A AVALIAÇÃO DOS PROFESSORES
A actual ministra da Educação, à semelhança de Cristóvão Colombo, também quer chegar à Índia navegando para Ocidente. Que falta cá fazia D. João II para lhe explicar que, propondo-se ela navegar nessa direcção, nunca vai conseguir lá chegar.
Infelizmente, temos de nos contentar com um Presidente da República que avalia o trabalho dos ministros apenas sob o prisma da despesa e uma primeiro-ministro que se julga o D. Sebastião, por ter saído do nevoeiro guterrista.
Sou a favor, obviamente, de uma avaliação rigorosa do desempenho dos professores. Mas, por isso mesmo, sou totalmente contra este modelo de avaliação. A avaliação dos professores, em primeiro lugar, tem de ser externa e, em segundo lugar, tem de ter em conta, essencialmente, o trabalho na sala de aula e a avaliação e o sucesso dos alunos (Atenção: não confundir sucesso com as notas dadas pelos professores). Com efeito, devia caber ao inspector assistir a aulas, analisar as planificações, os testes e os resultados dos testes e aferir da adequação das aulas, das estratégias e da avaliação levada a cabo pelo professor relativamente às turmas e aos alunos em concreto.
E a avaliação tem de ser externa por duas razões: por um lado, para dar credibilidade à própria avaliação, impedindo que rivalidades, inimizades e desconfianças, inerentes a toda a relação de vizinhança, interfiram no processo, até porque, como sói dizer-se, «ninguém é herói para o seu criado»; por outro lado, para que os professores não se dispersem ainda mais em burocracias, afastando-os da sua verdadeira função que é ensinar.
Imagine-se o que seria se o Ministro da Justiça (ou melhor, o Conselho Superior da Magistratura) decidisse copiar o modelo, passando a avaliação dos juízes a ser feitas pelos seus colegas do tribunal. Ou seja, o juiz do 1º Juízo ia avaliar o juiz do 2º Juízo e assim sucessivamente. Havia de ser bonito! A função dos juízes, colocados nos tribunais, é julgar, dar sentenças e despachos não é avaliar os colegas. Isso é e deve ser feito por inspectores, destacados para o efeito e com reconhecida competência.
Só que aquilo que o Governo e a ministra querem, como se vê claramente por este modelo de avaliação, é apenas poupar dinheiro e domesticar os professores. O resto é conversa para enganar os tolos que, infelizmente, são muitos e com direito a voto.
REXISTIR
Infelizmente, temos de nos contentar com um Presidente da República que avalia o trabalho dos ministros apenas sob o prisma da despesa e uma primeiro-ministro que se julga o D. Sebastião, por ter saído do nevoeiro guterrista.
Sou a favor, obviamente, de uma avaliação rigorosa do desempenho dos professores. Mas, por isso mesmo, sou totalmente contra este modelo de avaliação. A avaliação dos professores, em primeiro lugar, tem de ser externa e, em segundo lugar, tem de ter em conta, essencialmente, o trabalho na sala de aula e a avaliação e o sucesso dos alunos (Atenção: não confundir sucesso com as notas dadas pelos professores). Com efeito, devia caber ao inspector assistir a aulas, analisar as planificações, os testes e os resultados dos testes e aferir da adequação das aulas, das estratégias e da avaliação levada a cabo pelo professor relativamente às turmas e aos alunos em concreto.
E a avaliação tem de ser externa por duas razões: por um lado, para dar credibilidade à própria avaliação, impedindo que rivalidades, inimizades e desconfianças, inerentes a toda a relação de vizinhança, interfiram no processo, até porque, como sói dizer-se, «ninguém é herói para o seu criado»; por outro lado, para que os professores não se dispersem ainda mais em burocracias, afastando-os da sua verdadeira função que é ensinar.
Imagine-se o que seria se o Ministro da Justiça (ou melhor, o Conselho Superior da Magistratura) decidisse copiar o modelo, passando a avaliação dos juízes a ser feitas pelos seus colegas do tribunal. Ou seja, o juiz do 1º Juízo ia avaliar o juiz do 2º Juízo e assim sucessivamente. Havia de ser bonito! A função dos juízes, colocados nos tribunais, é julgar, dar sentenças e despachos não é avaliar os colegas. Isso é e deve ser feito por inspectores, destacados para o efeito e com reconhecida competência.
Só que aquilo que o Governo e a ministra querem, como se vê claramente por este modelo de avaliação, é apenas poupar dinheiro e domesticar os professores. O resto é conversa para enganar os tolos que, infelizmente, são muitos e com direito a voto.
REXISTIR
Etiquetas: Educação
6 Comments:
Avaliar um professor pelas positivas que dá é o mesmo que avaliar um juiz pelas absolvições que decreta.
A subversão é a mesma:
Menos condenações = menos despesa para o estado = melhor rácio de criminalidade = menor despesa com a população presidiária = evitabilidade de construção de novas prisões = melhor imagem internacional de Portugal.
Todos os números melhoram.
A sociedade é que não, porque os maus alunos passam mas continuam ignorantes e os criminosos cometem crimes mas não vão presos.
Uns e outros não receberão o justo castigo que merecem.
Pelo contrário: são recompensados pelo mal que fazem a si próprios e à sociedade.
Quem sai prejudicado são, por isso, os bons alunos e as pessoas sérias e honestas.
É o Portugal de Sócras.
Aos Professores apenas interessa contaminar a opinião pública, sobre a avaliação de desempenho.
O problema fundamental reside apenas e só no facto de que esta classe profissional não quer ser avaliada, aí sim teremos que nos perguntar, todos nós, porquê!
Estes comentários são a prova disso, ou então tenho que chegar á triste conclusão que os professores não sabem interpretar documentos.
Qual o interesse de realçar o que não está escrito sobre a avaliação?
Porquê o sucesso dos alunos não pode ser integrado no processo de avaliação dos professores, eles não fazem parte integrante do processo educativo?
Em todos país da Europa os professores são avaliados há décadas, o resultado está à vista de todos nós.
Só se houve os professores a pregoar, mudança de politicas educativas, mas afinal digam, que politicas são essas? Aquelas provavelmente só beneficiam a classe de professores, em termos de remunerações, trabalho, progressão, e por aí fora.
Os professores não querem ser avaliados, mas progredir na carreira querem! Subir de escalão querem! Reformas cedo querem! Ser dos professores da Europa que em final de carreira mais ganham (3004,68€) querem! Ida em aspas.
PORTUGAL NÃO PODE CONTINUAR A FINGIR QUE TRABALHA, É PRECISO CONEXAR ESSE TRABALHO A RESULTADOS E O SISTEMA DE ENSINO NÃO É UM CASO Á PARTE, BONS PROFISSIONAIS FAZEM BONS RESULTADOS.
Ser professor hoje é lutar contra o obscurantismo cultural que vai invadindo as escolas, o amorfismo acrítico e o conformismo acéfalo que se vai instalando nos espíritos, induzido pelo poder político e económico, pelos mass media e por instintos primários de sobrevivência (ou subsistência) social.
Ser professor hoje é lutar contra o processo de degradação da escola pública que os sucessivos governos têm promovido transformando-a no depósito da mão-de-obra barata para ser domesticada.
Ser professor hoje é protestar e ensinar a protestar contra as políticas governamentais que desmantelam os serviços públicos e degradam a qualidade de vida em sociedade em favor dos interesses empresariais do lucro fácil e rápido
Ser professor hoje é vir pr’á rua dizer NÃO aos sinistros personagens que povoam o ministério da (des)educação
Ser professor hoje é lutar contra a exclusão escolar e a escola falsamente inclusiva que vende gato por lebre.
Ser professor hoje é lutar pela real democratização do ensino através de uma educação de qualidade acessível a todos, e não pela simples massificação das escolas públicas.
Ser professor hoje é protestar contra as políticas mercantilistas que instrumentalizam a educação aos seus interesses e não a favor do interesse geral da sociedade e dos próprios indivíduos
Ser professor hoje é contestar a mercantilização e a transformação da educação de qualidade num negócio de cifrões só acessível às famílias ricas
Ser professor hoje é ser capaz de educar para o activismo cívico e interveniente, para a construção de espíritos livres, críticos e insubmissos
Ser professor hoje é ser um indivíduo livre, crítico e empenhado pela justiça, pela liberdade e pela solidariedade entre todos os seres humano
Ser professor é tudo isso que refere,pena é, que nenhum professor dos dias de hoje, assim o seja.
Curiosidades sobre o sistema de avaliação dos professores
- Um sistema onde um “Mestrado” ou “Doutorado” não chega aos patamares mais altos da carreira (e são só 3,4% em Portugal) e um bacharel chega;
- Um sistema onde um “mestrado” ou “doutorado” pode ser avaliado por um licenciado ou mesmo bacharel;
- Sistema raro onde o “chefe” é o que tem 60 anos, ainda que exista um professor fora de série e ultra-competente com apenas 30 anos de idade;
- Sistema onde um Professor que nem sabe o que é o “Word”, vai avaliar os seus colegas no domínio das novas tecnologias em contexto educativo;
- Sistema onde um professor, de determinada disciplina, com média de 19 valores, nos exames nacionais, tem avaliação de “Bom” porque se atrasou uma vez 10 minutos; e o colega da mesma disciplina, na mesma escola, com média de 15 valores nos exames tem “excelente” porque teve a sorte de nunca faltar;
- Sistema fantástico onde um professor de Educação Física do 7º Ano vai avaliar as aulas de um colega de Desenho do 12º Ano;
- Sistema fantástico onde um professor de Informática do 9ºAno vai avaliar as aulas de um colega de Matemática do 12º;
- Sistema fantástico onde um professor de Moral do 8º Ano vai avaliar as aulas de um colega de Economia do 11º;
- Sistema onde o “Director” avalia um professor pela sua simpatia e disponibilidade para fazer o que lhe manda;
- blá, blá, blá ….
A AVALIAÇÃO NA BÉLGICA
É importante que o Ministério da Educação, antes de tentar impor uma reforma global que pode estar radicalmente errada, se procure informar sobre as formas de avaliação dos professores adoptadas noutros países da Europa, que parecem serem razoavelmente aceites pelos seus professores. A Comunicação Social pode dar, neste assunto, uma importante ajuda. No Sábado passado, vi na televisão, num curto programa, um professor explicar que, quando na Bélgica, o director de uma escola recebe a indicação de um professor não estar a desempenhar convenientemente as suas funções, pede ao Ministério para nomear uma comissão para o avaliar. Penso que uma medida deste género, desde que convenientemente negociada, pode ser aceite pelos Sindicatos e Comissões de Pais portugueses. Os maus e muito maus professores são poucos, mas existem, e há que proteger os estudantes de a eles estarem sujeitos.
O ensino português pode melhorar com simples medidas de bom senso. No caso citado, o Ministério, em vez de procurar avaliar simultaneamente 140.000 professores, tem, simplesmente, de promover a criação de órgãos especializados para avaliar a competência dos relativamente poucos professores suspeitos de não serem competentes. A estes, devem ser dadas todas as garantias como, por exemplo, a de poderem designar dois elementos para integrarem a comissão encarregue de os avaliar.
O Ministério deve, também, criar órgãos vocacionados para detectar os muito bons professores, que são o património mais valioso de um sistema educativo, e que devem, depois, ser utilizados pelo Ministério como motores da melhoria do nosso sistema de ensino. Numa avaliação global, simultânea e esquemática, estes melhores professores correm o sério risco de não serem considerados aptos para serem professores titulares, e serem assim impedidos de influenciar o evoluir das próprias escolas. E corremos um outro risco: o de alguns dos piores professores se tornarem “especialistas em serem avaliados” sendo assim seleccionados para professores titulares e passando a influenciar fortemente o futuro do nosso ensino.
António Brotas,
Antigo Secretário de Estado e Director do Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministério da Educação.
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