quarta-feira, 2 de março de 2005

ERA UMA VEZ ...



As palavras não gostam das coisas muito bem explicadas.
- Só nós temos as respostas que tu procuras. – Disseram as palavras.
-Ouve lá, mas afinal o que estás a fazer aqui no nosso meio?! – Disse o dicionário.
- Vim ver a definição de Cidade. Disse o descobridor.
- A tudo o que não fica lá muito bem explicado porque não utilizas o etc.! – Disse o dicionário.
E riram, riram como dois amigos.
- Vê tu que há coisas que estão escondidas atrás do etc., tudo o que vem depois …Tudo o que está além …
- Se eu soubesse gramática! Disse o descobridor.
Se ele soubesse por exemplo a melhor definição que existe para os pronomes, ele saberia que o etc. já lá estava. O pronome é a palavra que está no lugar do nome.
“Etc.” é mais do que isso. Está no lugar de tudo.
- Eu sou um produto. – Disse o etc. sorrindo.
- Encontrei! Encontrei! – Disse o descobridor com ar eufórico e começou a ler:
“ cidade: povoação de primeira categoria num pais; blá blá blá … conjunto de edifícios construindo um todo mais ou menos fechado sobre si…
Vejam lá que as palavras nem tinham pensando naquilo…
É que elas não se preocupam com definições embora as definições empreguem muitas palavras…
Sim senhor, viver para a prender…
- E sabem qual a definição de cidadão?
“ Ó Mestre, fazei com que procure mais consolar que ser consolado; compreender que ser compreendido, amar que ser amado. Pois é dando que se recebe; é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se vive para a vida eterna:”
S. Francisco de Assis
(1181/82-126)
Se ainda existisse o jornalista que relatava os acontecimentos teria terminado a descrição “ e esta, heim!”

Galateia de Pompeia

7 Comments:

At 3 de março de 2005 às 13:12, Anonymous Anónimo said...

Era uma vez ...Ruas cheias de pessoas apressadas...
Passavam, passavam e não viam nada...
Inventam-se sem parar histórias, que dão alento, calor e conforto...
Mergulha-se na terra dos sonhos e da fantasia, onde não falta magia...
Mesmo sem Ter as pessoas viam!
Mesmo sem ver, as pessoas tinham!
Tinham aquilo que o Mundo nunca devia de Ter perdido... A coragem de continuar e acreditar...

Galateia de Pompeia

 
At 3 de março de 2005 às 14:51, Anonymous Anónimo said...

As ruas estão vazias...
A vila vai perdendo os encantos de outros tempos.
As lojas da nossa infância há muito que fecharam as portas.
Já não há cheiro de café acabado de moer pelo Luís Geraldes...
O cheiro dos produtos do Ramiro, o cheiro do vinho do Mattos Fernandes e do Almeida são uma memória...
Já não vejo o Ricardo e o Restituto na oficina do Simplicio, devolta das pedaleiras, nem o cheiro do Pitrolino...
Os tremoços da Tia Maria Piscareta, ou os jornais do Zé da Galinha...
As fotografias do Gama Reis
E tantas outras memórias da minha infância.
A vila agora é cidade, feia, deserta e impessoal...
É a cidade que temos...

 
At 3 de março de 2005 às 17:18, Anonymous Anónimo said...

A cidade sempre foi uma boa vila e uma má cidade.
Foi promovida a cidade com a intenção de se ganhar alguns votos.
Vale mais uma boa vila que a cidade que se habita, mas, há sempre um mas.
A vila era segura, nós podiamos andar descansados dia e noite, hoje já não é assim.
Os hábitos mudaram, a cidade mudou, as pessoas mudaram, as "estórias" já não são as mesmas, dirá o leitor é a evolução "todos os segundos, ela se move", dirão outros.
O A.Lopes falava da vila da sua e nossa infância, vieram-me à memória aquilo que ele escreveu e muito mais, isso vai ficar para depois, hoje a cidade já não convida ao passeio a pé com toda a calma do mundo, que só os alentejamos sabem fazer.
Quantos dos nossos hábitos mudaram?
Quanta qualidade de vida se perdeu?
Temos de reescrever a "estória" da cidade, das suas raizes, dos seus habitantes.
A cidade tem de mudar, a concentração dos serviços estão a matar a habitação e o centro cívico, assim a cidade fica insegura e morre, cria-se uma cidade morta.
Vale a pena repensar a cidade.

 
At 3 de março de 2005 às 17:51, Anonymous Anónimo said...

A cidade vai bem.
Vocês os comunas é que dão cabo dela.
A cidade só se desenvolveu com o Taveira Pinto na Câmara Municipal.
Com o José Amante a cidade não se desenvolveu.
Esta é a verdade.
Vocês comunistas andam todos a dormir.

 
At 4 de março de 2005 às 11:04, Anonymous Anónimo said...

Mais uma vez, lá vêm os comentadores de ocasião, ao serviço do Bugalheira, dar a sua opinião.
Estão no seu direito, a liberdade é isto e muito mais.
Mas era bom que a sua colaboração fosse mais atenta e sobre os assuntos postados.

 
At 4 de março de 2005 às 13:10, Anonymous Anónimo said...

Os pensamentos não pedem licença para serem pensados…é verdade, foi o que me veio à cabeça quando deparei com o chamamento de comunas…
Decididamente, prefiro a inteligência das palavras que transformam em verde brilhante os campos e as árvores…
É claro que todos os que “nos querem governar”, em vésperas de eleição acenam sempre que sim com a cabeça, o que é preciso é que Nós os donos dos votos deixemos bem claro que queremos que “o nosso dinheiro” seja bem empregue … E não se perca tempo em almoços, viagens, intrigas e facadas de corredor ou reuniões ínfimas sem objectivo nenhum …
Upsss!!! Pensando bem, porque será que volta sempre tudo ao mesmo!!

HÁÁÁ!!!
Deparei com memórias orgulhosas de um passado de felicidade desta antiga vila hoje cidade … gostei de as ler …
As coisas mudam (nem sempre para melhor) …Evoluir faz parte do HOMEM.

Galateia de Pompeia

 
At 4 de março de 2005 às 15:45, Anonymous Anónimo said...

Na vila havia leite distribuido porta a porta;
A malta jogava à pata, bugalha, neorca, bola no largo do prior, quando a guarda ou padre Freitas não andava por perto e não roubavam as bolas.
Grandes sessões de pedradas entre as zonas típicas da vila.
A tia Victória limpava os correios.
O Zé dos Pirolitos vendia os mesmos, quando da Páscoa;
Havia carne de porco todas as semanas com dias certos da matança (que bons eram os enchidos desta vila)os da tia chica campina, da ciopa.
O cheiro a tinta da tipografia do Primo Pedro onde a malta comprava o caderno de significados do Profº Oliveira e do ProfºGaribaldino de Andrade.
O Tio Cruz Bucho dava rebuçados à rapaziada.
A A.B.Carvalho era a Loja Grande, onde havia de tudo, louças, vidros, esmaltes, brinquedos, fazendas, mercearias a granel, cimento, ferro, sanitários, no fundo tudo o que a vila necessitava, até caixões, que em certas tardes de verão, viravam cama para a cesta de alguns funcionários;
Quem não se lembra do Sr.Fontes e dos seus charrutos;
Ao lado a tasca do Foguete, onde tudo era possível;
Os pirolitos colocados no poço para refescar;
Os alfaiates da vila e as suas partidas aos clientes:
..."rapaz deita-te aí no chão para eu te tirar as medidas"... dizia com ar muito sério o Tio Marçal;
Tantas "estórias" que nos vêm há memória;
As bombas de gasolina do Ramiro, onde hoje é o inicio da Avª Cidade de Lille;
O café do Inácio;
O jornal "A Mocidade", que grande jornal, onde grandes vultos das letras de Portugal, publicavam os seus artigos, até que a PIDE, acabou com ele...
As "estórias" da Guerra de Espanha, da Segunda Grande Guerra, das eleições do Norton de Mattos e do Humberto Delgado, estas vão ficar para outra história [ a da vila ;

E tantas outras memórias da minha e nossa infância.
A vila agora é cidade, feia, deserta e impessoal...
É a cidade que temos...

 

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