sexta-feira, 15 de junho de 2007

O SÍNDROMA DE ESTALINE



Antero

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15 Comments:

At 15 de junho de 2007 às 16:13, Anonymous Anónimo said...

Não é todos os dias que uma responsável intermédia do ministério da Educação tem direito a entrevista de duas páginas do Diário de Notícias, decidida pela própria porque percebeu que “a escalada desta campanha, que começou a surgir um pouco por todo o lado, intensificou-se e está a pôr em causa” algo que a directora acha sagrado, “os trabalhadores da Direcção Educação Regional do Norte (DREN)”. Portanto a senhor dá a entrevista em nome da sagrada solidariedade com os seus funcionários que terão sido muito prejudicados, principalmente os que ouvem conversas privadas para serem usadas em processos disciplinares.

Uma entrevista dada precisamente na véspera do dia em que o arguido iria ser notificado da acusação. Além disso, foi uma entrevista muito simpática pois as perguntas não seria melhores se tivessem sido escolhidas previamente pela directora e membro do Conselho Nacional do PS.

Mas foi uma entrevista triste e inaceitável, ao mesmo tempo que decorre um processo disciplinar o dirigente do serviço que nomeia o instrutor do processo e que tem competência para decidir diz-se vítima de uma campanha por parte do arguido e afirma a culpa deste para que todos saibam. Melhor do que isto só na Coreia do Norte, estou convencido que em Cuba as coisas já não estão tão mal, o decisor diz aos jornais o que pensa de um processo disciplinar que vai decidir.

A mesma directora que afirma ao jornalista que o processo disciplinar do professor Charrua não é mais do que um processo no meio dos 778 já abertos este ano, afirma que o que o arguido disse “foi um insulto e não tem nada a ver com a licenciatura do primeiro-ministro. É um insulto ao cidadão José Sócrates, que além de cidadão é o primeiro-ministro de Portugal”, assegura que não quer interferir no processo disciplinar, mas vai acrescentando que na sua opinião é um insulto grave.

O que sentirá o instrutor do processo que, em princípio, foi nomeado pela mesma directora que vai tomar a decisão ou, pelo menos, emitir parecer? O que sentirão os instrutores e as testemunhas que também são funcionários que dependem directamente da directora que na própria entrevista justifica a dispensa de quadros porque está a emagrecer os serviços em resultado de instruções superiores?

Mas à directora da DREN não bastaria o uso e abuso dos factos ou, até que se apurem, dos supostos factos. O dr. Charrua não se terá limitado a insultar o “patrão” está a conduzir uma imensa campanha em que jornais e os blogues, esses malditos “de serviço”, participam. E o que motivará tal campanha?

Essa campanha resulta de a senhora directora ter descoberto coisas gravíssimas e ter mexido em interesses “que, por exemplo, em alguns gabinetes de apoio ao deficiente havia uma coisa sórdida, mafiosa: classificavam como deficientes crianças que não são deficientes para que o Estado, via segurança social, lhes pagasse um subsídio de ensino especial”. Portanto o problema é bem mais grave do que saber se o tal professor Charrua disse uma piada ou chamou f. da p. a Sócrates, a campanha que ele promove é porque a directora atacou uma máfia a que ele supostamente pertence ou está a proteger. Portanto não é só a dignidade de Sócrates que está em causa, que descansem os que pensam que se trata de perseguição política.

Enfim, não basta a senhora directora recorrer a um sistema de informações privativo, que usa os sms como forma de relacionamento institucional entre funcionários informadores e dirigentes, faz tábua rasa de todos os princípios de independência de um processo disciplinar e usar o Estatuto Disciplinar como instrumento de perseguição política. A senhora directora ainda teve que usar o poder institucional para usar a comunicação social em simultâneo com o processo disciplinar.

Só um ingénuo pensa que esta entrevista foi feita à margem da vontade ministra ou mesmo do primeiro-ministro , ninguém acredita que a directora da DREN tem influência para conseguir duas páginas do DN para propaganda pessoal e no dia em que mais lhe convinha, no mesmo dia o tal professor Charrua seria notificado da acusação. Esta entrevista só tem como consequência o envolvimento da ministra e do primeiro-ministro nas práticas da directora que até é membro do Conselho Nacional do PS.

 
At 15 de junho de 2007 às 16:56, Anonymous Anónimo said...

Albino Carneiro (PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE VIEIRA DO MINHO)

A directora da DREN, Margarida Moreira, anunciou que vai levá-lo a tribunal devido aos episódios de contestação ocorridos na escola secundária da sua vila, há cerca de um mês. Tranquilo?

Durmo para o meu lado e tranquilo. Estranho é que a directora da DREN possa ter em seu poder o relatório da polícia sobre a manifestação dos estudantes. Informaram-me que é confidencial. Quanto às imagens televisivas sobre a contestação estudantil, em nenhum momento usei um megafone, quem o fez foram os estudantes. Também não anunciei a presença da polícia de choque, a cinco quilómetros de Vieira do Minho. Quando soube disso, fui ao encontro do seu comandante, capitão Costa, da GNR da Póvoa de Lanhoso, tentar persuadi-lo a não aparecer, podia incitar os ânimos. Não era justo reprimir uma manifestação totalmente pacífica.

Não é essa a versão de Margarida Moreira. Acusa-o de incitar à violência contra técnicos da DREN.

A senhora continua a usar da mentira. Quanto ao facto de ela me mandar para a sacristia, tenho testemunhas dessa reunião de 3 de Abril de 2006. A 28 desse mês, fiz referência em Assembleia Municipal. Ainda recentemente recebi comunicações de presidentes de câmara prontificando-se a depor a meu favor, comunicações essas que confirmam a conduta da directora da DREN. Lamento que a ministra da Educação, que até dá a impressão de ser sensata, ainda não a tenha substituído.

E qual a razão de as suas queixas junto do Presidente da República acontecerem 14 meses depois de se sentir ofendido, coincidindo com o caso Charrua?

Foi por uma questão de oportunidade. Não é todos os dias que falamos com o senhor Presidente da República. Fi-lo, também, por solidariedade para com o professor Fernando Charrua. O da graçola. Portanto, não se tratou de uma queixinha.

Optou, então, por um dos lados. A directora da DREN não se refere a graçolas, mas a uma participação por escrito sobre um insulto ao primeiro-ministro.

Eu não estava presente quando ele proferiu a tal graçola ou insulto. Desconheço, ainda, o objectivo de quem foi portador dessa conversa junto da directora da DREN.

Mesmo assim e antes da conclusão do inquérito, tomou o partido de um dos lados. O do professor Charrua, que insiste apenas ter dito uma graçola.

A senhora directora, que afirma gostar de humor, ofendeu-me quando me mandou várias vezes para a sacristia, visto eu ser padre. Se considera grave a graçola do professor Charrua, com mais razão acho grave o que ela me disse nessa reunião em que debatíamos a reestruturação escolar do concelho.

Só que, de acordo com Margarida Moreira, a participação escrita menciona o insulto. Não a graçola. Supondo que, na sua autarquia, sucedia isso visando José Sócrates, por exemplo, como reagiria?

Ah, se há um documento, é diferente. É grave, ofensivo. Mexe com a dignidade. Moveria um processo por insulto ao primeiro-ministro José Sócrates ou a outra pessoa qualquer. Se foi insulto, está mal.|

In:D.N.

 
At 15 de junho de 2007 às 18:20, Anonymous Anónimo said...

Afinal quem tem posiçoes Estalinistas sao os tipos do PS.
E depois dizem que os comunistas e que sao estalinistas, e entao este socrates ate saneou no partido quem nao lhe dizia amen

 
At 16 de junho de 2007 às 00:46, Anonymous Anónimo said...

este blog esta cada vez pior...entregue ás fantasias de um ou dois atrasados...

 
At 16 de junho de 2007 às 01:13, Anonymous Anónimo said...

O último anónimo além de bufo xuxalista será mais o quê?

 
At 16 de junho de 2007 às 01:17, Anonymous Anónimo said...

SMS e bufaria do poder engenheireiral
O despacho de acusação do professor Fernando Charrua relativo ao alegado insulto/piada ao primeiro-ministro José Sócrates pode ser visto neste link, providenciado ontem pelo semanário Sol. O despacho foi elaborado pelo Dr. José Paulo Pereira, jurista funcionário do Estado (tutelado pela DREN?), datado de 12-6-2007 e ostensivamente tornado público na íntegra, ontem, 14-6-2007, precisamente no dia em que saíu uma entrevista da directora regional Margarida Moreira no Diário de Notícias.

Analisemos brevemente o despacho de acusação e a denúncia e, em seguida, a entrevista.


O despacho de acusação ao professor Charrua
Deixe-se a comezinha diferença, apontada pela Lusa/Sol, entre aquilo que o que consta do despacho de acusação e a participação, ao que parece em 23 de Abril de 2007, do alegado denunciante - Dr. António Basílio, director de Recursos Humanos da DREN e superior hierárquico de Fernando Charrua - sobre o caso. Tendo em conta o vernáculo portuense que não significa na expressão "filho da puta" qualquer insulto para o destinatário ou sua mãe, mas uma força de expressão popular de referência vulgar, a ordem da filha-da-putice não parece arbitrária: «Estamos num país de bananas, governados por um f. da p. de um primeiro-ministro», na denúncia; e «Somos governados por uma cambada de vigaristas e o chefe deles todos é um f. da p.», no despacho de acusação. Essa evidente sugestão de gravidade maior também se percebe do despacho de acusação quando o instrutor escreve que "o arguido apelidou com um sentido depreciativo e injurioso, o Primeiro-Ministro, Eng. José Sócrates, de «filho da puta»".

Mais ainda, creio que será ilegal referir-se formalmente o primeiro-ministro, como foi feito pelo instrutor do processo disciplinar, o Dr. José Paulo Pereira, como "eng. José Sócrates", quando ele não terá efectivamente tal título e a lei proíbe o seu uso para quem não o possua...

E, já agora, no mesmo caminho da justiça, será que o segredo de um processo também vale para o próprio Estado ou só tem de ser observado pelos cidadãos? E se vale, como é possível que, sem qualquer vergonha, se filtre para os jornais uma peça do processo disciplinar do professor Charrua?


A entrevista da directora da DREN, dra. Margarida Moreira
A entrevista da dra. Margarida Moreira da DREN ao DN de 14-6-2007 é uma evidência do desassombro do poder socrático:

*
"[Margarida Moreira] Nós temos tudo o que tem saído na comunicação social, nos blogues, ofícios, em tomadas de posição, em artigos de opinião..."
*
[DN/Francisco Mangas] "Como teve conhecimento do "insulto" do professor Charrua a José Sócrates?
[Margarida Moreira] Foi por SMS, davam-me conta de que estaria acontecer uma coisa grave, 48 horas antes de abrir o inquérito." [realce meu]
*
[DN] "O presidente da Câmara de Vieira do Minho, padre Albino Carneiro, acusa-a de o ter humilhado dizendo que o seu lugar era na sacristia....(...)
Sabia que ele era padre?
[Margarida Moreira] Sabia. Acho que nessa reunião já sabia." [realce meu]
*
[Margarida Moreira] "E houve uma reunião lá [em Vieira do Minho], com os dois directores regionais adjuntos (...) E quando os dois directores regionais adjuntos e o coordenador educativo de Braga saíram, os carros eram pontapeados e o senhor presidente da câmara dizia: "não batam que o carro não tem culpa". (...) Eu pedi um relatório da polícia, tenho imagens e pedi ao Ministério Público (MP), que verificasse. O MP é que deve dizer se a matéria de prova que tem chega ou não. "

O sistema de bufaria está bem montado: a senhora director recebe logo por SMS a denúncia do que se diz nos corredores da DREN, no fim de contas tratava-se, nas suas próprias palavras, de "uma coisa grave" (sic); e além disso gaba-se de ter "tudo o que tem saído na comunicação social, nos blogues, ofícios, em tomadas de posição, em artigos de opinião..." - será que além do professor Charrua, do padre Carneiro, também processa os blogues?... Depois, diz que sabia-ou-acha que sabia, que o presidente da Câmara Municipal de Vieira do Minho é padre... - se o presidente da Câmara não fosse padre só podia ser sacristão, já que o terá mandado para a "sacristia"!... E ainda participou ao Ministério Público aparentemente por o presidente de câmara ter dito aos manifestantes para não baterem nos carros dos dirigentes da DREN... Se o seu comportamento não fosse grave, seria caricato - uma vergonha...

Os filhos dos professores portugueses têm, portanto, um novo terror que impende sobre a sua resistência à ingestão do caldo de hortaliças e legumes. A ministra Maria de Lurdes Rodrigues foi temporariamente substituída nos pesadelos infantis. Agora, a recusa persistente da criança à ingestão do caldo será facilmente vergada com a ameaça materna ainda mais terrível de convocação de uma assustadora educadora de infância: "come a sopa, Francisco, senão chamo a Margarida da DREN"!...


Nota de pedido de desculpas pela deselegância da referência do alegado "insulto": em primeiro lugar para a senhora D. Maria Adelaide de Carvalho Monteiro, mãe do primeiro-ministro, cuja reputação e compostura não merece a mais pequena mancha e que não deveria andar por iniciativa drénica/socialista nas bocas do mundo (creio até que o primeiro-ministro deveria ter mandado parar o processo, se por mais não fosse, por delicadeza com a senhora sua mãe); e para os leitores pela referência do vernáculo, mas sinceramente não adianta esconder o alegado insulto quando todos o lêem nos links providenciados e nos media em geral.

 
At 16 de junho de 2007 às 01:57, Anonymous Anónimo said...

Segundo o inquiridor oficial designado pela directora da DREN para apurar a verdade, só a verdade e toda a verdade da conversa privada tida pelo professor Charrua perto de um bufo portador de telemóvel com capacidade para enviar sms o arguido terá dito "estamos num país de bananas, governados por um 'f. da p.' de um primeiro-ministro".

A ser verdadeira a acusação o professor chamou f. da p. a Sócrates, afirmação cuja veracidade não poderá ter sido apurada no âmbito do processo disciplinar, e designou por bananas todos os outros portugueses, os mesmos que lhe pagam o vencimento. Mas a senhora directora ficou pouco incomodada por o professor ter chamado bananas aos portugueses, o que estimulou a sua veia justiceira foi ter ofendido a mãe do primeiro-ministro.

Das duas umas, ou a directora ficou tão ofendida com a ofensa feita ao primeiro-ministro que nem reparou em mais nada, ou concorda com a afirmação do professor Charrua de que todos os portugueses (com excepção de Sócrates que em vez de banana será f. da p.) são uns bananas. São capazes de ter razão, só num país de bananas o primeiro chegou a deputado e a segunda a directora da DREN.

 
At 16 de junho de 2007 às 01:58, Anonymous Anónimo said...

Há exemplos que se revelam de forma convincente: Margarida Moreira e Fernando Charrua ilustram um país que Rui Tavares, no Público, definiu como "um inabalável candidato ao Óscar do brilharete". Margarida Moreira estava mortinha por aparecer. Esforçava-se, mas nada. Até que teve conhecimento do insulto.

Há exemplos que se revelam de forma convincente: Margarida Moreira e Fernando Charrua ilustram um país que Rui Tavares, no Público, definiu como "um inabalável candidato ao Óscar do brilharete". Margarida Moreira estava mortinha por aparecer. Esforçava-se, mas nada. Até que teve conhecimento do insulto.

Um insulto!? E ao primeiro-ministro deste país!? A directora regional brilha em duas páginas de entrevista, com foto na capa do Diário de Notícias. O DN, um jornal centenário e, mais ainda, de Lisboa! Ficamos a saber que não foi uma piada que esteve na origem do inquérito ao professor Charrua.

Figura que, involuntariamente (?), também está famosa. Foi pior: "é um insulto" e ocorreu no interior do edifício onde Margarida Moreira impõe respeito. Quantas e quantas vezes um primeiro-ministro foi insultado? Este, os que já o foram e os que hão-de vir - alvos predilectos da insatisfação.

Faz parte dessa coisa que dá jeito para se chegar ao poder, a democracia. Estes insultos acontecem à vista de todos, na rua ou via TV. Mas este não. Este foi no primeiro andar da DREN e chegou ao conhecimento do poder via SMS. Chegou ao telemóvel da directora e esta não esteve pelos ajustes.

Versão da própria: "Davam-me conta de que estaria a acontecer uma coisa grave (?) Foi numa sexta-feira. Na segunda-feira tinha a participação escrita do facto". Assim, tiro e queda. Margarida Moreira conseguiu o brilharete. E promete não ficar por aqui: "Se tiver de afastar alguém do PS também afasto". Quando se toma o gosto?

 
At 16 de junho de 2007 às 02:02, Anonymous Anónimo said...

O pequeno filho-da-puta
é sempre um pequeno filho-da-puta;
mas não há filho-da-puta,
por pequeno que seja,
que não tenha
a sua própria grandeza,
diz o pequeno filho-da-puta.
no entanto, há filhos-da-puta
que nascem grandes
e filhos-da-puta que nascem pequenos,
diz o pequeno filho-da-puta.
de resto, os filhos-da-puta
não se medem aos palmos,
diz ainda o pequeno filho-da-puta.
(…)
é o pequeno filho-da-puta
que dá ao grande
tudo aquilo de que ele precisa
para ser o grande filho-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.
de resto,o pequeno filho-da-puta
vê com bons olhos o engrandecimento
do grande filho-da-puta:
o pequeno filho-da-puta
o pequeno senhor
Sujeito Serviçal
Simples
Sobejo
ou seja, o pequeno filho-da-puta.

Alberto Pimenta - Discurso sobre o Filho da puta



O instrutor do processo disciplinar movido pela DREN, ao professor destacado, por ter proferido frase ofensiva ao primeiro-ministro de Portugal, propôs a suspensão do ofensor, para desagravo do ofendido putativo.

A frase assassina da honra do primeiro-ministro de Portugal, segundo a DREN, é esta:” Somos governados por uma cambada de vigaristas e o chefe deles todos é um 'filho da puta.'" ( os jornais não reproduzem a palavra “puta”, por um pudor contido... ).
Contudo, parece que a frase evoluiu semanticamente, desde a mais ampla e abrangente "Estamos num país de bananas, governados por um filho da puta de um primeiro-ministro", para a versão restrita e abreviada, dirigida ao grupo de governantes capitaneado pelo mesmo putativo filho da puta.

Em epígrafe copia-se uma parte do discurso do filho da puta, de Alberto Pimenta, que assenta que nem luva nesta matéria, toda ela semântica e de significados ocultos e explícitos, e de contornos duvidosos.
O texto de Pimenta, é um catálogo literário de filha-da-putices e um elenco de paternidades várias, com indicação de bastardos, enteados e verdadeiros filhos da mãe.
Este texto que segue, é apenas uma glosa ao referido catálogo, em modo de igual pretensão literária e sem significado explícito, não vá o diabo semântico tecê-las...

O problema particular do professos Charrua, agora, já não é só da lavra dele- é de todos. Os que comentam, como hoje José Manuel Fernandes no Público o faz, já perceberam o cerne da questão e a sementeira de ventos que desde há muitos anos se faz, só poderia trazer destas colheitas tempestuosas.
A politização partidária e disseminada nos diversos cargos na Administração Pública, perverteu e corrompeu o sentido e a semântica do dever geral de lealdade e correcção, do funcionalismo público. A expressão “civil service” não tem equivalente na língua de Camões. É por isso que o discurso de Alberto Pimenta se adapta aos conceitos, já um tanto quanto anárquicos
A um dever de lealdade entendido como um desempenho profissional “subordinado aos objectivos do serviço e na perspectiva da prossecução do interesse público”, sobrepõe-se agora o entendimento semântico da lealdade como devoção, respeito e fidelidade caninas ao chefe máximo do governo, sem margem para discordâncias aceradas, públicas, ou sequer privadas. A reserva de intimidade da privacidade de uma conversa, passa ao domínio público, através de sms delator, se mencionar o chefe a venerar e serve de fundamento para castigos disciplinares.
A lealdade, neste sentido, passa a significar absoluta aparência de fidelidade ao chefe eleito e às suas ideias, mesmo peregrinas e avança sobre o dever de isenção e imparcialidade, com o denodo de uma indignação postiça.

 
At 16 de junho de 2007 às 02:05, Anonymous Anónimo said...

Só hoje percebi o quão perigosa é esta mulher. Com ela a democracia não precisa de aguardar até às três da madrugada para apanhar um valente susto.

Entendi que me deveria restringir às matérias que são claramente informativas e, por isso, optei pela versão do comunicado. Fiz dois. Mas a escalada desta campanha, que começou a surgir um pouco por todo o lado, intensificou-se e está a pôr em causa uma coisa que eu acho sagrada, os trabalhadores da Direcção Educação Regional do Norte (DREN). E, ainda mais grave, tenta beliscar as escolas. Não percebo a escalada sobre mim: é objectivamente uma campanha difamatória, que ataca esta casa e estas pessoas para chegar a mim. Ou qualquer outro objectivo que eu não tenha descortinado, seja escolas , professores ou conselhos executivos. E isso eu não posso tolerar: quebro o silêncio porque é a minha obrigação defendê-los.(..)

Obs: se esta senhora soubesse o ridículo em que se coloca, o constrangimento que já colocou ao PM - fazendo-o perder mais votos do que aqueles que prometeu criar em número de empregos, e o embaraço ao país, nunca teria nascido.

Não haverá por aí um país africano em busca de dedungo-indicador?!

 
At 16 de junho de 2007 às 19:49, Anonymous Anónimo said...

Só hoje li a magnífica entrevista que a Directora Regional de Educação do Norte (tudo com maiúsculas, para não ser acusado de faltar ao respeitinho) concedeu ao Diário de Notícias. O rol de disparates é de tal ordem que difícil é saber por onde lhe pegar. Desde a mania da perseguição («Não percebo a escalada sobre mim: é objectivamente uma campanha difamatória, que ataca esta casa e estas pessoas para chegar a mim. Ou qualquer outro objectivo que eu não tenha descortinado, seja escolas, professores ou conselhos executivos.») até à clara afirmação de um espírito pidesco («Nós temos tudo o que tem saído na comunicação social, nos blogues, ofícios, em tomadas de posição, em artigos de opinião...», o que suscita a pergunta inevitável: não têm mais nada com que se ocupar na DREN?), há alarvidades para todos os gostos. Não menos interessante é o momento em que Margarida Moreira, para demonstrar como até apreciava o professor Charrua, afirma isto: «Não tenho nenhum problema com o dr. Charrua. De tal maneira, que quando instituí, por força da lei, o relógio de ponto, ele ficou dispensado de marcar o ponto». Notável! Então, a existência do relógio de ponto derivava da lei e a Directora Regional (com maiúsculas) dispensava um funcionário de cumprir a lei. O equivalente seria um presidente de um conselho executivo que dispensasse um professor de assinar o livro de ponto, em virtude de o considerar muito competente. Em suma, há que dar razão ao editorial de José Manuel Fernandes, hoje, no Público, quando exige a demissão desta funcionária ou a da própria ministra, conivente, pelo silêncio, com a autocracia reinante na rua António Carneiro.

 
At 16 de junho de 2007 às 19:51, Anonymous Anónimo said...

As crianças mereciam melhor sorte,
e por aqui não se dispensa ser fichado

Agora que finalmente percebi porque razão tiraram a senhora da escola, não deixo de dar razão a quem o fez.
Pobres crianças, que pesadelo, livra!

 
At 17 de junho de 2007 às 21:42, Anonymous Anónimo said...

O «Caso DREN» não pára de surpreender:
«A directora Regional de Educação do Norte, Margarida Moreira, escolheu para instrutor do processo disciplinar a Fernando Charrua, um jurista que, profissionalmente, está numa situação de dependência relativamente à Direcção-Geral.
Paulo Pereira foi autorizado pelo anterior director regional a trabalhar em Bragança onde está radicado. Organicamente, o lugar de jurista da DREN não existe naquela cidade, pelo que pode, a qualquer momento, regressar ao Porto, se Margarida Moreira assim o entender.
Segundo o Expresso apurou, os restantes juristas da DREN iriam pedir escusa do processo, invocando relações de amizade com o arguido. Podendo recorrer à Inspecção-Geral de Educação, Margarida Moreira não o fez e nomeou Paulo Pereira In:Expresso

 
At 18 de junho de 2007 às 13:53, Anonymous Anónimo said...

O jornal "República" publicou em 1974, sob o título de "O sórdido dossier da PIDE-DGS / Estudante bufo denuncia os colegas ao seu chefe espiritual Elmano Alves", uma carta de 8 de Setembro de 1968 encontrada nos arquivos da PIDE em que um tal António Luís denunciava ao então subsecretário de Estado da Juventude e Desportos colegas seus da Universidade do Porto considerados " associativos" e/ou "perigosos", bem como organismos como a UNICEPE, o Coral de Letras e a JUC. Entre esses "perigosos" estudantes estão pessoas que são hoje médicos de prestígio, conhecidos profissionais liberais e até, ó ironia!, um importante político do PS. Guardo o recorte porque minha mulher era uma das estudantes da Faculdade de Letras denunciadas pelo informador. Já havia esquecido essa torpe memória do "antigamente", mas senti uma melancólica vontade de voltar a lê-la ao saber da carta que um tal António Basílio dirigiu à directora da DREN, Margarida Moreira, denunciando um colega e amigo. O endereço é agora diferente, o remetente também, mas a carta, 40 anos depois, é exactamente a mesma. Porque, fascista ou "democrático", um bufo é sempre um bufo e a denúncia, uma suja doença de carácter. Os regimes políticos mudam, mas Luíses, Basílios, Margaridas e Elmanos, não.

 
At 18 de junho de 2007 às 13:56, Anonymous Anónimo said...

O processo disciplinar decidido pela senhora da DREN chegou ao fim como se esperava, com a acusação que alguém já havia mandado para a comunicação social, tendo sido instruído por um funcionário cuja colocação ao pé de casa depende da decisão da directora e depois de aquela directora ter dado uma entrevista ao DN onde dizia aquilo de que o professor iria ser acusado.

Os processos disciplinares estão longe de conferirem aos arguidos os direitos de defesa, não passando de processos administrativos disfarçados de justiça. Ainda assim, espera-se dos dirigentes da Administração Pública um mínimo de princípios para que se faça justiça e o Estatuto Disciplinar não seja um instrumento de perseguição ao serviço de dirigentes sem escrúpulos. Não foi o que sucedeu neste caso, este processo disciplinar foi uma vergonha para a Administração Pública.

Como o primeiro-ministro a ministra da Educação afirmaram que não tomariam posição porque corria um processo disciplinar, é interessante ver qual vai ser a posição que adoptarão, designadamente, se vão tomar posição com base num processo digno da Coreia do Norte.

 

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