EU GOSTAVA MUITO DE SER AMIGO DO SR. CARLOS SARAIVA
Na semana passada dei por mim a suspirar: "Meu Deus, como seria bom eu ter o sr. Carlos Saraiva como amigo." Quando se tem gente do peito como esta, a vida torna-se mais suportável e passamos a acreditar que ainda há esperança para a humanidade. Como? O caro leitor está a perguntar quem é o sr. Carlos Saraiva? Ó caro leitor, que desatento tem andado - nomes com este arcaboiço convém fixar, porque não cruzam as notícias todos os dias. Pois bem: o sr. Carlos Saraiva é o amigo do sr. Luís Filipe Menezes. Um daqueles amigos como já não se fazem, que lhe emprestou um avião a jacto para andar a viajar nos Açores de ilha em ilha, por pura, simples, cristalina, impoluta e desinteressada amizade. Um homem quase santo, diria eu, já com os dedinhos do pé direito a pisarem a parte debaixo do altar.
A história, que poderia muito bem ser uma passagem da Bíblia, é esta: o sr. Luís Filipe Menezes estava a precisar de ir pregar a sua palavra pelos Açores e angariar almas, por causa das eleições no PSD. Vai daí, o sr. Carlos Saraiva terá dito: "é boa, vê lá tu que eu também estava a precisar de ir lá em negócios. Não queres que te dê boleia no meu avião?" O sr. Luís Filipe Menezes, rendido à amizade, aceitou de imediato, até porque, segundo disse à imprensa, não tem "nada para dar em troca". Mas pensam que o sr. Carlos Saraiva se ficou por aqui? Nada disso. Ninguém consegue estancar um coração que bomba bondade . Entretanto, a filha do sr. Carlos Saraiva ficou doente, e ele podia ter largado tudo para a auxiliar - mas não deixou pendurado o seu amigo. No meio das noites passadas à cabeceira da filha, o sr. Carlos Saraiva ainda teve forças para dizer: "Menezes, amigo, toma as chaves do meu avião e leva-o tu para os Açores, que eu pago o piloto e o combustível. São só 150 contos à hora." Diga-me quem souber onde é que se encontram homens destes? E mais acrescentou: se amanhã um amigo seu precisar, ele terá todo o prazer em confortá-lo com o seu jacto particular.
É verdade que algumas más línguas vieram para os jornais insinuar que o sr. Carlos Saraiva, dono do grupo hoteleiro CS (CS de Casa Santa, suponho), tinha interesses em Gaia, só porque quer lá construir um condomínio e um hotel no valor de 55 milhões de euros. Mas não é nada assim. Como o sr. Luís Filipe Menezes explicou, não há nenhum pedido de licenciamento na câmara. O que há é um pedido de autorização no Ippar, que ainda não foi despachado. E só depois é que o pedido de licenciamento chega à câmara. Estão a ver? É que faz toda a diferença. Raio de País este, que vê tanta maldade na boca de gente tão boa.
João Miguel Tavares
jornalista
Diário de Notícias
11 de Setembro de 2007
Etiquetas: Barragem de Montargil, Câmara Municipal de Ponte de Sor, Carlos Saraiva, Gaia, Luís Filipe Meneses
7 Comments:
As vigarices do Carlos Saraiva, pagam as despesas todas......
Se gostavas de ser amigo do sr Saraiva, fala com o Taveira Pinto. O Saraiva empresta o avião e o Pinto o aeroporto.
muito bom o artigo
o artigo ate esta porreiro. Esse senhor que esta na foto, é o autor do texto? se sim, está tudo dito. O valor do texto torna-se nulo
adorava saber o que é que o taveira já mamou à conta do saraiva
Eles os presidentes de municipios, de Ponte de Sôr, de Gaia, da Régua, do Funchal e de Albufeira, andam todos a mamar à custa do grupo CS.
Tão vigaristas são como são corruptos porque se deixam corromper pelo grupo CS.
É tudo a mesma merda só as moscas é que mudam...
É preciso que os políticos sejam pessoalmente responsáveis e responsabilizados pelas asneiras que fazem.
Ninguém os obrigou a candidatar-se.
Fizeram promessas, foram eleitos e juraram defender o bem público.
Têm que estar sujeitos a procedimento criminal quando roubam o município, ou quando praticam gestão danosa, seja em proveito próprio, seja em proveito do partido, seja em proveito de quem for, com dolo ou sem dolo.
Quem foi eleito e jurou defender o bem público não pode ficar acima da justiça.
A única maneira de voltar ao caminho é voltar ao estado de direito.
É aí que se separa o trigo do joio.
A Justiça tem que ser mais rigorosa e inflexível para com os políticos eleitos do que com o cidadão comum.
Na prática o que se verifica é o oposto: qualquer burro desonesto é eleito e quanto maior o prejuízo causado ao país, maior a recompensa.
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