segunda-feira, 28 de fevereiro de 2005

CONTRA OS BARÕES

Mas o melhor foi o Isaltino.
Em alusão a Cavaco, disse "depois de tanta gente a falar na boa moeda, gostava de ver onde é que anda a boa moeda".
Na Suíça, meu caro Isaltino, em nome de um sobrinho.
A oposição barões/bases tem amplas tradições, e modula-se segundo as circunstâncias.
Agora tomou formas muito específicas no interior do PSD.
Um partido esfrangalhado precisa de encontrar culpados.
Sobretudo quando o ex-líder se recusa a reconhecer os erros que cometeu, e passa candidamente de acusador do Presidente da República, que lhe teria faltado às três palavras dadas, e que se tornou culpado de tudo, incluindo do desemprego, para alguém que reconhece que ele tinha razão e fez uma leitura correcta da situação. E sobretudo quando o próprio Santana Lopes não dá sinais de ter percebido o que se passou, e acusa os seus críticos internos, dizendo que é necessário nesta matéria estabelecer novas regras disciplinares que impeçam o que aconteceu.
Entretanto, verifica-se agora (vejam-se as declarações de Miguel Relvas e de Morais Sarmento) que muitos daqueles que andaram alguns meses a dizer como Santana Lopes é um líder incontestável reconhecem agora que houve precipitação em Julho e que teria sido melhor ir para eleições.
Que significa ser "barão" nestas circunstâncias?
Significa que se fez parte daqueles que, tendo em conta a política populista de Santana Lopes, disseram que o PSD não a devia seguir.
Neste plano, só por um humor que lhe não é habitual, ou por efeitos indeléveis da insularidade, se explica que um homem que noutras ocasiões deu provas de saber raciocinar, venha dizer que Alberto João Jardim deveria ser o novo presidente do PSD.
Mas Jardim é o exemplo de uma forma de comportamento: mostrando-se em guerra contra "opções neo-liberais e cavaquistas" (como se as duas coisas estivessem no mesmo plano e tivessem o mesmo estatuto conceptual) e contra "os interesses do continente" veiculados pela comunicação social, Alberto João Jardim diz-se "em oposição ao regime" (o que nele é sobretudo um gesto emocional de adolescente) e reclama a herança social-democrata de Sá Carneiro.
Ele não percebe que entre o estilo "grand seigneur" e a sua aparência de talhante em férias existe alguma diferença.
Mas sobretudo não percebe o que é a social-democracia no mundo civilizado.
Com sociais-democratas deste quilate, que significa o populismo?
Ser "barão" no PSD de hoje é uma oposição entre as estruturas partidárias regionais, política e culturalmente analfabetas, e aqueles que são competentes, quer pela reflexão pessoal como pelas actividades exercidas.
Daí que Cavaco Silva, cujo profissionalismo como primeiro-ministro ninguém põe em causa, seja hoje o perfeito exemplo do "barão" que pôs a competência dos políticos acima dos interesses partidários imediatos.
Os que apostaram no "quanto pior melhor", dizendo que votavam no partido porque aquele era o seu partido, apenas contribuíram para afundar um barco à deriva.
Nesse plano, a posição de Marcelo Rebelo de Sousa foi particularmente desconfortável e isso poderá explicar a inabilidade dos seus atrapalhados comentários televisivos.
Contra os barões, claro. E teremos infelizes desconhecidos como o presidente da distrital de Aveiro, Ribau Esteves (quem é?) a pedir um processo a Pacheco Pereira.
Mas o melhor foi o Isaltino.
Não terá boa imagem , mas humor não lhe falta.
Em alusão a Cavaco, disse "depois de tanta gente a falar na boa moeda, gostava de ver onde é que anda a boa moeda".
Na Suíça, meu caro Isaltino, em nome de um sobrinho
Eduardo Prado Coelho

1 Comments:

At 28 de fevereiro de 2005 às 18:13, Anonymous Anónimo said...

E o mais preocupante é que este Sr. se prepara para voltar ao tacho. C M de Oeiras.
Assim não meus senhores.
A. Soares

 

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