sábado, 5 de dezembro de 2009

CONFLITO COM O 25 DE ABRIL

O dr. Cavaco revela um manifesto conflito com o 25 de Abril. Embora não tivesse a mais escassa participação na batalha contra o fascismo: uma discreta assinatura num protesto, uma petição colectiva contra a censura, uma indignação contra a perseguição a estudantes - o dr. Cavaco beneficiou da queda do regime, embora lhe não esteja muito grato. A efeméride é canónica: não pertence à Esquerda nem à Direita, assim como a República não é uma propriedade unilateral. O 25 de Abril permitiu que gente de todos os quadrantes pudessem demonstrar as opiniões, exactamente o contrário do que a ditadura fez, durante quase meio século.

Relembrar estas evid
ências é como compor uma redacção de terceira classe. Parece uma futilidade, mas não o é, quando o máximo representante da República escusa-se, omite, faz de conta - quando se trata de comemorar a nobre data.

Quando primeiro-ministro opôs-se a que a viúva de Salgueiro Maia recebesse pensão de viuvez. Isto, no mesmo ano em que caucionou pensões a antigos torcionários da PIDE-DGS. Nunca o dr. Cavaco colocou na lapela o singelo cravo de Abril, quando das cerimónias oficiais da data. Obrigado, pelas circunstâncias, a soletrar umas frases, estas saem-lhe, sempre, vazias de sentido, inócuas, sem emoção e sem grandeza.

Alguém tem de recordar a este homem que ele é Presidente da República, e não dirigente de um agrupamento restrito. E alguém terá, também de lhe ensinar que o acontecimento pertence ao historial mais nobilitante dos fastos portugueses. O que ele tem cometido, sobre ser muitíssimo feio, são actos que a ética e o
civismo reprovam com veemência.

Agora, sustentado por uma absurda evasiva protocolar, não compareceu na grande homenagem à memória de Melo Antunes. A justificação brada aos céus. Estavam presentes três antigos Presidentes da República, demonstrando que a questão central, o tributo a Melo Antunes, evocava o sentido dos valores e a magnitude de uma Revolução que determinava a defesa desses valores.
O dr. Cavaco virou as costas. E a Associação 25 de Abril, cansada de ambiguidades e de escusas disparatadas a quatro convites destinados a memórias semelhantes, a Associação decidiu nunca mais solicitar a presença do dr. Cavaco. Há, portanto, um corte de relações entre uma instituição que simboliza a Revolução de 1974 e os seus heróis, e um indivíduo que, casual e episodicamente, é Presidente da República.

Tudo isto conduz a um extremo mal-estar e ao acentuar das divisões na sociedade portuguesa, cisão cada vez mais protagonizada pelo dr. Cavaco, já de si pouco propenso ao estreitamento de laços e à renovação de novas relações de proximidade. A figura de autoridade, por ele pretendidamente representada, fixa-se
, afinal, num autoritarismo gelado que permite e incita a todas as indignações. E, cada vez mais, cava o abismo que o separa da reeleição. Ele não serve, está mais do que provado.

APOSTILA 1 - Direi, agora, que este livro acabado de ler é um texto memorialístico, uma autobiografia transposta, uma revisitação à infância. Isso tudo; e, igualmente, um longo e belo texto, escrito num português de lei.

O autor: Pedro Foyos. O livro: Botânica das Lágrimas. Foyos é um dos maiores e mais bem apetrechados jornalistas da sua geração.
Como alguns de nós, poucos de nós, sabe fazer um jornal do editorial à paginação, do suelto à grande entrevista e à reportagem.

Culto, modesto, atentíssimo e informado das coisas do mundo, Pedro Foyos sempre se afastou do rataplã do marquetingue porque a sua vocação pertence aos domínios do espírito de relação com os outros.
Este volume decorre durante um passeio. O passeio que Pedro Foyos narra e aquele que ele própria diz para inventarmos. E, de repente, somos chamados pelas instâncias do sonho, numa prosa por vezes emocionante, outras rodeadas de ironia, ou marcadas pela terna dor da memória do que foi. Estamos perante um belíssimo texto,
uma pausa de serenidade no ruído ensurdecedor que por aí se ergue, e que é, somente, isso mesmo: ruído.
Procure e adquira este volume, meu Dilecto: é uma excelente prenda de Natal.

APOSTILA 2 - Continuando a discretear de livros, eis Nó Górdio - A Cumplicidade Escondida,
do cirurgião prof. dr. José Fernandes e Fernandes, edições Almedina, cujo diversificado conteúdo nos conduz aos caminhos de uma longa experiência profissional e de uma mentalidade aberta, generosa e humana.
São retratos de velhos mestres, depoimentos e evocações, memórias calorosas e depoimentos sobre a perplexidade que a nossa época provoca, mesmo nas pessoas mais advertidas e mais atentas.
Percorre, estas páginas, o rio de uma solidariedade que se não extingue; mas, também, posições morais de combate de um homem que recusa o silêncio como comodidade.
Um pouco da história da Medicina portuguesa por estas páginas perpassa. E tudo isto num estilo claro, quase coloquial, à maneira dos grandes médicos que foram (e têm sido) grandes humanistas.
Vale a pena acompanhar este percurso, por invulgar e, simultaneamente, fascinante.


B.B.

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9 Comments:

At 5 de dezembro de 2009 às 18:46, Anonymous Anónimo said...

Eu sempre ouvi dizer que o sucesso das pessoas , não se compra......... conquista-se!! Muito destes assessores só são alguem porque houve caridade e tambem algum aproveitamento politico , por parte da personagem que sabem !!! O que é que o Catalão fez até agora para justificar o lugar que ocupa tal como o seu vencimento ?? Assim como o gordo que veio da cortiça !! Porque é que a reformada passados alguns anos da se ter aposentado quer voltar a trabalhar , ainda para mais com alguem que não é da sua cor partidária ??Alguém consegue explicar o obvio ?? Money , money , money ... é muito bom ainda para mais quando não custa a ganhá-lo !!!!
Este pais está nas mãos de cur....ptos ....e só vem a comfirmar que temos o que muitos merecem . Eu não me incluo pois votei diferente , portanto peço que poderem muito aquando das vossas escolhas e não se deixem levar por porcos no espeto e algumas minis a reboque . Isto tudo só para dizer que acho muito oportuno falar deste ultimo assunto . Passem pelas ruas deste bairro e vejam o monte de terra assim como as milhares de folhas caidas no chão . Das arvores dos canteiros não falo , pois agora que começou a chover , ainda não tiveram liçença para morrerem . Oh gordo , tu que vives junto a este bairro , ainda não viste a merda que vai no chão ??

 
At 5 de dezembro de 2009 às 18:47, Anonymous Anónimo said...

Eu sempre ouvi dizer que o sucesso das pessoas , não se compra......... conquista-se!! Muito destes assessores só são alguem porque houve caridade e tambem algum aproveitamento politico , por parte da personagem que sabem !!! O que é que o Catalão fez até agora para justificar o lugar que ocupa tal como o seu vencimento ?? Assim como o gordo que veio da cortiça !! Porque é que a reformada passados alguns anos da se ter aposentado quer voltar a trabalhar , ainda para mais com alguem que não é da sua cor partidária ??Alguém consegue explicar o obvio ?? Money , money , money ... é muito bom ainda para mais quando não custa a ganhá-lo !!!!
Este pais está nas mãos de cur....ptos ....e só vem a comfirmar que temos o que muitos merecem . Eu não me incluo pois votei diferente , portanto peço que poderem muito aquando das vossas escolhas e não se deixem levar por porcos no espeto e algumas minis a reboque . Isto tudo só para dizer que acho muito oportuno falar deste ultimo assunto . Passem pelas ruas deste bairro e vejam o monte de terra assim como as milhares de folhas caidas no chão . Das arvores dos canteiros não falo , pois agora que começou a chover , ainda não tiveram liçença para morrerem . Oh gordo , tu que vives junto a este bairro , ainda não viste a merda que vai no chão ??

 
At 5 de dezembro de 2009 às 18:51, Anonymous Anónimo said...

Já agora a cidade está muito linda com as decorações MILIONÁRIAS de NATAL . Como sempre vamos lá tapar os olhos ao Zé Povinho e vai de fazer uma iluminação á séria . Porreiro Pá lá dizia o outro !!!!
Eu sempre ouvi dizer que o sucesso das pessoas , não se compra......... conquista-se!! Muito destes assessores só são alguem porque houve caridade e tambem algum aproveitamento politico , por parte da personagem que sabem !!! O que é que o Catalão fez até agora para justificar o lugar que ocupa tal como o seu vencimento ?? Assim como o gordo que veio da cortiça !! Porque é que a reformada passados alguns anos da se ter aposentado quer voltar a trabalhar , ainda para mais com alguem que não é da sua cor partidária ??Alguém consegue explicar o obvio ?? Money , money , money ... é muito bom ainda para mais quando não custa a ganhá-lo !!!!
Este pais está nas mãos de cur....ptos ....e só vem a comfirmar que temos o que muitos merecem . Eu não me incluo pois votei diferente , portanto peço que poderem muito aquando das vossas escolhas e não se deixem levar por porcos no espeto e algumas minis a reboque . Isto tudo só para dizer que acho muito oportuno falar deste ultimo assunto . Passem pelas ruas deste bairro e vejam o monte de terra assim como as milhares de folhas caidas no chão . Das arvores dos canteiros não falo , pois agora que começou a chover , ainda não tiveram liçença para morrerem . Oh gordo , tu que vives junto a este bairro , ainda não viste a merda que vai no chão ??

 
At 6 de dezembro de 2009 às 00:05, Anonymous Anónimo said...

quem fala sobre as iluminações nao sabe o que diz. é ignorante. Numa época destas, sendo natal e onde ha necessidade de revitalizar a economia, este é um dos melhores investimentos.

 
At 6 de dezembro de 2009 às 14:27, Anonymous Luis Silva said...

Parece que mais uma vez o investimento das iluminações vai parir um nado morto, como todos os investimentos do município de Ponte de Sôr dos últimos anos.
Onde está o combate ao desemprego?
Quantos postos de trabalho foram criados?
Qual é o valor de acrescentado que foi criado para os habitantes deste concelho?

 
At 7 de dezembro de 2009 às 19:09, Anonymous Anónimo said...

Nó Górdio
A cumplicidade escondida
de José Fernandes e Fernandes
Edição/reimpressão: 2009
Páginas: 350
Editor: Livraria Almedina
ISBN: 9789724039039
Sinopse
A Cirurgia, esse ramo da Medicina que cura com a mão, é fronteira na relação médico-doente. É acto de entrega e de confiança, exigente e gratificante. Cosa mentale, porque nela convergem acção, reflexão e emoção que configuram o hábito do cirurgião, temperado pela autonomia, objectividade e pela verdade, porque na Cirurgia, raramente há segunda oportunidade.

Educação médica, organização da Medicina e dos médicos, o valor único e irrepetível da relação médico-doente e outros temas de interesse público, tornam, este livro não só aos especialistas e profissionais de saúde e da educação, como ao público em geral, porque o debate de ideias é essencial à dinâmica da sociedade aberta e fraterna que aspiramos.

É uma visão pessoal, influenciada por personalidades evocadas na sua dimensão académica e humana, e a memoria da cidade, revivida em Atenas, berço da civilização, e Londres, reencontrada após os trágicos atentados de 2005, e um desafio à acção e ao exercício de cidadania responsável.
Nó Górdio de José Fernandes e Fernandes

 
At 7 de dezembro de 2009 às 22:54, Anonymous Anónimo said...

No próximo fim de semana, de 11 a 13, vão decorrer em Ponte de Sôr, os Campeonatos Nacionais de Clubes, 3ª e 4ª Divisões em Natação.
Julgo que é um acontecimento desportivo muito significativo, pois vão estar cá DEZENAS de Clubes e CENTENAS de atletas.
Não há numa área de cinquenta quilómetros um quarto disponível e a restauração também conta com um movimento extremamente significativo.
São organizações como esta que a Câmara tem que agradecer à Associação de Natação do Interior Centro bem como à Federação Portuguesa de Natação.
Mas cá pouco se sabe que isto vai acontecer...

 
At 8 de dezembro de 2009 às 13:19, Anonymous Anónimo said...

Isso nao me interessa nada. Quero é futebol e basquete. Haja dinheiro e divulgaçao com fartura para estas modalidades. O pessoal das outras modalidades, incluindo a nataçao, que se dediquem à venda de rifas e pães com chouriço para terem dinheiro para os gastos. nao me venham com politicas de apoio ao desporto que isso não acontece em Ponte de Sor. Nesta terra quando se quer praticar desporto é melhor escolher a modalidade certa de acordo com os gostos do Sr. Presidente da camara.

 
At 8 de dezembro de 2009 às 15:58, Anonymous Anónimo said...

Mais uma vez não há valor acrescentado. Vale mais as 24 h de Fronteira, do que estes turistas de pé descalso.

 

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