todo um retrato daquilo que vai quer na cabecinha de Pedro Adão e Silva, quer na de uma boa parte do 'povo de esquerda' que nos pastoreia.
É que há de facto, e por estes dias, uma diferença de fundo, estrutural, entre a 'esquerda'/PS e a 'direita'/PSD em Portugal, uma diferença que vai muito para além de questões ideológicas. É que se no PSD há tentativas periódicas de 'mexicanização' do poder, mas onde ecumenicamente acaba por haver lugar para todos, de todas a cores, e mais alguns, já no PS o que há, nos últimos anos, e na pior tradição jacobina da Esquerda, é uma tentação 'afonso costista', de fatwas eugénicas e sistemáticas, contra, não só quem não é do PS, mas sobretudo contra quem não pensa da mesma forma que o (chefe do) PS. ("Quem não é do PS, leva!")
Tivesse Pedro Adão e Silva um módico de princípios, um módico de honestidade intelectual, não padecesse também Pedro Adão e Silva do mesmíssimo 'excesso de zelo e falta de inteligência' (sic) de que acusou a responsável da DREN de padecer e a conclusão que teria imperiosamente de tirar era uma e só uma - o professor da DREN não foi acusado por rigorosamente nenhuma das razões que Adão e Silva aventou, foi acusado por ter proferido um comentário sobre a licenciatura faxeada de Sócrates. São estes os factos, inilúdiveis, confirmados aliás pela tal Torquemada de saias, a qual, abone-se, não se escuda em quaisquer eufemismo ou subterrefúgio. Tudo o resto é assessório e só serve para esconder o essencial - um cidadão português foi perseguido por puro delito... de opinião.
Pedro Adão e Silva bem pode dizer que é de 'esquerda', não pode é dizer é que é, ou que sabe o que é, um democrata! Soubesse-o, e certamente saberia que, numa democracia, em qualquer democracia, mesmo de 'esquerda', somos, temos que ser, iguais, perante a Lei, perante a sociedade, perante o Estado, quer sejamos, ou tenhamos sido, deputados do partido A, B, ou C. Soubesse-o e não faria a figura pindérica que fez.
Em bom rigor, nada distingue Pedro Adão e Silva, o silencioso Ministério da Educação, a mole de dirigentes e deputados do PS que apareceram a contextualizar a questão e a falar no 'respeitinho' devido ao 'Grande Engenheiro' (faxeado), a própria Margarida Moreira - a Torquemada de saias da DREN, de alguém que há cerca de dois milénios 'conquistou', na horizontal e na vertical, o seu 'lugar' na história - Fulvia Flacca Bambula - uma 'senhora', e 'política', romana cujo maior feito, foi o de mandar cortar a língua a Cícero, depois deste assassinado, para depois a retalhar, à língua, com ganchos dourados do cabelo.
Manuel
Etiquetas: Educação
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“ (...) Enquanto o Governo exibia Costa à cidade e ao mundo, soube-se que, numa qualquer direcção regional, um professor tinha sido suspenso por causa de uma piada à custa do primeiro-ministro.
Eis o que está nas mãos dos lisboetas: garantir que, depois de Julho, podem continuar a contar-se anedotas sobre Sócrates na câmara municipal. Porque é preferível lixo nas ruas do que lixo nas almas.”
Rui Ramos
in PÚBLICO, de 23-05-2007
Em Portugal “filho da puta” quase se tranformou em mimo, quantos não se referem por “meu filho da puta” a familiares e amigos? Ainda no domingo passado Jesualdo Ferreira festejava o título referindo-se a um colega de equipa por “este filho da puta”.
A cena do processo disciplinar está a ganhar contornos idiotas, se todos os funcionários públicos tivessem um processo disciplinar por ofensas às mães de governantes e directores-gerais não só o Governo ficava dispensado das reformas que está adoptando como seria muito provável que quando nos deslocássemos a um serviço de finanças fossemos atendidos por um moldavo.
É evidente que mais impropério, menos impropério, mais palavrão menos palavrão, mais piada, menos piada, estamos perante um excesso de zelo na defesa da imagem do primeiro-ministro. O professor que se esqueceu que já não contava com a imunidade parlamentar do tempo das vacas gordas eleitorais do PSD teve sorte, em democracia apanhou um processo disciplinar, se fosse na ex-URSS já estava a bordo de uma carruagem de gado do transiberiano a caminho de uns anos de reeducação.
Desta história triste protagonizada com alguém que parece ter decidido ser protectora da imagem do primeiro-ministro resulta que temos que ter muito cuidado com o que dizemos do primeiro-ministro, a não ser que sejamos ministro das Obras Públicas. Antes de ofender a mãe de algum governante temos que ter o cuidado de saber quem nos está a ouvir, não vá ser alguém cujo cargo foi decido nalguma sede partidária.
Talvez o tal professor tenha mesmo dito o que não devia dizer, tendo sido deputado até deveria ter mais classe e tento na língua, mas a senhora protectora do primeiro-ministro aprendeu a lição, com este gesto fez um grande favor aos que acusam Sócrates de algum despotismo, esta manifestação de culto da personalidade não é nada de novo, começam a haver demasiados sinais de tentativas de endeusamento do primeiro-ministro.
Se o ex-deputado andou aos berros pelo serviço a chamar “filho da puta” a Sócrates” (quantos não se estarão a roer de inveja…) é bom que responda por isso, mas se estamos perante uma discussão daquelas a que assistimos entre os a directora e um dos professores do “Morangos com Açúcar” é caso para lhes dizer que tenham juízo.
Bem, Sócrates sempre pode agradecer à sua diligente protectora, em vez de discutirmos o problema do desemprego andamos preocupados com um grande e novo problema nacional, a honorabilidade da sua progenitora.
Quem não ofendeu a mãe de um governante que meta o dedo no ar!
Para Jorge Miranda, a "directora regional é que devia ser demitida"
Os especialistas em direito administrativo consultados pelo DN condenam de forma unânime a decisão da directora regional de Educação do Norte de instaurar um processo disciplinar sobre um funcionário público, também suspenso preventivamente, pelo facto de este ter dito uma piada sobre o primeiro-ministro. O constitucionalista Jorge Miranda não conseguiu mesmo esconder a sua indignação com o comportamento de Margarida Moreira, chegando ao ponto de dizer que "quem deveria ser demitido era a directora a regional".
Para o professor da Faculdade de Direito de Lisboa, "houve um delator, o que é uma coisa profundamente triste", desabafou. Jorge Miranda entende que "o princípio constitucional da liberdade de expressão não pode ser posto em causa dentro da administração pública". E, acrescenta, "se houve injúria ou difamação, a questão tem de ser resolvida em tribunal e nunca por via administrativa".
A questão da delação foi também vincada por Pedro Lomba. "A responsável ordenou a suspensão preventiva a partir de um testemunho indirecto, o que me parece muito grave num processo de avaliação de culpa". Para este especialista em direito constitucional e administrativo, a suspensão preventiva é "claramente desproporcionada", já que se destina a falhas muito graves dos funcionários, o que "não é manifestamente o caso". Além disso, "é muito discutível que estejamos perante uma infracção disciplinar, que implicaria uma violação dos deveres profissionais".
O advogado Paulo Veiga e Moura, que publicou um livro sobre os direitos e deveres dos funcionários públicos, também condena a sanção aplicada a este professor. Apesar do funcionário público "não ser um indivíduo qualquer, também não é estéril do ponto de vista cívico e político". Assim, se por um lado os trabalhadores do Estado devem aceitar uma limitação da sua liberdade de expressão enquanto desempenham as suas funções, por outro lado, esta contenção só é exigível quando possa estar em causa "um prejuízo para a qualidade ou prestígio do serviço público". Ora, uma simples piada não ameaça o correcto funcionamento do serviço, conclui.
Mas um comentário jocoso não é uma falta de respeito para com o primeiro-ministro, que é o chefe máximo da administração pública? "Não. O dever de respeito não impede o funcionário de fazer comentários ou dizer piadas. Implica, isso sim, tratar de forma ordeira e correcta os seus superiores hierárquicos." O que este funcionário violou, quando muito, foi o dever de contenção, já que não é suposto dizer piadas durante o horário de trabalho.
Para este advogado, este episódio acarreta ainda efeitos intimidatórios sobre os funcionários. Com este tipo de atitudes, "arriscamo-nos a regressar ao conformismo temeroso de outros tempos". Pedro Lomba reforça: "O país ficou a saber que qualquer afirmação menos agradável sobre o primeiro-ministro pode dar lugar a um processo".
MANUEL ESTEVES
No: Diário de Notícias
A democracia não se faz sem democratas e sem consciência e práticas democráticas. Podem a Constituição e as leis clamar por direitos, liberdades e garantias que, sem gente - sobretudo nos lugares de decisão - que acredite nisso, clamarão no deserto. Pessoas como a directora regional de Educação do Norte, que suspendeu um professor por ele ter gracejado sobre a licenciatura de Sócrates, encontrarão sempre algures um regulamento, uma competência, uma interpretação, para a arbitrariedade. Como escreve a propósito do caso Vital Moreira (http//causa-nossa.blogspot.com), "há-os sempre, os zelosos guardiões do poder, excedendo-se na punição dos que se excedam no desrespeito ao poder. Não se dão conta, os zelosos, que no seu excesso só desajudam quem julgam proteger." Numa canção célebre, José Afonso chamou-os, a esses, os que "lambuzam de saliva os maiorais", de "eunucos". Os maiorais desprezam-nos mas precisam deles, e por isso normalmente vão longe. A referida directora regional de Educação (!) reconheceu em tempos (JN, 15/10/2006) que "estamos no século XXI e ainda temos muita herança do tempo do Estado Novo". Não, senhora directora regional, não é "herança do Estado Novo" (o Estado Novo tem as costas largas); é pior que isso, é a natureza humana.
Exma. Responsável pela “Declaração de Reimplantação do Estado Novo” (DREN)- Dr.ª Josefina Bufa
Em resposta ao seu ofício delator, S. Ex.ª a incompetente e impiedosa Ministra da Reeducação, da Guerra e dos Professores, encarrega-me de a felicitar pelo profícuo trabalho que tem desenvolvido em prol do nacional-socialismo, que o nosso amado e grande líder, Engenheiro Kim Il Sócretino, pretende implantar em todo o Continente e Ilhas adjacentes.A sua falta de princípios éticos, morais e deontológicos, aliada ao inexistente relacionamento com os colegas, fazem da Dr.ª Bufa uma óptima agente e colaboradora das SS, serviço de pesquisa e aquisição de dados políticos, que estamos a recrutar por todas as escolas do país.Como é do seu conhecimento, o nosso grande mentor e líder incontestável, cumpre, com Sentido de Estado e do Dever Público, os desígnios que a Pátria lhe impôs no dia em que o nosso humilde povo votou, tão sabiamente, o seu nome para a dura, árdua e penosa tarefa da Governação.Tudo seria bem mais simples, para o Conselho de Controlo e Fiscalização, se não fossem os agentes destabilizadores da oposição. Esta caracteriza-se em, Oposição Externa, que se escuda nos vários partidos que compõem a Assembleia Nacional e, Oposição Interna, que a partir de Blog´s e grupos de pressão, altamente organizados, tenta minar a boa harmonia que devia existir na família nacional-socialista.Deste modo, e conforme consta do livro de despachos de S. Ex.ª a Sr.ª Sinistra, ordena-se à Dr.ª Bufa que mantenha e crie na sua área de acção, uma rede que lhe permita aceder às actividades de todos aqueles que trabalham sobre as suas ordens, enviando para a Central de Dados do Ministério, relatórios diários sobre todas as actividades suspeitas de que tenha conhecimento.
A Secretária do Gabinete dos Delatores e Informadores.
A filosofa-burocrata-ex-sindicalista-directora da DREN- Margarida Moreira, a carrasca que chicoteia os engraçadinhos que andam a brincar com a licenciatura de Sócrates ( que é uma coisa séria) disse que a medida punitiva ao pobre professor de inglês ( não técnico!) se deveu ao facto de a piada ser mesmo boa.
Corre o boato que aquilo foi uma anedota do melhor, melhor do que aquela do célebre ministro Borrego de Cavaco, sobre os alentejanos.
Quem conta a anedota ? Queremos sabe-la. Quem souber que a conte e se for funcionário público...paciência, é a vida.
João Charrua, professor social-democrata, foi suspenso pela mui socialista Direcção Regional do Norte do Ministério da Educação a 23 de Abril por ter contado uma piada em privado sobre o venerando Presidente do Conselho. Está certo. Refiro-me à data, naturalmente anterior a 25 de Abril
A propósito do alegado insulto (piada, segundo o autor) proferido por Fernando Charrua, ex-Deputado do PSD cuja categoria atesto pessoalmente, o Ministério da Educação recusou a ida da Ministra à Assembleia da República com o argumento de esta só devia pronunciar-se em sede de recurso hierárquico.
Para os menos familiarizados com o Direito Aministrativo, isto quer dizer que Maria de Lurdes Rodrigues, como chefe da Directora Regional, só dirá algo sobre este episódio "pidesco" se houver recurso da "instância" inferior.
Ou seja, o espírito mangas de alpaca sobe até ao topo do ME, num servilismo capaz de comover fantasmas, em Santa Comba Dão...
É óbvio que a questão sub judice é eminentemente política e é nesse âmbito que a Ministra da Educação tem de pronunciar-se, dizendo se concorda ou não com uma "criatura" que entende sancionar administrativamente algo que, na melhor das hipóteses, podia motivar um procedimento criminal pelo ofendido.
Nem colhe a argumentação do Deputado do PS, Luís Fagundes Duarte (pessoa muito correcta e estimável, asseguro-vos), que vem dizer que a imagem dos políticos deve ser preservada. A mais da respeitabilidade dever brotar de uma conduta exemplar da classe política (a maioria dos nossos representantes podia repartir-se entre as Honduras e o Haiti - estou disponível para ser processado...), o enquadramento social aponta para um ambiente mesquinho e satírico que deve dar o "desconto" (a propósito de outras coisas, o Procurador Geral da República reconheceu a importãncia do ambiente social na determinação da política criminal, pelo que...).
Por fim, sendo que a alegação do "bufo" foi a de que Fernando Charrua comentou a conduta da mãe do PM, no insulto que terá proferido, e já que o acusado diz uma coisa totalmente diversa, fica por saber porque foi tão serventuária a nossa Margarida Moreira (DREN).
Fica-se, pelo menos, com a certeza de que o espírito "queixinhas" promovido pelo guia "Prevenir a Corrupção" do Ministério da Justiça é para levar a sério, segundo a rapaziada "e "raparigada" que gostaser mais papista do que o Papa).
Para quando um retrato oficial do PM em cada gabinete?
Conhecendo José Sócrates e simpatizando com o próprio, aposto que ele dispensaria este e outros "lambe-botismos"..
Qualquer dia os profs. identificados em alguns destes blogs mais..., ainda acabam os seus dias em algum Tarrafal, depois de serem despedidos. A História não se repete, mas lembrem-se o que se passou pós campanhas eleitorais de Norton de Matos e Humberto Delgado...
Se no tempo da ditadura era normal acontecer anormalidades desta natureza, o que está a acontecer numa democracia faz pensar que o regime mudou, mas os ADNs salazaristas continuam inseridos nos neurónios do Sr. Sócrates, pelo menos, por parte do Sr. Sousa, conhecido covilhanense, durante o regime deposto em 25 de Abril de 1974.
Talvez a estratégia para a contestação passe também pela humilhação pública, deste desgoverno, enquanto os jornalistas estrangeiros andam por aí, durante os próximos 6 meses:
Vestir luto
Colocar adesivos na boca - o silêncio é mais ruidoso que a gritaria
T-shirts com frases justificativas
etc.
Como no texto de Brecht, enquanto eles nos conseguirem levar um a um, nada mudará…
Primeiro despediram os funcionários públicos, mas eu não me importei, não sou funcionário público.
Depois proibiram a greve dos professores, mas eu não sou professor.
Depois proibiram a manifestação dos militares, mas eu não sou militar.
Depois foram os juízes, os polícias, os enfermeiros, mas eu não sou juiz, nem polícia, nem enfermeiro.
Agora estão a bater-me à porta, mas já é tarde...
O TEXTO NO RUI RAMOS DO PÚBLICO DE HOJE (COMPLETO):
A nomeação de António Costa
por Rui Ramos*
Coitados dos políticos - na semana passada quase tivemos pena deles, tantos foram os analistas a demonstrar a solidão dos líderes e a falta de gente dos partidos. Os factos não pareciam autorizar interpretações menos melancólicas.
Perante uma eleição em Lisboa, o PS teve de gastar um ministro de Estado, e depois ir buscar um juiz ao Tribunal Constitucional, eleito há dois meses, para o substituir. O PSD dispôs-se a sacrificar o presidente de outra câmara. O CDS recorreu ao seu líder parlamentar, à frente de uma lista em que foi preciso pôr quase metade do estado-maior do partido.
Todos analisámos este generalizado rapar dos tachos com a conveniente dose de angústia democrática. Mas, enquanto o país se preocupava com a escassez de políticos, os nossos políticos, que não sentem que haja funcionários a mais, também não deram sinais de sentir que há políticos a menos. Basicamente, porque julgam que têm tudo muito bem controlado.
Viu-se pelo modo como, apesar de estar prevista uma eleição para Julho, o Governo tentou nomear um dos seus ministros presidente da Câmara de Lisboa.
Há que admirar a mestria. Tudo foi coreografado para provar que, enquanto os outros iam a votos, António Costa descera do ministério à terra para tomar posse. Perante a encarnação autárquica do verbo governamental, os animadores de serviço ergueram as palmas e juncaram o caminho de flores, entoando cânticos à "aposta fortíssima" e ao "peso-pesado". Vale a pena reflectir sobre esta transfiguração de um simples mortal num ser "fortíssimo" e "pesado".
Está aqui a chave da nossa política. O currículo atesta que Costa já foi nomeado para quase tudo. Mas na única vez em que arriscou uma candidatura pessoal - Loures, em 1993 -, perdeu. De resto, foi sempre eleito em lugar secundário nas listas. Não discuto as virtudes de Costa: admito que tenha todas. O ponto é este: noutras democracias, "pesos-pesados" são políticos com um apelo eleitoral testado - e não alguém cujo talento foi sobretudo reconhecido pelos correligionários. Os nossos políticos julgam-se capazes de atingir a grandeza pelo singelo método de se promoverem uns aos outros, como a nomenklatura da antiga União Soviética.
Para esta política reduzida a um clube de elogio e promoção mútua, é natural que o país não conte - compete-lhe apenas deixar-se impressionar pelo ruído que lhe chega do clube. Não devemos cometer o erro de tomar os nossos políticos por bacocos. O Governo fez um cálculo. Previu que os oligarcas do PSD estariam mais interessados em afundar Marques Mendes do que em reter Lisboa, e que portanto não haveria outro candidato com a folha de serviço de Costa. Entretanto, apagou do quadro o comprometedor PS local, e aproveitou o charme discreto do poder para arrebanhar atracções.
Entre candidatos e mandatários, no circo Costa há de tudo. O eleitor é do PSD? Tem o exemplo de José Miguel Júdice. Desconfia da "malandragem"? Tem Saldanha Sanches. Não gostou de Carrilho? Tem Manuel Salgado. Gostou de Alegre? Tem Ana Sara Brito. Até as directoras da Ciência Viva e do Serviço Jesuíta aos Refugiados vieram na rede. Isto não é uma candidatura: é o regime sujeito a um arrastão. Alguém ficou de fora?
Só havia um problema para consumar a nomeação: os candidatos independentes. As sondagens mostravam Carmona e Roseta com mais intenções de voto, em conjunto, do que o "peso-pesado".
Como de costume, o povo, sempre ignaro e ingrato, ameaçava estragar o passeio. Felizmente, é para prevenir este género de escândalos que existe a burocracia do Estado, com os seus procedimentos e prazos jeitosos. O governo civil removeu assim a dificuldade com um passe mágico do calendário. Estavam as favas a ser contadas, quando, de repente, o sistema deu sinal de anomalia. Geralmente tão fiável, a justiça constitucional abriu brecha na muralha. E foi assim que as eleições de Lisboa, até aí reduzidas a uma oportunidade para o Governo, se tornaram também uma oportunidade para os cidadãos. Por exemplo, para explicarem a estes ministros que a democracia não é uma coisa para ficar calcada debaixo de um qualquer "peso-pesado".
É que há mais em jogo do que uns automóveis mal estacionados. Enquanto o Governo exibia Costa à cidade e ao mundo, soube-se que, numa qualquer direcção regional, um professor tinha sido suspenso por causa de uma piada à custa do primeiro-ministro.
Eis o que está nas mãos dos lisboetas: garantir que, depois de Julho, podem continuar a contar-se anedotas sobre Sócrates na câmara municipal. Porque é preferível lixo nas ruas do que lixo nas almas.
«O Ministério da Educação não tem de esclarecer rigorosamente nada. A ministra não tem nada para explicar aos deputados porque não foi a ministra que introduziu o procedimento. Por isso, não há nada a comentar», afirmou Jorge Pedreira, secretário de Estado da Educação (TSF, 22.5.2007).
Eis um exemplo de autismo à revelia das regras mais elementares de bom senso político.
É claro que a ministra «não tem que esclarecer rigorosamente nada». Onde é que foram buscar semelhante ideia?
Os ministros só têm que esclarecer o primeiro-ministro.
Eventualmente o Presidente da República, mas só se o Primeiro-Ministro autorizar previamente.
O Parlamento não conta.
Mais.
Informa-se que a DREN não responde hierarquicamente perante o Ministério da Educação e que cada direcção regional faz aquilo que muito bem lhe dá na gana.
Acresce que os serviços centrais do Ministério da Educação, na 5 de Outubro em Lisboa, só são responsáveis pelos seus actos.
O resto do País está por sua conta, peso e medida.
Esclarecimentos?
Explicações?
Isso são práticas totalmente ultrapassadas.
Já chegámos à Madeira?
PIADA SOBRE SÓCRATES
Professor diz que está a ser perseguido
Fernando Charrua garante que nunca insultou o primeiro-ministro, e revela à TSF o comentário que lhe valeu a suspensão e o processo disciplinar. O professor acusa a directora regional de Educação do Norte de o estar a perseguir politicamente.
( 17:58 / 23 de Maio 07 )
Em entrevista à TSF, o professor revela que a acusação que consta do despacho é falsa e revela também o comentário que lhe valeu a suspensão e o processo disciplinar.
Numa segunda-feira, dia 23 de Abril, Fernando Charrua chegou à direcção Regional de Educação do Norte, como era habitual, e tinha o computador bloqueado. Depois foi chamado ao gabinete da directora.
«Fiquei espantado porque a directora disse-me que tinha provas de que eu andava a insultar o primeiro-ministro "cá dentro e lá fora". O que achei estranhíssimo porque mesmo lá dentro não andava a insultar ninguém mas lá fora, mesmo que andasse, ninguém tinha nada a ver com isso», salientou.
«Depois a directora-geral disse que ou eu me demitia ou era suspenso», conta ainda Fernando Charrua.
«A única coisa que se passou foi que fiz um comentário, dentro de um gabinete, a um colega meu que é meu amigo há 15 anos, e que é assessor da directora regional», continua o professor.
«Eu disse qualquer coisa como "Epá! se precisares de me enviar o teu doutoramento manda-me por fax porque se não for por fax não tem validade"», [numa alusão ao facto de José Sócrates ter enviado os documentos académicos por fax], conta Fernando Charrua, negando ter pronunciado os insultos que vieram publicados esta quarta-feira num jornal diário.
In:TSF on-line
Depois admiram-se com as romagens à campa do Botas. Há actualmente comportamentos e atitudes de quem exerce o poder que causariam inveja aos antigos legionários e aos informadores da Pide.Claustrofobia democrática? Não! Regresso ao passado e a um passado bem triste.
O REGIME DE SÓCRATES
"Sócrates, com imensa bondade, assegurou à Pátria a liberdade de expressão e o prof. Cavaco, do lugar etéreo onde subiu, espera que o "mal-entendido" (repito: o "mal-entendido") se esclareça. Não chega. Ninguém se lembraria, como ninguém de facto se lembrou, de acusar (ou de punir) alguém por uma graçola ou um "insulto" a outro primeiro-ministro. O crescente autoritarismo do poder e o extravagante culto da pessoa de Sócrates, que o Governo promove e alimenta, é que pouco a pouco criaram o clima em que se vive e que inspirou o "caso Charrua". Escrevi aqui há meses que bastava ouvir o dr. Augusto Santos Silva (com quem, aliás, Margarida Moreira colaborou) para temer o pior. A história da prepotência e do arbítrio não começou na DREN, não vai acabar na DREN e com certeza que não se limita à DREN."
Vasco Pulido Valente,
in Público
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