sexta-feira, 10 de junho de 2011

É POSSÍVEL?

Nada é novo. Nunca! Já lá estivemos, já o vivemos e já conhecemos. Uma crise financeira, a falência das contas públicas, a despesa pública e privada, ambas excessivas, o desequilíbrio da balança comercial, o descontrolo da actividade do Estado, o pedido de ajuda externa, a intervenção estrangeira, a crise política e a crispação estéril dos dirigentes partidários. Portugal já passou por isso tudo. E recuperou. O nosso país pode ultrapassar, mais uma vez, as dificuldades actuais. Não é seguro que o faça. Mas é possível.

Tudo é novo. Sempre! Uma crise internacional inédita, um mundo globalizado, uma moeda comum a várias nações, um assustador défice da produção nacional, um insuportável grau de endividamento e a mais elevada taxa de desemprego da história. São factos novos que, em simultâneo, tornam tudo mais difícil, mas também podem contribuir para novas soluções. Não é certo que o novo enquadramento internacional ajude a resolver as nossas insuficiências. Mas é possível.

Novo é também o facto de alguns políticos não terem dado o exemplo do sacrifício que impõem aos cidadãos. A indisponibilidade para falarem uns com os outros, para dialogar, para encontrar denominadores comuns e chegar a compromissos contrasta com a facilidade e o oportunismo com que pedem aos cidadãos esforços excepcionais e renúncias a que muitos se recusam. A crispação política é tal que se fica com a impressão de que há partidos intrusos, ideias subversivas e opiniões condenáveis. O nosso Estado democrático, tão pesado, mas ao mesmo tempo tão frágil, refém de interesses particulares, nomeadamente partidários, parece conviver mal com a liberdade. Ora, é bom recordar que, em geral, as democracias, não são derrotadas, destroem-se a si próprias!

Há momentos, na história de um país, em que se exige uma especial relação política e afectiva entre o povo e os seus dirigentes. Em que é indispensável uma particular sintonia entre os cidadãos e os seus governantes. Em que é fundamental que haja um entendimento de princípio entre trabalhadores e patrões. Sem esta comunidade de cooperação e sem esta consciência do interesse comum nada é possível, nem sequer a liberdade.

Vivemos um desses momentos. Tudo deve ser feito para que estas condições de sobrevivência, porque é disso que se trata, estejam ao nosso alcance. Sem encenação medíocre e vazia, os políticos têm de falar uns com os outros, como alguns já não o fazem há muito. Os políticos devem respeitar os empresários e os trabalhadores, o que muitos parecem ter esquecido há algum tempo. Os políticos devem exprimir-se com verdade, princípio moral fundador da liberdade, o que infelizmente tem sido pouco habitual. Os políticos devem dar provas de honestidade e de cordialidade, condições para uma sociedade decente.

Vivemos os resultados de uma grave crise internacional. Sem dúvida. O nosso povo sofre o que outros povos, quase todos, sofrem. Com a agravante de uma crise política e institucional europeia que fere mais os países mais frágeis, como o nosso. Sentimos também, indiscutivelmente, os efeitos de longos anos de vida despreocupada e ilusória. Pagamos a factura que a miragem da abundância nos legou. Amargamos as sequelas de erros antigos que tornaram a economia portuguesa pouco competitiva e escassamente inovadora. Mas também sofremos as consequências da imprevidência das autoridades. Eis por que o apuramento de responsabilidades é indispensável, a fim de evitar novos erros.

Ao longo dos últimos meses, vivemos acontecimentos extraordinários que deixaram na população marcas de ansiedade. Uma sucessão de factos e decisões criou uma vaga de perplexidade. Há poucos dias, o povo falou. Fez a sua parte. Aos políticos cabe agora fazer a sua. Compete-lhes interpretar, não aproveitar. Exige-se-lhes que interpretem não só a expressão eleitoral do nosso povo, mas também e sobretudo os seus sentimentos e as suas aspirações. Pede-se-lhes que sejam capazes, como não o foram até agora, de dialogar e discutir entre si e de informar a população com verdade. Compete-lhes estabelecer objectivos, firmar um pacto com a sociedade, estimular o reconhecimento dos cidadãos nos seus dirigentes e orientar as energias necessárias à recuperação económica e à saúde financeira. Espera-se deles que saibam traduzir em razões públicas e conhecidas os objectivos das suas políticas. Deseja-se que percebam que vivemos um desses raros momentos históricos de aflição e de ansiedade colectiva em que é preciso estabelecer uma relação especial entre cidadãos e governantes. Os Portugueses, idosos e jovens, homens e mulheres, ricos e pobres, merecem ser tratados como cidadãos livres. Não apenas como contribuintes inesgotáveis ou eleitores resignados.

É muito difícil, ao mesmo tempo, sanear as contas públicas, investir na economia e salvaguardar o Estado de protecção social. É quase impossível. Mas é possível. É muito difícil, em momentos de penúria, acudir à prioridade nacional, a reorganização da Justiça, e fazer com que os Juízes julguem prontamente, com independência, mas em obediência ao povo soberano e no respeito pelos cidadãos. É difícil. Mas é possível.

O esforço que é hoje pedido aos Portugueses é talvez ímpar na nossa história, pelo menos no último século. Por isso são necessários meios excepcionais que permitam que os cidadãos, em liberdade, saibam para quê e para quem trabalham. Sem respeito pelos empresários e pelos trabalhadores, não há saída nem solução. E sem participação dos cidadãos, nomeadamente das gerações mais novas, o esforço da comunidade nacional será inútil.

É muito difícil atrair os jovens à participação cívica e à vida política. É quase impossível. Mas é possível. Se os mais velhos perceberem que de nada serve intoxicar a juventude com as cartilhas habituais, nem acreditar que a escola a mudará, nem ainda pensar que uma imaginária "reforma de mentalidades" se encarregará disso. Se os dirigentes nacionais perceberem que são eles que estão errados, não as jovens gerações, às quais faltam oportunidades e horizontes. Se entenderem que o seu sistema político é obsoleto, que o seu sistema eleitoral é absurdo e que os seus métodos de representação estão caducos.

Como disse um grande jurista, “cada geração tem o direito de rever a Constituição”. As jovens gerações têm esse direito. Não é verdade que tudo dependa da Constituição. Nem que a sua revisão seja solução para a maior parte das nossas dificuldades. Mas a adequação, à sociedade presente, desta Constituição anacrónica, barroca e excessivamente programática afigura-se indispensável. Se tantos a invocam, se tantos a ela se referem, se tantos dela se queixam, é porque realmente está desajustada e corre o risco de ser factor de afastamento e de divisão. Ou então é letra morta, triste consolação. Uma nova Constituição, ou uma Constituição renovada, implica um novo sistema eleitoral, com o qual se estabeleçam condições de confiança, de lealdade e de responsabilidade, hoje pouco frequentes na nossa vida política. Uma nova Constituição implica um reexame das relações entre os grandes órgãos de soberania, actualmente de muito confusa configuração. Uma Constituição renovada permitirá pôr termo à permanente ameaça de governos minoritários e de Parlamentos instáveis. Uma Constituição renovada será ainda, finalmente, o ponto de partida para uma profunda reforma da Justiça portuguesa, que é actualmente uma das fontes de perigos maiores para a democracia. A liberdade necessita de Justiça, tanto quanto de eleições.

Pobre país moreno e emigrante, poderás sair desta crise se souberes exigir dos teus dirigentes que falem verdade ao povo, não escondam os factos e a realidade, cumpram a sua palavra e não se percam em demagogia!

País europeu e antiquíssimo, serás capaz de te organizar para o futuro se trabalhares e fizeres sacrifícios, mas só se exigires que os teus dirigentes políticos, sociais e económicos façam o mesmo, trabalhem para o bem comum, falem uns com os outros, se entendam sobre o essencial e não tenham sempre à cabeça das prioridades os seus grupos e os seus adeptos.

País perene e errante, que viveste na Europa e fora dela, mas que à Europa regressaste, tens de te preparar para viver com metas difíceis de alcançar, apesar de assinadas pelo Estado e por três partidos, mas tens de evitar que a isso te obrigue um governo de fora.

País do sol e do Sul, tens de aprender a trabalhar melhor e a pensar mais nos teus filhos.

País desigual e contraditório, tens diante de ti a mais difícil das tarefas, a de conciliar a eficiência com a equidade, sem o que perderás a tua humanidade. Tarefa difícil. Mas possível.


António Barreto
Castelo Branco, 10 de Junho de 2011

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18 Comments:

At 11 de junho de 2011 às 11:47, Anonymous Anónimo said...

Por definição, o 10 de Junho é um dia em que o Presidente da República está, por assim dizer, mais exposto. Barreto, na sua homilia "estado-novista" (o apelo à fraterna simbiose do capital com o trabalho, da política com as "corporações", em suma, à "união nacional"), esqueceu-se de referir que não basta mudar a constituição no sentido de garantir a exigência de governos maioritários. A constituição também deve reforçar o papel do PR não apenas enquanto "árbitro" ou "provedor nacional", garantindo-lhe a liderança política e institucional efectiva do regime. A legitimidade de único órgão político singular eleito carece de uma tradução constitucional diferente daquela instituída ad hominem, em 1983, para sossego dos partidos e respectivas nomenclaturas. O PR podia e devia ter mais poderes, por exemplo, em relação à justiça cujo controlo é feito, na prática, pelos partidos e pelos "pares" naqueles obscuros "conselhos superiores". Por falar em justiça e em Presidente - e dando de barato o intenso mau-gosto de comparações com Isaltinos e Fatinhas Felgueiras que decorre daquela grosseria populista "os políticos são todos iguais" - não me parece, apesar de se tratar do Chefe de Estado, que Cavaco devesse dar luz verde a um processo contra um jornalista. Nos EUA até duvidaram que Obama fosse americano e não consta que ele tivesse mandado abrir processos judiciais. Aliás, o "tema" (sórdido e urdido pelos arietes da "central" de agitprop derrotada no passado domingo) foi explorado à náusea pelos media o que, em termos de pura equanimidade, obrigaria abstractamente a "persegui-los" a todos. Salazar tinha, entre outras, esta frase luminosa: decididos até onde ir, não devemos ir mais além. Serve para quase todo o jornalismo caseiro em vigor e, em geral, bronco. E serve para isto.

 
At 11 de junho de 2011 às 13:34, Anonymous Filipe said...

Cavaco Silva disse hoje esperar que os portugueses queiram ser “curados” e que sejam capazes de responder aos desafios que foram colocados pela comunidade internacional. Quando o interrogaram sobre o que quis dizer com a expressão “não há cura para aquele que não quer ser curado”, utilizada por si de manhã num discurso, Cavaco esclareceu tratar-se de uma frase de um médico célebre do século XVI, João Rodrigues de Castelo Branco, o Amato Lusitano. Naquele tempo, utilizava-se a sangria como terapia e era preciso convencer os pacientes a deixarem-se sangrar, muitas vezes até à morte. Não confundir, portanto, “curados” com a prisão de quem afundou o BPN, com a renegociação das PPP, com a investigação criminal de tantos e tantos negócios escandalosos, onde, naturalmente, se incluem também estas últimas, ou curados através de uma redistribuição mais justa do rendimento e de mais justiça na economia. Era mesmo sangria que Cavaco quis dizer. Espera que os portugueses queiram ser sangrados. Com todo o gosto, senhor Presidente, como vimos no Domingo passado.

 
At 11 de junho de 2011 às 14:02, Anonymous Anónimo said...

http://caosarnoso.blogs.sapo.pt

 
At 11 de junho de 2011 às 16:01, Anonymous JoãoG. said...

Meio mundo babou-se - Mário Crespo ainda deve estar a limpar os lábios e a remover a comoção - para cima das palavras "sábias" de António Barreto.
O homem é uma espécie de dr. House da nossa sociedade e da nossa política sem o sarcasmo destrutivo do primeiro.
Ir a votinhos é que não é com ele. Mas, pelo menos desde o "manifesto reformador" de 1979 (onde coadjuvou Medeiros Ferreira) que é uma indisputável sumidade diagnosticadora.
Gosto dele embora já tivesse gostado mais.
Todavia, com Barreto não emergiu a roda dos "avisos".
O grande ausente do dia, Camões, já tinha visto - e claramente visto - o que isto era e, na sua extraordinária épica, "avisou". Dou a voz a Jorge de Sena, em 1972, por ele:
«Os Lusíadas são menos uma celebração ingénua e orgulhosa do que um aviso trágico e desesperado. Mas, se este aviso é feito à luz de particulares valores de categoria universal, como efectivamente é, daí resulta que ele transcende em muito o âmbito nacional de um destino histórico não cumprido do seu mais alto sentido, para ser, na verdade, um aviso e um apelo que se dirige a toda a humanidade que Portugal, para o efeito, simboliza. O que não seja levado a cabo com espírito de sacrifício, coragem, isenção, tolerância em tudo desde a religião a licenças eróticas, e não seja iluminado por um ideal de supremo e universal amor da Humanidade e do Mundo, não poderá ter o favor dos deuses, é está inexoravelmente fadado ao desastre. Mesmo que tal desastre se não materialize, ele não será menos desastre, porque será sempre a «vil tristeza» da «consciência infeliz».

 
At 11 de junho de 2011 às 22:06, Anonymous João José said...

O sr. Silva, presidente de alguns portugueses, apelou à frugalidade e ao sacrifício. Para dar o exemplo e a partir de agora em Belém só se come sopa e uma sardinha será dividida pelos comensais. Com a sua peculiar memória queixou-se do abandono dos campos e da agricultura. Não se recorda de ter negociado com a na altura CEE esse mesmo abandono, ou daquela fantástica profusão de veículos todo o terreno ter brotado do nada no seu reinado de governante.

Às tropas Cavaco Silva deu o conforto de avisar que mesmo em tempo de vacas muito magras não se pode poupar na segurança. Reparem: segurança, e não defesa. Ficamos pois a saber que para os lados do poder se teme que as polícias não cheguem para conter as ruas.

O político António Barreto disse mal dos políticos. Rotina, portanto. E quer uma revisão constitucional que nos dê governos estáveis, como o proclamam todos os políticos de direita desde 1976. Ou seja: maiorias artificiais, e desprezo pelo voto dos portugueses. Há alturas em que nem sei se o passado de democrata de António Barreto pode ser considerado no presente.

 
At 12 de junho de 2011 às 01:16, Anonymous Anónimo said...

Pois é... agora já não há dúvida sobre a grave crise internacional...agora já é necessário que os políticos falem uns com os outros e estabeleçam entendimentos...
Que corja desnaturada.
Mais uma vez, como tem sido apanágio do presidente Silva e seu ilustre panegirista, o 10 de Junho não passou de uma opereta chula.
Felizmente que Camões está muito acima desta 'porca miseria'

 
At 12 de junho de 2011 às 02:59, Anonymous Anónimo said...

A culpa é do Pinto!

 
At 12 de junho de 2011 às 16:21, Anonymous Anónimo said...

O verdadeiro responsável pelo estado a que isto chegou é o Pinto de Sousa, porque levou este país à falência.

 
At 12 de junho de 2011 às 17:12, Anonymous António Joaquim said...

E que dizer, dos ilustres e iluminados senhores, das elites portuguesas,que dizem que não é necessário encontrar culpados, da triste situação a que Portugal chegou.
Vejam o exemplo da Islândia, onde o 1ºministro foi responsabilizado judicialmente, pelos erros cometidos durante o seu governo.
É este estado de impunidade, e de fuga ás responsabilidades. E com a mais que justificada falta de esperança em aparecer um politico serio e honesto,lá vamos tristemente, nós pobres tentar (sim,tentar...) pagar a crise, onde nada comemos, mas tudo temos de pagar.

 
At 15 de junho de 2011 às 22:22, Anonymous Anónimo said...

Há uma coisa que NUNGUÉM se pode esquecer.
Quem trouxe Portugal até aqui foi o PS pela mão de José Socrates
mas para não esquecer aqui ficam os numeros

1) Na última década, Portugal teve o pior crescimento económico dos últimos 90 anos;

2) Temos a pior dívida pública (em % do PIB) dos últimos 160 anos. A dívida pública este ano vai rondar os 100% do PIB;

3) Esta dívida pública histórica não inclui as dívidas das empresas públicas (mais 25% do PIB nacional);

4) Esta dívida pública sem precedentes não inclui os 60 mil milhões de euros das PPPs (35% do PIB adicionais), que foram utilizadas pelos nosso governantes para fazer obra (auto-estradas, hospitais, etc.) enquanto se adiava o seu pagamento para os próximos governos e as gerações futuras. As escolas também foram construídas a crédito;

5) Temos a pior taxa de desemprego dos últimos 90 anos (desde que há registos). Em 2005, a taxa de desemprego era de 6,6%. Em 2011, a taxa de desemprego chegou aos 11,1% e continua a aumentar;

6) Temos 620 mil desempregados, dos quais mais de 300 mil estão desempregados há mais de 12 meses;

7) Temos a maior dívida externa dos últimos 120 anos;

8) A nossa dívida externa bruta é quase 8 vezes maior do que as nossas exportações;

9) Estamos no top 10 dos países mais endividados do mundo em praticamente todos os indicadores possíveis;

10) A nossa dívida externa bruta em 1995 era inferior a 40% do PIB. Hoje é de 230% do PIB;

11) A nossa dívida externa líquida em 1995 era de 10% do PIB. Hoje é de quase 110% do PIB;

12) As dívidas das famílias são cerca de 100% do PIB e 135% do rendimento disponível;

13) As dívidas das empresas são equivalente a 150% do PIB;

14) Cerca de 50% de todo endividamento nacional deve-se, directa ou indirectamente, ao nosso Estado;

15) Temos a segunda maior vaga de emigração dos últimos 160 anos;

16) Temos a segunda maior fuga de cérebros de toda a OCDE;

17) Temos a pior taxa de poupança dos últimos 50 anos;

18) Nos últimos 10 anos, tivemos défices da balança corrente que rondaram entre os 8% e os 10% do PIB;

19) Há 1,6 milhões de casos pendentes nos tribunais civis. Em 1995, havia 630 mil. Portugal é ainda um dos países que mais gasta com os tribunais por habitante na Europa;

20) Temos a terceira pior taxa de abandono escolar de toda a OCDE (só melhor do que o México e a Turquia);

21) Temos um Estado desproporcionado para o nosso país, um Estado cujo peso já ultrapassa os 50% do PIB;

22) As entidades e organismos públicos contam-se aos milhares. Há 349 Institutos Públicos, 87 Direcções Regionais, 68 Direcções-Gerais, 25 Estruturas de Missões, 100 Estruturas Atípicas, 10 Entidades Administrativas Independentes, 2 Forças de Segurança, 8 entidades e sub-entidades das Forças Armadas, 3 Entidades Empresariais regionais, 6 Gabinetes, 1 Gabinete do Primeiro Ministro, 16 Gabinetes de Ministros, 38 Gabinetes de Secretários de Estado, 15 Gabinetes dos Secretários Regionais, 2 Gabinetes do Presidente Regional, 2 Gabinetes da Vice-Presidência dos Governos Regionais, 18 Governos Civis, 2 Áreas Metropolitanas, 9 Inspecções Regionais, 16 Inspecções-Gerais, 31 Órgãos Consultivos, 350 Órgãos Independentes (tribunais e afins), 17 Secretarias-Gerais, 17 Serviços de Apoio, 2 Gabinetes dos Representantes da República nas regiões autónomas, e ainda 308 Câmaras Municipais, 4260 Juntas de Freguesias. Há ainda as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, e as Comunidades Inter-Municipais;

23) Nos últimos anos, nada foi feito para cortar neste Estado omnipresente e despesista, embora já se cortaram salários, já se subiram impostos, já se reduziram pensões e já se impuseram vários
pacotes de austeridade aos portugueses. O Estado tem ficado imune à austeridade;

A verdade é que estes factos são obviamente arrasadores e indesmentíveis. Factos irrefutáveis.


Álvaro Santos Pereira

 
At 16 de junho de 2011 às 00:52, Anonymous Anónimo said...

Amigo Alvaro, pare lá de dizer asneiras que agora é a minha vez.

 
At 17 de junho de 2011 às 18:30, Anonymous Anónimo said...

Não esquecer que essa situação já é anterior ao Socrates. Não é estar a defender, mas porque ninguem fala no espertalhão do Durão que quando viu a coisa a começar a ficar preta arranjou um tacho em Bruxelas. E o Santana Lopes.
Esta situação é anterior ao Socrates.
Sempre quero ver como se vão sair estes.Espero que melhor!

 
At 17 de junho de 2011 às 20:14, Anonymous Anónimo said...

Parabéns ao comentador anónimo que antecipou o nome do ministro da economia e para "o amigo da Álvaro" que desminta com dados o que "Álvaro", Professor de Economia da Universidade de Vancouver, Canadá, escreveu enquanto tal...

 
At 20 de junho de 2011 às 18:42, Anonymous Anónimo said...

Sobre o governo por enquanto nada a apontar. Vamos esperar para ver!? Esperemos que se saiam bem, mas não será só o governo, o povo também tem que querer trabalhar. Agora falta ver quais e quantas são as nomeações para os tachos que falta preencher. É aqui que na minha opinião o homem vai ou não vai seguir a linha do que tem acontecido neste pobre país desde o 25 de Abril. Vamos esperar para ver, entretanto dou-lhe o benefício da dúvida!

 
At 21 de junho de 2011 às 09:56, Anonymous JUM said...

Tenho uma grande desconfiança em relação a grupos profissionais que vivem de e para o seu próprio circulo, criam os seus próprios códigos de valores, julgam-se superiores à sociedade que os rodeia e revelam dificuldades em conviver com ela.
A regra é comportarem-se fora do seu meio como elefantes numa loja de cristais.
Recordo-me de um ministro cheio de doutoramentos que costumava pedir a uma auxiliar que lhe fosse comprar os preservativos mas era tão desastrado que uma vez deu-lhe dinheiro insuficiente, a senhora regressou da farmácia e foi pedir a diferença ao pessoal do secretariado dizendo às colegas qual a “receita” que tinha ido aviar.

No mesmo fim de semana em que hiper-merceeiro Belmiro enchia a Avª. da Liberdade de produtos supostamente nacionais(não sei de onde terão vindo pois fui ao Continente e, por exemplo, nas frutas apenas os limões e uma variedade de maçãs era nacional) a nossa comunicação social derreteu-se a elogiar os doutores vindos do estrangeiro para o governo, como se ser professor numa universidade americana (ou canadiana que vai dar ao mesmo) fosse símbolo de superioridade técnica.

Sejamos francos, na América há universidades que estão abaixo das nossas Novas Oportunidades tão criticadas por Passos Coelho, aliás, por cá sucede o mesmo, começando pela universidade onde parece ser moda os nossos primeiros-ministros estudarem. Aliás, não deixa de ser tão ridículo elogiar o percurso académico dos ministros e ignorarem o do primeiro-ministro.

Há universidades americanas onde as aulas práticas de econometria devem ser feitas nas pistas, uma coisa é ser professor numa universidade da Ivy League, outra é ser de uma qualquer universidade de segunda ou terceira linha.
A diferença é tal que as universidades da Ivy League recusam cartas de recomendação aos seus doutorados se pretenderem leccionar nessas universidades. Essa coisa de nos virem dizer que fulano tal é uma sumidade porque dá umas aulas numa universidade da América e até escreveu um livros cheio de banalidades é vender gato por lebre e ofender os professores das nossas universidades, muitos deles com maior credibilidade universitária do que a vedeta que veio do Canadá.

A nossa saloiice leva-nos a desprezar os que cá estão e a elogiar todos os que vêm de longe, esquecendo que por ministérios como o das Finanças já passou gente com maior credibilidade académica que os “estrangeiros” que Passos Coelho nos trouxe, foi o caso de pessoas como Miguel Beleza ou Braga de Macedo, cujo palmarés universitário deixa muito atrás o dos futuros ministros das Finanças ou da Economia.
Mas a verdade é que a regra dos grandes académicos que passaram pelos governos foram verdadeiros falhanços, foi o caso dos dois ministros das Finanças que pertenceram a governos de Cavaco Silva ou de Daniel Bessa que integrou o governo de António Guterres.

Não sei muito bem para quê tanta exigência curricular para o cargo de ministro das Finanças, a experiência mostra que à excepção de Sousa Franco os nossos melhores ministros das Finanças foram Miguel Cadilhe e Eduardo Catroga, um não tem grande palmarés universitário e o outro é um mero licenciado com o estatuto de professor catedrático do ISEG a tempo parcial 0%. E porque razão foram bons ministros?

continua...

 
At 21 de junho de 2011 às 09:57, Anonymous JUM said...

continuação...

Essa coisa da política económica ocupa um ministro das Finanças um par de dias, é muito bom para exibir no currículo mas os constrangimentos orçamentais são tais, maiores ainda com o acordo com a troika, que os verdadeiros obreiros dos orçamentos são os directores-gerais do Orçamento. Mas os debates orçamentais ocupam dois meses ao ministro, o resto do tempo é controlo orçamental, isto é, cobrar impostos e controlar administrativamente a despesa. É por isso que Eduardo Catroga, Miguel Cadilhe e Sousa Franco foram os melhores ministros, foram os únicos que se deixaram de caganças académicas e de salamaleques com os banqueiros, tão ao gosto de Teixeira dos Santos, em vez disso arregaçaram as mangas e geriram bem a máquina fiscal, escolheram gente capaz, não lançaram confusão nas organizações e asseguraram elevados níveis de eficácia fiscal.

Duvido que ratos de gabinete ou Santas Zitas académicas estejam à altura das responsabilidades e da situação difícil, espero estar enganado mas experiência passada faz recear o pior.
Duvido que gente que conhece o mundo através de axiomas, que desconhece a realidade nacional e que nunca geriu uma empresa do tamanho de uma mercearia esteja à altura dos actuais desafios.
Isto não é tarefa para as abelhas mestras que têm o exclusivo da reprodução, é trabalho para as obreiras. De que nos servem grandes académicos se já temos a receita?
É como se a receita fosse passada por um médico de clínica geral e só fosse eficaz se na farmácia estivesse um catedrático de medicina para a aviar.

 
At 22 de junho de 2011 às 11:47, Anonymous Anónimo said...

Completamente de acordo com o ultimo comentario.

 
At 22 de junho de 2011 às 18:49, Anonymous Anónimo said...

E o bêbado do gobernador civil também se demitiu

 

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