* É uma remodelação tão mínima que é quase uma não-remodelação;
* Não é a ‘chicotada psicológica’ que porventura este Governo precisava - é um pequeno remendo, indispensável mas curto;
* A partir de agora, está posto em causa, pelo ridículo, qualquer esforço do primeiro-ministro em apoiar os ministros em dificuldades (e são muitos);
* Sócrates sai claramente derrotado - fez o que fez contrafeito, forçado, constrangido, quer pelo Presidente da República quer por Manuel Alegre e a ameaça de um novo partido à sua esquerda quer pelos incessantes apupos que surgem onde quer que vá quer pela opinião pública em geral (a que não vai em apupos) cada vez mais descontente;
* À 1 ano e meio das Legislativas, Sócrates dá de si uma imagem de fraqueza, parece não ter estratégia e estar mal aconselhado para além dos spin doctors - que momento tão estranho para anunciar a remodelação no meio da cerimónia da abertura do ano judicial quando falava o PR???
* Demonstrou falta de capacidade de reacção e deixou que Correia de Campos, estes últimos meses, se arrastasse penosamente na comunicação social e ajudasse a abater a imagem do Governo;
* E Jaime Silva? E Mário Lino? E Manuel Pinho? E Alberto Costa?
A saída de Correia de Campos, de ministro da Saúde, ocorre pelos mesmíssimos motivos pelos quais já Leonor Beleza saíra no tempo de Cavaco Silva: arrogância extrema, autismo programado, desprezo pela "rua". O auto-convencimento que certas pessoas têm, na sua própria suficiência de conhecimentos, leva-os a estragar a vida a muita gente e a hipotecar o futuro a muita mais. Nunca aprendem. Nem reconhecem as asneiras. Convencidos que o "menino" que seguram nos braços, vale o esforço contra tudo e contra todos, acabam por deitá-lo fora, com a água do banho
Toda a gente fala nas corajosas reformas de Correia de Campos. Sinceramente, sem ser o encerramento dos centros de saúde, alguém me consegue dizer de que reformas estamos a falar?
Este ministro fazia das taxas moderadoras, que não paravam de subir, do pagamento de internamentos e das operações, uma fonte de receita e não se saúde.
Ainda numa entrevista no passado fim de semana afirmava que não lhe passava pela cabeça sair do governo.
Três dias depois vêm contar-nos a história que pediu a demissão.
Já chegava de assombração e nem a teimosia socretina lhe valeu.
Há eleições para o ano e só mesmo os donos de hospitais e clínicas privadas ainda gostavam dele, afinal estava a destruir o SNS para lhes entregar o negócio de mão beijada.
Esperemos que a nova Ministra não seja mais uma Sinistra criatura e corrija os muitos erros do Vampiro dos hospitais.
Tenho duvidas que aí venha algo de muito bom, mas pior é impossível.
"Só esses?", perguntavam os deputados socialistas, ao início da tarde, quando se cruzavam com jornalistas nos corredores do Parlamento e tentavam saber as últimas novidades sobre a remodelação. "Sim, só esses", respondiam os jornalistas. A versão oficial, veiculada pelo porta-voz do PS, diz que o Governo sai reforçado depois das mexidas cirúrgicas operadas por Sócrates. Mas, com os microfones desligados, não faltava entre os deputados socialistas quem confessasse a incredulidade perante a "oportunidade perdida" do primeiro-ministro. A expectativa de uma remodelação mais profunda não existia apenas na oposição - também havia muitos socialistas a contar com isso, olhando para ministérios como as Obras Públicas, Economia, Agricultura e Ambiente.
"Curto, muito curto", dizia ao Expresso um dirigente socialista, comentando as três alterações no Governo. "Não faz sentido nenhum", desabafava outro responsável do PS, criticando a extensão da remodelação e o seu timing. Até houve quem recusasse fazer comentários, com uma cautela irónica: "Não comento enquanto não conhecer as alterações todas. Se calhar ainda não sabemos tudo..."
Depois de semanas a garantir que o problema não era a política da saúde, mas a má comunicação da mesma, Sócrates cedeu à oposição e mudou de responsável pela pasta. E logo na semana em que Correia de Campos esteve por três vezes na SIC, e deu uma entrevista ao Expresso, a garantir que continuaria no seu lugar até ao fim da legislatura. Ironicamente, foi remodelado na véspera de se deslocar ao Parlamento para apresentar já famoso plano de requalificação das urgências.
Dificilmente o timing podia ser pior para o Governo. Mudar de ministro no meio de uma barragem da oposição, do próprio partido e de uma contestação popular sem precedentes é coisa para tirar o sono a qualquer governante. Mas não havia outra solução. Há muito que o Governo tinha perdido o controlo político e já não havia política de redução de danos que valesse a Correia de Campos. O ministro da Saúde, num certo sentido, teve azar. Porque o problema das populações não foi (só) levarem-lhe o centro de saúde. É que antes já lhe tinham tirado a escola, a GNR, os CTT e o tribunal. Correia de Campos chegou tarde à centralização dos serviços do Estado nos centros urbanos do litoral. Chegou tarde e pagou caro, talvez porque, como diz a Teresa Ribeiro, "com a saúde não se brinca".
Culpa do ministro ou não, há muito que os dados estavam lançados e os recentes casos - como o do telefonema da operadora do INEM para os bombeiros de Alijó - apenas aceleraram o passo. Sócrates pode dizer o que quiser amanhã na sua deslocação ao Parlamento. Hoje teve uma das suas maiores derrotas. Cedeu, em toda a linha, à oposição parlamentar e à ala esquerda do PS, personificada em Manuel Alegre. Que o tenha feito a pouco mais de um ano para as eleições não é um pormenor.
8 Comments:
* É uma remodelação tão mínima que é quase uma não-remodelação;
* Não é a ‘chicotada psicológica’ que porventura este Governo precisava - é um pequeno remendo, indispensável mas curto;
* A partir de agora, está posto em causa, pelo ridículo, qualquer esforço do primeiro-ministro em apoiar os ministros em dificuldades (e são muitos);
* Sócrates sai claramente derrotado - fez o que fez contrafeito, forçado, constrangido, quer pelo Presidente da República quer por Manuel Alegre e a ameaça de um novo partido à sua esquerda quer pelos incessantes apupos que surgem onde quer que vá quer pela opinião pública em geral (a que não vai em apupos) cada vez mais descontente;
* À 1 ano e meio das Legislativas, Sócrates dá de si uma imagem de fraqueza, parece não ter estratégia e estar mal aconselhado para além dos spin doctors - que momento tão estranho para anunciar a remodelação no meio da cerimónia da abertura do ano judicial quando falava o PR???
* Demonstrou falta de capacidade de reacção e deixou que Correia de Campos, estes últimos meses, se arrastasse penosamente na comunicação social e ajudasse a abater a imagem do Governo;
* E Jaime Silva? E Mário Lino? E Manuel Pinho? E Alberto Costa?
A saída de Correia de Campos, de ministro da Saúde, ocorre pelos mesmíssimos motivos pelos quais já Leonor Beleza saíra no tempo de Cavaco Silva: arrogância extrema, autismo programado, desprezo pela "rua".
O auto-convencimento que certas pessoas têm, na sua própria suficiência de conhecimentos, leva-os a estragar a vida a muita gente e a hipotecar o futuro a muita mais. Nunca aprendem. Nem reconhecem as asneiras. Convencidos que o "menino" que seguram nos braços, vale o esforço contra tudo e contra todos, acabam por deitá-lo fora, com a água do banho
Toda a gente fala nas corajosas reformas de Correia de Campos. Sinceramente, sem ser o encerramento dos centros de saúde, alguém me consegue dizer de que reformas estamos a falar?
Sim, é isso mesmo que se costuma dizer quando o Governo cede à oposição.
O porta-voz do PS, Vitalino Canas, diz que o governo sai reforçado com a remodelação ministerial.
Este ministro fazia das taxas moderadoras, que não paravam de subir, do pagamento de internamentos e das operações, uma fonte de receita e não se saúde.
Ainda numa entrevista no passado fim de semana afirmava que não lhe passava pela cabeça sair do governo.
Três dias depois vêm contar-nos a história que pediu a demissão.
Já chegava de assombração e nem a teimosia socretina lhe valeu.
Há eleições para o ano e só mesmo os donos de hospitais e clínicas privadas ainda gostavam dele, afinal estava a destruir o SNS para lhes entregar o negócio de mão beijada.
Esperemos que a nova Ministra não seja mais uma Sinistra criatura e corrija os muitos erros do Vampiro dos hospitais.
Tenho duvidas que aí venha algo de muito bom, mas pior é impossível.
"Só esses?", perguntavam os deputados socialistas, ao início da tarde, quando se cruzavam com jornalistas nos corredores do Parlamento e tentavam saber as últimas novidades sobre a remodelação. "Sim, só esses", respondiam os jornalistas. A versão oficial, veiculada pelo porta-voz do PS, diz que o Governo sai reforçado depois das mexidas cirúrgicas operadas por Sócrates. Mas, com os microfones desligados, não faltava entre os deputados socialistas quem confessasse a incredulidade perante a "oportunidade perdida" do primeiro-ministro. A expectativa de uma remodelação mais profunda não existia apenas na oposição - também havia muitos socialistas a contar com isso, olhando para ministérios como as Obras Públicas, Economia, Agricultura e Ambiente.
"Curto, muito curto", dizia ao Expresso um dirigente socialista, comentando as três alterações no Governo. "Não faz sentido nenhum", desabafava outro responsável do PS, criticando a extensão da remodelação e o seu timing. Até houve quem recusasse fazer comentários, com uma cautela irónica: "Não comento enquanto não conhecer as alterações todas. Se calhar ainda não sabemos tudo..."
No: Expresso
on-line
Isto é o inicio do desmoronamento do poder socialista.
Os Boys já devem andar preocupados, com o fim dos tachos.
Mas o que me preocupa é vamos mudar as moscas, mas a porcaria é a mesma.
Depois de semanas a garantir que o problema não era a política da saúde, mas a má comunicação da mesma, Sócrates cedeu à oposição e mudou de responsável pela pasta. E logo na semana em que Correia de Campos esteve por três vezes na SIC, e deu uma entrevista ao Expresso, a garantir que continuaria no seu lugar até ao fim da legislatura. Ironicamente, foi remodelado na véspera de se deslocar ao Parlamento para apresentar já famoso plano de requalificação das urgências.
Dificilmente o timing podia ser pior para o Governo. Mudar de ministro no meio de uma barragem da oposição, do próprio partido e de uma contestação popular sem precedentes é coisa para tirar o sono a qualquer governante. Mas não havia outra solução. Há muito que o Governo tinha perdido o controlo político e já não havia política de redução de danos que valesse a Correia de Campos. O ministro da Saúde, num certo sentido, teve azar. Porque o problema das populações não foi (só) levarem-lhe o centro de saúde. É que antes já lhe tinham tirado a escola, a GNR, os CTT e o tribunal. Correia de Campos chegou tarde à centralização dos serviços do Estado nos centros urbanos do litoral. Chegou tarde e pagou caro, talvez porque, como diz a Teresa Ribeiro, "com a saúde não se brinca".
Culpa do ministro ou não, há muito que os dados estavam lançados e os recentes casos - como o do telefonema da operadora do INEM para os bombeiros de Alijó - apenas aceleraram o passo. Sócrates pode dizer o que quiser amanhã na sua deslocação ao Parlamento. Hoje teve uma das suas maiores derrotas. Cedeu, em toda a linha, à oposição parlamentar e à ala esquerda do PS, personificada em Manuel Alegre. Que o tenha feito a pouco mais de um ano para as eleições não é um pormenor.
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