quinta-feira, 10 de maio de 2012

"Eu não minto, eu não engano, eu não ludibrio"


Foi "com tranquilidade mas com convicção" que o ministro das Finanças assegurou ao Parlamento, onde estava a ser ouvido sobre o controverso Documento de Estratégia Orçamental: "Eu não minto, eu não engano, eu não ludibrio" (poderia ter usado mais sinónimos, mas ficou-se sensatamente por aqui). 
A solene declaração de Vítor Gaspar foi suscitada pela intervenção do deputado do PCP Honório Novo, que o acusara daquelas coisas feias todas por o documento entregue em Bruxelas ter chegado à AR sem o Anexo II, com previsões sobre o desemprego nos próximos anos. Fosse Vítor Gaspar teólogo, e não economista, e Honório Novo filósofo, e não engenheiro, e a Assembleia teria ontem assistido a um estimulante debate acerca das singularidades do conceito de "verdade". 
Não mentir, não enganar, não ludibriar implicará falar verdade? E omitir?, terá omitir, além de semelhanças fonéticas, afinidades semânticas com mentir? 
Será a verdade "toda a verdade e nada mais que a verdade" ou uma parte da verdade já é verdade que baste? 
Seria um diálogo de surdos, tão instrutivo como o diálogo que também houvesse sobre o conceito de "ajuda" aplicado ao chamado memorando da "troika". 
Poderiam ser ambos enviados para Bruxelas como Anexo III, mas Bruxelas ligar-lhes-ia tanto quanto a realidade liga aos números do desemprego do Anexo II. 

M.A.P.

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2 Comments:

At 10 de maio de 2012 às 15:27, Anonymous Anónimo said...

Mentiroso de merda!

 
At 10 de maio de 2012 às 20:57, Anonymous M. said...

Na cimeira Luso Espanhola
Passos Coelho fala da dívida
como um drogado fala da droga.

Mutatis mutandis,
No dia em que o drogado deixe de pagar a droga
a coisa que logo deseja é ter mais droga.

De facto,
Passos Coelho governa em função do rating da droga
Passos Coelho é o dealer do cartel da droga
Passos Coelho mantém Portugal dependente da droga.

Passos Coelho não governa
para o trabalho e a produção
nem para o sustento do país.
Passos Coelho governa
para que a dívida não pare de crescer
para que Portugal se torne escravo dos banqueiros.

Cada vez mais falido e desempregado,
com uma dívida monstruosa, impagável.

 

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