ESTRATÉGIAS E ESPERTEZAS
O primeiro-ministro, José Sócrates, convocou hoje empresários e comunicação social para anunciar com grande aparato que o governo assegura para os anos que aí vêm investimentos no valor de 25 mil milhões de euros, distribuídos por grandes obras, de que são exemplo o início da construção do futuro aeroporto da Ota, o comboio de alta velocidade (TGV), a conclusão da Circular Regional Interior de Lisboa (CRIL), e mais auto-estrada, nomeadamente até Bragança.
À primeira vista parece que estamos perante uma nova edição da "política do betão", tão criticada no consulado cavaquista, em detrimento das fantasias eleitorais do "choque tecnológico".
Para um estudante que se tenha iniciado agora na velha economia e que tenha à mão os apontamentos sebenteiros isto deve fazer alguma confusão, pois ainda há dias os porta-vozes do Governo punham todo o ênfase numa política financeira com preocupações de rigor orçamental que lembravam outras orientações clássicas (falavam que até parecia não haver vida para além da défice, para rememorar uma frase do ilustre rabanete que nos preside) e de repente lançam-se numa ofensiva de intenções que parece baseada na vulgata do bom Keynes. Um pouco mais e podia imaginar-se um discurso sobre o "défice virtuoso", ou qualquer slogan semelhante. Ainda assim mesmo, sem chegar a tanto, as explicações dadas assentam na ideia de dinamização da economia através dos grandes investimentos públicos e do crescimento do emprego por essa via.
A ver vamos, como dizia o cego.
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À primeira vista parece que estamos perante uma nova edição da "política do betão", tão criticada no consulado cavaquista, em detrimento das fantasias eleitorais do "choque tecnológico".
Para um estudante que se tenha iniciado agora na velha economia e que tenha à mão os apontamentos sebenteiros isto deve fazer alguma confusão, pois ainda há dias os porta-vozes do Governo punham todo o ênfase numa política financeira com preocupações de rigor orçamental que lembravam outras orientações clássicas (falavam que até parecia não haver vida para além da défice, para rememorar uma frase do ilustre rabanete que nos preside) e de repente lançam-se numa ofensiva de intenções que parece baseada na vulgata do bom Keynes. Um pouco mais e podia imaginar-se um discurso sobre o "défice virtuoso", ou qualquer slogan semelhante. Ainda assim mesmo, sem chegar a tanto, as explicações dadas assentam na ideia de dinamização da economia através dos grandes investimentos públicos e do crescimento do emprego por essa via.
A ver vamos, como dizia o cego.
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Manuel Azinhal
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