"INVESTIMENTO PÚBLICO NÃO FAZ MILAGRES"
Manifesto de economistas alerta para risco das grandes obras públicas
Um grupo de 13 economistas publicou hoje no «Diário de Notícias» um manifesto contestando a eventual concretização de grandes obras publicas - «projectos sem comprovada rendibilidade económica e social» - que dizem, «poderá ser desastrosa para o país». Não mencionam a Ota e o TGV, mas são essas as polémicas que estão em discussão pública.
Alguns destes economistas estiveram com José Sócrates nas Novas Fronteiras. Entre eles encontram-se Nogueira Leite, Miguel Beleza, Medina Carreira, Augusto Mateus e Ferreira do Amaral.
Para este grupo, «parece ter emergido uma corrente de pensamento que acredita que a superação da crise pode estar no investimento em obras públicas, sobretudo se envolvendo grandiosos projectos convenientemente apelidados de estruturantes.»
Recordam por isso, que «Portugal vive uma profunda crise». Sem referir expressamente a Ota e o TGV, os economistas reunidos neste manifesto concluem que a concretização de grandes projectos de obras públicas «poderá ser desastroso para o país».
O manifesto publicado no «Diário de Notícias» tem como título «Investimento público não faz milagres»
«Parece ter emergido uma corrente de pensamento que acredita que a superação da crise pode estar no investimento em obras públicas, sobretudo se envolvendo grandiosos projectos convenientemente apelidados de estruturantes». «Porque a situação é séria e o País não pode, sem grandes custos, embarcar em mais experiências fantasistas, importa dizer (...) que a sua eventual concretização poderá ser desastrosa para o País».
Os economistas enumeram as várias razões para defender a não realização das grandes obras públicas. «Primeiro, porque, numa situação de excesso de despesa, mais investimento em obras públicas irá favorecer sobretudo as economias de onde importamos, sem efeito sensível na capacidade produtiva da economia portuguesa, agravando o défice externo (pois só há financiamento parcial de fundos comunitários). Segundo, porque o tipo de emprego mobilizado pela construção pouco efeito terá na absorção do desemprego fabril gerado pela perda de competitividade da nossa indústria e mobilizará sobretudo a imigração. Terceiro, porque tais investimentos irão agravar ainda mais o desequilíbrio das contas públicas, seja pela despesa directa, seja pelos custos de exploração futura, seja, como aconteceu nas SCUTS, pelas inevitáveis garantias para assegurar a mobilização do sector privado».
«Porque o momento é grave; porque continuar com tergiversações à volta do essencial (onde se inclui a reforma do próprio Estado), apenas ajudará o País a afundar-se numa senda de definhamento; e porque é altura de a própria sociedade civil se deixar dos brandos costumes do conformismo e dizer o que tem que ser dito; os signatários entendem dar este seu contributo à reflexão da sociedade e dos poderes políticos», referem.
Um grupo de 13 economistas publicou hoje no «Diário de Notícias» um manifesto contestando a eventual concretização de grandes obras publicas - «projectos sem comprovada rendibilidade económica e social» - que dizem, «poderá ser desastrosa para o país». Não mencionam a Ota e o TGV, mas são essas as polémicas que estão em discussão pública.
Alguns destes economistas estiveram com José Sócrates nas Novas Fronteiras. Entre eles encontram-se Nogueira Leite, Miguel Beleza, Medina Carreira, Augusto Mateus e Ferreira do Amaral.
Para este grupo, «parece ter emergido uma corrente de pensamento que acredita que a superação da crise pode estar no investimento em obras públicas, sobretudo se envolvendo grandiosos projectos convenientemente apelidados de estruturantes.»
Recordam por isso, que «Portugal vive uma profunda crise». Sem referir expressamente a Ota e o TGV, os economistas reunidos neste manifesto concluem que a concretização de grandes projectos de obras públicas «poderá ser desastroso para o país».
O manifesto publicado no «Diário de Notícias» tem como título «Investimento público não faz milagres»
«Parece ter emergido uma corrente de pensamento que acredita que a superação da crise pode estar no investimento em obras públicas, sobretudo se envolvendo grandiosos projectos convenientemente apelidados de estruturantes». «Porque a situação é séria e o País não pode, sem grandes custos, embarcar em mais experiências fantasistas, importa dizer (...) que a sua eventual concretização poderá ser desastrosa para o País».
Os economistas enumeram as várias razões para defender a não realização das grandes obras públicas. «Primeiro, porque, numa situação de excesso de despesa, mais investimento em obras públicas irá favorecer sobretudo as economias de onde importamos, sem efeito sensível na capacidade produtiva da economia portuguesa, agravando o défice externo (pois só há financiamento parcial de fundos comunitários). Segundo, porque o tipo de emprego mobilizado pela construção pouco efeito terá na absorção do desemprego fabril gerado pela perda de competitividade da nossa indústria e mobilizará sobretudo a imigração. Terceiro, porque tais investimentos irão agravar ainda mais o desequilíbrio das contas públicas, seja pela despesa directa, seja pelos custos de exploração futura, seja, como aconteceu nas SCUTS, pelas inevitáveis garantias para assegurar a mobilização do sector privado».
«Porque o momento é grave; porque continuar com tergiversações à volta do essencial (onde se inclui a reforma do próprio Estado), apenas ajudará o País a afundar-se numa senda de definhamento; e porque é altura de a própria sociedade civil se deixar dos brandos costumes do conformismo e dizer o que tem que ser dito; os signatários entendem dar este seu contributo à reflexão da sociedade e dos poderes políticos», referem.
7 Comments:
manifesto
O investimento público não faz milagres
"Parece ter emergido uma corrente de pensamento que acredita que a superação da crise pode estar no investimento em obras públicas, sobretudo se envolvendo grandiosos projectos convenientemente apelidados de estruturantes." "Porque a situação é séria e o País não pode, sem grandes custos, embarcar em mais experiências fantasistas, importa dizer (...) quea sua eventual concretização poderá ser desastrosa para o País."
Tem sido por demais reconhecido que Portugal vive uma profunda crise. Face à sua capacidade de gerar riqueza, a economia tem um excesso de despesa, quer ao nível das finanças públicas, quer ao nível da sociedade em geral. Tais excessos estão traduzidos, nomeadamente, nos persistentes défices das contas do Estado e das contas externas do País. Por outro lado, é notória a perda de capacidade competitiva da economia portuguesa, tal como dão conta o défice externo, o crescimento medíocre dos últimos cinco anos (e perspectivas para os próximos) e o crescente desemprego.
Este preocupante cenário requer uma urgente e dedicada concentração de esforços visando apropriadas medidas de contenção orçamental (com uma estrita selectividade das despesas públicas), de incentivo económico a favor dos sectores produtores de bens transaccionáveis, de promoção da eficiência económica (nomeadamente através da redução das ineficiências geradas pelo próprio Estado) e de uma moderação da despesa colectiva. Mas face a tal cenário parece ter emergido uma corrente de pensamento que acredita que a superação da crise pode estar no investimento em obras públicas, sobretudo se envolvendo grandiosos projectos convenientemente apelidados de estruturantes.
Porque a situação é séria e o País não pode, sem pesados custos, embarcar em mais experiências fantasistas, importa dizer, de forma muito clara, que essa ideia é errada e a sua eventual concretização poderá ser desastrosa para o País. O investimento público pode ter virtudes e pode ser um importante elemento estimulador do desenvolvimento. Mas não é, nas presentes circunstâncias da economia e das finanças públicas, o caso do investimento físico, sobretudo se dirigido a obras cujo mérito não tenha sequer sido devidamente demonstrado por estudos publicamente divulgados, credíveis e contraditáveis.
Primeiro, porque, numa situação de excesso de despesa, mais investimento em obras públicas irá favorecer sobretudo as economias de onde importamos, sem efeito sensível na capacidade produtiva da economia portuguesa, agravando o défice externo (pois só há financiamento parcial de fundos comunitários). Segundo, porque o tipo de emprego mobilizado pela construção pouco efeito terá na absorção do desemprego fabril gerado pela perda de competitividade da nossa indústria e mobilizará sobretudo a imigração. Terceiro, porque tais investimentos irão agravar ainda mais o desequilíbrio das contas públicas, seja pela despesa directa, seja pelos custos de exploração futura, seja, como aconteceu nas SCUTS, pelas inevitáveis garantias para assegurar a mobilização do sector privado. Pelo menos! Por fim, porque os portugueses não poderão compreender que lhes estejam a ser pedidos sacrifícios com impacto no seu nível de vida, quando o Estado se dispõe a gastar dinheiro em projectos sem comprovada rendibilidade económica e social.
Porque o momento é grave; porque continuar com tergiversações à volta do essencial (onde se inclui a reforma do próprio Estado), apenas ajudará o País a afundar-se numa senda de definhamento; e porque é altura de a própria sociedade civil se deixar dos brandos costumes do conformismo e dizer o que tem que ser dito; os signatários entendem dar este seu contributo à reflexão da sociedade e dos poderes políticos.
Diário de Notícias
27/07/2005
Pessoalmente tenho muitas dúvidas sobre a necessidade de investimentos como os da OTA ou o TGV, e numa matéria tão complexa o Governo tem sido tão desastrado a dar explicações que só poderia ter mesmo dúvidas; não basta Sócrates dizer com ar sério que tais infra-estruturas fazem falta ou que Manuel Pinho me fale dos investimentos em Espanha para que fique pacoviamente convencido.
Que fazem falta ou que vão dar jeito não tenho dúvidas, assim como também me dava jeito mudar de carro, só que no meu caso não posso cobrar impostos à família e amigos e nem seria muito convincente a propor a um stand uma parceria em tão importante investimento.
Todavia, há outra vertente em que a questão deve ser analisada, a da política económica; estando em causa saber se o modelo keynesiano se adequa à realidade económica do país. Admitindo que a solução encontrada por Sócrates para cumprir a sua promessa de criação de 120.000 empregos é acertada, coloca-se a questão de saber se não haveriam investimentos alternativos e mais importantes para o país.
Se tanto se fala da competitividade externa e na necessidade de apostar nas exportações como explicar a situação dos nossos portos, em particular, do porto de Lisboa?
Como compreender que um navio graneleiro com 20.000 toneladas seja descarregado no meio do Tejo para batelões e depois para camiões? Um navio de milho implica a deslocação de mais de mil camiões! É mais importante ir ao Porto comer umas tripas e demorar menos meia horas ou criar infra-estruturas que facilitem a exportação e aliviem os custos na importação? Quais os custos para a nossa economia de um porto localizado no centro da cidade e sem infra-estruturas de acesso? É verdade que pode cair um avião (ainda por cima passam quase todos por cima do Palheiro), mas quantos camiões com materiais perigosos atravessam a cidade? E há uns anos atrás não houve um contentor que explodiu junto a Santa Apolónia?
E quando se fala de aeroporto até parece que os aviões só servem para passear, e pelo rumo da nossa economia é mesmo isso que vai suceder; havendo um terminal de transporte de mercadorias por via rodoviária em Alverca e sabendo-se que muita carga que dantes era transportada por essa via usa agora a combinação das vias rodoviária e aérea não fariam sentido desviar para aquela localidade toda a carga aérea, incluindo a a carga expresso?
Até sou capaz de aceitar como válida a lógica do modelo keynesiano, muito embora tenha muitas dúvidas quanto à abordagem cimenteira do mesmo; mas terão muitas dificuldades para me convencerem de que as infra-estruturas de transporte para passear tenham prioridade sobre as vocacionadas para o transporte de mercadorias. E o ministro da Economia não me venha com comparações com Espanha pois dir-lhe-ei que aquele país tem infra-estruturas portuárias e aeroportuárias que servem melhor a economia. Para me convencerem terão que arranjar melhores argumentos.
Tragédia... na Ordem dos Economistas
Ontem fui um daqueles que se deslocou à ordem dos economistas na expectativa de ouvir do ministro da economia e da inovação, algo de palpável sobre a economia portuguesa, e uma justificação plausível, aquela que todos desconhecemos ainda sobre a razão que leva o governo a realizar a Ota. Perfeito engano.
Para começar, o ministro da economia procedeu à reinvenção do PIB Português, algo característico sempre que o PS chega ao Governo. É certo que Luís Viana no DN, transcreve da seguinte forma...
Recordo que os nossos vizinhos acabam de anunciar um programa gigantesco de 241 mil milhões de euros de investimento até 2020, quase duas vezes o PIB português, na expansão da sua rede de transportes
A verdade é que o Ministro não disse mil milhões... mas sim biliões.
Não é grave, e até Mário Soares já trocou milhares por milhões, o que é grave aqui é o ministro por momentos assumir que o PIB Português é de 120 biliões de euros. De facto assim a OTA era uma pequena migalha. O custo estimado da OTA situa-se nos 5 Mil Milhões de Euros.
Está claro que o Manuel Pinheiro, percebeu logo que deste debate surgiria uma lição da economia keynesiana, e a promoção do investimento público, como motor da economia. Várias vezes Manuel Pinho estabeleceu analogias entre a Coreia e Portugal, entre os kms de auto estrada que a Espanha têm e Portugal não têm, ou entre o TGV Espanhol, que curiosamente os espanhóis assumem não conseguirem rentabilizar e a necessidade de Portugal também possuir, sob pena de ficar ainda mais periférico.
Infelizmente, caí na tentação de questionar pessoalmente, Manuel Pinho...
a) A semelhança do que conseguiu no Yahoo espanhol, lanço-lhe o desafio de publicar no portal do governo, os estudos que sustentam a decisão do governo em levantar a OTA.
b) Quando fala na necessidade de mais investimento público, e da sua necessidade, não está a levar em linha de conta que o que Portugal precisa não é mais, mas sim melhor investimento público. Fala na logística de transportes e no conceito de rede, mas no seu discurso nem uma palavra sobre o porto de Sines.
c) A OTA custará 5 mil milhões de Euros. Saberá o governo que existem melhores soluções e que não colocam Portugal num plano ainda mais periférico, como a OTA nos colocará ?
d) Manuel Pinho, falou que a estratégia de longo prazo, passa pelo plano tecnológico. E as reformas na educação, na segurança social, na função pública, na organização administrativa do território ?
A tudo isto, Manuel Pinho remeteu-se ao silêncio. Ou melhor respondeu-me, que Portugal deve ombrear com a Espanha, a Coreia, e a Grécia em termos de investimento público. Que o plano tecnológico vai enviar 1.000 jovens para as melhores empresas mundiais de tecnologia - provavelmente já não regressam - Apenas isto !
Já sabia que este governo era mau. Ontem fiquei a saber que o mesmo governo, não só é mau, como é moralmente incapaz, e tecnicamente incompetente, e que de facto não há qualquer estudo para implementar a OTA... Para eles é apenas uma questão de feeling
o ideal, senhores economistas, é sermos uma «Albânia» na Europa...
Parece que assim resolverão o nosso atraso...
Mas já tantos economistas estiveram em tantos governos!
Realmente é notória a imcompetência destes senhores doutores. Graças a eles o país chegou a isto! Não venham lavar as mãos.
Mas temos de investir.
Mas temos de melhorar condições de vida e de trabalho
Mas temos de investir na educação, na agricultura, na indústria , nomeadamente na Agência Espacial Europeia, na alimentação, no desporto, na culura. Por exemplo, o Alqueva está a trazer bons agricultores espanhóis para o Alentejo!
Joaquim Marques Machoqueira
manifesto para aqui, manifesto para ali
Também eu, confesso, partilho do meu cepticismo sobre a onda de manifestos que tem emanado da dita sociedade civil. Não que esteja em causa a estimabilidade e boas intenções de muitos dos seus signatários mas, simplesmente, porque estes parecem ainda não ter percebido meia dúzia de coisas básicas.
Sobretudo não perceberam ainda que as pessoas não querem mais diagnósticos, estão fartas destes, ainda não perceberam que muito mais do que elencar de catédra princípios estimáveis os que as pessoas realmente querem é soluções, e que lhes sejam indicadas formas práticas destas contribuirem para o sair da crise.
Não basta dizer que há funcionários públicos a mais, é preciso explicar, que até no interesse destes, e dos seus filhos, é melhor para estes terem menos regalias e estarem - se necessário for - no desemprego, não basta dizer que as obras públicas são más, é preciso explicar que algumas podem chegar a custar a cada um de nós vários meses de salário/ano sem que se perceba benefício evidente, não basta perorar por reformas na saúde e na educação - sem explicar cabalmente que estas não implicam apenas menores custos mas sobretudo melhores serviços, e mais qualidade para os cidadãos.
O pior que a dita sociedade civil esclarecida pode fazer é transformar o debate político em questões meta-filosóficas, mais ou menos axiomáticas, mais ou menos de princípio, que per se pouco dizem às pessoas.
A crise, que existe, é real, e sendo real traz problemas concretos às pessoas, para a resolver serão necessários sacríficios e enquanto não houver um esforço real de as conscencializar dos benefícios a prazo desses sacríficios, num estado mais eficiente, mais prestável, em melhor educação, melhor assistência/segurança social, saúde - públicas ou privadas, de nada servirá andar por aí a clamar aos céus.
Mais do que de teóricos as pessoas querem ouvir verdades, soluções e explicações, simples - concretas. Não querem, nem gostam, de ser tomadas por parvas, e apenas levarem com as conclusões, de uns e de outros.
Até lá, enquanto uns falarem apenas para o umbigo dos outros, nada mudará.
Mesmo que o TGV "fosse" em frente, que bolsa terão acesso às suas viagens? Em Espanha poucas auto-vias são pagas e as que o são têm opções equivalentes às auto-estradas portuguesas. Basta conhecer dois ou três espanhois que já vieram a Portugal para os ouvir falar dos custos elevados que custa circular nas estradas portuguesas.O mesmo acontece em França... Portugal embora tenha uma parcela da sua economia ligada ao turismo não devia esquecer que é e deve ser, essenciamente para os portugueses. É curiosa a ignorância dos políticos, que preferem que o seu povo morra de fome para sustentar os seus luxos elitistas. É curioso como a mentalidade política portuguesa, que faz questão de se exibir com tão grandes investimentos, não passa de uma primitiva mentalidade da idade média.
Enviar um comentário
<< Home