FORAM 100 MIL...
No último sábado teve lugar, em Lisboa, a maior manifestação de sempre de professores contra um Governo.
Foram perto de 100 mil os manifestantes que desceram a Avenida da Liberdade em direcção ao Terreiro do Paço, e neste número, ao que se sabe, estiveram mais de dois terços dos docentes do ensino público básico e secundário.
Já nas semanas anteriores as manifestações de professores tinham sido uma constante de Norte a Sul do País e a luta promete não ficar por aqui.
Tenho para mim que este clima de guerrilha instalado na educação portuguesa era a última coisa de que o país necessitava para que o nosso sistema educativo pudesse progredir e qualificar os portugueses como tão desesperadamente precisamos. Como a literatura científica da especialidade mostra, a qualificação dos recursos humanos de um País é o factor de desenvolvimento sustentado mais importante. Sem uma população qualificada, nunca Portugal conseguirá ser um país da primeira divisão europeia e atingir um grau de desenvolvimento que é, hoje, e cada vez mais, uma miragem.
E, contudo, creio que o Governo até começou bem a sua acção na educação. Dou como exemplos a manutenção das escolas abertas até mais tarde (adequando a abertura dos estabelecimentos ao horário laboral dos pais), a criação de aulas de substituição, a redução de buracos nos horários dos alunos, ou a aprendizagem do inglês para todos a partir do terceiro ano do ensino básico.
Mas estas ideias, simples e positivas, coexistiram com propostas que deixaram (e continuam a deixar) muito a desejar.
Desde logo porque a tão inicialmente propalada (quer pelo primeiro-ministro, quer pela ministra da Educação) cultura de rigor nunca chegou, na verdade, a ser colocada em prática – e a terrível cultura facilitista do eduquês, em vez de ser combatida foi, ao invés, tragicamente reforçada. Quando se devia ter introduzido a realização de exames nacionais no quarto e sexto anos de escolaridade, complementando os já existentes no nono ano, o que sucedeu foi que não só aqueles exames nunca viram a luz do dia, como estes (os do nono ano) foram mais facilitados: hoje, no final do ensino básico, apenas duas disciplinas (Português e Matemática) são avaliadas e as provas globais que existiam em outras disciplinas acabaram? E os exames existentes continuam a não ser comparáveis de ano para ano – pelo que não podem mostrar com fidelidade o progresso dos alunos nem orientar positivamente os estudos. Praticamente todos os estudantes chegam, assim, ao ensino secundário (ao décimo ano) não por mérito seu, mas porque o sistema está montado para que assim aconteça. Não será difícil perspectivar que, uma vez no ensino secundário, estes jovens não progridam como até aí? Está-se, assim, não a formar uma população melhor preparada para abraçar mais tarde uma carreira profissional (como Portugal bem necessitaria), mas apenas a trabalhar para melhorar artificialmente as estatísticas do abandono escolar, mascarando uma situação que continua a ser trágica. Por exemplo, tenho as maiores dúvidas que a introdução do ensino do Inglês no terceiro ano do ensino básico venha a dar frutos? sem um sistema de avaliação rigoroso e exigente. Pois não é já verdade que a Matemática e o Português são disciplinas obrigatórias?... Mas não é por isso que a maior parte dos estudantes atinge nestas disciplinas um conhecimento sequer sofrível (por exemplo, sabe-se que cerca de 30% das crianças terminam o primeiro ciclo do básico sem saberem ler?).
Aliás, se o leitor (ainda) tem dúvidas sobre a cultura facilitista do Governo, basta lembrar-se
1. das Novas Oportunidades, que em muitos casos é um embuste feito à medida para acolher aqueles que, a partir da conclusão do ensino básico, não conseguem ter aproveitamento (e que, com uns mesitos de frequência de aulas – mas sem avaliação –, ganham direito a um diploma? que, assim, claro está, nunca lhes devia ser atribuído;
2. do novo Estatuto do Aluno, que praticamente acaba com as reprovações por faltas, sendo, portanto, um claro convite à ausência das aulas por parte dos alunos, e deixando de lado o desejável caminho da exigência, do rigor e da justiça.
Mas também ao nível dos professores as opções do Governo têm deixado, em minha opinião, muito a desejar.
Primeiro, pelo clima de guerrilha e crispação sempre crescente – para o que muito contribuiu um Estatuto da Carreira Docente que menoriza claramente os professores – e que atingiu, agora, as proporções que se conhecem. No fundo, os professores são, desde há muito, apresentados como os maus da fita.
Quem não se recorda da afirmação da Ministra da Educação, perdi os professores, mas ganhei o País?...
Ora, a batalha da qualificação dos portugueses nunca poderá ser vencida contra os professores.
Nenhum general, por melhor que seja, pode ganhar uma batalha em conflito com os seus soldados?
Mas com as relações entre o Governo e os docentes em deterioração acelerada, entrou em cena a avaliação dos professores. A cereja no topo do bolo, o que fez transbordar o copo. Quero deixar muito claro que sou totalmente favorável à avaliação dos professores (como, afinal, sucede em qualquer outra profissão). Mas, dito isto, como é possível propor-se que os pais intervenham na avaliação dos docentes? Ou que as classificações dos alunos contem para a folha de serviços dos professores que as atribuíram? Ou que o processo de avaliação seja integrado por colegas que claramente não têm competência na área em questão (como, por exemplo, professores de Trabalhos Manuais tomarem parte na avaliação de professores de Português)?...
Não é absurdo, caro leitor?...
Isto para além de o modelo de avaliação proposto não ter sido debatido como podia e devia; ter sido implantado à pressa e sem qualquer tempo experimental; e ser uma enorme teia burocrática, complexa e centralizada que obstaculiza o trabalho dos professores, diminui a autonomia das escolas e impõe a mesma grelha de avaliação para todos os estabelecimentos, independentemente da sua natureza (ensino pré-escolar, básico ou secundário), da sua dimensão (terem poucos ou muitos alunos), de as turmas serem mais ou menos problemáticas?
Porquê esta fúria centralizadora – quando o que se devia era reforçar a autonomia das escolas e dos seus directores (que, depois, responderiam perante o Estado – representado pelo Ministério da Educação – quais empresas perante os seus accionistas) e partilhar com as comunidades locais a sua gestão e orientação, ficando para o Ministério apenas a definição estratégica e o rumo geral a seguir?
Por que razão o modelo de avaliação proposto encontra paralelo com o que se passa na Grécia e se afasta das melhores práticas europeias, comuns quer nos países da Europa Ocidental, do Norte, ou mesmo de Leste, em que o papel do professor é ensinar mais e melhor e não perder tempo com a avaliação de colegas?...
E por que razão a avaliação dos docentes não é proposta à luz de critérios objectivos e comparáveis (e, como tal, inatacáveis) como, por exemplo e entre outros, a realização de exames nacionais que permitiriam aferir os resultados do trabalho dos professores?...
Perante todas estas interrogações, é difícil de perceber a obstinação do Governo e, em especial, do primeiro-ministro e da ministra da Educação em continuar com estas opções.
Menos difícil é entender a manifestação de sábado passado, bem como a contestação que, ao que se sabe, os professores vão prosseguir?
Mas fácil, fácil mesmo de perceber é que, nesta conjuntura, é a educação portuguesa que marca passo.
Contribuindo de forma decisiva para que o país não saia da cepa torta.
M.F.
Foram perto de 100 mil os manifestantes que desceram a Avenida da Liberdade em direcção ao Terreiro do Paço, e neste número, ao que se sabe, estiveram mais de dois terços dos docentes do ensino público básico e secundário.
Já nas semanas anteriores as manifestações de professores tinham sido uma constante de Norte a Sul do País e a luta promete não ficar por aqui.
Tenho para mim que este clima de guerrilha instalado na educação portuguesa era a última coisa de que o país necessitava para que o nosso sistema educativo pudesse progredir e qualificar os portugueses como tão desesperadamente precisamos. Como a literatura científica da especialidade mostra, a qualificação dos recursos humanos de um País é o factor de desenvolvimento sustentado mais importante. Sem uma população qualificada, nunca Portugal conseguirá ser um país da primeira divisão europeia e atingir um grau de desenvolvimento que é, hoje, e cada vez mais, uma miragem.
E, contudo, creio que o Governo até começou bem a sua acção na educação. Dou como exemplos a manutenção das escolas abertas até mais tarde (adequando a abertura dos estabelecimentos ao horário laboral dos pais), a criação de aulas de substituição, a redução de buracos nos horários dos alunos, ou a aprendizagem do inglês para todos a partir do terceiro ano do ensino básico.
Mas estas ideias, simples e positivas, coexistiram com propostas que deixaram (e continuam a deixar) muito a desejar.
Desde logo porque a tão inicialmente propalada (quer pelo primeiro-ministro, quer pela ministra da Educação) cultura de rigor nunca chegou, na verdade, a ser colocada em prática – e a terrível cultura facilitista do eduquês, em vez de ser combatida foi, ao invés, tragicamente reforçada. Quando se devia ter introduzido a realização de exames nacionais no quarto e sexto anos de escolaridade, complementando os já existentes no nono ano, o que sucedeu foi que não só aqueles exames nunca viram a luz do dia, como estes (os do nono ano) foram mais facilitados: hoje, no final do ensino básico, apenas duas disciplinas (Português e Matemática) são avaliadas e as provas globais que existiam em outras disciplinas acabaram? E os exames existentes continuam a não ser comparáveis de ano para ano – pelo que não podem mostrar com fidelidade o progresso dos alunos nem orientar positivamente os estudos. Praticamente todos os estudantes chegam, assim, ao ensino secundário (ao décimo ano) não por mérito seu, mas porque o sistema está montado para que assim aconteça. Não será difícil perspectivar que, uma vez no ensino secundário, estes jovens não progridam como até aí? Está-se, assim, não a formar uma população melhor preparada para abraçar mais tarde uma carreira profissional (como Portugal bem necessitaria), mas apenas a trabalhar para melhorar artificialmente as estatísticas do abandono escolar, mascarando uma situação que continua a ser trágica. Por exemplo, tenho as maiores dúvidas que a introdução do ensino do Inglês no terceiro ano do ensino básico venha a dar frutos? sem um sistema de avaliação rigoroso e exigente. Pois não é já verdade que a Matemática e o Português são disciplinas obrigatórias?... Mas não é por isso que a maior parte dos estudantes atinge nestas disciplinas um conhecimento sequer sofrível (por exemplo, sabe-se que cerca de 30% das crianças terminam o primeiro ciclo do básico sem saberem ler?).
Aliás, se o leitor (ainda) tem dúvidas sobre a cultura facilitista do Governo, basta lembrar-se
1. das Novas Oportunidades, que em muitos casos é um embuste feito à medida para acolher aqueles que, a partir da conclusão do ensino básico, não conseguem ter aproveitamento (e que, com uns mesitos de frequência de aulas – mas sem avaliação –, ganham direito a um diploma? que, assim, claro está, nunca lhes devia ser atribuído;
2. do novo Estatuto do Aluno, que praticamente acaba com as reprovações por faltas, sendo, portanto, um claro convite à ausência das aulas por parte dos alunos, e deixando de lado o desejável caminho da exigência, do rigor e da justiça.
Mas também ao nível dos professores as opções do Governo têm deixado, em minha opinião, muito a desejar.
Primeiro, pelo clima de guerrilha e crispação sempre crescente – para o que muito contribuiu um Estatuto da Carreira Docente que menoriza claramente os professores – e que atingiu, agora, as proporções que se conhecem. No fundo, os professores são, desde há muito, apresentados como os maus da fita.
Quem não se recorda da afirmação da Ministra da Educação, perdi os professores, mas ganhei o País?...
Ora, a batalha da qualificação dos portugueses nunca poderá ser vencida contra os professores.
Nenhum general, por melhor que seja, pode ganhar uma batalha em conflito com os seus soldados?
Mas com as relações entre o Governo e os docentes em deterioração acelerada, entrou em cena a avaliação dos professores. A cereja no topo do bolo, o que fez transbordar o copo. Quero deixar muito claro que sou totalmente favorável à avaliação dos professores (como, afinal, sucede em qualquer outra profissão). Mas, dito isto, como é possível propor-se que os pais intervenham na avaliação dos docentes? Ou que as classificações dos alunos contem para a folha de serviços dos professores que as atribuíram? Ou que o processo de avaliação seja integrado por colegas que claramente não têm competência na área em questão (como, por exemplo, professores de Trabalhos Manuais tomarem parte na avaliação de professores de Português)?...
Não é absurdo, caro leitor?...
Isto para além de o modelo de avaliação proposto não ter sido debatido como podia e devia; ter sido implantado à pressa e sem qualquer tempo experimental; e ser uma enorme teia burocrática, complexa e centralizada que obstaculiza o trabalho dos professores, diminui a autonomia das escolas e impõe a mesma grelha de avaliação para todos os estabelecimentos, independentemente da sua natureza (ensino pré-escolar, básico ou secundário), da sua dimensão (terem poucos ou muitos alunos), de as turmas serem mais ou menos problemáticas?
Porquê esta fúria centralizadora – quando o que se devia era reforçar a autonomia das escolas e dos seus directores (que, depois, responderiam perante o Estado – representado pelo Ministério da Educação – quais empresas perante os seus accionistas) e partilhar com as comunidades locais a sua gestão e orientação, ficando para o Ministério apenas a definição estratégica e o rumo geral a seguir?
Por que razão o modelo de avaliação proposto encontra paralelo com o que se passa na Grécia e se afasta das melhores práticas europeias, comuns quer nos países da Europa Ocidental, do Norte, ou mesmo de Leste, em que o papel do professor é ensinar mais e melhor e não perder tempo com a avaliação de colegas?...
E por que razão a avaliação dos docentes não é proposta à luz de critérios objectivos e comparáveis (e, como tal, inatacáveis) como, por exemplo e entre outros, a realização de exames nacionais que permitiriam aferir os resultados do trabalho dos professores?...
Perante todas estas interrogações, é difícil de perceber a obstinação do Governo e, em especial, do primeiro-ministro e da ministra da Educação em continuar com estas opções.
Menos difícil é entender a manifestação de sábado passado, bem como a contestação que, ao que se sabe, os professores vão prosseguir?
Mas fácil, fácil mesmo de perceber é que, nesta conjuntura, é a educação portuguesa que marca passo.
Contribuindo de forma decisiva para que o país não saia da cepa torta.
M.F.
Etiquetas: Educação
3 Comments:
ACABOU-SE
Maria de Lurdes Rodrigues não tem condições para continuar a gerir o sistema de educação em Portugal. Porque já não é eficaz nessa função. Porque é um facto insofismável que o pessoal que ela administra não aceita a sua administração. Isso esvazia de conteúdo as suas funções. Já não está em causa a eficácia da sua política. A questão é que ela não vai conseguir implementar as boas ideias que tem, nem impor as más. O argumento de a manter no cargo para não "desautorizar" o Primeiro-ministro é falso e perigoso. Mantendo-a nas funções que desempenha a desautorização do governo de Sócrates é constante. Chegou a altura de ver que isso é mau para os alunos. Só podem ser eles quem está em causa. Não pode haver razões de defesa de imagem política que justifiquem esta intransigência porque a manutenção de um percurso de imposição administrativa começa a ser um risco de segurança nacional. É péssimo para o quotidiano escolar ter um sistema totalmente desautorizado com professores a desafiarem o governo e o governo a desautorizar-se em frémitos de afirmação de voluntarismo vazio. Da necessidade de reformas sabe-se com fundamento científico desde o trabalho de Ana Benavente que denunciou que um quarto dos portugueses mal sabia ler e que só dez por cento da população é que entendia completamente aquilo que está escrito. Mas esse estudo tem década e meia e nada de substancial foi feito no entretanto. Por isso, o que está em questão não é a avaliação de professores. Apreciações de desempenho são meros pormenores de gestão de pessoal. O que é preciso, como consta de uma lúcida reflexão dos docentes da Escola Rainha D. Amélia, é fazer a escola cumprir com as suas funções na socialização de crianças e jovens. É promover a criação de hábitos de disciplina interiorizados que se multipliquem depois na vida adulta. Entre Cavaco Silva, o governante confrontado com o estudo de Ana Benavente, e José Sócrates, este processo de calamitosa estupidificação do país não foi interrompido por um projecto lúcido. O governo actuou agora como se o problema estivesse nos docentes e não no sistema de docência e nos curricula. Actuou como se o problema único de Portugal fosse o do excesso de privilégios e não o do defeito de cultura.
E assim as frágeis construções da demagogia política trouxeram, mesmo com a intimidação de PSPs à paisana e processos disciplinares da DREN, uma centena de milhar para as ruas de Lisboa. E o Primeiro-ministro mostrou a sua fibra assistindo em silêncio ao martírio de Maria de Lurdes Rodrigues que se desdobrou nas TVs a tentar demonstrar o indemonstrável axioma socrático que a sua política é infalível e o défice de compreensão é do país. A resposta de Sócrates foi a de marcar uma manifestação de desagravo para o Porto. Primeiro era para ser na rua, depois numa praça, depois num pavilhão e vai sempre soar a falso no clamor sem fim das turbas dos indignados. Foi um contra-ataque ridículo no meio de muito comportamento bizarro. O Professor Augusto Santos Silva protagonizou o momento de infelicidade quando em Chaves quis assinalar os três anos de governação numa espécie de estágio para o anunciado comício do desagravo. Foi vaiado. Ripostou tentando conjurar os seus Manes. Invocou os nomes dos pais fundadores, dos velhos companheiros que diz serem os seus da luta que diz ser a sua. Salgado Zenha, Mário Soares e Manuel Alegre. E nenhum lhe respondeu. Tentou depois o exorcismo, amaldiçoando os seus demónios pessoais, os grandes e os mais pequenos. Álvaro Cunhal e Mário Nogueira. E nenhum lhe respondeu. Ouviu vaias cada vez mais altas e a voz embargou-se e disse: "eu não me calo...eles calam-se primeiro que eu." Depois repetiu, baixinho como que a querer convencer-se "...eles calam-se primeiro que eu". E não se calaram. Ao ouvir na Antena 1 este terrível registo de desgovernação só me ocorreram as sábias palavras de Juan Carlos para o tiranete venezuelano: "por que no te callas".
Mário Crespo, Jornalista
Como legisla o nosso ME
Com a devida vénia ao signatário, o secretário de Estado Valter Lemos,
transcrevo o seu despacho normativo, cuja leitura em voz alta recomendo vivamente:
O Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março, rectificado pela Declaração de Rectificação n.º 44/2004, de 25 de Maio, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 24/2006, de 6 de Fevereiro, rectificado pela Declaração de Rectificação nº 23/2006, de 7 de Abril, e pelo Decreto-Lei n.º 272/2007, de 26 de Julho, assenta num princípio estruturante que se traduz na flexibilidade de escolha do percurso formativo do aluno e que se consubstancia na possibilidade de organizar de forma diversificada o percurso individual de formação em cada curso e na possibilidade de o aluno reorientar o próprio trajecto formativo entre os diferentes cursos de nível secundário.
Assim, o Despacho n.º 14387/2004 (2.ª Série), de 20 de Julho, veio estabelecer um conjunto de orientações sobre o processo de reorientação do percurso escolar do aluno, visando a mudança de curso entre os cursos criados ao abrigo do Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março, mediante recurso ao regime de permeabilidade ou ao regime de equivalência entre as disciplinas que integram os planos de estudos do curso de origem e as do curso de destino, prevendo que a atribuição de equivalências seria, posteriormente, objecto de regulamentação de acordo com tabela a aprovar por despacho ministerial.
Neste sentido, o Despacho n.º 22796/2005 (2.ª Série), de 4 de Novembro, veio concretizar a atribuição de equivalências entre disciplinas dos cursos científico-humanísticos, tecnológicos e artísticos especializados no domínio das artes visuais e dos audiovisuais, do ensino secundário em regime diurno, através da tabela constante do anexo a esse diploma, não tendo, no entanto, abrangido os restantes cursos criados ao abrigo do Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março.
A existência de constrangimentos na operacionalização do regime de permeabilidade estabelecido pelo Despacho n.º 14387/2004 (2.ª Série), de 20 de Julho, bem como os ajustamentos de natureza curricular efectuados nos cursos científico-humanísticos criados ao abrigo do Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março, implicaram a necessidade de se proceder ao reajuste do processo de reorientação do percurso escolar do aluno no âmbito dos cursos criados ao abrigo do mencionado Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março.
Desta forma, o presente diploma regulamenta o processo de reorientação do percurso formativo dos alunos entre os cursos científico-humanísticos, tecnológicos, artísticos especializados no domínio das artes visuais e dos audiovisuais, incluindo os do ensino recorrente, profissionais e ainda os cursos de educação e formação, quer os cursos conferentes de uma certificação de nível secundário de educação quer os que actualmente constituem uma via de acesso aos primeiros, criados ao abrigo do Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março, rectificado pela Declaração de Rectificação n.º 44/2004, de 25 de Maio, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 24/2006, de 6 de Fevereiro, rectificado pela Declaração de Rectificação n.º 23/2006, de 7 de Abril, e pelo Decreto-Lei n.º 272/2007, de 26 de Julho, e regulamentados, respectivamente, pelas Portarias n.º 550-D/2004, de 22 de Maio, alterada pela Portaria n.º 259/2006, de 14 de Março, n.º 550-A/2004, de 21 de Maio, com as alterações introduzidas pela Portaria n.º 260/2006, de 14 de Março, n.º 550-B/2004, de 21 de Maio, com as alterações introduzidas pela Portaria n.º 780/2006, de 9 de Agosto, n.º 550-E/2004, de 21 de Maio, com as alterações introduzidas pela Portaria n.º 781/2006, de 9 de Agosto, n.º 550-C/2004, de 21 de Maio, com as alterações introduzidas pela Portaria n.º 797/2006, de 10 de Agosto, e pelo Despacho Conjunto n.º 453/2004, de 27 de Julho, rectificado pela Rectificação n.º 1673/2004, de 7 de Setembro.
Assim, nos termos da alínea c) do artigo 4.º e do artigo 9.º do Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março, rectificado pela Declaração de Rectificação n.º 44/2004, de 25 de Maio, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 24/2006, de 6 de Fevereiro, rectificado pela Declaração de Rectificação nº 23/2006, de 7 de Abril, e pelo Decreto-Lei n.º 272/2007, de 26 de Julho, determino:
O que se segue é indiferente. São onze páginas do mesmo teor. Uma linguagem obscura e burocrática, ao serviço da megalomania centralizadora. Uma obsessão normativa e regulamentadora, na origem de um afã legislativo doentio. Notem-se as correcções, alterações e rectificações sucessivas.
Medite-se na forma mental, na ideologia e no pensamento que inspiram este despacho. Será fácil compreender as razões pelas quais chegámos onde chegámos. E também por que, assim, nunca sairemos de onde estamos.
Já estou a ver o trabalho dos tribunais, a esgravatar os recursos e contra-recursos do ministério e dos sindicatos, entalados entre as correcções, as alterações e as rectificações desta autêntica diarreia mental completamente impenetrável.
ALERTA: Talvez muitos portugueses ainda não se tenham apercebido de que as reprovações nas escolas públicas vão ser gradualmente banidas. A tendência é que ao fim de 12 anos de escola todos os alunos possam ter o 12.º ano de escolaridade
O nível de conhecimentos poderá ser muito baixo e inconsistente, mas poderão deverão ostentar "orgulhosamente" o certificado de habilitações do 12.º ano, que, afinal, é tão só a escolaridade mínima obrigatória. Portugal poderá assim figurar nas estatísticas como sendo um país com uma população com bastantes anos de escolaridade, embora isso não dê qualquer indicação em termos de conhecimentos dos portugueses.
Nas escolas públicas, os alunos poucas possibilidades terão de atingir os conhecimentos necessários para prosseguirem os estudos.
Com este panorama, os pais que desejem para os seus filhos um curso superior têm que começar já a consciencializar-se de que a escola pública não será o caminho mais aconselhável para a preparação dos seus filhos; nem para o prosseguimento de estudos, nem para o desempenho de funções com maior complexidade.
Ainda que algumas crianças e jovens se interessem pelos estudos o ambiente será imprório para que tenham sucesso, porque na mesma sala co-existirão alunos com deficiências várias: alguns fracos conhecimentos adquiridos anteriormente, até porque não havendo reprovações, não haverá necessidade de empenho nos estudos; outros com deficiências psíquicas e até de comunicação; muitos outros sem qualquer interesse pelos estudos e que apenas por ali andam porque o sistema os obriga a que permaneçam.
Zé da Burra o Alentejano
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