OS CARTAZES
A menos de dois meses das eleições autárquicas, Portugal está tomado por toda a espécie de formatos publicitários.
A menos de dois meses das eleições autárquicas Portugal está tomado pela proliferação de ‘outdoors’, ‘muppis’, e toda a espécie de formatos publicitários, que antigamente se denominavam simplesmente cartazes. O Expresso e o Público do passado Domingo divertiram-se a recolher exemplos desta parafernália eleitoral. Há cartazes para todos os gostos, e até cartazes de mau gosto. Há cartazes com candidatos afirmativos e cartazes com candidatos tímidos. Há cartazes sem candidatos. Há cartazes com palavras gastas e cartazes, poucos, com mensagens originais.
É um imenso caos visual, do qual encontramos exemplos em cada rotunda. Se dúvidas ainda houvesse sobre a utilidade de algumas rotundas que se edificaram de Norte a Sul do país, os ‘spin doctors’ autárquicos não deixam escapar uma. O preocupante de toda esta brincadeira, é que a poluição visual e a falta de sensibilidade revelada na colocação de propaganda de muitas campanhas pode ser um indício, e em muitos casos é apenas uma triste confirmação, da falta de sensibilidade para o ordenamento do território que pulula em Portugal. São os próprios candidatos e Presidentes de Câmara os primeiros a dar os ensinamentos mais estapafúrdios de como promover a poluição visual nos locais mais inenarráveis. É certo que a actividade de campanha já sofreu alguma evolução desde os tempos em que se colavam cartazes em tudo quanto era propriedade pública ou privada neste país. No entanto, com o espectáculo que temos à vista, não temos de nos admirar com as trapalhadas urbanísticas que abundam pela nossa costa ou com os insólitos reclamos, toldos publicitários e demais anedotas, que aniquilam muitas das fugazes tentativas de preservação do património ou de qualidade arquitectónica.
Mas, o curioso é que pode não ser apenas a estética das nossas aldeias, vilas e cidades, a não beneficiar de todo este aparato publicitário. Como alguns observadores atentos fizeram notar, nas últimas eleições legislativas os resultados finais pouco deferiram das primeiras sondagens efectuadas antes da campanha. O que parece corroborar a tese de que a campanha em nada alterou o sentido de voto dos eleitores. É certo que não devemos extrapolar de forma simplista e que esta constatação empírica necessita de mais estudo para se confirmar como uma tendência, mas não deixa de ser inquietante para as empresas de marketing político se todo este trabalho se revelar ineficaz na conquista de votos.
Existem ainda alguns contributos da teoria económica que podem ser úteis para esta análise. Segundo alguns autores, o mercado eleitoral comporta-se da mesma forma do que outros mercados de produtos onde a elasticidade da procura parece não ser uma grande característica. Neste cenário de competição, a relação custo benefício do investimento publicitário não é famosa. Os diversos concorrentes gladiam-se numa escalada publicitária, que no final pouco mais serve do que para se anularem mutuamente. Ou seja, no final, os resultados de cada um pouco diferem daqueles que obteriam se não tivesse havido recurso a publicidade.
Quer isto dizer que apesar de todo o esforço criativo e logístico, e dos danos causados em nome de valores mais altos, os nossos candidatos autárquicos arriscam-se a que este não se converta em mais ganhos eleitorais?
A menos de dois meses das eleições autárquicas Portugal está tomado pela proliferação de ‘outdoors’, ‘muppis’, e toda a espécie de formatos publicitários, que antigamente se denominavam simplesmente cartazes. O Expresso e o Público do passado Domingo divertiram-se a recolher exemplos desta parafernália eleitoral. Há cartazes para todos os gostos, e até cartazes de mau gosto. Há cartazes com candidatos afirmativos e cartazes com candidatos tímidos. Há cartazes sem candidatos. Há cartazes com palavras gastas e cartazes, poucos, com mensagens originais.
É um imenso caos visual, do qual encontramos exemplos em cada rotunda. Se dúvidas ainda houvesse sobre a utilidade de algumas rotundas que se edificaram de Norte a Sul do país, os ‘spin doctors’ autárquicos não deixam escapar uma. O preocupante de toda esta brincadeira, é que a poluição visual e a falta de sensibilidade revelada na colocação de propaganda de muitas campanhas pode ser um indício, e em muitos casos é apenas uma triste confirmação, da falta de sensibilidade para o ordenamento do território que pulula em Portugal. São os próprios candidatos e Presidentes de Câmara os primeiros a dar os ensinamentos mais estapafúrdios de como promover a poluição visual nos locais mais inenarráveis. É certo que a actividade de campanha já sofreu alguma evolução desde os tempos em que se colavam cartazes em tudo quanto era propriedade pública ou privada neste país. No entanto, com o espectáculo que temos à vista, não temos de nos admirar com as trapalhadas urbanísticas que abundam pela nossa costa ou com os insólitos reclamos, toldos publicitários e demais anedotas, que aniquilam muitas das fugazes tentativas de preservação do património ou de qualidade arquitectónica.
Mas, o curioso é que pode não ser apenas a estética das nossas aldeias, vilas e cidades, a não beneficiar de todo este aparato publicitário. Como alguns observadores atentos fizeram notar, nas últimas eleições legislativas os resultados finais pouco deferiram das primeiras sondagens efectuadas antes da campanha. O que parece corroborar a tese de que a campanha em nada alterou o sentido de voto dos eleitores. É certo que não devemos extrapolar de forma simplista e que esta constatação empírica necessita de mais estudo para se confirmar como uma tendência, mas não deixa de ser inquietante para as empresas de marketing político se todo este trabalho se revelar ineficaz na conquista de votos.
Existem ainda alguns contributos da teoria económica que podem ser úteis para esta análise. Segundo alguns autores, o mercado eleitoral comporta-se da mesma forma do que outros mercados de produtos onde a elasticidade da procura parece não ser uma grande característica. Neste cenário de competição, a relação custo benefício do investimento publicitário não é famosa. Os diversos concorrentes gladiam-se numa escalada publicitária, que no final pouco mais serve do que para se anularem mutuamente. Ou seja, no final, os resultados de cada um pouco diferem daqueles que obteriam se não tivesse havido recurso a publicidade.
Quer isto dizer que apesar de todo o esforço criativo e logístico, e dos danos causados em nome de valores mais altos, os nossos candidatos autárquicos arriscam-se a que este não se converta em mais ganhos eleitorais?
Será que apesar das campanhas tudo ficará na mesma?
Tudo talvez não.
No final das campanhas eleitorais, como em tudo nesta vida, vem sempre a factura.
Com a resposta a uma simples pergunta podemos sempre acautelar-nos quanto ao futuro: quem paga a conta?
Nuno Sampaio
Nuno Sampaio
2 Comments:
É isso mesmo, os concorrentes degladiam-se, o povo assiste, e, o "imperador"?
Que belos cartazes.
Estes sim.
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